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DOUTORADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM

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i

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Etelvo Ramos Filho

ARTIGOS ACADÊMICOS EM LÍNGUA INGLESA: UMA

ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL

DOUTORADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA

LINGUAGEM

(2)

ii

PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE SÃO PAULO

PUC-SP

Etelvo Ramos Filho

ARTIGOS ACADÊMICOS EM LÍNGUA INGLESA: UMA

ABORDAGEM MULTIDIMENSIONAL

Tese apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo PUC-SP, como requisto parcial para a obtenção do título de DOUTOR em Linguística Aplicada e Estudos da Linguagem, sob a orientação de Dr. Antônio Paulo Berber Sardinha.

DOUTORADO EM LINGUÍSTICA APLICADA E ESTUDOS DA LINGUAGEM

(3)

iii AUTORIZAÇAO

(4)

iv Tese defendida e aprovada em ___ /___ /____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________

_______________________________

_______________________________

_______________________________

(5)

v

(6)

vi AGRADECIMENTOS

Não é discurso, mas sinto orgulho de ter feito o doutorado na PUC, uma

grande instituição, que me deu oportunidade de crescer profissionalmente e conhecer

gente muito bacana e fazer amigos.

Gostaria de agradecer, em primeiro lugar, ao professor Tony Berber Sardinha,

orientador deste trabalho, por todo o conhecimento que ele dividiu comigo nos quatro

anos de convivência. Agradeço também pela paciência, profissionalismo, prontidão em

atender aos pedidos de ajuda, tolerância e “grand” senso de humor que ele sempre

“esteve tendo”, ao ministrar as disciplinas no LAEL e ao conduzir os estudos do GELC

(vou “estar sentindo” saudades do grupo).

Agradeço imensamente aos membros da banca pela ajuda: Profa. Célia Maria

Magalhães, que, com humildade, foi direta e profissional nas suas sugestões e

comentários enriquecedores; Profa. Cida Caltabiano, que com humildade, doçura,

profissionalismo e discernimento, pontuou o que deveria ser melhorado; Profa. Beth

Brait que, prontamente, aceitou participar da minha Banca, trazendo sua experiência,

alegria e expertise. Tive também a sorte de ter como membro da Banca a Profa. Renata

Condi de Souza, que sempre esteve pronta para ajudar, com boas ideias e muito

conhecimento da Análise Multidimensional, que recheavam meus textos com anotações.

Agradeço imensamente a Maria Lúcia e Márcia Martins, que, mesmo

ocupadas, estão sempre prontas a nos dar atenção e apoio no LAEL.

Agradeço aos amigos Profa. Karina Bersan e Prof. Antônio Carlos Gomes,

pelo incentivo; Christine Almeida, por ajudar o seu amigo aqui com orientações sobre o

preenchimento de formulários, e Juliana Ferrari, pelo empréstimo do livro que estava

esgotado.

Meus agradecimentos vão para Rosana de Barros Silva e Teixeira, pela grande

ajuda com seus conhecimentos de Linguística de Corpus e acolhimento quando cheguei

ao LAEL.

(7)

vii LAEL.

Denise Delegá-Lúcio, sou muito grato a você por ter participado do meu

segundo exame de qualificação. Muito obrigado pelas anotações e sugestões de AMD.

Miss Carol Zuppardo, muito thanks por toda a ajuda e amizade, as caronas and

great time we spent talking about school, life in the USA, music, planes, and life in

general.

Eduardo (Mr.) Cassimiro, muito obrigado pela ajuda com o preenchimento de

formulários e incentivo. You’re a great guy!

Carlos (Mr.) Kauffmann, agradeço pelo profissionalismo na revisão do texto

final.

Meu agradecimento vai para todos os colegas e amigos do Grupo GELC:

Flávia Silva, Cristina Acunzo, Telma de Lurdes, Maria Cecília Lopes, Márcia Veirano,

Juliana Barreto, Helenice Serikaku, Agnes Scaramuzzi, Bárbara Silva, Alexandre (Mr.)

Trigo, Zé Lourenço (you are the man!) e Deutschlehrerin Cris Alberts. (Mr. Trigo, Zé

and Cris, just remember, guys, coffee is life!). Todos vocês me ajudaram muito.

Dona Alina da Silva Bonella, muito obrigado pelas revisões de texto, feitas

com grande expertise.

Meus agradecimentos vão também para a grande amiga Ciomara de Freitas

Gonçalves pelo apoio e acompanhamento com sessões de coaching.

Agradeço ao meu sogro, Sr. Gelço Ribeiro, por me levar ao aeroporto

inúmeras vezes e à Dona Onorita, minha sogra, uma segunda mãe. Obrigado por ajudar

a cuidar de meu filho em minha ausência.

Flávia, obrigado pela paciência, compreensão e dedicação, cuidando do nosso

filho, nossa casa, e nossos akitas – Suki e Aiko –, na minha ausência.

Agradeço aos meus pais, Seu Etelvo e Dona Aryta, que, com esforço, me

proporcionaram estudar inglês na adolescência, quando isso “era coisa para rico”.

Por fim, sou muito grato à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de

(8)

viii There  are  people  in  the  world  for  whom  "ʺcoming  along"ʺ  is  a  perpetual  process,    

people  who  are  destined  never  to  arrive.  

(9)

ix SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 1  

Justificativa ... 5  

Objetivos e perguntas de pesquisa ... 11  

Objetivo geral ... 11  

Objetivos específicos ... 11  

Perguntas de pesquisa: ... 11  

1. CONTEXTUALIZAÇÃO ... 12  

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO-METODOLÓGICA ... 24  

2.1 O artigo acadêmico ... 24  

2.2 Linguística de Corpus ... 30  

2.2.1 Definição e premissas da Linguística de Corpus ... 32  

2.2.2 Breve histórico ... 34  

2.2.3 Corpus: definição e tipologia ... 40  

2.2.4 Tipologia do corpus ... 44  

2.2.5 Ferramentas usadas na LC ... 48  

2.2.6 Padronização ... 54  

2.2.6.1 Colocação ... 55  

2.2.6.2 Coligação ... 56  

2.2.6.3 Prosódia semântica ... 57  

2.2.6.4 Princípio idiomático e princípio da livre escolha ... 58  

2.3. Análise Multidimensional(AMD) ... 58  

2.3.1 Definições ... 59  

2.3.1.1 Traços ... 59  

2.3.1.2 Características ... 59  

2.3.1.3 Registro e gênero ... 60  

2.3.1.4 Tipos de texto ... 60  

2.3.1.5 Fator ... 61  

(10)

x

2.3.2 Análise Fatorial ... 62  

2.3.2.1 Diagrama de sedimentação ... 62  

2.3.2.2 Anova ... 63  

2.3.2.3 R quadrado (ou R²) ... 63  

2.3.2.4 Escore ... 63  

2.3.2.5 Variáveis ... 64  

2.3.3 Desenvolvimento e premissas da AMD ... 64  

2.3.4 Dimensões de Biber e seus traços ... 72  

Dimensão 1: Produção com interação versus informacional ... 72  

Dimensão 2: Preocupações narrativas versus não-narrativas ... 73  

Dimensão 3: Referências explícitas versus dependentes do contexto ... 74  

Dimensão 4: Expressão explícita de persuasão versus não-explícita ... 74  

Dimensão 5: Informação abstrata versus não-abstrata ... 75  

2.3.5 Trabalhos com AMD ... 76  

3. METODOLOGIA ... 79  

3.1 Descrição do corpus de estudo ... 79  

3.1.1 (Pré-)processamento do corpus ... 84  

3.2 Procedimento de análise ... 92  

3.3 Anotação e etiquetagem ... 92  

3.4 Escores das dimensões no corpus CERA ... 101  

4. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 104  

4.1 Apresentação ... 104  

4.1.2 País como variável independente ... 104  

4.1.3 Área de estudo como variável independente ... 118  

4.2 Discussão dos resultados ... 131  

4.2.1 Autores brasileiros nas dimensões de Biber (1988) ... 131  

Dimensão 1 ... 131  

Dimensão 2 ... 132  

(11)

xi

Dimensão 4 ... 134  

Dimensão 5 ... 134  

4.2.2 Comparação entre as áreas de pesquisa ... 135  

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 139  

REFERÊNCIAS ... 142  

(12)

xii LISTA DE QUADROS

Quadro 1: Países e número de citações. Fonte: SCImago Journal & Country Rank, disponível

em http://www.scimagojr.com/index.php. ... 13  

Quadro 2: Corpora de destaque (adaptado de Berber Sardinha, 2004b) ... 38  

Quadro 3: Tamanhos de corpus (Fonte: BERBER SARDINHA, 2004b, p. 26) ... 47  

Quadro 4: Dimensões de Biber (2009) revisadas. Fonte: adaptada de BERBER SARDINHA, 2013 ... 71  

Quadro 5: Traços da dimensão 1 (fonte: adaptado de BIBER, 1988) ... 72  

Quadro 6: Traços da dimensão 2 (fonte: adaptado de BIBER, 1988) ... 73  

Quadro 7: Traços da dimensão 3 (fonte: adaptado de BIBER, 1988) ... 74  

Quadro 8: Traços da dimensão 4 (fonte: adaptado de BIBER, 1988) ... 75  

Quadro 9: Traços da dimensão 5 (fonte: adaptado de BIBER, 1988) ... 75  

Quadro 10: CERA: origem, áreas e número de textos ... 81  

Quadro 11: CERA: origem dos pesquisadores ... 83  

Quadro 12: CERA: áreas de pesquisa. Fonte: National Science Foundation Graduate Research Fellowship Program. ... 84  

Quadro 13: Composição do CERA. Contagem obtida pela ferramenta Wordlist, do programa WordSmith Tools 6.0. ... 88  

Quadro 14: Excerto de texto etiquetado pelo Biber Tagger ... 94  

Quadro 15: Excertos do texto 1 de Química da subpasta Brasil. Fonte: o autor. ... 106  

Quadro 16: Excerto do texto 8 de Ciências da Vida, da subpasta França. Fonte: o autor ... 108  

Quadro 17: Excertos do texto 3 de Psicologia da subpasta Alemanha. Fonte: o autor. ... 108  

Quadro 18: Excertos do texto 8 de Linguística da subpasta Brasil. Fonte: o autor. ... 110  

Quadro 19: Excerto do texto 5 de Engenharia da subpasta Brasil. Fonte: o autor. ... 112  

Quadro 20: Excerto do texto 6 de Eng. e Ciência da Computação da subpasta Índia. Fonte: o autor. ... 112  

Quadro 21: Excerto do trecho 6 de Engenharia da subpasta Reino Unido. Fonte: o autor. ... 113  

Quadro 22: Excerto do texto 5 de Antropologia da subpasta Alemanha. Fonte: o autor. ... 115  

Quadro 23: excerto do texto 10 de Física e Astronomia da subpasta Alemanha. Fonte: o autor. ... 115  

(13)

xiii

Quadro 25: Excertos do texto 1 de Engenharia da subpasta Estados Unidos. Fonte: o autor. . 117  

Quadro 26: Excertos de texto da área Pesquisa de Materiais (Alemanha). Fonte: o autor. ... 119  

Quadro 27: Excertos de texto da área Linguística (Índia). Fonte: o autor. ... 120  

Quadro 28: Excertos de texto da área de Física e Astronomia (Canadá). Fonte: o autor. ... 122  

Quadro 29: Excertos de texto de Antropologia (Itália). Fonte: o autor. ... 122  

Quadro 30: Excertos de texto de Psicologia (Estados Unidos). Fonte: o autor. ... 124  

Quadro 31: Excertos de texto de Física e Astronomia (Estados Unidos). Fonte: o autor. ... 125  

Quadro 32: Excerto de texto de Química (China). Fonte: o autor. ... 126  

Quadro 33: Excerto de texto de Engenharia e Ciência da Computação (China). Fonte: o autor. ... 127  

Quadro 34: Excerto de texto de Pesquisa de Materiais (Reino Unido). Fonte: o autor. ... 129  

(14)

xiv LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Corpus usado por Biber (1988). Fonte: adaptado de SOUZA, 2012. ... 69  

Tabela 2: Dimensões de Biber (1988) com CERA ... 103  

Tabela 3: Variável Independente País – dimensão 1 ... 105  

Tabela 4: Variável Independente País dimensão 2 ... 107  

Tabela 5: Variável independente País – dimensão 3 ... 109  

Tabela 6: Variável Independente País – dimensão 4 ... 111  

Tabela 7: Variável Independente País – dimensão 5. ... 114  

Tabela 8: Variável Independente Área – dimensão 1 ... 118  

Tabela 10: Variável Independente Área – dimensão 3. ... 123  

Tabela 11: Variável Independente Área – dimensão 4 ... 125  

(15)

xv LISTA DE FIGURAS

Figura 1: O modelo CARS. Fonte: Silva (2004). ... 17  

Figura 1: Modelo de artigo AIMRaD ... 26  

figura 2: Pasta TXT ONLY. ... 85  

Figura 3: Pasta BRAZIL, com subpasta BRAZIL CHEMISTRY ... 86  

Figura 4: brazil_chemistry_1 em txt ... 86  

Figura 5: Texto US_soc_scie_linguistics_5.txt após limpeza automática ... 87  

Figura 6: Tela de abertura do WordSmith 6.0 ... 89  

Figura 7: Tela com a opção Choose Texts Now ... 90  

Figura 8: Inserção do corpus da pasta CLEAN NOTEPAD ... 90  

Figura 9: Output estatístico da ferramenta WordList ... 91  

Figura 10: Biber Tagger ... 93  

Figura 11: Biber Tag Count ... 95  

Figura 12: Planilhacom o resultado obtido do Biber Tag Count ... 96  

Figura 13: Tela para inserção dos dados no SPSS ... 97  

Figura 14: Dados abertos no SPSS ... 97  

Figura 15: Marcação das caixas Analyze, General Linear Models e Univariate ... 98  

Figura 16: Marcação da dimensão 1 como variável dependente ... 98  

Figura 17: Marcação de país (origem) como fator fixo ... 99  

Figura 18: Tela com Opções e Descriptive Statistics marcadas ... 99  

Figura 19: Tela com o resultado de Univariate e na dimensão 1 ... 100  

(16)

xvi RESUMO

Fundamentada teórico e medotologicamente na Linguística de Corpus e na

Análise Multidimensional, esta tese analisa um corpus de 900 artigos de pesquisa em

língua inglesa, escritos por pesquisadores de dez áreas, provenientes de nove diferentes

origens. Para tanto, a pesquisa se apoia em uma área da Linguística Aplicada que vê a

língua como um sistema probabilístico e para cujos estudos são utilizados ferramentas

computacionais e corpora. A Análise Multidimensional é uma abordagem baseada em

corpus para o estudo de dimensões de variação que usa procedimentos estatísticos para

identificar relações entre traços linguísticos e registros em grandes quantidades de

textos. A metodologia incluiu a compilação de um corpus de estudo (Corpus of English

Research Articles – CERA), composto de artigos coletados por meio da internet, que

envolveu processamento do texto e análises por origem e área de estudo. A partir do

mapeamento nas cinco dimensões de variação de Biber (1988), o resultado das análises

por origem e área mostra que o corpus é composto por artigos cujos traços os situam

nos seguintes polos: 1) produção informacional, 2) preocupação não-narrativa, 3)

referências explícitas, 4) persuasão não-explícita e 5) informação abstrata.

Palavras-chave: Linguística de Corpus; Análise Multidimensional; Artigos de

(17)

xvii ABSTRACT

This dissertation describes how a corpus of 900 research articles written in

English by researchers of 10 fields of study and nine different origins is mapped onto

the dimensions of variation proposed by Biber (1988). Its theoretical and

methodological underpinnings are provided by Corpus Linguistics and

Multidimensional Analysis. The former is an area in Applied Linguistics in which

language is seen as a probabilistic system and for whose studies computational tools and

corpora are used. The latter is a corpus based approach for the study of dimensions of

variations, which uses statistical procedures to identify relationships between linguistic

features and registers in large amounts of texts. The methodology included the

compilation of a corpus (Corpus of English Research Articles – CERA), which is

composed of articles collected using the Internet, its processing and analyses based both

on origin and field. The result of the analyses for both the origin and the field shows

that the corpus is composed of articles whose features characterize them in the 5

dimensions of variation proposed by Biber (1988) as: 1) being informational, 2) being

non-narrative, 3) having explicit reference, 4) having non-explicit persuasion, and 5)

having abstract information.

(18)

1

INTRODUÇÃO  

Nas últimas décadas, a importância dada ao conhecimento de uma língua

estrangeira tem sido voltada de maneira especial para a língua inglesa. O conhecimento

da língua inglesa como língua estrangeira proporciona contemporaneamente mais

possibilidades de contato com pensamentos e ideias que surgem a cada dia, pois ela é o

meio usado para divulgação de grande parte do conhecimento mundial, em especial nas

áreas científicas e tecnológicas. Ademais, a constante internacionalização da pesquisa

aumenta a necessidade de domínio da escrita e da leitura em língua inglesa, o que

justifica o fato de muitos países terem feito dela a língua oficial ou a principal língua

estrangeira ensinada nas escolas (CRYSTAL, 2012).

A língua inglesa é usada por pesquisadores que buscam literatura, artigos,

pesquisas, manuais e livros das mais diversas áreas. Cada vez mais, também tem sido

usada por pesquisadores para publicação, em detrimento de publicações em suas línguas

nativas. Segundo Crystal (2009), a língua inglesa é a língua da ciência – o que faz com

que ela seja a mais utilizada em publicações científicas e técnicas. Publicar em inglês

proporciona ao autor maior divulgação de seu trabalho, pois ele encontrará um maior

número de leitores, tanto no modo impresso quanto no modo eletrônico.

De acordo com Hyland (2012), publicação internacional significa publicação

em inglês. O autor afirma que há uma tendência, que acadêmicos do mundo todo têm

seguido, de diminuição de publicações em suas línguas maternas e aumento de

publicações em inglês, o que resulta em maior número de citações de seus trabalhos.

Segundo Hyland (2012), referências a publicações em língua inglesa alcançaram 85%

em periódicos de ciências franceses e a língua inglesa compõe 95% de todas as

publicações no Science Citation Index1, Da mesma forma, Swales (2004) acrescenta que

muitos periódicos de primeira linha europeus e japoneses têm aderido à prática de

publicação de artigos em língua inglesa.

1

Índice de citações inicialmente produzido para o Institute for Scientific Information. É parte

do Science Citation Index Expanded, que engloba mais de 6.500 periódicos de renome e cobre 150

(19)

2 Hyland (2012) afirma que o aumento do número de artigos escritos por

falantes não-nativos de inglês em grandes periódicos denota um movimento de

anglicização das publicações. O autor aponta que, em muitas universidades de prestígio

da China, doutorandos têm de ter pelo menos um artigo aceito por um periódico

internacional antes de completar o doutoramento. Ainda, segundo Hyland (2012), a

Academia Chinesa de Ciências complementa os salários de pesquisadores que publicam

em periódicos internacionais. Todavia, tendo em vista essa competitividade, há

periódicos com índices de rejeição de 93%.

Segundo Hyland (2012), vários fatores contribuem para o prestígio de um

periódico. Esses fatores englobam a editora, os membros do conselho editorial, os altos

índices de rejeição, a política de revisão às cegas por pares, o fácil acesso a leitores por

meio de distribuição internacional on-line rápida e, seguramente, o impact factor2.

Hyland acrescenta que, para muitos acadêmicos, é impossível não fazer parte

dessa rede global acadêmica traçada por publicações. A publicação está associada com

prestígio e com credibilidade e muitas universidades medem o valor de seus professores

de acordo com o número de publicações que eles produzem.

Segundo dados do jornal Folha de S. Paulo3, o Brasil não tem nenhuma

universidade no rol das 200 melhores do mundo. Além disso, de acordo com a lista de

2014 do Times Higher Education (THE)4, a Universidade de São Paulo (USP), única

universidade brasileira que constava na seleta lista desde 2011, passou do 158º lugar em

2013 para um grupo que vai do 226º ao 250º. Na lista do THE, a Universidade de

Campinas (Unicamp) também perdeu posições. Ela estava entre 251º e 275º e passou

para o grupo entre 301º e 350º em 2014.

2

Fator de impacto é a medida que reflete o número médio de citações de artigos científicos publicados em determinado periódico. O ranking dos periódicos pode ser encontrado no endereço http://thomsonreuters.com/products_services/science/science_products/a-z/isi_web_of_knowledge/, da Science Citation Index (SCI), que lista os melhores 3.700 periódicos, de 100 disciplinas.

3 Edição de 4.out.2014.

4

(20)

3 A avaliação do THE é baseada em cinco itens principais, a saber: pesquisa,

ensino, citações, inovação tecnológica e internacionalização. De acordo com a Folha de

S. Paulo, o editor do THE informou que a baixa internacionalização das instituições

brasileiras é um dos principais pontos fracos que conferem o resultado que elas

alcançaram. O editor declarou que isso é negativo para o Brasil, na medida em que um

país com tal tamanho e poder econômico precisa de universidades competitivas.

Ainda segundo o jornal, a USP perdeu posições nos itens pesquisa, ensino e

citações, enquanto a Unicamp perdeu em pesquisa, ensino e internacionalização.

Percebe-se a importância da internacionalização, pois a citação de artigos acadêmicos

garante 30% da pontuação atribuída à universidade. Assim, no caso do Brasil, a

quantidade de citações de artigos científicos por outros pesquisadores cai se os trabalhos

estiverem em português.

O editor do THE declarou que, a exemplo de muitos países que já usam a

língua inglesa no meio acadêmico, é necessário o incentivo ao uso do inglês na sala de

aula. Em resposta, a USP declarou investimentos em internacionalização e a Unicamp

diz discordar dos critérios de avaliação.

Para ter seu artigo publicado, o pesquisador precisa ter conhecimento do

conteúdo e das metodologias de uma área específica. Conseguir esse feito requer um

aprendizado, pois o artigo precisa ter ideias e formas de argumentação estruturadas de

modo a torná-las familiares e apropriadas para o leitor.

Essas exigências assustam os falantes não-nativos de inglês que, por

insistência das editoras, têm seus textos submetidos à avaliação de falantes nativos e

revisores para correção da escrita antes de serem aceitos para publicação. Hyland

argumenta que essa dificuldade não é comum apenas aos falantes não-nativos de inglês,

já que o inglês acadêmico não é a primeira língua de ninguém. Para Swales (2004), é

uma questão de experiência. Segundo o autor, há autores mais experientes, que

conhecem os caminhos da escrita acadêmica, e outros menos experientes, que terão

mais dificuldades até terem seus artigos publicados.

(21)

4 notória limitação quanto ao uso da língua inglesa. Dessa forma, o pesquisador que não

detém o conhecimento da língua inglesa em nível de escrita acadêmica se depara com

dificuldades para redigir um texto em inglês. Muitas vezes, esses pesquisadores buscam

o serviço de tradutores, especialistas que levarão à língua-alvo, no caso o inglês, o texto

fonte em português ou em outra língua. O desconhecimento do funcionamento de

qualquer língua em nível acadêmico pode atrasar o sucesso de uma carreira.

Segundo Mauranen (2014), no âmbito da escrita acadêmica, há um

desequilíbrio de poder. Periódicos concentrados nos Estados Unidos e no Reino Unido

geralmente colocam critérios básicos para publicação. Esses critérios vão além da

gramática correta e estilo retórico. É exigido que a escrita acadêmica em inglês seja

semelhante à escrita de um nativo (native-like English).

De acordo com Hyland (2012), a escrita para publicação apresenta desafios

que intimidam todos os acadêmicos, em especial no clima competitivo atual, quando

algumas áreas de estudo apresentam rejeição de mais de 90% das submissões. Essa

dificuldade, que não é comum apenas a pesquisadores brasileiros, é maior para autores

não-nativos, conforme mostram estudos. Hyland (2012) relata que há pesquisadores

espanhóis que recorrem à tradução do espanhol quando da revisão de seus artigos para

publicação. Dificuldade semelhante é encarada por pesquisadores chineses. Segundo o

mesmo autor, acadêmicos de Hong Kong dizem se sentir em desvantagem em relação

aos seus colegas falantes nativos do inglês. Da mesma forma, Gosden (1995), apud

Hyland (2012), relata a dificuldade de pesquisadores japoneses e descreve o caso de

uma pesquisadora nipônica que, orientada por um supervisor, um editor e um revisor,

reescreveu seu trabalho seis vezes, perfazendo um total de 320 alterações, para que ele

fosse aceito para publicação.

Hyland (2012) concorda com Swales, que afirma que a escrita acadêmica é

difícil para qualquer autor iniciante, independentemente de qual for sua língua materna.

Segundo Hyland (2012), os textos de não-nativos são enviados para revisões, que

consistem em trabalhar as metas retóricas, como estrutura e vocabulário específicos da

(22)

5 de leitura e adequação de conteúdo.

Devido à necessidade de se descrever o artigo acadêmico de modo aceitável,

apresento esta pesquisa, que tem como meta levantar as dimensões de variação do artigo

acadêmico em um corpus composto por artigos de dez áreas de estudo, escritos em

língua inglesa, por autores de nove diferentes origens. Assim, faz-se necessário

antecipar que dimensão, conceito usado na Análise Multidimensional, é um conjunto de

traços que subjazem a um corpus (BERBER SARDINHA, 2000b), como será visto em

maior detalhe a seguir.

A Linguística de Corpus alicerça a base teórica deste estudo. Assim, este

estudo compartilha de algumas características que são comuns aos trabalhos do âmbito

da Linguística de Corpus. De acordo com Berber Sardinha (2004a), tais trabalhos são

empíricos e utilizam grande número de textos naturais, coletados de maneira criteriosa –

o corpus, que serve de objeto para a análise, realizada com o auxílio do computador e

de programas automáticos e interativos. Segundo o mesmo autor, esses trabalhos

analisam padrões reais da linguagem em textos naturais.

Este trabalho usa a abordagem da Análise Multidimensional, que descreve a

relação entre uma gama completa de registros em uma língua (BIBER, 2006). Neste

caso, a Análise Multidimensional será empregada para a descrição do artigo acadêmico,

o registro em questão, no que tange a seus múltiplos parâmetros linguísticos de

variação. Ela também permite fazer uma comparação desse registro quanto as nove

diferentes origens dos autores e as dez áreas de estudo.

JUSTIFICATIVA    

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) discutiu

recentemente a necessidade de proficiência em língua inglesa por parte do pesquisador

brasileiro. Em um debate intitulado “Oportunidades e desafios da internacionalização da

ciência brasileira”, ocorrido em novembro de 2013, a presidente da SBPC, Helena

(23)

6 universidades precisam mudar e o brasileiro precisa falar bem o inglês, que é a língua

internacional (SBPC, 2013).

Para participar dessa cooperação internacional por meio da publicação, é

aconselhável que pesquisadores brasileiros aprimorem a escrita acadêmica para que

seus artigos sejam aceitos em periódicos com visibilidade internacional. Segundo

aponta Mauranen (2014), para tais periódicos são necessários artigos que apresentem

padrões equiparáveis àqueles escritos por falantes nativos. Assim, são esperados artigos

com estrutura, padrão e léxico comparáveis aos textos escritos por pessoas que sejam

proficientes em língua inglesa – em particular, na escrita acadêmica. De acordo com

Mauranen (2014), seguindo o critério adotado pelo periódico em que o artigo será

publicado, o texto precisa estar em conformidade com um modelo, britânico ou

americano, de escrita.

Essas informações são corroboradas por Burrough-Boenisch (2011), que

afirma que acadêmicos não-nativos precisam atentar para a forma de inglês que usarão,

ao submeter artigos a periódicos americanos ou britânicos. Os artigos precisam seguir

não somente o estilo requisitado (grafia, pontuação e tipografia) pelo periódico e pela

editora, mas também precisa ter a variação de inglês usado pelo periódico. A autora

menciona, por exemplo, o New England Journal of Medicine, que usa o inglês

americano, e o British Medical Journal, cuja variação é a britânica. Segundo autora, os

manuais padrões de copidesque usados para as convenções do inglês britânico e

americano são, respectivamente, o Ritter e o University of Chicago Press. No entanto,

ela acrescenta, existem também outros guias para áreas específicas, como o Modern

Humanities Research Association e o Council of Science Editors.

O conhecimento aprofundado do funcionamento do artigo acadêmico em

inglês, que é justamente o que esta pesquisa intenta revelar, pretende ser uma

ferramenta que irá contribuir para o pesquisador brasileiro melhorar sua escrita de

artigos acadêmicos em inglês e, consequentemente, ter maiores chances de serem

aceitos por periódicos internacionais indexados.

(24)

7 Análise Multidimensional que descrevem o registro acadêmico, como Biber et al.

(2002b), que examinaram a linguagem comumente encontrada no ambiente

universitário, como aulas ministradas, atendimento ao aluno por parte do professor e

grupos de estudo. Biber & Conrad (2009), em cujo livro os autores descrevem os mais

importantes tipos de textos em inglês e introduzem técnicas metodológicas que podem

ser usadas para analisá-los e descrevê-los, sob a perspectiva de registro, gênero e estilo.

Os trabalhos de Cao & Xiao (2013), cujo estudo com Análise Multidimensional

examina as variações textuais entre resumos de 12 áreas de estudo escritos por

pesquisadores nativos (ingleses) e não-nativos (chineses), e de Gray (2013), que usou a

Análise Multidimensional para analisar a variação no uso de 70 traços lexicais e

gramaticais em 270 artigos de três sub-registros, também vêm contribuir para esse

conhecimento.

Todavia, o tema específico deste estudo parece não ter sido contemplado.

Tendo em vista o panorama apresentado, pode se dizer que há uma lacuna referente à

escrita acadêmica relativa à definição da origem dos autores. Isto é, para este estudo,

definiu-se como conceito de origem o local de nascimento e trabalho do autor.

A pesquisa com foco na origem pode elucidar questões de semelhanças e / ou

diferenças entre países e áreas sobre as quais os autores publicam. No entanto, não há

pesquisa, a partir de uma perspectiva de corpus, sobre características linguísticas de

artigos científicos escritos em inglês por pesquisadores brasileiros, que abranja as

grandes áreas de estudo. Isto é, não foram encontradas pesquisas baseadas em corpus

para descrever elementos linguísticos – como adjetivos, advérbios, verbos e

substantivos – presentes em textos acadêmicos escritos por brasileiros. Esta pesquisa,

portanto, buscará preencher essa lacuna.

Esta pesquisa tem como arcabouço teórico-metodológico a Linguística de

Corpus e, mais especificamente, a Análise Multidimensional, pois enxerga na

problemática da escrita acadêmica a questão da variação inerente aos textos, às áreas e

aos autores, com suas respectivas origens. Dessa forma, esta pesquisa se inscreve no

(25)

8 acadêmica, origens, ascensão social, entre outras, em que a linguagem desempenha um

papel central.

Este estudo de corpus se justifica, pois ele propicia a observação de aspectos

morfológicos, sintáticos, semânticos e discursivos presentes no Corpus of English

Research Articles (CERA), visando contribuir de maneira original para o campo de

pesquisas no âmbito de estudos de Linguística de Corpus em interface com a Análise

Multidimensional.

O estudo aqui proposto se insere no Grupo de Pesquisa de Análise

Multidimensional do Grupo de Estudos de Linguística de Corpus (GELC). A análise do

corpus eletrônico compilado para esta pesquisa permitiu identificar a linguagem das dez

áreas de estudo usada efetivamente em artigos acadêmicos escritos em inglês por

pesquisadores brasileiros e de oito diferentes origens. Com essa análise, foi possível

descrever a partir do mapeamento dos artigos acadêmicos nas dimensões de Biber

(1988), os padrões de uso de natureza léxico-gramatical e as dimensões de variação

subjacentes ao registro artigo acadêmico.

Para Biber et al. (2002b, p. 10), “registro é um termo geral que abrange

qualquer variedade de linguagem definida em termos situacionais, incluindo o propósito

do interlocutor na comunicação, o tópico, a relação entre o interlocutor e o ouvinte, o

modo escrito ou falado, e as circunstâncias de produção” 5 (tradução minha; grifo dos

autores).

Segundo Biber et al. (1998), a abordagem baseada em corpus vem possibilitar

pesquisas de uso da língua que não podem ser baseadas em intuições ou em episódios

de uso. Dessa forma, os autores explicam que a abordagem baseada em corpus difere de

outras abordagens analíticas em linguística. Análises baseadas em corpus apresentam

características essenciais, como: o empirismo, o uso de computadores para análise por

meio de técnicas automáticas e interativas de padrões reais em textos naturais. Essas

5

(26)

9 análises dependem tanto de técnicas analíticas qualitativas quanto de técnicas analíticas

quantitativas. Os autores enfatizam que sem o uso de computadores, que permitem

analisar grandes bancos de dados, a execução desse tipo de análise seria impossível.

De acordo com Biber et al. (1998), os estudos de uma língua podem ser sobre

duas áreas principais: sua estrutura e o seu uso. Eles dizem que, tradicionalmente, a

linguística tem o foco na estrutura. No entanto, eles explicam que, diferentemente de

querer descrever semelhanças e diferenças entre estruturas gramaticalmente corretas que

têm o mesmo significado, o foco no uso questiona quando e em qual contexto elas são

usadas. Eles sugerem que estudos com ênfase no uso podem investigar se a escolha de

um uso em detrimento de outro é mais comum na escrita, na fala, ou em um contexto

específico. Eles sugerem que, se bem explorado, um corpus pode mostrar muito sobre o

uso da linguagem.

Desse modo, este trabalho pretende contribuir de maneira original para a área

de escrita acadêmica em inglês. Para tanto, a pesquisa fundamentar-se-á, do ponto de

vista teórico-metodológico, na Linguística de Corpus (BERBER SARDINHA, 2004a) e

na Análise Multidimensional. A primeira “ocupa-se da coleta e da exploraçao de

corpora, ou conjunto de dados linguísticos textuais coletados criteriosamente, com o

propósto de sevirem para a pesquisa de uma língua ou variedade linguística” (BERBER

SARDINHA, 2004a, p. 3). A Análise Multidimensional (AMD), por sua vez, pode ser

definida como uma abordagem metodológica que identifica, a partir de análise

quantitativa / empírica, os padrões frequentes de coocorrência linguística numa língua

(BIBER, 2010).

Este estudo, composto por 900 artigos de dez diferentes áreas de estudo e de

nove origens é relevante para que sejam conhecidos seus padrões linguísticos, em

especial aqueles escritos por brasileiros. Espera-se que haja uma variação, daí a inclusão

de oito origens, além do Brasil, nessa pesquisa, o que possibilita comparar e descrever

se os traços observados nos artigos escritos por brasileiros são específicos de autores

dessa origem ou não.

(27)

10 de estudo, independentemente da origem. Vale acrescentar que isso corroboraria o que

Biber et al. (2002b) pontuam sobre a grande gama de diferenças linguísticas que podem

ocorrer em textos de um mesmo registro:

Devido ao fato de que registros são definidos em termos situacionais e não linguísticos, textos de um

mesmo registro podem ter grandes diferenças linguísticas. Alguns registros, como documentos oficiais, são muito

uniformes em suas características linguísticas; textos de outros registros, como ficção, podem ser bastante

diferentes em termos de características linguísticas.6 (BIBER ET AL., 2002b, p. 10)

Finalmente, este estudo tem uma justificativa pessoal, despertada a partir da

experiência como professor de língua inglesa no Instituto Federal do Espírito Santo

(Ifes), campus Vitória. Era evidente a dificuldade que muitos têm com a produção de

artigos em inglês. Frequentemente, colegas de trabalho, professores do campus onde eu

leciono, vinham a mim com artigos escritos por eles em inglês e me pediam para

revisá-los. Alguns escreviam em português e pediam para que eu “passasse para o inglês”.

Outros professores de inglês do campus também eram abordados com pedidos

semelhantes.

Com o objetivo de atender a essa demanda por parte dos servidores dos 17

campi que compõem a rede, o Ifes lançou recentemente um edital (cf. Anecxo 1) que

contempla a submissão de artigos em duas modalidades. Eles podem ter sido escritos

em português e serão traduzidos para o inglês. Ou, se estiverem escritos em inglês, esses

artigos serão revisados. A instituição faz algumas exigências quanto à submissão dos

artigos que passarem pelo processo. O não-cumprimento pode acarretar na devolução

do valor investido à instituição pelo servidor. Essa pressão demonstra, inclusive, um

interesse por parte da instituição em participar do processo de internacionalização da

pesquisa.

6

(28)

11

OBJETIVOS  E  PERGUNTAS  DE  PESQUISA  

Objetivo geral

Esta pesquisa objetiva descrever, a partir do mapeamento nas dimensões de

variação de Biber (1988), 900 artigos acadêmicos em língua inglesa escritos por

pesquisadores de dez áreas de estudo e de nove diferentes origens.

Objetivos específicos

Descrever, a partir do levantamento das dimensões de variação do artigo de

pesquisa acadêmica, como as dez áreas de estudo que compõem o corpus se

assemelham ou diferem entre si quanto às cinco dimensões de variação do inglês

propostas por Biber (1988), e como as nove diferentes origens dos autores se comparam

quanto às dimensões de variação de Biber (1988).

Perguntas de pesquisa:

1. Como essas áreas diferentes de conhecimento se comparam quanto às

dimensões do inglês propostas por Biber (1988)?

2. Como as diferentes origens dos autores se comparam quanto às dimensões

propostas por Biber (1988)?

Esta tese está organizada da seguinte forma: no capítulo 1, é feita uma

discussão contextualizada sobre o uso do artigo acadêmico. No capítulo 2, a

fundamentação teórico-metodológica é apresentada com uma breve revisão da literatura

que destaca pesquisas em Linguística de Corpus e, especificamente, aquelas que

utilizam a Análise Multidimensional. No capítulo 3, que trata da metodologia, o corpus

de estudo é apresentado, assim como os programas de computador usados nesta

pesquisa e os passos que foram tomados para a execução deste trabalho. O capítulo 4

apresenta os resultados da pesquisa, seguido de uma discussão ilustrada com exemplos

retirados dos artigos que compõem o corpus, de acordo com suas diferentes origens e

(29)

12

1.  CONTEXTUALIZAÇÃO  

Nesta seção, são apresentadas informações sobre a internacionalização da

pesquisa e a necessidade da produção acadêmica na língua inglesa por parte de

pesquisadores não-nativos. Há uma breve apresentação de indexadores e como eles

interferem no ranking de classificação dos periódicos internacionais e nacionais.

O desenvolvimento científico do Brasil passa pela formação de profissionais

que precisam fazer intercâmbio de informações, pesquisas e estudos. Esse intercâmbio

está inerentemente ligado a recursos linguísticos em português e em outras línguas,

notadamente o inglês.

É fato que a internacionalização das pesquisas tem como ferramenta a língua

inglesa, que é a mais utilizada academicamente. As razões políticas, amplamente

discutidas em Lacoste & Rajagopalan (2005) e Crystal (2012), que elevaram a língua

inglesa a esse patamar, fogem do escopo deste trabalho. No entanto, vale ressaltar que

dados do portal SCImago Journal & Country Rank, que inclui indicadores científicos de

periódicos e de países gerados a partir de informações contidas no banco de dados

Scopus, apontam os Estados Unidos como país com o maior número de publicações

científicas7.

Segundo Pinto e Andrade (1999), a partir dos anos 1960 surge a

cienciometria, área do saber que trata da análise de aspectos referentes à geração e

difusão de informações científicas. Essa ciência tem como principal ferramenta os

índices bibliométricos, que são obtidos a partir de bancos de dados onde estão

armazenados e catalogados grande parte da produção científica mundial. O Institute for

Scientific Information (ISI) é o organizador de um dos principais bancos de dados com

essa especialidade.

Esses números podem ser vistos no Quadro 1, a seguir, que abrange dados de

1996 a 2007. O endereço eletrônico não fornece uma lista mais recente. Optei por listar

apenas os 20 primeiros países, da extensa lista de 238, por uma questão de espaço. O

7 SCImago Journal & Country Rank. Disponível em www.scimagojr.com/. Acesso em 16

(30)

13 original, com os países e os itens em língua inglesa, encontra-se no Anexo 2.

País Documentos Documentos

citáveis Citações

Auto-citações

Citações por

documentos Índice H Estados

Unidos 7.063.329 6.672.307 129.540.193 62.480.425 20,45 1.380

China 2.680.395 2.655.272 11.253.119 6.127.507 6,17 385

Reino

Unido 1.918.650 1.763.766 31.393.290 7.513.112 18,29 851

Alemanha 1.782.920 1.704.566 25.848.738 6.852.785 16,16 740

Japão 1.776.473 1.734.289 20.347.377 6.073.934 12,11 635

França 1.283.370 1.229.376 17.870.597 4.151.730 15,6 681

Canadá 993.461 946.493 15.696.168 3.050.504 18,5 658

Itália 959.688 909.701 12.719.572 2.976.533 15,26 588

Espanha 759.811 715.452 8.688.942 2.212.008 13,89 476

Índia 750.777 716.232 4.528.302 1.585.248 7,99 301

Austrália 683.585 643.028 9.338.061 2.016.394 16,73 514

Federação

Russa 586.646 579.814 3.132.050 938.471 5,52 325

Coreia do

Sul 578.625 566.953 4.640.390 1.067.252 10,55 333

Países

Baixos 547.634 519.258 10.050.413 1.701.502 21,25 576

Brasil 461.118 446.892 3.362.480 1.151.280 10,09 305

Taiwan 398.720 389.411 3.259.864 790.103 10,41 267

Suíça 395.703 377.016 7.714.443 1.077.442 22,69 569

Suécia 375.891 361.569 6.810.427 1.104.677 20,11 511

Polônia 346.611 339.712 2.441.439 652.956 8,25 302

Turquia 306.926 291.814 1.935.431 519.675 8,24 210

QUADRO 1: PAÍSES E NÚMERO DE CITAÇÕES. FONTE: SCIMAGO JOURNAL & COUNTRY RANK, DISPONÍVEL EM HTTP://WWW.SCIMAGOJR.COM/INDEX.PHP.

O conhecimento dos índices bibliométricos, como o índice H e os índices

(31)

14 periódicos. Assim parece ser necessária uma breve introdução sobre esses itens que,

quanto mais altos, indicam a maior visibilidade do periódico. Os índices acima – índice

H e índices qualis – são usados para aferir, respectivamente, o impacto de periódicos

estrangeiros e os periódicos brasileiros no Brasil.

Segundo Chizzotti & Ponce (2010), a biliometria e a cientometria são meios

que surgiram para mensurar a produção de científica. A “bibliometria extrai o volume e

o entrelaçamento dos textos citados, infere o desenvolvimento de um campo científico,

enuncia o estágio das publicações e a autoria das contribuições dadas em uma área de

investigação” (CHIZZOTTI & PONCE, 2010, p. 7). A cienciometria, por sua vez, mede

a relevância de periódicos em dada área de conhecimento.

A partir dessas informações, chegarmos ao foco dessa seção, que são os

pesquisadores brasileiros. Também são apresentadas algumas iniciativas tomadas por

instituições brasileiras, que visam atender à necessidade de melhorar a escrita

acadêmica em inglês de pesquisadores brasileiros.

Para uma melhor leitura da tabela, os itens que a compõem são apresentados

seguindo a explicação disponível na fonte. Os itens contemplados na tabela são country

(país), documents (documentos publicados), citable documents (documentos passíveis

de citações, como artigos, revisões e trabalhos apresentados em conferência, citations

(citações), self-citations (autocitações do país de documentos publicados), citations per

document (média de citações por documentos publicados) e H index – índice H, que

corresponde ao número (h) de artigos do país que receberam ao menos um número h de

citações.

O índice H foi criado por Jorge Hirsch, um físico argentino e professor da

Universidade da Califórnia (MARQUES, 2013). O índice H apresenta vantagens e

limitações. Entre as principais vantagens, Marques (2013) cita o fato de esse indicador

combinar quantidade e qualidade de maneira objetiva em um só indicador. Ele também

pode ser obtido por qualquer pessoa que acesse uma base de dados, como a Web of

Science, que é um portal que permite o acesso a várias bases de dados de referência

(32)

15 e Journal Citation Reports.

Quanto às limitações, o índice H não serve para fazer comparações entre

pesquisadores de disciplinas diferentes, uma vez que o volume de citações varia de

acordo com o tamanho de cada comunidade. Outra limitação é o fato de ele poder ser

manipulado através de autocitações. Adicionalmente, no cálculo do índice H livros e

artigos têm o mesmo peso, o que torna difícil comparar a produção de pesquisadores de

áreas com diferentes culturas de publicação. O autor cita, por exemplo, que, em

humanidades, é costume que resultados de pesquisas sejam publicados em livros, o que

diminui a quantidade de artigos publicados nessa área. Marques (2013) também aponta

que o índice não distingue entre um artigo de um só autor e um de múltipla autoria. No

último, a participação individual é de difícil avaliação.

De acordo com Chizzotti & Ponce (2010), no Brasil, a Coordenação de

Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) desenvolveu sua própria

metodologia de avaliação, com início em 1978, para os programas de pós-graduação. A

partir de 1998, com a ampliação da pós-graduação nacional, a CAPES adotou um

sistema de avaliação trienal, que leva em consideração a produção dos programas e de

seu corpo docente. A fim de qualificar a produção científica dos programas de

pós-graduação, a CAPES criou o programa Qualis. Trata-se de um conjunto de

procedimentos usados pela CAPES para estratificação da qualidade da produção

intelectual para classificação de periódicos, eventos e livros. Essa classificação objetiva

a elevação do padrão de qualidade técnica e científica das produções nacionais nas mais

diferentes áreas de pesquisa.

Em decorrência, a CAPES disponibiliza uma lista com a classificação desses

veículos que divulgam a produção dos referidos programas. Eles são aferidos pelo

Qualis, que enquadra os periódicos em estratos indicativos de qualidade. Essa

classificação é feita anualmente e os estratos começam em C, que tem peso zero, e

cresce até A1, o mais elevado. Os intermediários são, a partir do mais baixo, B5; B4;

B3; B2; B1; e A2.

(33)

16 pesquisadores brasileiros usam o mesmo modelo de movimento da estrutura textual que

eles usam quando escrevem em português. A autora aponta que o conhecimento do

modelo CARS, proposto por Swales, de organização retórica usada na introdução da

maioria dos artigos de pesquisa, seria uma boa ferramenta pedagógica. Segundo a

autora, de posse desse modelo, o pesquisador brasileiro “pode estar em uma posição

melhor para fazer escolhas retóricas ao escrever em inglês”8. (HIRANO, 2009, p. 247;

minha tradução).

O modelo apresentado por Swales em 1990 é conhecido como CARS, do

inglês (Create a Research Space). Ele é composto por uma sequência retórica, que são

os movimentos e passos. No movimento 1, o autor estabelece o território da pesquisa. A

seguir, no movimento 2, o autor estabelece um nicho dentro do território. No

movimento 3, o autor ocupa o nicho que foi estabelecido. Em cada movimento existem

passos, conforme pode ser visto no esquema na Figura 1 a seguir, adaptado de Silva

(2004).

8 No original, em inglês: “…might be in a better position to make informed rhetorical

(34)

17

Movimento 1 – Estabelecimento do território Passo 1 reivindicação de centralidade;

e / ou

Passo 2 generalização sobre o tópico;

e / ou

Passo 3 revisão dos pontos de pesquisas anteriores.

|

Movimento 2 – Estabelecimento do nicho A contra-argumentação;

ou

B indicação de falha;

Passo 1 ou

C levantamento de questionamentos;

ou

D continuação da tradição

|

Movimento 3 – Ocupação do nicho A resumo dos objetivos; Passo 1 ou

B apresentação da pesquisa;

Passo 2 apresentação dos principais achados;

Passo 3 indicação da estrutura do presente artigo.

FIGURA 1: O MODELO CARS. FONTE: SILVA (2004).

No entanto, ressaltamos que modelos de movimentos retóricos, como o

mostrado acima, não consideram as mesmas premissas da Linguística de Corpus. No

CARS, a quantidade de material é pequena e a análise é manual, o que contrasta com os

grandes corpora que são comuns em estudos de Linguística de Corpus. Sendo assim,

(35)

18 base no modelo CARS.

Conforme mostra a literatura apresentada aqui, o conhecimento da língua

inglesa para fins de escrita acadêmica tem sido abordado por vários autores. No entanto,

segundo a Scientific Electronic Library Online (SCIELO, 2014), o domínio da língua

inglesa ainda é um problema não solucionado. Editores qualificam artigos mal escritos

como um dos motivos mais recorrentes para rejeição. Para isso, há inúmeros serviços

profissionais de revisão e tradução de manuscritos em países cujo idioma nativo não é o

inglês.

De acordo com Salager-Meyer (2014), há dois grupos distintos de periódicos.

O primeiro é conhecido por mainstream, center, high-ranking ou elite9. Esses

periódicos são publicados em inglês, língua dos periódicos de maior prestígio, e são

indexados em um dos seguintes indicadores: Science Citation Index, Social Science

Citation Index e Arts and Humanities Citation Index, da Thomson Reuters.

O segundo é conhecido como peripheral ou small journals10, cujo nome não

está relacionado ao tamanho. As palavras “periférico” e “pequeno” aludem ao fato de

que esses periódicos são publicados em países periféricos, onde o meio de publicação

não é a língua inglesa. A maior parte deles não consta dos bancos de dados de

indexadores internacionais, como os mencionados no parágrafo anterior, ou outros

semelhantes.

Conforme relata Salager-Meyer (2014), a busca por maior visibilidade

internacional tem conduzido alguns periódicos periféricos, de países como México,

Rússia, Sérvia, Irã, Coreia do Sul e Brasil, a publicar em inglês. Outros passaram a ser

periódicos com publicações bilíngues, que apresentam edições com uma tradução

completa dos artigos publicados.

Salager-Meyer (2014) acrescenta que pesquisadores que não são falantes

nativos da língua inglesa enfrentam múltiplas dificuldades ao escrever um artigo em

9 Corrente principal, central, de alto nível e elite (minha tradução).

10

(36)

19 inglês para uma possível publicação em periódicos do tipo mainstream. São,

principalmente, dificuldades de cunho linguístico e discursivo. Entre essas dificuldades,

a autora menciona o baixo nível nas habilidades básicas de escrita acadêmica, as quais

incluem a habilidade retórica e argumentativa.

Além das barreiras linguísticas, a autora acrescenta que pesquisadores em

países em desenvolvimento enfrentam outras dificuldades, que abrangem problemas

locais comuns nessas regiões. Essas questões não fazem parte do cotidiano dos

pesquisadores de países ricos. Tais problemas vão desde a queda de energia elétrica,

conexão ruim de internet, pouco ou nenhum material bibliográfico e baixos salários.

Segundo a autora, com frequência, pesquisadores falantes não-nativos de

inglês precisam investir tempo e dinheiro a fim de produzir manuscritos que atendam as

expectativas de revisores e editores de periódicos de elite. No entanto, apesar desse

esforço e de gastos muitas vezes fomentados, é comum a frustração de terem seus

artigos rejeitados.

O fator de Impacto é um dos indicadores mais utilizados e aceitos na área

acadêmica. Esse indicador demonstra o número médio de citações de artigos científicos

publicados em um determinado periódico.

Laus (2004) discute a internacionalização da universidade e diz que projetos

de pesquisa internacionais são uma forma de realizar a internacionalização. Segundo a

autora, agências de fomento “buscam promover a integração dos grupos de pesquisas e

a paridade científica entre os cooperadores brasileiros e internacionais.” (p. 5)

De acordo com Pinto & Cunha (2008, p. 2.222), a internacionalização da

produção científica brasileira é medida pelos artigos produzidos no país que estão no

portal ISI Web of Knowledge:

que inclui os acessos ao Web of Science e ao Journal Citation Reports. Mais

recentemente vem ganhando espaço no País no meio acadêmico a base Scopus. O

conceito de internacionalização pode ser ampliado, por exemplo, para pesquisadores do

exterior que publicam seus artigos em revistas brasileiras. Talvez seja este atualmente o

(37)

20 brasileira.

Os crescentes intercâmbio e internacionalização de pesquisas acadêmicas, dos

quais o Brasil vem participando desde a década de 1990, tornam necessário que

estudantes e pesquisadores brasileiros publiquem cada vez mais em inglês. Isso se deve

ao fato de que, conforme mencionado, a língua inglesa é a língua da academia.

Segundo Paiva (2014), a internacionalização da pesquisa está associada à

internacionalização da pós-graduação. Um dos principais mecanismos para que a

internacionalização da pesquisa aconteça é a distribuição de bolsas de estudo para o

exterior.

Segundo dados da FAPESP (2013), o número de artigos científicos publicados

em inglês nos periódicos da Scientific Electronic Library Online - SciELO Brasil, que é

uma biblioteca eletrônica de artigos científicos em rede, superou o total de artigos

disponíveis em português. A agência tem feito esforços para aumentar a visibilidade e o

impacto internacional dos artigos publicados indexados na SciELO. De acordo com a

FAPESP (2013), a SciELO Brasil conta hoje com cerca de 270 revistas disponibilizadas

com acesso livre na internet.

Para ser incluído na SciELO Brasil11, o periódico deve aceitar os critérios para

admissão e permanência na Coleção. Esses critérios estão descritos no documento

“Critérios SciELO Brasil: critérios, política e procedimentos para a admissão e a

permanência de periódicos científicos na coleção SciELO Brasil”. O conteúdo da

Coleção é de acesso aberto e são textos completos de periódicos científicos brasileiros

de todas as áreas do conhecimento. São, predominantemente, artigos inéditos resultantes

de pesquisa científica original. A contribuição é avaliada por pares, que analisam

conteúdo e relevância dos artigos.

Ainda, de acordo com a FAPESP (2013), o esforço das sociedades científicas,

dos editores e das publicações tem contribuído de forma efetiva para aumentar a

quantidade de publicações em inglês. Como resultado, o número de artigos científicos

11

(38)

21 publicados em inglês nas revistas brasileiras da SciELO Brasil subiu de 38%, em 2007,

para 52%, em 2012. Da mesma forma, houve um crescimento de publicação de artigos

bilíngues – em português e inglês. As áreas com maior concentração de publicações

bilíngue são: a área da Saúde, que tem o maior número de publicações; em segundo

lugar, vem a área de Ciências Humanas.

O desempenho dos periódicos indexados na Rede SciELO, composta por

revistas brasileiras, da África do Sul e de outros 14 países ibero-americanos ainda é

baixo comparado ao desempenho de periódicos de países mais ricos. Aproximadamente,

90% desses periódicos têm fator de impacto abaixo da média em suas áreas nos índices

de referência internacional. De acordo com o coordenador do programa SciELO, ainda

existem muitos fatores que afetam o desempenho das coleções de periódicos da Rede

SciELO. Entre esses problemas, constam a qualidade e a relevância internacional das

pesquisas, o idioma de publicação e a baixa qualidade de artigos publicados em

colaboração com pesquisadores estrangeiros.

Algumas universidades brasileiras dispõem de programas que fomentam a

divulgação de pesquisas desenvolvidas por cientistas brasileiros. A Universidade

Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (UNESP), por exemplo, tem o Programa de

Internacionalização da Pesquisa da UNESP. Esse programa busca fornecer subsídios

para que seus pesquisadores possam publicar em periódicos de maior prestígio. A

instituição reconhece que o inglês é o “idioma de uso preponderante na comunicação

entre pesquisadores. Publicar em outro idioma quase sempre implica menor visibilidade

na comunidade internacional.”

Segundo o Programa de Internacionalização da Pesquisa da UNESP,

“pesquisadores que conseguem publicar seus trabalhos nos periódicos de maior

prestígio ganham crédito junto às agências de fomento e projetam suas instituições de

origem no cenário científico internacional.”

Com o objetivo de estar inserida no contexto científico internacional, a

UNESP tem interesse que seus docentes publiquem em periódicos internacionais, para

(39)

22 versões de textos do português para o inglês e revisões de textos em inglês.

Porém muitos pesquisadores brasileiros têm deficiências que travam a

publicação de seus artigos. A questão tem sido discutida por cientistas brasileiros, como

Vasconcelos & Sorenson (2007), que defendem que as universidades brasileiras, a

exemplo de universidades estrangeiras, como as americanas e canadenses, mantenham

cursos de escrita acadêmica para todas as áreas.

Segundo Vasconcelos & Sorenson (2007), alguns cientistas brasileiros, como

o físico Fernando Lázaro, revisor de vários jornais internacionais, sugerem que as

universidades brasileiras contribuam com a fase de escrita e reescrita de manuscritos

para publicação, oferecendo cursos de escrita formal aos seus alunos de pós-graduação.

De acordo com Langoni (2010), o intercâmbio de experiências entre

estudantes de pós-graduação e professores de diferentes nacionalidades abre

perspectivas e dá aos participantes uma nova visão. Alguns órgãos de fomento

apresentam iniciativas para viabilizar a internacionalização da pesquisa. A Fundação de

Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) tem como estratégia acordos de

cooperação com agências e / ou instituições científicas de diversos países, como

Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, México, Portugal, Reino Unido e Suíça. A

cooperação entre o Brasil e esses países permite aos pesquisadores brasileiros fazerem

intercâmbio e realizarem projetos conjuntos com pesquisadores estrangeiros.

Segundo Vasconcelos & Sorenson (2007), o periódico European Journal of

Epidemiology publicou um relatório com dados que demonstram a relação entre

financiamento de pesquisa, proficiência em língua inglesa e publicação em periódicos

médicos de renome. Segundo esses dados, países com alto investimento em

financiamento de pesquisas, mas com baixo escore no Test of English as a Foreign

Language (TOEFL) apresentam um nível relativamente baixo de publicação científica.

Os mesmos autores destacam que a Universidade Federal do Rio de Janeiro

(UFRJ) mantém um projeto relacionado à proficiência em inglês de cientistas brasileiros

e o tempo de publicação, que vai desde a primeira versão do artigo até sua aceitação

(40)

23 A ciência brasileira ganhou visibilidade nos últimos 25 anos, o que pode ser

visto no aumento do percentual de publicação do Brasil em periódicos indexados pelo

ISI, de 0,4% para 1,6% no período (VASCONCELOS & SORENSON, 2007). Os

autores afirmam que Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

(CNPq) mantém um banco de dados, o qual sugere haver uma relação entre proficiência

em inglês escrito e publicações em periódicos internacionais. Nesse banco de dados

estão cadastrados 51.223 pesquisadores brasileiros.

A Universidade de São Paulo (USP), Campus São Carlos, mantém um portal

dedicado à escrita científica. Nele é possível encontrar um repositório de informações

destinadas a estudantes e pesquisadores interessados em aperfeiçoar a escrita científica

em português e em inglês. A USP mantém nesse portal um curso de escrita científica

que tem como um dos módulos a disciplina “Plain English, Escrever em Inglês”.

Imagem

FIGURA 1: O MODELO CARS. FONTE: SILVA (2004).
TABELA 1: CORPUS USADO POR BIBER (1988). FONTE: ADAPTADO DE SOUZA, 2012.
FIGURA 2: PASTA TXT ONLY.
FIGURA 4: BRAZIL_CHEMISTRY_1 EM TXT
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Referências

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