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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. ANA CAROLINA GIARRANTE. REVISTAS EM PLATAFORMAS DIGITAIS: investigações sobre modelos de negócios e práticas jornalísticas. São Bernardo do Campo-SP, 2014.

(2) UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO FACULDADE DE COMUNICAÇÃO Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social. ANA CAROLINA GIARRANTE. REVISTAS EM PLATAFORMAS DIGITAIS: investigações sobre modelos de negócios e práticas jornalísticas. Dissertação apresentada em cumprimento parcial às exigências do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social, da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP), para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Prof. Dr. Sebastião Squirra. São Bernardo do Campo-SP, 2014.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA. G349r. Giarrante, Ana Carolina Revistas em plataformas digitais: investigações sobre modelos de negócios e práticas jornalísticas / Ana Carolina Giarrante. 2014. 175 p. Dissertação (mestrado em Comunicação Social) --Faculdade de Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo, 2014. Orientação : Sebastião Squirra 1. Revista digital 2. Jornalismo de revista 3. Comunicação digital 4. Jornalismo online 5. Prática jornalística I. Título. CDD 302.2.

(4) FOLHA DE APROVAÇÃO. A dissertação de mestrado sob o título “Revistas em plataformas digitais: investigações sobre modelos de negócios e práticas jornalísticas”, elaborada por Ana Carolina Giarrante, foi apresentada e aprovada em 23 de abril de 2014, perante banca examinadora composta por Profº Dr. Sebastião Carlos de Moraes Squirra (Presidente/UMESP), Profª Dra. Mônica Martinez (Titular/UNISO) e Profº Dr. José Luiz Proença (Titular/USP).. __________________________________________ Profº Dr. Sebastião Carlos de Moraes Squirra Orientador e Presidente da Banca Examinadora. __________________________________________ Profª Dra. Marli dos Santos Coordenadora do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Comunicação Social. Área de Concentração: Processos Comunicacionais. Linha de Pesquisa: Inovações Tecnológicas na Comunicação Contemporânea.

(5) Aos meus queridos pais, Simei e Clelio, e ao meu amado marido, James.

(6) “Whoever adapts more easily can evolve along with the changes” “Quem se adapta melhor, pode evoluir junto com as mudanças” All work and all play (2012).

(7) AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus por ter me abraçado nos momentos de dificuldade. À minha doce avó, Herminda, que, com seu exíguo conhecimento das letras, me ensinou a ler as primeiras palavras – em revistas em quadrinhos. Ao meu amado pai, Clelio, de quem herdei o hábito (e o prazer) de ler revistas. À minha querida mãe, Simei, que me ensinou a nunca deixar nada “pela metade” – advertência cruel na adolescência, mas tão benéfica agora, nos momentos em que as forças tornavam-se escassas. Ao meu adorado marido, James, pelo carinho, amor e, principalmente, paciência para ouvir minhas ideias e lamúrias típicas da pós-graduação. Ao meu irmão, Guilherme, aos familiares e aos amigos próximos, por terem entendido as constantes ausências. Aos meus ex e atual chefes, Marcelo Bartolomei e Aline Cebalos, respectivamente, pela compreensão e respeito à minha pesquisa. À gentil e talentosa Aline Madureira, colega recente de trabalho que me presenteou com o design dos gráficos e tabelas que ilustram esta dissertação. Ao meu orientador, Sebastião Squirra, pelo apoio incondicional às minhas convicções. Aos professores da pós-graduação da Universidade Metodista, pelos conselhos e excelente qualidade das aulas. Aos amigos do mestrado, pelo amparo nas horas de tensão e pelos bons momentos dessa fase árdua e desafiadora – especialmente Aline Farias Porto, Ana Graciela da Fonseca Voltolini, Julio Cesar Fernandes, Eugênia Ribeiro e Mônica Castro. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela concessão da bolsa de estudo..

(8) LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Jornalismo na web e suas definições ...........................................................113 Tabela 2 – Distribuição dos leitores de Veja .................................................................129 Tabela 3 – Sugestões de modelos de negócios e suas aplicações ..................................146.

(9) LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Topo da página principal do site de Veja .....................................................122 Figura 2 – Veja para tablet ............................................................................................126 Figura 3 – Veja no smartphone......................................................................................126.

(10) LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 – Recombinação de interfaces nas eMagazines ..............................................52. Gráfico 2 – Modelo de negócio “tradicional” .................................................................67. Gráfico 3 – As gerações e o consumo de mídia ..............................................................75. Gráfico 4 – Modelo de inovação disruptiva ....................................................................78. Gráfico 5 – Método de inovação do Newspaper Next.....................................................80 Gráfico 6 – Publicidade em variados setores da mídia....................................................87 Gráfico 7 – Atributos da revista ....................................................................................111 Gráfico 8 – Pirâmide deitada .........................................................................................117 Gráfico 9 – Atributos do webjornalismo .......................................................................118.

(11) SUMÁRIO. INTRODUÇÃO .......................................................................................................................... 15 CAPÍTULO I – PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DA DISSERTAÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO ................................................................................................................................... 19 1. Processos de construção da dissertação – metodologia....................................................... 19 2. Referencial teórico .............................................................................................................. 25 CAPÍTULO II – CONTEXTOS MIDIÁTICOS ......................................................................... 33 1. Da sociedade analógica à sociedade em rede ...................................................................... 33 2. Um novo ecossistema midiático.......................................................................................... 39 3. As revistas enquanto produtos da nova mídia ..................................................................... 47 CAPÍTULO III – NOVOS MODELOS DE NEGÓCIOS DO JORNALISMO .......................... 56 1. Modelos tradicionais de negócios no jornalismo de revista ................................................ 57 2. A necessidade de novos modelos de negócios no jornalismo ............................................. 68 3. Inovação e novos modelos de negócios no jornalismo ....................................................... 76 3.1. Paywall e a receita dos meios digitais .......................................................................... 81 3.2. Conteúdo e publicidade social...................................................................................... 86 3.3. Agregadores de notícias ............................................................................................... 89 3.4. Crowdfunding ............................................................................................................... 91 3.5. Startups ........................................................................................................................ 93 3.6. Revistas brasileiras e os novos modelos de negócios................................................... 96 4. Mudanças no trabalho do jornalista .................................................................................... 98 CAPÍTULO IV – AS REVISTAS NO MEIO DIGITAL: ESTUDO DE CASO ...................... 107 1. Atributos da revista e de seu jornalismo ........................................................................... 107 2. O comportamento das revistas nas plataformas digitais ................................................... 112 3. Estudo de caso: Veja.com .................................................................................................. 118 3.1. Sobre Veja e Veja.com ............................................................................................... 119 3.2. Descrição do site e do aplicativo de Veja para tablet ................................................. 121 3.3. Conclusões com base nas categorias de análise ......................................................... 127.

(12) CAPÍTULO V – CAMINHOS PARA NOVAS PRÁTICAS EDITORIAIS E MODELOS DE NEGÓCIOS PARA REVISTAS ............................................................................................... 131 1. O cenário atual e o futuro das revistas .............................................................................. 131 2. Caminhos para práticas editoriais e modelos de negócios ................................................ 140 2.1. Paywall e assinatura digital ........................................................................................ 141 2.2. Conteúdo e publicidade social.................................................................................... 142 2.3. Serviços ...................................................................................................................... 143 2.4. E-commerce................................................................................................................ 144 2.5. Eventos ....................................................................................................................... 145 2.6. Sistematizando modelos ............................................................................................. 146 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................... 149 REFERÊNCIAS ........................................................................................................................ 155 ANEXO ..................................................................................................................................... 171.

(13) GIARRANTE, Ana Carolina. Revistas em plataformas digitais: investigações sobre modelos de negócios e práticas jornalísticas. 2014. 175 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Social) – Universidade Metodista de São Paulo, São Bernardo do Campo. RESUMO O avanço das tecnologias trouxe aos meios de comunicação a oportunidade destes explorarem novas possibilidades e, também, a necessidade de se adaptarem ao ciberespaço. As revistas compõem este panorama e, com a popularização da internet, começaram a se fazer presentes na rede, ambiente ao qual chegaram com sites que reproduziam seu conteúdo e, com o tempo, aprimoraram seu modus operandi. Com o advento de dispositivos móveis, elas continuam se adequando ao ambiente digital. Sob essa perspectiva, delineia-se a presente pesquisa, que visa compreender as novas práticas jornalísticas e os modelos de negócios possíveis de serem empreendidos em tal cenário de incessantes transformações. Para tanto, realiza-se um levantamento bibliográfico e de dados estatísticos, além de um estudo de caso. A pesquisa revela condições do novo fazer jornalístico, bem como caminhos possíveis de modelos mercadológicos para as revistas nas plataformas digitais. PALAVRAS-CHAVE: Revistas digitais. Jornalismo de revista. Jornalismo on-line. Prática jornalística. Gestão jornalística..

(14) RESUMEN El avance de las tecnologías ha traído a los medios de comunicación la oportunidad de ellos explotaren nuevas posibilidades y, también, la necesidad de adaptarse al ciberespacio. Las revistas componen este panorama y, con la popularización de internet, empezaran a estar presentes en la red, ambiente donde llegaran con sitios que reproducían el contenido y, con el tiempo, perfeccionaran el modus operandi. Con el adviento de los dispositivos móviles, ellas permanecen adecuándose al ambiente digital. En esta perspectiva, quedase la presente investigación, que mira comprender las nuevas prácticas periodísticas y los modelos de negocios posibles de ser emprendidos en este escenario de incesantes transformaciones. Para tanto, realizase una investigación bibliográfica y de datos estadísticos, además de un estudio de caso. La investigación revela condiciones del nuevo hacer periodístico, así como caminos posibles de modelos mercadológicos para las revistas en plataformas digitales. Palabras clave: Revistas digitales. Periodismo de revista. Periodismo en línea. Práctica periodística. Gestión periodística..

(15) ABSTRACT Technologies’ advance has brought to means of communication the opportunity to explore new possibilities and the need to adapt themselves to cyberspace. Magazines make part of this scenario and, with internet popularization, they have started to became part of the web, a place where they have arrived with websites that used just to reproduce their content. Over the time, however, they have improved their modus operandi. With the advent of the mobile displays, magazines have been adjusted themselves to the digital environment. From this perspective, this research aims to understand new journalistic practices and business models to be applied in a scenario of unceasing transformations. To achieve that, it has been done a bibliographical and statistician research, along with case study. This analysis reveals conditions of the new journalistic perform, as well as possible new business models for the magazines in digital platforms. Key words: Digital magazines. Magazine journalism. On-line journalism. Journalistic practices. Journalistic management..

(16) 15. INTRODUÇÃO “Uma revista carrega um mundo dentro de si” Renné Oliveira França (2013, p. 93) Vive-se um momento particularmente especial na História da humanidade, no qual as tecnologias tomam conta do dia a dia das pessoas, de maneira ubíqua, e transformam muitos padrões e paradigmas, seja na sociedade, seja no trabalho, seja no campo científico. Especificamente na comunicação, as incessantes inovações tecnológicas vêm provocando ao longo dos anos importantes metamorfoses. As eras eletrônica e digital apresentaram-nos o telégrafo, o telefone, o rádio, a televisão, o computador, o videogame, a internet e os dispositivos móveis. E todos os movimentos levantados por cada uma dessas novidades levaram-nos a uma nova lógica social, que se estabelece atualmente da maneira como esclarece Manuel Castells: No final do século XX, três processos independentes se uniram, inaugurando uma nova estrutura social predominantemente baseada em redes: as exigências da economia por flexibilidade administrativa e por globalização do capital, da produção e do comércio; as demandas da sociedade, em que os valores da liberdade individual e da comunicação aberta tornaram-se supremos; e os avanços extraordinários na computação e nas telecomunicações possibilitados pela revolução microeletrônica. Sob essas condições, a internet, uma tecnologia obscura sem muita aplicação além dos mundos isolados dos cientistas computacionais, dos hackers e das comunidades contraculturais, tornou-se a alavanca na transição para uma nova forma de sociedade – a sociedade em rede –, e com ela para uma nova economia (2003, p. 8).. A sociedade em rede, conforme atesta o autor, também manifesta um novo ecossistema de mídia, em que tudo ainda está inquietamente em fluxo. E é nesse ambiente de mutações contínuas que se insere o objeto de estudo desta pesquisa: as revistas nas plataformas digitais. Com a apropriação da internet pelos meios de comunicação tradicionais, as revistas começaram a se fazer presentes no ciberespaço e, pouco mais de duas décadas depois, buscamos apresentar aqui um panorama dessa movimentação, bem como caminhos para essas publicações no âmbito comercial e na prática jornalística. Trabalhando no site de uma revista e observando o dia a dia da produção jornalística, do contato com os leitores, da repercussão dos conteúdos nos sites de redes sociais e nos moldes de negócios, questionamo-nos para onde o atual modelo poderia se.

(17) 16 dirigir. A partir dessa dúvida advinda do mercado de trabalho, recorremos à academia para, com a ajuda de teóricos, buscar compreender melhor as inovações tecnológicas no cenário da comunicação contemporânea, especificamente no mercado das revistas. A princípio, a ideia era falar de revista somente sob a ótica das práticas jornalísticas e da relação entre as redações das versões impressa e digital. Contudo, no percorrer do caminho, deparamo-nos com muitas transformações no mercado editorial: - The New York Times declara-se uma empresa de tecnologia e não mais somente de mídia; - A maior casa editorial brasileira, a Editora Abril, encerra a circulação de diversas revistas e demite dezenas de jornalistas; - Jeff Bezos, CEO da Amazon (empresa de varejo eletrônico), compra o tradicional jornal norte-americano Wall Street Journal, em uma atitude que vai contra a atual corrente dos negócios, que visa, principalmente, às empresas focadas em novas tecnologias. Essas três movimentações e muitas outras que pudemos extrair de acontecimentos surgidos durante a elaboração deste trabalho nos fez ampliar o escopo da pesquisa e, então, buscamos incorporar os atuais modelos de negócios relativos ao nosso objeto de estudo e tendências que se evidenciam como possibilidades em um futuro próximo – tendo em vista que as atuais práticas comerciais e jornalísticas estão ainda sem mostrar números significativos para o mercado. Com base nessa onda de mudanças constantes, construímos esta pesquisa, dividida em cinco capítulos. O primeiro aborda a metodologia utilizada e apresenta o referencial teórico que compõe a coluna dorsal desta dissertação, estruturando-a e alicerçando-a. O segundo capítulo busca demonstrar os caminhos pelos quais a humanidade passou até o estabelecimento da sociedade em rede, a estruturação de um novo ecossistema de mídia – no qual pessoas comuns têm acesso à produção de conteúdo – e a forma como as revistas se fixaram nos meios digitais..

(18) 17 No capítulo seguinte, por meio da história dos magazines, buscamos traçar os modelos de negócios tradicionais e, em seguida, os modelos que vêm se mostrando mais adequados para os meios de comunicação em plataformas digitais. Enumeramos, ainda, ações de revistas nacionais que já vêm demonstrando inovações mercadológicas, seja por meio de novos negócios, seja por meio de inovações relacionadas ao formato do conteúdo. O quarto capítulo apresenta características do jornalismo de revista e do webjornalismo e sua narrativa multimídia. O objetivo é tentar encontrar pontos em comum para um padrão de revistas nas plataformas digitais no que concerne ao conteúdo e, também, à prática jornalística. Para materializar essas recorrências de atributos de ambos os modelos de jornalismo (revista e web), realizamos um estudo de caso. Escolhemos como corpus Veja.com 1, e pretendemos expor como o site da maior revista brasileira, assim como sua versão para tablet, está no presente momento lidando com o conteúdo em múltiplas plataformas digitais, bem como a maneira com a qual se dividem seus jornalistas, como se estabelece a sua relação com os leitores, e seus modelos de negócios. Com base em toda a construção deste estudo, o quinto e último capítulo aponta possibilidades para o futuro das revistas, tendo como esteio pesquisas relacionadas ao meio e reflexões de estudiosos da área. Ele, ainda, ousa apresentar caminhos de novos modelos de negócios para essas publicações em plataformas digitais, sem a pretensão de estabelecê-los como verdade absoluta. Aliás, o que mostramos ao longo de todo este estudo não é uma resposta final para o futuro das revistas nas plataformas digitais, pois acreditamos que ainda não existe nenhuma questão formalmente respondida no que diz respeito ao novo ecossistema de mídia. Buscamos aqui fazer um recorte do cenário que vem sido construído, sob a perspectiva da revista – um objeto de estudo, inclusive, não muito abordado em pesquisas no Brasil, conforme mostraremos adiante. Também não intentamos “praticar futurologia”, muito menos fazer apologia ao fim do jornalismo impresso. Realizamos uma densa pesquisa bibliográfica que pudesse. 1. O site da revista Veja, disponível em <http://www.veja.abril.com.br>..

(19) 18 dar suporte às pretensões desta pesquisa, assim como um estudo de caso aprofundado para mostrar o panorama atual do objeto escolhido sob dois principais aspectos: modelos de negócios e práticas jornalísticas..

(20) 19 CAPÍTULO I – PROCESSOS DE CONSTRUÇÃO DA DISSERTAÇÃO E REFERENCIAL TEÓRICO “Se o jornal inventou o jornalismo, pode-se dizer que a revista elevou o jornalismo” Felipe Boff (2013, p. 189) O presente capítulo pretende descrever a metodologia utilizada para a elaboração deste estudo, assim como apresentar os autores e suas respectivas reflexões, produções e/ ou pesquisas que ajudaram a compor o cabedal teórico acerca do objeto de estudo proposto: as revistas nas plataformas digitais. Por se tratar de objeto complexo e ainda pouco estudado da maneira que aqui se constrói – conforme esclareceremos adiante – consideramos nos aprofundar em dois aspectos concernentes às revistas nas plataformas digitais. São eles: os modelos de negócios que se vislumbram como tendências, adequados às lógicas mercadológicas dos magazines no Brasil; e as práticas jornalísticas em um cenário no qual esse tradicional meio de comunicação passa a ter aderência à web. Espera-se, assim, que tais aspectos estudados a fundo e reunidos possam mostrar ao final desta pesquisa caminhos a serem trilhados pelas revistas nas plataformas digitais no que diz respeito à produção jornalística, aos conteúdos e aos modelos de negócios. 1. Processos de construção da dissertação – metodologia As revistas nas plataformas digitais configuram-se em objeto ainda em construção, por se tratar de fenômeno recente no campo da comunicação. Com a popularização da internet nos anos 1990 e o advento da sociedade em rede (Castells, 2011), os meios de comunicação tradicionais viram-se diante da possibilidade de utilizar os instrumentos do ciberespaço tanto para não perderem o mercado já conquistado quanto para atraírem novos públicos. As revistas não ficaram de fora dessa tendência, entretanto, a utilização da web por esses veículos de comunicação e suas possibilidades ainda estão tomando forma. Estudar esse cenário no atual momento vem, então, a contribuir com futuras pesquisas sobre o tema e, ainda, a estabelecer caminhos prováveis a serem perseguidos.

(21) 20 na prática diária da elaboração das revistas no Brasil. Jorge A. González (2007), ao discorrer acerca dos problemas de pesquisa, esclarece que “geramos conhecimento a partir de situações das quais não sabemos o suficiente, porque essa carência de conhecimento nos confronta com eventos ou processos que não desejamos que continuem ocorrendo ou que poderiam melhorar caso saibamos como resolvê-los” (GONZÁLEZ, 2007, p. 66, tradução nossa 2). Sendo assim, este estudo em questão, acerca das revistas nas plataformas digitais, vale-se de pesquisa bibliográfica combinada a um estudo de caso. A pesquisa bibliográfica (2010, 1996) auxilia na construção de uma base de conhecimentos prévios do que já foi produzido acerca do tema, bem como de teorias relacionadas ao objeto de estudo em questão e ao problema de pesquisa, já que seu desenvolvimento estabelece-se “a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos” (GIL, 2010, p. 48). As fontes bibliográficas podem ser livros de leitura corrente ou de referência e publicações periódicas (jornais e revistas). Neste estudo, tal tipo de pesquisa permitiu a constituição de uma base de conhecimento teórico, bem como a conceituação de termos, descrição e compreensão dos contextos sociais, culturais e econômicos nos quais se encontram as revistas nas plataformas digitais. Uma representativa gama de estudiosos foi selecionada para suprir as necessidades de contextualização do objeto de estudo, assim como para atender às demandas do problema de pesquisa previamente levantado – quais os modelos de negócios e as práticas jornalísticas que se aproximam da realidade do atual cenário das revistas nas plataformas digitais no Brasil? Os autores consultados tiveram seus materiais acessados por meio de livros e arquivos digitais. Mas também foram recolhidos e analisados dados estatísticos de pesquisas – os mais atuais possíveis – de instituições conceituadas acerca do tema. Grande parte dessas pesquisas que apresentam dados estatísticos aqui expostos partiu de estudos estrangeiros, mas também há pareceres nacionais que apoiam esta dissertação. Assim sendo, também foi essencial uma revisão prévia de literatura, bem como de uma. 2. “Generamos conocimiento a partir de situaciones de las que no sabemos lo suficiente, porque esa carencia de conocimiento nos confronta con eventos o procesos que no deseamos que sigan ocurriendo o que podrían mejorarse si supiéramos cómo resolverles.”.

(22) 21 pesquisa documental, com a busca documentos “tais como relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas etc.” (GIL, 2010, p. 51). A revisão de literatura nos ofereceu suporte para a seleção de obras que realmente pudessem se materializar como referência para esta pesquisa. Christian Laville e Jean Dionne (1999, apud SANTAELLA, 2001) definem a revisão bibliográfica como ato de “seguir a informação como um detetive procura pistas: com imaginação e obstinação”. E, como investigador, buscamos nesta etapa compilar informações pertinentes ao ponto de propiciar avanço na pesquisa bibliográfica em si, efetuada durante o curso do estudo. No que se refere à pesquisa bibliográfica específica, os materiais encontrados podem ser considerados relativamente exíguos e isso se deve, provavelmente, ao fato de o objeto de estudo estar constituído dentro de uma realidade extremamente contemporânea, conforme aponta Sebastião Squirra: Olhando pelo ângulo da Comunicação é possível afirmar que a produção científica – e bibliográfica – ainda é surpreendentemente escassa tendo em vista uma compreensão mais aguçada das tecnologias digitais utilizadas nas trocas informativas dos dias atuais (2011, p. 74).. O mesmo autor também busca esclarecer a necessidade de uma nova Teoria das Comunicações, que contemple as características que estão moldando a área, principalmente devido ao avanço das tecnologias. Para tanto, ele sugere a criação de um novo campo, dadas as especificidades do novo momento: Para compreender e enquadrar os sempre diversificados sistemas de difusão de dados e informações, até recentemente pesquisadores cimentavam conceitos e investigações em bases teóricas construídas em meados do século passado. Em seguida, essas foram aprofundadas a partir dos anos 1970 e estruturadas nas várias correntes e pressupostos científicos que se consolidaram nas últimas décadas daquele período. Todavia, centrada na configuração da realidade que definia o terreno analítico de outrora, erigida na convivência com a sociedade analógica, a fértil, plural e evoluída base tecnológica hoje existente demonstra como insuficientes aqueles pressupostos teóricos no enquadramento dos processos digitais da contemporaneidade. Como consequência disso, pesquisadores seniores do segmento das Ciências Sociais estão mergulhados em estudos e reflexões na tentativa da elaboração de uma inédita base epistêmica, que poderá levar o campo na direção de uma novíssima Teoria das Comunicações, fato que tomará com certeza os próximos anos, ou mesmo as décadas vindouras. Seguramente, as condições estão postas para o surgimento de uma redefinição da comunicação e de um inédito campo, a Ciberlogia, como.

(23) 22 espaço apropriado para os estudos do ciberespaço (SQUIRRA, 2013, p. 8788).. Para Squirra (p. 96), esse novo campo deve se ater a “estudos das características, plataformas, modelos, abrangências e modularidades da comunicação no ciberespaço”. Dessa maneira, é preciso levar em conta que estamos adentrando em uma seara ainda pouco sedimentada no campo científico e, no decorrer deste estudo, até onde se pôde verificar, há pesquisas escassas que contemplam as revistas nas plataformas digitais. Além disso, elas abordam temáticas variadas, principalmente no que se refere à chegada das revistas na web, questões relacionadas à interação, o cenário da mobilidade e o futuro dos magazines, debatendo, principalmente, o uso de tablets. Em sua totalidade, não há um estudo contundente sobre o que buscamos pesquisar aqui: as revistas nas plataformas digitais sob a ótica de novos modelos de negócios e práticas jornalísticas. Porém, coube-nos realizar o cruzamento de informações, análise de dados e comparação de pesquisas elaboradas acerca dos temas de interesse deste estudo a fim de desenredar a maior quantidade possível de questões que pudessem traçar um panorama detalhado sobre o problema de pesquisa proposto. Aline Dalmolin (2013), em artigo relacionado à produção acadêmica sobre revista, mostra que as teses e dissertações que abordaram o assunto dentre os anos de 1987 e 2010 no Brasil somam um total de 501 pesquisas. Dessas, 176 foram produzidas na primeira década dos anos 2000. A autora aponta, ainda, que tal objeto de estudo não é exclusivo da comunicação e aparece em pesquisas de diversas áreas do conhecimento, tais como história e letras. Ela ainda esclarece que: As revistas, na qualidade de objeto empírico, são amplamente estudadas e tematizadas, no entanto, ainda é bastante incipiente a produção de pesquisas que construam a partir das revistas objetos de conhecimento focados em seus aspectos jornalísticos e comunicacionais, sendo ainda menos representativa a pesquisa voltada à construção de metodologias focadas de forma específica para se pensar o objeto. Apesar de trazerem uma ampla gama de temas, as teses e dissertações giram por construções de abordagem dos objetos bastante similares. Verifica-se a absoluta predominância de pesquisas que respondem a uma fórmula que se estrutura pela análise da cobertura de um determinado tema (na maior parte das vezes, externo ao campo da comunicação) numa determinada revista. [...] Nota-se a ausência absoluta de trabalhos que procuram problematizar as rotinas de produção bem como o trabalho dos profissionais que atuam em revista, contrastando suas especificidades (2013, p. 293-294)..

(24) 23 A pesquisadora complementa que são priorizados “constructos teóricometodológicos” de variados campos do conhecimento, como análise do discurso, semiótica e análise de conteúdo, principalmente a fim de explorar aspectos discursivos e relativos a representações sociais, em detrimento de “abordagens que enfoquem o fazer jornalístico próprio, a estruturação de projetos editoriais, o design, a recepção e a circulação das revistas” (p. 294). Na tentativa de preencher lacunas designadas pela autora, esta dissertação pretende tratar do fazer jornalístico e da circulação das revistas, sugerindo, no entanto, perspectivas mais amplas e mirando as revistas nas plataformas digitais – objeto não citado por Dalmolin em seu artigo, provavelmente pela ausência de pesquisa nesta área. Complementando a pesquisa bibliográfica, apresentamos também um estudo de caso. Como trabalhamos com objeto inserido em novo contexto do campo da comunicação, não podemos deixar de considerar esta pesquisa como de característica complexa. Sendo assim, a escolha por estudo de caso faz-se essencial, pois, como explica Robert K. Yin (2001, p. 32), tal técnica é “uma estratégia de pesquisa abrangente” e, também, “uma investigação empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”. De acordo com Augusto Nibaldo Silva Triviños (1990, p. 110-111), estudos de casos “têm por objetivo aprofundarem a descrição de determinada realidade”, porém, “os resultados são válidos só para o caso que se estuda”. Mas essa particularidade da técnica não minimiza seu valor já que, segundo o próprio autor, ela fornece “o conhecimento aprofundado de uma realidade delimitada que os resultados atingidos podem permitir e formular hipóteses para o encaminhamento de outras pesquisas”. No caso específico desta pesquisa, optamos por uma técnica que envolve estudo de caso, mas com métodos complementares. Tal metodologia híbrida para o jornalismo digital foi proposta por Elias Machado e Marcos Palacios (2007), pesquisadores do Grupo de Pesquisa em Jornalismo On-line (GJol), da Universidade Federal da Bahia. Nela, o estudo de caso é o ator principal, acompanhado de revisão da literatura e a formulação de categorias de análise..

(25) 24 Este modelo sugere os seguintes procedimentos, exatamente nesta ordem: Fase 1: Análise preliminar do objeto (complementação da revisão bibliográfica e mapeamento do campo para a escolha definitiva das organizações jornalísticas que serão utilizadas nos estudos de caso); Fase 2: Delimitação do objeto de estudo (identificação das hipóteses de trabalho que serão relevantes para a compreensão do objeto estudado e das irregularidades e descontinuidades que possam ser relevantes para a formulação de novas hipóteses) e procedimentos nos estudos de caso (elaborar protocolo a ser usado em campo e coleta de dados); Fase 3: Definição conceitual (definição das categorias de análises e elaboração de conceitos capazes de dar conta das particularidades do objeto). Nesta dissertação em questão, aplicamos a metodologia do GJol especificamente no capítulo IV, no qual realizamos um estudo de caso que busca contemplar parte dos objetivos propostos nesta pesquisa acerca do objeto de estudo. A escolha se justifica, pois vislumbramos o objeto como complexo, exigindo uma análise mais profunda, pois une o questões relativas ao jornalismo impresso e digital em uma única investigação. Como corpus do estudo de caso, selecionamos o site de Veja, revista de maior circulação no Brasil. Com periodicidade semanal, a publicação tem edições impressas especiais, passou a ter um site (agora atualizado em esquema 24 horas por dia, sete dias por semana) com a chegada da internet às redações, possui versões para tablets e forte presença em sites de redes sociais. Além disso, a publicação tem redações distintas para as edições impressa e digital e busca se adequar a uma nova realidade mercadológica advinda com a inserção das tecnologias no campo da comunicação. Para a elaboração adequada e aprofundada deste estudo de caso também se faz necessária a realização de entrevista estruturada (com Carlos Graieb, executivo da revista Veja e responsável por seu site), a fim de compor de forma mais real possível o corpus. Teresa Maria Frota Haguette (2005, p. 89-90) pondera o uso dessa técnica na pesquisa, alertando que alguns aspectos podem interferir na qualidade dos dados por parte do entrevistado, como: ele pensar que as repostas podem influenciar positivamente.

(26) 25 ação futura; quebra de espontaneidade; desejo de agradar o pesquisador; fatos que podem acontecer entre as entrevistas; e conhecimento sobre o assunto da entrevista. Para dirimir alguns desses possíveis obstáculos, optamos por entrevista enviada por mensagem eletrônica (e-mail), com o intuito de o pesquisador não interferir nas respostas, deixando o informante à vontade quanto ao momento de preencher a entrevista, ainda que dentro de um prazo estipulado. Contudo, é preciso levar em consideração que as respostas carregam em seu teor um viés de informação, conforme descreve Haguette (2005, p. 89): “o informante é também um observador, no sentido que ele relata aquilo que viu ou sentiu ao longo de sua experiência”. Acreditamos que a metodologia aqui esmiuçada tenha contribuído com os resultados que pretendíamos alcançar no decorrer da elaboração deste estudo, contemplando as especificidades do objeto de estudo e, também, os aspectos que vêm se estabelecendo nesse novo cenário que se fixa à volta do campo da comunicação, com a apropriação das tecnologias. 2. Referencial teórico Conforme exposto no primeiro trecho deste capítulo, ainda se faz necessário realizar estudos sobre os assuntos que contornam o objeto aqui proposto. Para aquilo que foi delineado como propósito desta dissertação, o grande desafio foi construir uma pesquisa bibliográfica específica. Portanto, realizamos um profícuo levantamento a fim de abarcar o entorno e a natureza que constitui o fenômeno pesquisado da forma mais detalhada possível. Assim, com base no entendimento da maneira com a qual essa dissertação foi elaborada, enumeramos agora o referencial teórico que compõe a base de conhecimento para a sua construção. Para a contextualização teórico-histórica desta dissertação, utilizamos conceitos e pensamentos de Manuel Castells nos livros A sociedade em rede – a era da informação: economia, sociedade e cultura (2011) e A galáxia da internet: reflexões sobre a Internet, os negócios e a sociedade (2003). Sociólogo espanhol, o pesquisador é especialista em estudos sobre sociedade da informação, comunicação e globalização. Seu conceito de “sociedade em rede” permeia toda a base contextual deste trabalho..

(27) 26 Ainda acerca dos processos que levaram à “sociedade em rede”, pesquisamos obras como A terceira onda (2010), de Alvin Tofller 3, e O mundo é plano: uma breve história do século XXI (2007), de Thomas Friedman 4. Esses textos ajudaram a compreender como as mudanças sociais caminharam lado a lado com as inovações tecnológicas e como esse processo teve influência no campo da comunicação. O livro Uma história social da mídia (2004), de Asa Briggs 5 e Peter Burke 6, nos auxilia a mostrar como os homens se apropriaram das tecnologias para o desenvolvimento das mídias. Wilson Dizard Jr. 7, com A nova mídia (2000), e Henry Jenkins 8, com Cultura da Convergência (2009), também ajudam a compor a análise dos fatores que levaram às mudanças nos meios de comunicação nas últimas décadas, constituindo um novo ecossistema de mídia. Também nos apoia no estabelecimento de uma linha de raciocínio acerca da inclusão de novas tecnologias no campo da comunicação e das alterações no fazer jornalístico Sebastião Squirra 9, com os recentes artigos científicos Convergências tecnológicas, mídias aditivas e espiralação de conteúdos jornalísticos (2012), Jornalismos com convergências midiáticas nativas e tecnologias incessantes (2013) e A iComunicação: da metacomunicação à Ciberlogia (2013).. 3. Alvin Toffler é um escritor e futurista norte-americano conhecido por seus escritos sobre a revolução digital, a revolução das comunicações e a singularidade tecnológica. Página oficial disponível em: <http://www.alvintoffler.net/?fa=home>. 4 Thomas Loren Friedman é um jornalista e escritor norte-americano. Possui uma coluna no jornal The New York Times e já ganhou o Prêmio Pulitzer por três vezes. Página oficial disponível em: <http://www.thomaslfriedman.com/>. 5 Asa Briggs foi diretor do Worcester College, da Universidade de Oxford, e atualmente ocupa a reitoria da Universidade Aberta Britânica. É autor de diversos livros sobre radiodifusão e recebeu o Prêmio Wolfson de História em 2000 (BRIGGS; BURKE, 2004). 6 Peter Burke é professor de história da cultura na Universidade de Cambridge e membro do Emmanuel College, da mesma universidade. Escreveu, entre outros, A Fabricação do Rei (1994), Uma História Social do Conhecimento (2003) e O que é História Cultural (2005) (BRIGGS; BURKE, 2004). 7 Wilson Dizard Jr. foi associado sênior do programa de políticas de comunicações do Center for Strategic & International Studies em Washington. Autor de The Coming Information Age (DIZARD JR. 2000). 8 Henry Jenkins é um estudioso da mídia norte-americano. Página oficial disponível em: <http://henryjenkins.org/>. 9 Sebastião Carlos de Morais Squirra concluiu o doutorado (1992) e o mestrado (1988) em Ciências da Comunicação pela Universidade de São Paulo. Fez pós-doutorado nos EUA e Espanha (1995/96). Atualmente é docente da Universidade Metodista de São Paulo, onde atua no Programa de Pós-graduação em Comunicação (Mestrado e Doutorado). Atua na área da Comunicação Eletrônica (Jornalismo, Mídias e RTV), e com foco na Cibercomunicação e em TV Digital (Plataforma Lattes, 2014)..

(28) 27 Partindo para os processos sociais de midiatização e interação, nos amparam os textos Circuitos versus campos sociais (2012), de José Luiz Braga 10, Discutindo o “processo de midiatização” (2009), de Fabiane Sgorla 11, Redes sociais na internet, difusão de informação e jornalismo: elementos de discussão (2009), de Raquel Recuero 12, e Modelo para análise do jornalismo midiatizado (2009), de Demétrio de Azeredo Soster 13. No que concerne especificamente ao jornalismo de revista, consideramos estudos de importantes e consagrados pesquisadores da área: Sérgio Vilas Boas 14, autor de O estilo magazine: o texto em revista (1996); Marília Scalzo 15, autora de Jornalismo de revista (2003); e Fatima Ali 16, autora de A arte de editar revistas (2009). Maria Celeste Mira 17, com sua obra O leitor e a banca de revistas (2001), auxilia em aspectos históricos das revistas, bem como na consolidação dessas publicações no mercado editorial. Organizado por Frederico de Mello B. Tavares 18 e Reges Schwaab 19 (2013), o livro A revista e seu jornalismo (2013) nos traz uma contextualização atual do cenário. 10. José Luiz Braga é professor titular no Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Unisinos (RS) desde 1999, tendo coordenado o Programa de 2002 a 2004. Doutor em Comunicação pelo Institut Français de Presse. Pesquisador do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Plataforma Lattes, 2014). 11 Fabiane Sgorla é relações públicas e jornalista, Mestre em Comunicação Midiática pela Universidade Federal de Santa Maria (SGORLA, 2009). 12 Raquel Recuero é jornalista, professora e pesquisadora do PPGL e do Curso de Comunicação Social da UCPel. Autora dos livros Redes Sociais na Internet e A Conversação em Rede. Página oficial disponível em: <http://www.raquelrecuero.com/>. 13 Demétrio de Azeredo Soster é jornalista, mestre em Comunicação e Informação pela UFRGS e doutor em Ciências da Comunicação pela Unisinos. É professor de jornalismo na Unisc, diretor administrativo da SBPJor, membro pesquisador da Rede de Pesquisa Aplicada Jornalismo e Tecnologias Digitais JORTEC, da SBPJor; e do Grupo de Pesquisa Leitura, Literatura e Cognição, da Universidade de Santa Cruz do Sul (UNISC) (Plataforma Lattes, 2014). 14 Sergio Vilas-Boas é jornalista, escritor e professor (graduação e pós-graduação) na Faculdade Cásper Líbero, em São Paulo. Autor de Biografismos, Perfis e Os Estrangeiros do Trem N (vencedor do Prêmio Jabuti 1998). Página oficial disponível em: <http://www.sergiovilasboas.com.br/>. 15 Marília Scalzo é jornalista. Desenvolve e executa projetos de livros, revistas e reportagens e trabalha como consultora para o Instituto Moreira Salles. Dirigiu o Curso Abril de Jornalismo. 16 Fatima Ali foi diretora de redação e publisher de diversas revistas da Editora Abril e diretora-fundadora da revista Nova e do canal MTV no Brasil. Desenvolveu o projeto da edição brasileira da revista Estilo e foi vice-presidente do Grupo Abril (ALI, 2009). 17 Maria Celeste Mira é doutora em Ciências Sociais pela Unicamp, pesquisadora nas áreas de Antropologia Urbana e Sociologia da Cultura e autora de Circo Eletrônico – Silvio Santos e o SBT (MIRA, 2001). 18 Frederico de Mello B. Tavares é jornalista, doutor em Ciências da Comunicação pela Unisinos e professor adjunto no curso de Jornalismo da UFOP (TAVARES; SCHWAAB, 2013). 19 Reges Schwaab é jornalista, doutor em Comunicação e Informação pela UFRGS e professor adjunto no curso de Jornalismo da UFOP (TAVARES; SCHWAAB, 2013)..

(29) 28 das revistas, com textos de variados pesquisadores, como os próprios organizadores e, também, Dulcilia Schroeder Buitoni 20 (com o artigo Revista e segmentação: dividir para reunir) e Laura Storch 21 (com o texto Revista e leitura: sujeitos em interação), entre outros. Com relação às revistas especificamente nas plataformas digitais, destaca-se a pesquisadora brasileira Graciela Natansohn 22, da Universidade Federal da Bahia. Ela organizou o livro Jornalismo de revista em redes digitais (2013), com artigos próprios e de outros importantes estudiosos, como Carlos Alberto Scolari 23 (com o texto eMagazines. La evolución de las interfaces informativas). Natansohn, por sua vez, explora as formas de distribuição de revistas na internet e discute sobre as novas configurações na esfera da circulação. Ainda nessa seara, há a obra Princípios inconstantes 24, que reúne textos de especialistas acerca do Jornalismo Cultural e aborda de forma bastante atual a questão das revistas nas plataformas digitais. Dentre os estudos internacionais envolvendo as revistas nas plataformas digitais, encontramos o trabalho de mestrado de Teresa Ryberg 25, do Royal Institute of Technology, em Estocolmo, na Suécia, intitulado The future of the digital magazine: how to develop the digital magazine from a reader and advertiser point of view (“O futuro da revista digital: como desenvolver uma revista digital do ponto de vista do leitor e do anunciante”, em tradução livre). Em sua pesquisa de 2010, Ryberg explora tendências para a revista on-line com base em um estudo bibliográfico e entrevistas realizadas com leitores de publicações impressas e digitais, assim como anunciantes.. 20. Dulcilia Schroeder Buitoni é doutora em Teoria Literária pela FFLCH-USP, livre-docente e titular em Jornalismo pela ECA-USP e professora do Mestrado em Comunicação da Faculdade Cásper Líbero (TAVARES; SCHWAAB, 2013). 21 Laura Storch é jornalista, doutora em Comunicação e Informação pela UFRGS e professora adjunta no curso de Comunicação Social da UFSM (TAVARES; SCHWAAB, 2013). 22 Graciela Natansohn é professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Cultura Contemporânea da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia (NATANSOHN, 2013). 23 Carlos Alberto Scolari é doutor em Linguística Aplicada e Linguagens da Comunicação pela Universidade Católica di Milano. É professor na Universitat Pompeu Fabra, em Barcelona, na Espanha. Página oficial disponível em: < http://hipermediaciones.com/>. 24 Organizada pelo jornalista Claudiney Ferreira. 25 Teresa Ryberg é pesquisadora do KTH Royal Institute of Technology, de Estocolmo, na Suécia..

(30) 29 A pesquisadora revela ter concluído que o meio impresso possui características difíceis de serem traduzidas para o formato digital. Ela também detectou que tanto leitores quanto anunciantes têm altas expectativas com relação à interatividade, inovação e novos conteúdos digitais. Este estudo revela-se bastante completo e com informações que amparam esta dissertação em diversos momentos. Para compreender a narrativa jornalística da revista nas plataformas digitais, também buscamos respaldo em conceitos do webjornalismo, alicerçados na obra organizada por Elias Machado 26 e Marcos Palacios 27, Modelos de jornalismo digital, (2003). Sobre este assunto, há, ainda, o artigo científico de João Canavilhas 28, Webjornalismo: da pirâmide invertida à pirâmide deitada – obra que, nesta dissertação, estabelece parâmetros para o entendimento do texto no jornalismo on-line. Ainda nos auxiliam os livros Jornalismo digital (2003), de Pollyana Ferrari 29; Guia de estilo web: produção e edição de notícias on-line (2007), de Luciana Moherdaui 30, e os estudos de Luciana Mielniczuk 31: Jornalismo na web: uma contribuição para o estudo do formato da notícia na escrita hipertextual (2003), Sistematizando alguns conhecimentos sobre jornalismo na web (2003) e Considerações para um estudo sobre o formato da notícia na web: o link como elemento paratextual (2001) – este, produzido em parceria com Marcos Palacios. Para percorrermos os aspectos que envolvem o trabalho do jornalista nesse novo contexto, recorremos, principalmente, ao livro As mudanças no mundo do trabalho do. 26. Elias Machado é jornalista e doutor em Jornalismo. Professor no Departamento de Jornalismo da UFSC. Fundador e ex-presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores em Jornalismo (SBPJOR) (LinkedIn). 27 Marcos Palacios é jornalista e Ph.D. em Sociologia pela University of Liverpool, Inglaterra. Coordena o Grupo de Pesquisa em Jornalismo Online (GJOL) (BARBOSA, 2007). 28 João Manuel Messias Canavilhas é licenciado em Comunicação Social pela Universidade da Beira Interior (UBI). Tem o Diploma de Estudos Avançados em Comunicação Audiovisual e Publicidade pela Universidade de Salamanca, onde realizou o doutorado sobre webjornalismo (BARBOSA, 2007). 29 Pollyana Ferrari é jornalista, doutora em Comunicação Social pela USP e professora na PUC-SP, na graduação e pós-graduação. Consultora de Comunicação e Mídias Sociais. Autora dos livros Jornalismo Digital, Hipertexto, Hipermídia e A Força da Mídia Social (Plataforma Lattes, 2014). 30 Luciana Moherdaui é jornalista (participou da criação do Portal iG) e doutora em Processos de Criação nas Mídias pela PUC. Página oficial disponível em: <http://www.contraclicagemburra.com/>. 31 Luciana Mielniczuk é professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação e Informação da UFRGS. Doutora em Comunicação e Cultura Contemporânea pela UFBA. Estuda jornalismo digital desde 1995 (Plataforma Lattes, 2014)..

(31) 30 jornalista (2013), organizado por Roseli Figaro 32, além dos artigos científicos Jornalista contemporâneo: apontamentos para discutir a identidade profissional (2009), de Virgínia Pradelina da Silveira Fonseca 33 e Wesley Lopes Kuhn 34; Jornalismo computacional em função da “Era do Big Data” (2011), de Walter Teixeira Lima Junior35; e Post-industrial journalism: adapting to the present (“Jornalismo pósindustrial: adaptando-se ao presente”, em tradução livre), de 2012, de C.W. Anderson, Emily Bell e Clay Shirky, pesquisadores do Centro Tow para Jornalismo Digital, da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Tal estudo da Escola de Jornalismo de Columbia também nos apoia na construção de uma contextualização sobre a necessidade de novos modelos de negócios para o jornalismo nas plataformas digitais. É nesse momento, aliás, que lançamos mão de uma extensa bibliografia estrangeira, principalmente no que se refere a estudos acerca de propostas de novas ações mercadológicas para os meios de comunicação inseridos no cenário digital. Um deles é o projeto intitulado Creating Breakthrough Business Models36 (“Criando avanços nos modelos de negócios”, em tradução livre), de 2002, elaborado pelo The Ackoff Center for the Advancement of Systems Approaches, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. Outro é o Blueprint for Transformation37 (Plano para Transformação, em tradução livre), de 2006, produzido pelo grupo Newspaper Next, do American Press Institute. O projeto cita o padrão de disrupção nos negócios, do pesquisador Clayton M. Christensen 38, e o adapta para a realidade dos modelos de negócio do jornalismo.. 32. Roseli Figaro é professora livre-docente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação da USP. Possui pós-doutorado pela Universidade de Provence, França (2007), doutorado (1999) e mestrado (1993) em Ciências da Comunicação pela USP. 33 Virgínia Pradelina da Silveira Fonseca é doutora em Comunicação e Informação, professora e pesquisadora na UFRGS. 34 Wesley Lopes Kuhn é jornalista graduado pela UFRGS. 35 Walter Teixeira Lima Junior é jornalista e pós-doutor em Comunicação e Tecnologias Digitais. Professor da graduação e pós-graduação da UMESP. Pesquisa questões relacionadas à Ciência Cognitiva. Página oficial disponível em: <http://www.walterlima.net/net/>. 36 Disponível em: <http://acasa.upenn.edu/business_models.pdf>. Acesso em: Out. 2013. 37 Disponível em: <http://www.americanpressinstitute.org/wp-content/uploads/2013/09/N2_Blueprint-forTransformation.pdf>. Acesso em: Out. 2013. 38 Clayton M. Christensen é professor de Business Administration na Harvard Business School. Página oficial disponível em: <http://www.claytonchristensen.com/>..

(32) 31 Também nos escoramos no relatório Chasing Sustainability on the Net39 (“Buscando sustentabilidade na internet”, em tradução livre), organizado pelo Centro de Pesquisa para Jornalismo, Mídia e Comunicação da Universidade de Tampere, Finlândia, e elaborado por integrantes do grupo de pesquisa SuBMoJour (Modelos de Negócios Sustentáveis para Jornalismo) em 2012, que mostra iniciativas de startups especializadas em jornalismo nos Estados Unidos, na Europa e no Japão e seus respectivos modelos de negócios. No entanto, um autor brasileiro figura nesse momento da dissertação. Ele é Sérgio Mattos 40, que, no livro A revolução digital e os desafios da comunicação (2013), aborda a questão dos novos modelos de negócios. É preciso ressaltar, ainda, que parte deste estudo contou com o apoio de material publicado em jornais e revistas, tanto nacionais quanto internacionais (principalmente dos Estados Unidos). Por fim, quando apresentamos propostas de melhores caminhos a seguir no que diz respeito às práticas jornalísticas e aos modelos de negócios das revistas nas plataformas digitais, utilizamos dados estatísticos de institutos nacionais para traçar o atual cenário das revistas no Brasil, assim como da pesquisa Magazine Media Factbook 2013/2014 41, realizada nos Estados Unidos por The Association of Magazine Media, e que traz informações relevantes e aprofundadas sobre o mercado norte-americano de revistas, bem como sobre os leitores, os anúncios e as revistas em plataformas digitais. Para abordar a questão de tendências para as revistas nas plataformas digitais, voltamo-nos novamente ao estudo de Teresa Ryberg, e também ao artigo The Future of Magazines, 2010-2020 (2009), de David Abrahamson, pesquisador e professor de Jornalismo norte-americano. No texto, ele enumera aspectos sobre o futuro da indústria de revistas em médio prazo.. 39. Disponível em: <http://tampub.uta.fi/bitstream/handle/10024/66378/chasing_sustainability_on_the_net_2012.pdf?sequen ce=1>. Acesso em: Out. 2013. 40 Sérgio Mattos é escritor, compositor, poeta, jornalista e professor. Doutor em Comunicação pela Universidade do Texas, Austin, Estados Unidos, vem realizando pesquisas sobre o desenvolvimento dos meios de comunicação de massa no Brasil desde a década de 1970. 41 Disponível em: <http://browndigital.bpc.com/publication/?i=171192#{%22page%22:1,%22issue_id%22:171192}>. Acesso em: Out. 2013..

(33) 32 John Battelle, outro pesquisador e professor de Jornalismo norte-americano, também avalia o que será do futuro das revistas e faz apontamentos sobre a maneira com a qual as revistas devem ser repensadas, no artigo The Health of Magazines: Blame Cable As Much As Internet (“A saúde das revistas: culpe o cabo tanto quanto a internet”, em tradução livre), de 2003. Dessa maneira, indicamos a base essencial de autores, textos e relatórios que se figuram como fundamentais para o desenvolvimento desta pesquisa, que será apresentada nos capítulos subsequentes. Vale mencionar que os demais autores citados ao longo de toda esta dissertação não foram aqui indicados devido a sua menor influência no trabalho como um todo. No entanto, eles não podem ser vistos como de acanhada importância para o estudo da área e serão identificados no andamento do texto, assim como na lista de referências bibliográficas deste estudo..

(34) 33 CAPÍTULO II – CONTEXTOS MIDIÁTICOS “Uma revista inútil é um produto ainda não inventado” Luís Antônio Giron (2011, p.34) Compreender os caminhos que levaram as revistas a se fazerem presentes em plataformas digitais. Este é o intuito deste capítulo, que mostra as transformações no campo da comunicação ao longo dos tempos, em função dos adventos das tecnologias, assim como o estabelecimento de um novo ecossistema de mídia, com a apropriação da internet pelos meios de comunicação. A maneira como as revistas começaram a se colocar nesse cenário e os desafios que elas encontraram – e ainda encontram – ao longo dessa trajetória também são aqui desvendados. 1. Da sociedade analógica à sociedade em rede Parte da humanidade vive hoje na considerada sociedade em rede, termo cunhado pelo pesquisador espanhol Manuel Castells (2011) para descrever, de acordo com autores da área, um ambiente que, entre outros fatores, consiste em mudanças profundas e rápidas; no aumento da relevância da informação; na digitalização das relações sociais e das práticas de trabalho; na popularização de máquinas computacionais e de dispositivos móveis; na segmentação e personalização de conteúdos; e na convergência de meios de comunicação. Mas como se chegou até aqui? De que forma os seres humanos caminharam para alcançar o complexo panorama social onde atualmente se encontram? Antes de adentrarmos no contexto do avanço das tecnologias e suas influências no dia a dia das pessoas e no campo da comunicação, é preciso compreender que durante a maior parte da História da humanidade, nossa sociedade foi conhecida como sendo analógica. O termo analógico é comumente utilizado hoje em dia para se referir ao que não é digital, principalmente dentro do campo da tecnologia e da comunicação. Entretanto, faz-se necessária a sua compreensão etimológica, visto que, em Língua Portuguesa, analógico é algo “em que há analogia” que, por sua vez, é a “relação ou semelhança.

(35) 34 entre coisas ou fatos” (Houaiss, on-line). Sendo assim, pode-se compreender que se está falando da interpretação direta de algo por meio do uso de analogia. Na tecnologia analógica, por exemplo, uma onda sonora é registrada em sua forma original. Já na tecnologia digital, esta onda analógica é transformada em números, que são armazenados em dispositivos digitais – e não se degradam com o tempo e cujos dados podem ser processados. Explicações técnicas à parte, nos primórdios da chamada sociedade analógica, os documentos eram registrados de modo artesanal, com a ajuda dos escribas, e, caso houvesse a necessidade de comunicação entre pessoas que estavam distantes entre si, as notícias chegavam por meio de um mensageiro, a pé ou a cavalo. Já na era moderna, iniciada por volta da década de 1450 d.C., inovações esparsas começaram a se popularizar de modo tímido, mas de grande importância para o caminho que conduziu o homem até a sociedade em rede dos tempos atuais. É deste período que data a invenção da prensa gráfica na Europa, por Johann Gutenberg, que usava tipos móveis de metal para a impressão. Briggs e Burke (2004) ressaltam que, na China e no Japão, a impressão já era praticada desde o século VIII utilizando-se um bloco de madeira entalhada, porém, “o procedimento era apropriado para culturas que empregavam milhares de ideogramas, e não um alfabeto de 20 ou 30 letras” (p. 26). A partir de então, a prática da impressão gráfica se espalhou pela Europa, na produção de livros e Bíblias. Essa novidade para a época, junto de outras invenções como a bússola e a pólvora, mudou o estado das coisas, não somente por disseminar conhecimento em diversas classes sociais e mobilizar a área da educação (e deixar políticos e religiosos com medo de perderem sua voz de comando), como também abriu um novo campo para bibliotecários, e provocou a ameaça de fim de trabalho para os escribas. “Havia necessidade de novos métodos de administração da informação, assim como hoje em dia, nos primeiros tempos da internet” (BRIGGS; BURKE, 2004, p. 29). Neste novo contexto, os meios de transporte passaram a ter uma importância relevante, já que levaram os livros de um local para outro e, depois, cartas e jornais para os mais variados lugares, principalmente com o advento do sistema postal. A partir de.

(36) 35 então, o mundo começava a “diminuir de tamanho”, no que Pierre Lévy (1999, p. 197) intitula de “reconexão da humanidade”, uma espécie de reagrupamento e reaproximação de pessoas que propiciaram a intensificação dos contatos interpessoais. Ele traça um paralelo entre os meios de transporte e comunicação para a compreensão desta ideia: O progresso das técnicas de transporte e de comunicação é, ao mesmo tempo, motor e manifestação desse relacionamento generalizado. [...] A navegação de longo curso e a imprensa nascem juntas. O desenvolvimento dos correios estimula e utiliza a eficiência e a segurança das redes viárias. O telégrafo expande-se ao mesmo tempo que as ferrovias. O rádio e a televisão são contemporâneos do desenvolvimento da aviação e da exploração espacial. Os satélites lançados pelos foguetes estão a serviço das comunicações. A aventura dos computadores e do ciberespaço acompanha a banalização das viagens e do turismo, o desenvolvimento dos transportes aéreos, a extensão das auto-estradas e das linhas de trem de grande velocidade. O telefone móvel, o computador portátil, a conexão sem fio à internet, em breve generalizados, mostram que o crescimento da mobilidade física é indissociável do aperfeiçoamento das comunicações (1999, p. 199).. Essa comparação proposta por Lévy tem relação direta com o processo de globalização, profundamente analisado por Friedman (2007). O jornalista norteamericano sugere que o mundo tenha ficado “plano” após uma série de acontecimentos históricos que levaram à globalização pelo fato de eles terem nivelado países tão distintos, principalmente no contexto socioeconômico. Para ele, a globalização atravessou três grandes períodos. O primeiro, de 1492 a 1800, quando os europeus inauguraram o comércio entre o Velho e o Novo Mundo, começando a “reduzir” o tamanho do mundo. O segundo, de 1800 a 2000, momento em que o mundo passou “do tamanho médio ao pequeno” com o crescimento da força de empresas multinacionais, a queda dos custos de transporte (devido ao motor a vapor e às ferrovias) e de comunicação (graças à difusão do telégrafo e, depois, da telefonia, dos satélites e dos cabos de fibra óptica). O terceiro concerne ao momento atual, no qual o mundo é “minúsculo” e plano. Neste habitat, um número cada vez maior de pessoas de todos os lugares do planeta se conecta rapidamente entre si – os indivíduos são os próprios agentes de transformação da sociedade. Além disso, Friedman atribui cinco de seus dez “índices de nivelamento global” (p. 66) a questões envolvendo a comunicação e a tecnologia: o surgimento e a popularização da internet (e seu consequente papel na troca rápida de informações e arquivos), a criação do software (que permitiu que as máquinas conversassem entre si),.

Referências

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