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Análise do ambiente organizacional de um "cluster" de confecção do vestuário em Fortaleza - CE : potencialidades e obstáculos

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

Faculdade de Engenharia Mecânica

FRANCISMILTON TELES

Análise do Ambiente Organizacional de um Cluster

de Confecção do Vestuário em Fortaleza – CE:

Potencialidades e Obstáculos

CAMPINAS 2020

(2)

FRANCISMILTON TELES

Análise do Ambiente Organizacional de um Cluster

de Confecção do Vestuário em Fortaleza – CE:

Potencialidades e Obstáculos

Tese de Doutorado apresentada à Faculdade de Engenharia Mecânica da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para obtenção do título de Doutor em Engenharia Mecânica na Área de Materiais e Processos de Fabricação.

Orientador: Prof. Dr. Rosley Anholon

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO FRANCISMILTON TELES E ORIENTADA PELO PROF. DR. ROSLEY ANHOLON.

CAMPINAS 2020

(3)
(4)

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

FACULDADE DE ENGENHARIA MECÂNICA

TESE DE DOUTORADO

Análise do Ambiente Organizacional de um Cluster

de Confecção do Vestuário em Fortaleza – CE:

Potencialidades e Obstáculos

Autor: Francismilton Teles Orientador: Rosley Anholon

A Banca Examinadora composta pelos membros abaixo aprovou esta Tese:

Prof. Dr. Rosley Anholon, Presidente

Faculdade de Engenharia Mecânica / Universidade Estadual de Campinas Prof. Dr. Olívio Novaski

Faculdade de Engenharia Mecânica / Universidade Estadual de Campinas Prof. Dr. Carlos Raul Etulain

Faculdade de Ciências Aplicadas / Universidade Estadual de Campinas Prof. Dr. Armando Ítalo Sette Antonialli

Departamento de Engenharia Mecânica / Universidade Federal de São Carlos Prof. Dr. Timóteo Ramos Queiroz

Faculdade de Ciências e Engenharia / Universidade Estadual Paulista - Tupã

A ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no processo de vida acadêmica do aluno.

(5)

DEDICATÓRIA

Com amor e carinho à

Heloisa (esposa, companheira e exemplo de superação); Meus filhos Levi, Ana e Vivian, que me concederam o título que mais estimo, o de simplesmente “Pai”.

(6)

AGRADECIMENTOS

Primeiro de tudo, agradeço ao meu único e eterno Deus, que sempre operou milagres em minha vida e que no desenvolvimento desta tese me concedeu as forças necessárias para sua conclusão; À família que construí ao lado de minha querida esposa Heloisa, gerando nossos amados filhos, Levi, Ana e Vivian;

Aos meus pais, Sr. Milton (in memoriam) que me ensinou a trabalhar logo cedo e Sra. Irene (in memoriam) com quem pouco convivi, mas me recordo de sua garra e determinação;

Aos meus irmãos que me sustentam em amor, Kátia, Ronaldo, Ricardo e Larissa;

A todos os meus familiares, são tantos e precisaria de muitas páginas para mencioná-los, mas quero destacar duas pessoas fundamentais nesta fase, minha prima e madrinha, Doroti, que torceu muito para que eu concluísse essa tese, e ao meu tio, o Sr. Teles, que foi um dos responsáveis pelo recomeço em uma fase de minha vida;

À Universidade Federal do Piauí - UFPI, a qual reconheço pelo investimento em meu desenvolvimento profissional, proporcionando recursos para que eu concluísse esse trabalho; À Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP, em especial à Faculdade de Engenharia Mecânica – FEM, com todos os seus colaboradores e professores, que me acolheram de forma espetacular e onde me senti em casa;

Aos meus companheiros do Dinter, professores da UFPI, com quem compartilhei momentos de alegria e de superação;

Aos meus amigos do curso de Engenharia de Produção da UFPI, em especial Geordy e Núbia, os quais lutaram comigo neste mesmo objetivo;

Aos meus alunos Amanda e Gabriel, que foram muito prestativos e persistentes na ajuda com a coleta de dados;

Aos especialistas ligados às instituições SENAI, SEBRAE, UFC, SINDCONFECÇÕES, SDE e SCIDADES, que foram muito solícitos em participar das entrevistas e aos empresários e gestores das empresas de confecção que investiram seu valioso tempo respondendo os questionários;

Aos Professores, Dr. Olívio Novaski, Dr. Carlos Raul Etulain, Dr. Armando Ítalo Sette Antonialli e Dr. Timóteo Ramos Queiroz, integrantes da banca examinadora, agradeço as críticas e valiosas sugestões;

Por fim, agradeço ao meu orientador, Dr. Rosley Anholon, que acredito ter sido uma providência divina, sempre me incentivando e pelo modo como pudemos nos relacionar de forma amigável e profissional.

(7)

“Consagre ao Senhor tudo o que você faz, e os seus planos serão bem-sucedidos”.

(8)

RESUMO

O Estado do Ceará é um dos maiores polos de confecção do vestuário do Brasil, sendo Fortaleza, sua capital, a cidade mais representativa, concentrando aproximadamente 72% das empresas do Estado. Diante deste grande volume de empresas, com foco em um mesmo segmento, surge a indagação se este aglomerado consegue proporcionar vantagens significativas em comparação com empresas que atuam isoladamente, tendo em vista que a literatura apresenta casos, desde a década de 1980, onde determinadas regiões se destacam diante da forma como suas organizações conseguem se sobressair por estarem próximas geograficamente e pelo modo como ocorre a interação entre os diversos atores da localidade. Desde os primeiros estudos sobre estas concentrações empresariais, diversas foram as nomenclaturas utilizadas, entretanto, nesta pesquisa será adotado o termo cluster, formulado por Porter (1998). Portanto, o objetivo desta tese foi analisar o ambiente organizacional de um cluster de confecção do vestuário do município de Fortaleza - CE, destacando seus obstáculos e potencialidades. Após uma extensa investigação na literatura sobre o tema, o trabalho percorreu três etapas: a primeira procurou, de forma quantitativa, identificar a região de Fortaleza mais especializada no setor de confecção; a segunda etapa analisou, de modo qualitativo e exploratório, a percepção de especialistas conhecedores do assunto e ligados a importantes instituições do município, a fim de obter uma visão preliminar do setor de confecção; e a terceira etapa, com base no parecer dos especialistas, investigou, de forma quantitativa e descritiva, a percepção dos empresários e gestores sobre o cluster identificado na primeira etapa. Como principais resultados, se verificou que há um aglomerado que possui um diferencial superior às demais empresas do setor, com gestores mais qualificados e produtos mais elaborados; como potencialidades, foi percebida a presença de economias externas como abundância de mão de obra, de fornecedores e de consumidores; entre os principais obstáculos destacam-se o desestímulo dos jovens em ingressar no setor devido aos baixos salários e ambientes de trabalho desfavoráveis, havendo também problemas decorrentes do grande número de empresas informais e de intensa falsificação de produtos. A conclusão é que o cluster possui externalidades que servem como atrativo para a instalação de empresas na região, entretanto perde na eficiência coletiva pela baixa interação entre os diversos atores, havendo poucas ações de cooperação, que é o objetivo central de um cluster. Há indícios de que seja possível fomentar a cooperação porque os empresários apontaram interesse em tais ações, mas informaram que falta uma governança com o apoio de instituições públicas e privadas para conduzir este processo.

Palavras chave: Arranjos Produtivos Locais. Cluster. Confecção do vestuário. Obstáculos. Potencialidades.

(9)

ABSTRACT

The State of Ceará is one of the largest clothing manufacturing centers in Brazil, with Fortaleza, its capital, being the most representative city, concentrating approximately 72% of the State's companies. Given this large volume of companies, focused on the same segment, the question arises whether this cluster can provide significant advantages compared to companies that operate in isolation, considering that the literature has presented cases since the 1980s, where certain regions stand out in the face of how their organizations manage to stand out for being geographically close and for the way in which interaction between the various actors in the locality occurs. Since the first studies on these business concentrations, several nomenclatures were used, however, in this research the term cluster, formulated by Porter (1998), will be adopted. Therefore, the objective of this thesis was to analyze the organizational environment of a clothing manufacturing cluster in the city of Fortaleza - CE, highlighting its obstacles and potential. After extensive research in the literature on the subject, the work went through three stages: the first sought, in a quantitative way, to identify the region of Fortaleza that is most specialized in the clothing sector; the second stage analyzed, in a qualitative and exploratory way, the perception of experts who knew the subject and linked to important institutions in the municipality, in order to obtain a preliminary view of the clothing sector; and the third stage, based on the experts' opinion, investigated, in a quantitative and descriptive way, the perception of entrepreneurs and managers about the cluster identified in the first stage. As main results, it was found that there is a cluster that has a differential superior to other companies in the sector, with more qualified managers and more elaborated products; as potentialities, the presence of external economies was perceived as an abundance of labor, suppliers and consumers; Among the main obstacles are the discouragement of young people to enter the sector due to low wages and unfavorable work environments, and there are also problems arising from the large number of informal companies and the intense counterfeiting of products. The conclusion is that the cluster has externalities that serve as an attraction for the installation of companies in the region, however it loses in collective efficiency due to the low interaction between the various actors, with few cooperation actions, which is the central objective of a cluster. There are indications that it is possible to foster cooperation because entrepreneurs have shown interest in such actions, but they informed that there is a lack of governance with the support of public and private institutions to conduct this process.

Keywords: Local Productive Arrangements. Cluster. Manufacture of clothing. Obstacles. Potentialities.

(10)

LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Estruturas de redes ... 36

Figura 2 - Curva de localização e área de concentração - cálculo Gini Locacional ... 70

Figura 3 - Origem da abordagem proposta. ... 78

Figura 4 - Mapa de localização da indústria de confecção em Fortaleza. ... 82

Figura 5 - Mapa de localização da indústria e centros comerciais de Fortaleza. ... 83

Figura 6 - Estrutura da cadeia têxtil e de confecções. ... 85

Figura 7 – Divisão do setor de vestuário segundo CNAE 2.0 ... 86

Figura 8 – Divisão do setor de vestuário segundo NCM ... 87

Figura 9- Perfil do setor têxtil e de confecções ... 89

Figura 10- Balança comercial brasileira – setor têxtil e de confecções. ... 90

Figura 11 – Processo de produção da “modinha” e seus subsistemas ... 94

Figura 12 – Classificação da pesquisa ... 96

Figura 13 – Delineamento da pesquisa ... 101

Figura 14 – Relação de trabalhos pelo ano de publicação ... 102

Figura 15 – Trabalhos com menos e mais de 10 anos de publicação. ... 103

Figura 16 – Quantidade e tipos de trabalhos utilizados ... 103

Figura 17 – Passos para identificação de aglomerados ... 105

Figura 18 – Passos para o delineamento da análise qualitativa ... 109

Figura 19 - Exemplo de conexões de rede proporcionada pelo Atlas.Ti V.6 ... 116

Figura 20 - Mapa das regionais de Fortaleza. ... 125

Figura 21 – Classificação dos bairros por importância de aglomeração ... 127

Figura 22 - Mapa de localização da indústria de confecção em Fortaleza. ... 129

Figura 23 - Aglomerados de empresas de confecção em Fortaleza. ... 129

Figura 24 - Conexão de redes para os 18 fatores ... 162

Figura 25 – Localização dos respondentes da pesquisa. ... 173

Figura 26 - Cargos ocupados pelos respondentes. ... 175

Figura 27 - Sexo dos respondentes. ... 175

Figura 28 - Idade dos respondentes. ... 176

Figura 29 - Nível de escolaridade dos respondentes. ... 177

Figura 30 - Linhas de produtos do aglomerado. ... 178

(11)

Figura 32 - Empresas que terceirizam etapas do processo produtivo... 179

Figura 33 - Etapas terceirizadas pelas empresas. ... 180

Figura 34 - Empresas com ações cooperativas ... 184

Figura 35 - Convidados para realização de ações conjuntas ... 185

Figura 36 - Instituições promotoras de associações empresariais. ... 185

(12)

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Graus de desenvolvimento de clusters... 30

Quadro 2 – Fatores que impactam no desempenho de clusters ... 38

Quadro 3 – Tipos de governança ... 46

Quadro 4 - Classificação da importância dos aglomerados. ... 79

Quadro 5 - Aglomerações com importância em pelo menos um dos anos-base. ... 79

Quadro 6 - Estrutura detalhada CNAE 2.0 ... 107

Quadro 7 – Objetos de estudo para análise qualitativa ... 110

Quadro 8 – Relação de participantes da pesquisa... 111

Quadro 9 - Símbolos utilizados no software ... 116

Quadro 10 – Tempos e números de páginas transcritas ... 131

Quadro 11 – Decomposição dos códigos por família e questões do protocolo de pesquisa .. 132

Quadro 12 - Fragmentos de texto por instituição e por código ... 133

Quadro 13 - Principais resultados encontrados família perspectivas de clusters. ... 134

Quadro 14 - Principais resultados encontrados família desempenho cluster ... 138

Quadro 15 – Rankeamento pelo número de fragmentos das principais potencialidades. ... 141

Quadro 16 - Rankeamento pelo número de fragmentos dos principais obstáculos. ... 143

Quadro 17 – Pontos contraditórios entre potencialidades e obstáculos identificados ... 144

Quadro 18 – Agrupamento automático por cores considerando citações e vínculos ... 163

Quadro 19 – Apresentação dos links entre os fatores. ... 164

(13)

LISTA DE TABELAS

Figura 1- Estruturas de redes ... 36

Figura 2 - Curva de localização e área de concentração - cálculo Gini Locacional ... 70

Figura 3 - Origem da abordagem proposta. ... 78

Figura 4 - Mapa de localização da indústria de confecção em Fortaleza. ... 82

Figura 5 - Mapa de localização da indústria e centros comerciais de Fortaleza. ... 83

Figura 6 - Estrutura da cadeia têxtil e de confecções. ... 85

Figura 7 – Divisão do setor de vestuário segundo CNAE 2.0 ... 86

Figura 8 – Divisão do setor de vestuário segundo NCM ... 87

Figura 9- Perfil do setor têxtil e de confecções ... 89

Figura 10- Balança comercial brasileira – setor têxtil e de confecções. ... 90

Figura 11 – Processo de produção da “modinha” e seus subsistemas ... 94

Figura 12 – Classificação da pesquisa ... 96

Figura 13 – Delineamento da pesquisa ... 101

Figura 14 – Relação de trabalhos pelo ano de publicação ... 102

Figura 15 – Trabalhos com menos e mais de 10 anos de publicação. ... 103

Figura 16 – Quantidade e tipos de trabalhos utilizados ... 103

Figura 17 – Passos para identificação de aglomerados ... 105

Figura 18 – Passos para o delineamento da análise qualitativa ... 109

Figura 19 - Exemplo de conexões de rede proporcionada pelo Atlas.Ti V.6 ... 116

Figura 20 - Mapa das regionais de Fortaleza. ... 125

Figura 21 – Classificação dos bairros por importância de aglomeração ... 127

Figura 22 - Mapa de localização da indústria de confecção em Fortaleza. ... 129

Figura 23 - Aglomerados de empresas de confecção em Fortaleza. ... 129

Figura 24 - Conexão de redes para os 18 fatores ... 162

Figura 25 – Localização dos respondentes da pesquisa. ... 173

Figura 26 - Cargos ocupados pelos respondentes. ... 175

Figura 27 - Sexo dos respondentes. ... 175

Figura 28 - Idade dos respondentes. ... 176

Figura 29 - Nível de escolaridade dos respondentes. ... 177

Figura 30 - Linhas de produtos do aglomerado. ... 178

Figura 31 - Etapas do processo produtivo realizadas. ... 179

Figura 32 - Empresas que terceirizam etapas do processo produtivo... 179

(14)

Figura 34 - Empresas com ações cooperativas ... 184

Figura 35 - Convidados para realização de ações conjuntas ... 185

Figura 36 - Instituições promotoras de associações empresariais. ... 185

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ABVTEX - Associação Brasileira do Varejo Têxtil

ADECE - Agência de Desenvolvimento do Estado do Ceará APL – Arranjo Produtivo Local

BNB - Banco do Nordeste

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social CAAE - Certificado de Apresentação para Apreciação Ética

CE – Capital Empreendedor

CEP - Comitê de Ética em Pesquisa CGL – Coeficiente Gini Locacional CIE - Comitê Institucional de Ética

CNAE – Classificação Nacional de Atividades Econômicas CNI - Confederação Nacional da Indústria

CAQDAS - Computer Assisted Qualitative Data Analysis DL - Desenvolvimento Local

DNOCS - Departamento Nacional de Obras Contra as Secas DP - Documentos Primários

DRE - Demonstração do Resultado do Exercício EMBRAER - Empresa Brasileira de Aeronáutica

FEMICRO - Federação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte do Ceará FIEC - Federação das Indústrias do Estado do Ceará

GIC – Guia Industrial do Ceará

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IEG – Índice Ellison-Glaeser

IHH – Índice Herfindahl-Hirschman

ITA – Instituto Tecnológico da Aeronáutica MTE – Ministério do Trabalho e Emprego

MDIC - Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio NCM - Nomenclatura Comum do Mercosul

NS – Não Significativa

PCP - Planejamento e Controle da Produção

PRODIC - Programa de Desenvolvimento da Indústria de Confecção QL – Quociente Locacional

(16)

QLCH - Quociente de Localização Clustering Horizontal RAIS – Relatório Anual de Informações Sociais

RMF - Região Metropolitana de Fortaleza SCIDADES – Secretaria das Cidades

SDE - Secretaria de Desenvolvimento Econômico

SEBRAE - Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas SENAC - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial

SENAI - Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial

SINDCONFECÇÕES - Sindicato das Indústrias de Confecção de Roupas e Chapéus de Senhoras do Estado do Ceará

SPIL – Sistema Produtivo e Inovativo Local UH - Unidade Hermenêutica

UNIDO – United Nations Industrial Development Organization ZPE – Zonas de Processamento de Exportação

(17)

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO... 20

1.1Contexto... 20 1.2 Problema de pesquisa... 22 1.3 Objetivo geral... 23 1.4 Objetivos específicos... 23

1.5 Justificativa e originalidade da pesquisa... 24

2 REFERENCIAL TEÓRICO... 26

2.1 Aglomerados organizacionais... 26

2.1.1 Nomenclaturas apresentadas na literatura sobre aglomerados empresariais... 27

2.2 Fatores associados a aglomerados... 38

2.2.1 Fator cooperação... 39

2.2.2 Fator fornecedores... 42

2.2.3 Fator governança/coordenação e instituições de apoio... 43

2.2.4 Fator competitividade... 48

2.2.5 Fator difusão de conhecimento... 49

2.2.6 Fator recursos humanos... 51

2.2.7 Fator inovação... 52

2.2.8 Fator proximidade... 54

2.2.9 Fator infraestrutura... 57

2.2.10 Fator Cultura... 57

2.2.11 Fator especialização... 59

2.2.12 Fator energia empreendedora... 59

2.2.13 Fator estratégia... 62

2.2.14 Fator uniformidade tecnológica... 62

2.2.15 Fator reaproveitamento de produtos... 63

2.2.16 Fator políticas públicas... 63

2.2.17 Fator disponibilidade de capital... 64

2.2.18 Fator gestão organizacional... 65

2.3 Métodos quantitativos para a identificação de clusters... 66

2.3.1 Quociente Locacional (QL)... 66

2.3.2 Quociente de Localização Clustering Horizontal (QLCH)... 69

(18)

2.3.4 Índice Herfindahl-Hirshman (IHH)... 71

2.3.5 Índice Ellison-Glaeser (IEG)... 71

2.4 Pesquisas aplicadas para a identificação de clusters... 72

2.4.1 Trabalho de Britto e Albuquerque (2002)... 73

2.4.2 Trabalho de Suzigan et al. (2003)... 75

2.4.3 Trabalho de Olivares e Dalcol (2014)... 77

2.5 Fontes de informação secundárias para identificação de clusters... 80

2.6 Proximidade geográfica de empresas de confecção em Fortaleza-CE... 81

2.7 Cadeia produtiva da indústria têxtil e de confecção... 84

2.7.1 Panorama Global do setor de confecção... 88

2.7.2 Panorama Brasileiro... 88

2.7.3 Panorama no Ceará... 91

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS... 96

3.1 Classificação da pesquisa... 96

3.2 Delineamento da pesquisa... 100

3.2.1 Revisão da literatura sobre aglomerados empresariais... 101

3.2.2 Identificação de aglomerados vocacionados do setor de confecção do vestuário... 104

3.2.3 Percepções de especialistas sobre o cluster... 108

3.2.3.1 Coleta de dados (1ª Etapa)... 109

3.2.3.2 Análise de conteúdo das informações dos especialistas (2ª Etapa)... 113

3.2.4 Percepções dos empresários/gestores sobre o cluster... 117

3.2.4.1 Definição da amostra... 117

3.2.4.2 Elaboração do questionário... 118

3.2.4.3 Aplicação do questionário... 119

3.2.4.4 Análise dos dados quantitativos... 119

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES... 121

4.1 Identificação de aglomerados por meio do coeficiente QL... 121

4.2 Percepção dos especialistas em relação ao cluster... 130

4.2.1 Coleta de dados... 130

4.2.2 Análise de conteúdo... 130

4.2.2.1 Compilação do conjunto ordenado de dados:... 130

4.2.2.2 Decomposição dos ... 131

(19)

4.2.2.4 Síntese dos resultados... 170

4.3 Percepção empresarial sobre o cluster... 171

4.3.1 Coleta e purificação de dados... 172

4.3.2 Identificação da empresa... 173

4.3.3 Análise do aglomerado... 180

4.3.4 Síntese da percepção empresarial sobre o cluster... 186

4.3.5 Comparação percepção especialistas x percepção empresarial... 188

5 CONCLUSÕES... 192

5.1 Limitações do estudo... 194

5.2 Sugestões para trabalhos futuros... 195

REFERÊNCIAS... 196

APÊNDICE A... 205

(20)

1 INTRODUÇÃO

Neste capítulo é apresentada a proposta desta pesquisa de doutorado. Primeiramente há uma contextualização do tema que leva ao desencadeamento do problema, em seguida são apresentados os objetivos gerais e específicos, finalizando com as justificativas e originilalidade da pesquisa.

1.1 Contexto

O tema aglomerações empresariais já vem sendo discutido há bastante tempo e tornou-se destaque em questões relacionadas ao desenvolvimento local e regional. Um dos trabalhos científicos pioneiros nesse tema foi desenvolvido pelos autores Piore e Sabel, na década de 1980, focando o desenvolvimento de distritos industriais da Terceira Itália (GUSSONI; WEISE; MEDEIROS, 2015). Sacomano Neto e Paulillo (2012) mencionam que, a partir do referido estudo, diferentes formas de aglomerações produtivas foram investigadas por diversos pesquisadores em diferentes contextos históricos e geográficos.

Há uma grande diversidade de conceitos em relação ao tema e, mediante a isto, diversas nomenclaturas são utilizadas ao se reportar às aglomerações de empresas, tais como: distritos industriais; clusters; milieu inovativo; sistemas produtivos; sistemas locais, nacionais e regionais de inovação; arranjos produtivos, dentre outros (SACOMANO NETO; PAULILLO, 2012). Nesta pesquisa, para indicar uma concentração de empresas com potencial sinérgico de cooperação, serão adotados três termos.

O primeiro termo será aglomerado, que, segundo Moreira, Fernandes e Dias Junior (2017, p. 56) é definido como “as interações entre empresas do mesmo setor, distribuídas num espaço geográfico regional ou local”, esta nomenclatura foi adotada por ser bastante genérica; o segundo termo utilizado será cluster que, para Inhan et al. (2013, p. 257), é “uma localização geográfica com performance econômica diferenciada e determinada por um ambiente institucional, onde ocorre grande parte das operações produtivas de uma organização”, tal nomenclatura foi adotada por ter sua utilização ampla e no âmbito global; por último, também se adota o termo Arranjo Produtivo Local (APL), nomenclatura criada pela Rede de Pesquisa em Arranjos e Sistemas Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist) e que segundo Lastres, Cassiolato e Maciel (2003, p.2) “propõe uma caracterização específica voltada ao entendimento de tais sistemas em países como o Brasil”.

(21)

Os três termos serão usados indiscriminadamente nesta tese, sem haver distinção entre eles, entretanto, a nomenclatura cluster foi priorizada por ser o termo mais difundido de forma global. Vale salientar que no Brasil, predominantemente, as pesquisas usam a expressão APL, até por ser considerada por vários autores uma aplicação mais específica desta região (AMARAL FILHO, 2011; LASTRES; CASSIOLATO, 2003), porém, a expressão cluster também é comumente utilizada em pesquisas nacionais envolvendo pequenas empresas (AGUIAR et al., 2017; BRITTO; ALBUQUERQUE, 2002; GEROLAMO, 2007; NUNES, 2014; VICARI, 2009)

Britto e Albuquerque (2002) ressaltam que essas abordagens apresentam alguns pontos confluentes e complementares, pois enfatizam a proximidade geográfica dos agentes produtivos e a relevância do contexto social e institucional como fatores importantes na consolidação dessas aglomerações. Essas confluências contribuíram para não se deter em apenas uma das nomenclaturas, até porque somente no decorrer da pesquisa é que foi possível identificar o comportamento do aglomerado objeto de estudo.

Uma particularidade desta pesquisa é que o foco será em aglomerados industriais, voltados ao setor de manufatura, isto porque também há os aglomerados comerciais, mais ligados a centros comerciais.

Os aglomerados industriais podem proporcionar às empresas uma gama de vantagens devido à possibilidade de se obter benefícios decorrentes das proximidades geográficas e das formas de relacionamento entre os atores. São exemplos dos benefícios citados: aumento de produtividade, inovação, competitividade, especialização, dinamismo no mercado, geração de conhecimento, cooperação, acesso a recursos, vantagens em aprendizado, economias de escala e escopo, dentre outros (PETRESCU; RUS; NEGRUŞA, 2014; VALE, 2007; ZANCAN; SANTOS; CRUZ, 2013).

Gerolamo (2007) destaca que o objetivo central das ações de desenvolvimento de aglomerados é promover as ações conjuntas entre empresas e demais agentes de uma região, e assim potencializar o ganho de eficiência, decorrente de economias externas e ações conjuntas deliberadas.

As economias externas são os benefícios incidentais gerados por fatores existentes em uma região, como mão de obra especializada e presença de fornecedores; e as ações deliberadas são as perseguidas conscientemente pelas empresas, como redução de custos por meio de compras conjuntas de matérias-primas (GEROLAMO, 2007).

Autores como Lastres, Cassiolato e Maciel (2003) relatam que governos e outras instituições de apoio, ao estudarem os potenciais benefícios, têm percebido a importância de se

(22)

potencializar tais aglomerados. Os referidos autores também destacam a importância de se compreender corretamente as características de cada aglomerado para a obtenção de bons resultados, porque estes são sistemas complexos que compreendem um ambiente organizacional envolvendo muitas variáveis.

Neste contexto, os autores Alexiev, Volberda e Van Den Bosch (2016) reforçam que um ambiente organizacional possui múltiplas dimensões e que os diferentes tipos de informações associadas a essas dimensões podem afetar os processos gerenciais subjacentes à tomada de decisões estratégicas. Assim, o estudo de um cluster envolve uma profunda análise de inúmeras dimensões para que se possam tomar decisões específicas e apropriadas.

Focando-se especificamente o município de Fortaleza - CE, se indaga sobre o ambiente organizacional do cluster do setor de confecção do vestuário, tendo em vista que o município é o terceiro mais importante no ranking de produtores de vestuário das microrregiões brasileiras, de acordo com o Escritório Técnico de Estudos Econômicos do Nordeste (ETENE) (MENDES JÚNIOR, 2018). Tal debate ganha ainda mais força quando observados os resultados obtidos por Santos (2014) que estudou a dinâmica dos circuitos da economia urbana na indústria de confecção em Fortaleza e identificou, apenas pela proximidade geográfica, uma forte existência de regiões dentro do município com elevada concentração de empresas deste setor.

Sendo assim, esta pesquisa tem por objetivo investigar o ambiente organizacional do aglomerado de empresas do setor de confecção em Fortaleza, com suas potencialidades e obstáculos, que se encaixa o macro tema desta pesquisa.

1.2 Problema de pesquisa

O estudo de aglomerados é de extrema importância para a identificação de suas características e assim possibilitar a estruturação de estratégias para impulsionar o seu desenvolvimento. Inúmeros são os casos de identificação de tais aglomerados no Brasil e no mundo, entretanto observa-se uma lacuna quando se trata de grandes cidades, com intensa diversidade na geração da economia.

Esta constatação é percebida no estado do Ceará, onde procedimentos quantitativos de identificação de aglomerados deixam de inserir a sua capital, Fortaleza. Como exemplo há o levantamento realizado por Amaral Filho (2007) onde foram encontrados 33 aglomerados no Ceará, sendo que nenhum estava na capital. O autor comenta que apesar dos indícios da

(23)

existência de aglomerados em Fortaleza, por razões injustificáveis ela permaneceu fora dos trabalhos de identificação.

Outro ponto a ser destacado é que muitos dos aglomerados identificados não possuem uma formalização, ou nem mesmo possuem algum tipo de governança estabelecida. O mapa do Observatório Brasileiro de APLs possui o registro de 845 APLs em todo o território nacional, destes apenas 31 são formalizados com um Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) (OBAPL, 2020).

Destaca-se também que para conhecer um aglomerado não basta apenas identifica-los por qualquer tipo de método utilizando dados secundários, é necessário um aprofundamento investigativo, o qual é realizado somente a partir de dados primários por meio de visitas de campo e da geração de relatórios técnicos, dissertações, teses, dentre outros (AMARAL FILHO, 2007).

Lastres, Cassiolato e Maciel (2003) destacam que, para que haja uma gestão eficaz, é necessária uma investigação profunda das características de cada aglomerado, visto que cada um desses sistemas possui peculiaridades próprias.

Na prática, nem sempre é fácil compreender o ambiente organizacional de um aglomerado e formas de potencializá-lo. Eles são muito heterogêneos e não há um modelo padrão, existindo fatores intangíveis relacionados à história e à cultura locais capazes de influenciar o envolvimento das empresas e o desenvolvimento da cooperação (KOHLER; ARICA, 2013).

Tomando por base o contexto anteriormente apresentado, a presente pesquisa se direciona pela seguinte questão: Qual a situação do ambiente organizacional do cluster de empresas de confecção do vestuário em Fortaleza – CE?

1.3 Objetivo geral

Esta pesquisa tem por objetivo analisar o ambiente organizacional, com seus obstáculos e potencialidades, a fim de gerar subsídios para potencialização de um cluster de empresas de confecção do vestuário em Fortaleza – CE.

1.4 Objetivos específicos

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a) identificar os principais fatores associados ao desempenho de um cluster, por meio de uma extensa revisão da literatura;

b) mapear de forma quantitativa aglomerados industriais do setor de confecção do vestuário entre os bairros mais vocacionados no município de Fortaleza;

c) analisar, de forma exploratória, a percepção de especialistas do setor sobre o ambiente organizacional das empresas de confecções de Fortaleza no contexto da viabilidade de potencialização de um cluster;

d) averiguar, por meio de uma survey, se as principais percepções dos especialistas se ajustam com a opinião dos empresários e gestores do cluster identificado.

1.5 Justificativa e originalidade da pesquisa

Esta pesquisa contribui para a base do conhecimento acerca dos estudos existentes sobre aglomerados empresariais e se justifica pelo reduzido número de estudos que investigam os referidos aglomerados em municípios grandes e com intensa diversificação de setores, como é o caso do município de Fortaleza.

Os estudos sobre aglomerados empresariais são geralmente concentrados em cidades menores, onde o setor investigado possui uma maior notoriedade como representação econômica para o município. Segundo vários autores (AMARAL FILHO et al., 2006; OLIVARES; DALCOL, 2014; SUZIGAN; GARCIA; FURTADO, 2002), uma das ferramentas quantitativas mais utilizadas na identificação de aglomerados, o Quociente Locacional, é falha na identificação de aglomerados em grandes centros urbanos, sendo esta uma das possíveis causas do baixo interesse por parte dos pesquisadores em investigar os aglomerados nas localidades supracitadas.

Mesmo já havendo uma elevada quantidade de estudos sobre aglomerados de diversos tipos e em diversas localidades, cada ambiente organizacional possui suas peculiaridades e carece de informações específicas, Amaral Filho (2011, p.175) chega a dizer que “estudar os arranjos de um sistema produtivo significa procurar desvendar sua alma, ou seja, implica revelar as naturezas e os padrões das interações estabelecidas entre os agentes, mostrando suas preferências, regularidades e alterações”.

Devido à falta de estudos aprofundados sobre os aglomerados empresariais o poder público acaba não tendo informações suficientes para a elaboração de políticas públicas mais consistentes.

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Outra justificativa para esta pesquisa refere-se à elevada concentração de empresas do setor de confecção do vestuário em Fortaleza. Segundo dados do Relatório Anual de Informações Sociais - RAIS (2017), do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE, Fortaleza possui 2081 empresas do setor de confecção do vestuário, gerando 26.880 vínculos empregatícios, sendo que esse número revela apenas as empresas formalizadas.

Portanto, torna-se clara a importância de um estudo no setor de confecção do vestuário no município de Fortaleza, devido ao considerável número de empresas e devido à lacuna de pesquisas sobre aglomerados empresariais neste setor. Sendo assim, a presente pesquisa contribui para gerar conhecimento na área de organização de aglomerados e poderá ser utilizada por outros pesquisadores e por elaboradores de políticas públicas como alicerce de seus projetos.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Neste capítulo são apresentados os principais aspectos teóricos que embasaram a construção desta pesquisa. Inicia-se com os principais conceitos relacionados a aglomerados organizacionais; posteriormente estão levantados os principais fatores que afetam no desempenho de um cluster; em seguida apresenta-se os métodos quantitativos para a identificação de aglomerados, com suas principais técnicas e pesquisas relacionadas; posteriormente são apresentadas as fontes de informações secundárias; em seguida apresenta-se um estudo realizado sobre identificação de aglomerados do apresenta-setor de confecção em Fortaleza por meio da proximidade geográfica, finalizando com um levantamento da cadeia produtiva da indústria têxtil e de confecção.

2.1 Aglomerados organizacionais

De forma generalizada, o termo aglomerado representa a concentração de pessoas ou de qualquer outro tipo de elemento, como materiais, organizações de todas as espécies, dentre outros. Nas aglomerações organizacionais, que envolvem sistemas econômicos, estas podem ser produtivas, científicas, tecnológicas e/ou inovativas, de modo que a proximidade territorial de agentes econômicos, políticos e sociais é o aspecto central em sua formação. Um ponto relevante associado a esse termo é a existência de economias de aglomeração, ou seja, as vantagens derivadas da proximidade geográfica dos agentes, incluindo acesso a matérias-primas, equipamentos, mão de obra e outros, ampliando as chances de sobrevivência e crescimento, principalmente no caso de micro e pequenas empresas (LASTRES; CASSIOLATO, 2003).

A formação dos arranjos organizacionais possui uma origem longínqua, teve destaque com o reaparecimento das regiões como fonte de vantagens competitivas e inovativas a partir da década de 1970, sendo muito bem representada pelo sucesso de algumas experiências econômicas, tais como os distritos industriais na região da Terceira Itália, o Vale do Silício na Califórnia, Baden-Wurttemberg na Alemanha, dentre outros (LASTRES; CASSIOLATO, 2003).

É comum encontrar regiões com uma alta concentração de empresas, em muitos casos, ligadas por uma mesma atividade econômica. Estas formações dos aglomerados podem estar presentes em um município, um bairro ou até mesmo em uma rua. Segundo alguns autores

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(KOHLER; ARICA, 2013; TELLES, 2008), em muitos casos, a simples presença das empresas em aglomerados já proporciona uma maior vantagem competitiva frente outras que atuam de forma isolada. Porém, nem sempre a simples inserção de uma empresa em um aglomerado culmina em ganhos de eficiência. Os melhores resultados ocorrem quando há a criação de uma eficiência coletiva, gerada por meio da troca de informações e pela cooperação entre as empresas estabelecidas (AMATO NETO, 2000).

Na próxima seção serão apresentas algumas das nomenclaturas mais utilizadas na literatura sobre aglomerados. Segundo Silva, Feitosa e Aguiar (2012), nenhuma delas é predominante, sendo mais comum a utilização dos termos distrito industrial, cluster e Arranjo Produtivo Local. Destaca-se que o autor desta tese também incluiu no referencial teórico o termo rede de empresas em função de sua grande utilização.

2.1.1 Nomenclaturas apresentadas na literatura sobre aglomerados empresariais

Elenca-se a seguir as principais nomenclaturas utilizadas na representação de aglomerados empresariais. Eles foram selecionados por serem os mais difundidos na literatura, apesar de ainda existirem outros. Nesta tese serão vistos os distritos industriais, clusters, Arranjos Produtivos Locais – APLs e redes de empresas.

a) Distritos industriais

Os estudos iniciais sobre aglomerados surgiram a partir do conceito de distrito industrial, introduzido por Alfred Marshall no final do século XIX, derivado de um padrão de organização comum à Inglaterra do período, quando pequenas firmas especializadas na manufatura de produtos específicos aglomeravam-se em centros produtores. Não era uma mera localização de atividades econômicas em um mesmo espaço territorial, mas um conjunto de atividades econômicas dependentes de recursos específicos do ponto de vista territorial (QUEIROZ; SOUZA, 2017).

Segundo Amaral Filho et al. (2002), os chamados “distritos” surgiram no Norte e no Nordeste da Itália, chamada Terceira Itália, especializados em diferentes produtos: Sassuolo, na Emília Romagna, especializada em cerâmica; Prato, na Toscana, em têxtil; Montegranaro, na Marche, em sapatos; móveis de madeira especialidade de Nogara, em Veneto; dentre outros.

Algumas das características básicas deste tipo de aglomerado são:

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• estreita relação entre as diferentes esferas social, política e econômica. O sucesso repousa não exatamente no econômico real, mas largamente no social e no político-institucional (AMARAL FILHO et al., 2002);

• acesso à mão de obra qualificada (QUEIROZ; SOUZA, 2017);

• adaptabilidade e capacidade de inovação combinados à capacidade de satisfazer rapidamente a demanda (AMARAL FILHO et al., 2002);

• existência de fornecedores locais de insumos e bens intermediários (QUEIROZ; SOUZA, 2017);

• equilíbrio entre concorrência e cooperação (AMARAL FILHO et al., 2002);

• sistemas de comercialização e de troca de informações entre os agentes (QUEIROZ; SOUZA, 2017); e

• grande parcela das empresas envolvidas é de pequeno ou muito pequeno porte (AMARAL FILHO et al., 2002).

Diante destas características, os distritos industriais influenciaram a criação do termo “economias externas locais”, também conhecido como “economias externas Marshallianas”; estas constituem três principais vantagens: i) a existência de um denso mercado local de mão de obra especializada; ii) as facilidades de acesso a fornecedores de matérias-primas, componentes, insumos e serviços especializados e, muitas vezes, também de máquinas e equipamentos, e iii) a maior disseminação local de conhecimentos especializados que permitem rápidos processos de aprendizado, criatividade e inovação (SUZIGAN; GARCIA; FURTADO, 2002).

Segundo Schmitz e Nadvi (1999), as economias externas marshallianas, consideradas passivas, não são suficientes para explicar o desenvolvimento do aglomerado. Além de economias externas incidentais, são necessárias economias externas de natureza ativa, resultantes de uma força deliberada, movida de forma conjunta e organizada pelos atores do aglomerado, gerando uma eficiência coletiva.

No Brasil, o termo distrito industrial é utilizado para referenciar determinadas localidades ou regiões destinadas à instalação de empresas, muitas vezes contando com a concessão de incentivos governamentais, divergindo bastante do conceito tradicional (QUEIROZ; SOUZA, 2017).

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b) Clusters

Diversas teorias abordam o termo cluster, mas segundo Gaspar et al. (2015), o conceito formulado por Porter (1998) é o mais referenciado e aceito, o qual define os clusters como:

[...] concentrações geográficas de empresas e instituições interconectadas em um campo particular. Os clusters abrangem uma série de indústrias interligadas e outras entidades importantes para a concorrência. Eles incluem, por exemplo, fornecedores de insumos especializados, como componentes, máquinas e serviços, e fornecedores de infraestrutura especializada. Os clusters também costumam estender-se para os canais e clientes e, lateralmente, para os fabricantes de produtos complementares e para as empresas de setores relacionados por habilidades, tecnologias ou insumos comuns. Finalmente, muitos clusters incluem instituições governamentais e outras - como universidades, agências de definição de padrões, think tanks, provedores de treinamento vocacional e associações comerciais - que fornecem treinamento especializado, educação, informação, pesquisa e suporte técnico (PORTER, 1998, p. 80, tradução nossa).

Segundo Amaral Filho et al. (2002), os clusters apresentam uma ideia central de organizar uma indústria-chave ou indústrias-chave numa determinada região, transformá-las em líderes de mercado, se possível internacionalmente, e torná-las a principal conexão com o desenvolvimento dessa região, objetivos esses conseguidos por meio de uma mobilização integrada e total entre os atores deste sistema.

Uma característica importante que difere os clusters dos distritos industriais é que nos clusters há o possível incremento no aglomerado de empresas de grande porte e mais desenvolvidas, sem deixar de haver a participação das empresas de micro e pequeno porte. Esta interação de empresas com portes diferenciados torna-se importante para o desenvolvimento, devido ao potencial de fornecimento de recursos complementares e aprendizagem coletiva (AMARAL FILHO et al., 2002; QUEIROZ; SOUZA, 2017).

Turri (2017) menciona algumas críticas ao conceito de clusters, primeiro porque se percebe uma maior ênfase no aspecto da concorrência do que na cooperação como fator de dinamismo, além de que nesta teoria da competitividade os clusters são voltados à exportação. Uma segunda crítica é que a abordagem voltada para a inovação é muito simplista, por exemplo, apresentada pela aquisição de equipamentos.

Apesar de existirem algumas definições estáticas sobre clusters, elas podem apresentar diferentes graus de desenvolvimento. Mytelka e Farinelli (2000) apresentam uma classificação com três tipos: informais, organizados e inovativos. Esta tipologia é formada de acordo com algumas variáveis de desempenho conforme apresentado no Quadro 1. A classificação apresentada pelos autores é baseada apenas em clusters espontâneos, ou seja,

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aglomerados que surgem de forma natural, sem uma indução externa, como ocorre em Zonas de Processamento de Exportação (ZPE), por exemplo.

Quadro 1 – Graus de desenvolvimento de clusters

Tipos Clusters espontâneos

Clusters informais Clusters organizados Clusters inovativos

Existência de liderança Baixa Baixa para média Alta Porte das empresas Micro e pequena PMEs PMEs e Grandes

Capacidade inovativa Pouca Alguma Contínua

Confiança interna Pequena Alta Alta

Habilidade Laboral Baixa Média Alta

Nível tecnológico Baixa Média Média

Linkages Algum Algum Extensiva

Cooperação Pouca Alguma, não mantida Alta

Competição Alta Alta Média a alta

Novos produtos Pouco ou nenhum Algum Contínuo

Exportação Pouca ou nenhuma Média – alta Alta

Fonte: Adaptado de Mytelka e Farinelli (2000)

Mytelka e Farinelli (2000) esclarecem sobre estas classificações de clusters relatando que os informais e organizados são as formas predominantes em países em desenvolvimento, geralmente são formados por micro e pequenas empresas cujo nível de tecnologia é baixo e tanto proprietários como trabalhadores possuem baixos níveis de habilidades, tanto gerencial como operacional. Os trabalhadores são geralmente pouco qualificados e pouco ou nenhum aprendizado contínuo ocorre para o aprimoramento das habilidades.

Embora as baixas barreiras à entrada possam levar ao crescimento do número de empresas e instituições de apoio, isso não reflete necessariamente em uma dinâmica positiva, medida pela melhoria das habilidades gerenciais, pelo investimento em novas tecnologias de processo, em máquinas e equipamentos, na melhoria na qualidade do produto, na diversificação de produtos ou no desenvolvimento das exportações.

A natureza da coordenação e do trabalho no aglomerado de empresas localizadas em clusters informais tende a ser baixa e é caracterizada por uma perspectiva de crescimento limitada, com frequente concorrência acirrada, pouca confiança e troca de informações. Sua infraestrutura é deficiente, com ausência de serviços básicos e de estruturas de apoio como serviços bancários e financeiros, centros de capacitação e programa de treinamento. A falta de

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informações sobre os mercados estrangeiros tende a reforçar essa dinâmica de baixo crescimento.

Os clusters organizados caracterizam-se por um processo de atividades coletivas, orientados principalmente para o fornecimento de infraestrutura de serviços e o desenvolvimento de estruturas organizacionais destinadas a analisar e fornecer os canais para enfrentar problemas comuns. Embora a maioria das empresas nesses grupos seja pequena, algumas cresceram até o tamanho médio e seu nível de competência melhora por meio de treinamento e aprendizado. Em termos de capacidade tecnológica, eles também melhoraram. O que distingue o cluster organizado é a cooperação e o networking que surge entre as firmas-membro.

Embora os clusters organizados tenham o potencial de ser inovadores, a simples proximidade entre empresas não é garantia de que isso ocorrerá ou de que será sustentado. As empresas desses clusters também exibem a capacidade de realizar adaptações tecnológicas, projetar novos produtos e processos e levá-los rapidamente ao mercado.

Os clusters inovadores podem surgir mesmo em setores tradicionais, como a indústria de confecção do vestuário, por exemplo, que não estão ligadas diretamente a setores com altos níveis tecnológicos. Nos países desenvolvidos, clusters instalados em indústrias tradicionais vêm demonstrando um novo dinamismo. No passado, estas indústrias que não são nem baseadas em ciência, nem intensivas em conhecimento, eram pensadas para não exigir o tipo de aprendizado e inovação que impulsionavam o crescimento das exportações, assim como ocorre em indústrias de "alta tecnologia". O baixo nível de investimentos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) deu mais apoio a essa crença.

A capacidade de inovar das empresas de tais indústrias pode ser facilmente determinada pelas respostas na introdução de novos produtos, porém, essa questão muitas vezes falha em capturar mudanças no design ou nos materiais que modificam significativamente os produtos.

O crescimento sustentado das exportações, no entanto, só é possível se as firmas desses grupos participarem de um processo contínuo de inovação. Sob essas condições, a trajetória das exportações de um cluster se torna uma aproximação útil para a inovação.

c) Arranjos Produtivos Locais -APLs

O termo Arranjo Produtivo Local foi cunhado no Brasil e não é encontrado na literatura estrangeira, criado por um grupo de pesquisadores reunidos na Rede de Pesquisa em Sistemas e Arranjos Produtivos e Inovativos Locais (RedeSist) do Instituto de Economia da

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Universidade Federal do Rio de Janeiro (IE/UFRJ), a partir de pesquisas nos anos 1990 sobre meios inovadores e sistemas nacionais e locais de inovação. Segundo esta instituição, a definição de APL é considerada como sendo:

[...] aglomerações territoriais de agentes econômicos, políticos e sociais – com foco em um conjunto específico de atividades econômicas – que apresentam vínculos mesmo que incipientes. Geralmente envolvem a participação e a interação de empresas – que podem ser desde produtoras de bens e serviços finais até fornecedoras de insumos e equipamentos, prestadoras de consultoria e serviços, comercializadoras, clientes, entre outros – e suas variadas formas de representação e associação. Incluem também diversas outras instituições públicas e privadas voltadas para: formação e capacitação de recursos humanos (como escolas técnicas e universidades); pesquisa, desenvolvimento e engenharia; política, promoção e financiamento (LASTRES; CASSIOLATO, 2003, p. 3).

Alguns autores consideram a definição proposta pela RedeSist apenas como uma simples tradução portuguesa do conceito de clusters (FILARDI; FREITAS; DUTRA, 2013; NORONHA; TURCHI, 2005). Porém, para Amaral Filho (2011), associar APL como uma “tropicalização” ou “brasileirização” de nomenclaturas internacionais como cluster ou distritos industriais é um erro. Para o autor essas associações reduzem o conceito de APL a uma “abordagem provinciana”, voltada apenas às observações de realidades geradoras de micro e pequenas empresas, não raro, informais, envolvidas em ambientes com baixo nível de governança e atrasadas.

Zambrana e Teixeira (2013) levantaram na literatura algumas características intrínsicas do termo brasileiro APL, que o diferencia dos termos internacionais já apresentados, sendo elas: i) possui um caráter mais social, não se limitando à análise econômica utilizada nos clusters, possuindo pecularidades ligadas à confiança, cultura, solidariedade, desenvolvimento social e evolução local; ii) maior ênfase nos agentes não necessariamente empresariais, destacando o papel das instituições, enquanto nos clusters o destaque são as empresas; iii) diferentemente dos clusters que possuem maior foco na competitividade, sendo mais adequado para países desenvolvidos, no APL existem associações locais de organizações que além da competitividade buscam a geração de capital social proveniente das relações interorganizacionais; iv) enquanto os APLs envolvem mais micro e pequenas empresas, os clusters almejam aglomerados predominantemente de grandes empresas e uma região com sucesso extraordinário em determinado setor da atividade.

Uma característica apontada por Figueiredo e Di Serio (2007, apud MASCENA; FIGUEIREDO; BOAVENTURA, 2013) que promove uma diferenciação entre clusters e APLs é que nos clusters há uma maior intensidade nos relacionamentos entre as empresas e maior participação das empresas privadas que estão aglomeradas para o desenvolvimento do

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agrupamento, com menor envolvimento do governo, enquanto no APL há maior atuação do poder público e de agências de fomento.

Assim como nos clusters, os APLs também possuem uma classificação quanto ao seu desenvolvimento, e neste caso os arranjos são classificados em três níveis: arranjos incipientes, arranjos em desenvolvimento e arranjos desenvolvidos (Sistemas Produtivos e Inovativos Locais –SPILs). Cardoso, Carneiro e Rodrigues (2014) apresentam as características de cada um destes tipos:

Arranjos incipientes, são os arranjos desestruturados, deficientes de lideranças efetivas. Falta relacionamento entre as empresas, o poder público e a iniciativa privada. Não há centros de pesquisa que contribuem para elaborar/implementar novos processos produtivos. São determinados por:

• baixo desempenho empresarial; • foco individual;

• isolamento entre empresas;

• ausência de interação do poder público;

• ausência de apoio/presença de entidade de classe; • mercado local (mercado de atuação restrito); • base produtiva mais simples.

Estes APLs são importantes em questões locais pela relevância positiva na arrecadação do município e no número de vínculos empregatícios, mas os resultados obtidos estão abaixo da sua potencialidade. São também carentes de recursos financeiros, não sendo satisfatoriamente contemplados com linhas de crédito pelos bancos tradicionais, por inúmeros motivos. Seu mercado ainda é o local ou microrregional, não apresentando competitividade para tentativas mais arrojadas (CARDOSO; CARNEIRO; RODRIGUES, 2014).

Arranjos em desenvolvimento são importantes para o desenvolvimento local, já que atraem novas empresas e incentivam os empreendedores a investirem em competitividade, como condição para sua sobrevivência. Promovem um impacto nos demais elos da cadeia produtiva, fortalecendo a qualidade de seus produtos. As lideranças são mais capacitadas e legitimadas, organizando-se em entidades de classe, defendendo interesses regionais em vez de particulares. Apresentam uma incipiente integração entre o poder público e o empresarial. São determinados por:

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• possíveis estrangulamentos nos elos da cadeia produtiva;

• dificuldade no acesso a serviços especializados (tecnologia /design /logística /crédito);

• interação com entidade de classe; • mercado local/estadual/nacional.

Começa-se uma cooperação entre as empresas, seus fornecedores e suas entidades. O arranjo passa a interessar aos agentes financeiros que, por conhecer melhor o setor e seus empresários, aumentam as operações financeiras. Há centros de educação profissional e de aperfeiçoamento técnico e disposição, pelas empresas, de investir em novas tecnologias e novos produtos. Verifica-se uma participação regular das empresas como visitantes e expositores em feiras do setor.

O produto já começa a ser identificado com alguma característica sociocultural local (posicionamento de produto). Realizam-se de forma mais constante pesquisas relativas a inovações técnicas e questões mercadológicas e as empresas apresentam-se mais competitivas, iniciando a participação em novos mercados (CARDOSO; CARNEIRO; RODRIGUES, 2014). Arranjos desenvolvidos (Sistemas Produtivos e Inovativos Locais – SPILs) são arranjos produtivos cuja interdependência, articulação e vínculos consistentes resultam em interação, cooperação e aprendizagem, possibilitando inovações de produtos, processos e formatos organizacionais e gerando maior competitividade empresarial e capacitação social. Há uma integração formando objetivos e estratégias comuns, com forte impacto sobre o território em geral e sendo por este influenciado. São determinados por:

• foco territorial;

• estrangulamento nas demandas comerciais coletivas; • interação com a comunidade;

• mercado estadual/nacional/internacional;

• finanças de proximidade (relacionamento comercial estreito entre bancos e empresas) mais avançadas;

• base institucional local diversificada e abrangente; • estrutura produtiva ampla e complexa.

É um nível mais bem articulado de superior importância para o desenvolvimento local, pela capacidade de atrair novas empresas, fornecedores, prestadores de serviços, bancos,

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dentre outros. Suas lideranças atuam, principalmente, em entidades de classe, com relacionamentos formais. Há uma maior disponibilidade de recursos financeiros oferecidos pelos bancos e entidades financeiras. As empresas, melhor estruturadas, investem mais no desenvolvimento do arranjo, com recursos próprios e de terceiros (CARDOSO; CARNEIRO; RODRIGUES, 2014).

d) Redes de empresas

O termo “rede” também é utilizado quando se trata sobre o assunto agrupamentos empresariais, podendo receber os nomes de “redes interfirmas” (FLECHA et al., 2012), “redes interorganizacionais” (WEGNER; PADULA, 2012) “redes empresariais”, “organizações em rede” (SILVA; FEITOSA; AGUIAR, 2012), além de outras. Segundo alguns autores (MENDONÇA et al., 2012; TAVARES, 2013), este assunto possui um conceito bastante abrangente e complexo, apresentando abordagens e objetivos distintos, ou seja, não há uma concordância na literatura quanto à definição do termo.

Mendonça et al. (2012) mencionam que um consenso abordado por diversos autores é que as redes empresariais se caracterizam como grupo de organizações que colaboram entre si, para atingir objetivos comuns, por meio de relações horizontais e/ou verticais. Nakano (2005) acrescenta a esta definição, que as relações podem ser baseadas ou não em contratos formais. Da mesma forma que em outros tipos de arranjos, nas redes, ao cooperar com outras empresas, cada organização mantém sua individualidade, participando das decisões da rede e dividindo os benefícios e os resultados que são alcançados por meio das atividades comuns (WEGNER; PADULA, 2012).

Uma visão exposta por Oliveira, Andrade e Cândido (2007) que apresenta qual a motivação das empresas em participar de redes interorganizacionais, a define como uma estrutura organizacional, em que podem participar empresas, que devido a limitações de ordem dimensional, estrutural e financeira não podem assegurar as devidas condições de sobrevivência e desenvolvimento quando operadas de forma isolada. O objetivo almejado por estas empresas é reduzir incertezas e riscos, organizando atividades econômicas a partir da coordenação e cooperação (TAVARES, 2013).

Neste sentido, há também uma visão de alguns autores (CARNEIRO et al., 2013; FLECHA et al., 2012; SILVA; FEITOSA; AGUIAR, 2012; TURRI, 2017) de que os APLs, os clusters, os distritos industriais, entre outros, podem ser consideradas redes organizacionais.

A diferença mais importante verificada especificamente quando se trata de redes de empresas, e que a distingue como um modo particular de arranjo, é que as empresas que a

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compõem não necessariamente precisam estar próximas geograficamente (TAVARES, 2013; TURRI, 2017), característica esta que é fundamental nos arranjos apresentados anteriormente (distritos industriais, clusters e APLs). Outras características das redes de negócios são a não hierarquia, o compromisso de aliança a longo prazo, a flexibilidade e a colaboração, ressaltando que a rede pode variar quanto ao tamanho, objetivo e estrutura (formal e informal) (FLECHA et al., 2012).

Os autores Grandori e Soda (1995) desenvolveram uma classificação de modelos de redes empresariais de modo que os vários tipos existentes podem ser abrangidos por esta classificação. Na visão dos autores, as redes podem ser de três tipos, segundo seus graus de formalização, centralização e mecanismos de cooperação, então sendo denominadas como: redes sociais, redes burocráticas e redes proprietárias. A Figura 1 apresenta uma visão de como podem ser estruturadas as redes empresariais.

Figura 1- Estruturas de redes

Fonte: Adaptado de Grandori e Soda, (1995, apud SILVA; FEITOSA; AGUIAR, 2012, p. 212).

Redes sociais: tais relações não precisam ser dedicadas apenas à troca de "bens sociais", tais como prestígio, status, amizade, senso de pertencimento e poder. A influência social pode ser recíproca, no sentido de incluir elementos de liderança e autoridade nas relações interempresariais e interpessoais. O relacionamento dos integrantes não é regido por nenhum tipo de contrato formal. Destacam-se dois tipos de redes sociais: as simétricas e as assimétricas. Na social simétrica não existe um polo detentor de poder diferenciado. A social assimétrica tem a presença de um agente central (GRANDORI; SODA, 1995).

Redes burocráticas: são aquelas modalidades de coordenação interempresariais que são formalizadas em acordos contratuais de intercâmbio ou de associação, caracterizadas pela existência de um contrato formal que se destina a regular não somente as especificações de fornecimento como também a própria organização da rede e as condições de relacionamento entre seus membros. Destacam-se dois tipos de redes burocráticas: simétricas e assimétricas. A burocrática simétrica auxilia no desenvolvimento de acordos formais de relacionamento entre

Redes Sociais Redes Burocráticas Redes Proprietárias Simétricas Assimétricas Simétricas Assimétricas Simétricas Assimétricas

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diversas firmas dos mesmos setores, formadas por associações comerciais regulando as firmas sem que prevaleçam interesses particulares. Na burocrática assimétrica, os contratos para as redes de agências especifica cláusulas, inspeções, controle dos direitos e transferência de know-how para alinhar o interesse dos agentes, e são formadas por redes de agências, licenciamento e franquias, com forte regulação (GRANDORI; SODA, 1995).

Redes proprietárias: são aquelas que também dispõem de um contrato formal, porém com acordos de propriedade, são necessárias onde a incerteza e o oportunismo são particularmente prevalentes. Destacam-se duas formas de coordenação interfirmas que utilizam acordos sobre os direitos de propriedade: joint ventures (simétricas) e capital ventures (assimétrica). As joint ventures são definidas como o resultado da junção de duas ou mais firmas que conduzem atividades e criação conjuntas e são proprietárias e gestoras de uma terceira empresa, que necessita de diversos mecanismos de coordenação, comunicação, decisões compartilhadas e processos de negociação para balancear os acordos de capitais. A capital venture é um tipo de rede proprietária assimétrica em que um investidor financia outro participante da rede, que está com dificuldade em obter crédito pelas formas tradicionais, para desenvolver atividades inovadoras e arriscadas (GRANDORI; SODA, 1995).

Para Silva, Feitosa e Aguiar (2012), estes tipos e características das redes empresariais não podem ser entendidas como nomenclaturas e paradigmas excludentes, uma vez que as redes são dinâmicas e, dependendo do foco de investigação, podem apresentar ao mesmo tempo vários comportamentos organizacionais. No entanto, percebe-se uma evolução desencadeando uma ampliação do paradigma econômico para uma visão mais social, considerando aspectos culturais, relações de parceria, confiança e poder que naturalmente existem nas redes.

Encerrando o assunto dos tipos de arranjos empresariais, Amaral Filho et al. (2002, p.2), ao dizer que “não importa qual seja sua nomenclatura (distrito industrial, entorno inovador ou cluster), tem ganho uma revelada preferência pelas políticas públicas de desenvolvimento regional e local, com mais ênfase nos países desenvolvidos e com mais acanhamento nos países em desenvolvimento”, expressa bem qual deve ser a postura ao lidar com o estudo deste assunto, ou seja, as nomenclaturas, como foram apresentadas nesta seção, não possuem tantas diferenças a ponto de causar algum impacto em trabalhos acadêmicos ou até mesmo em políticas públicas. Tais nomenclaturas mais servem para possibilitar a elaboração de estratégias mais assertivas para as propostas de impulsão aos aglomerados empresariais. Portanto, nesta tese, a nomenclatura utilizada será variada, podendo ser utilizado indistintamente os termos arranjos produtivos, aglomerados empresarias ou clusters.

Referências

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