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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TÉCNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM FABIANA REGINA DE SOUZA

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TÉCNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

FABIANA REGINA DE SOUZA

A BAIXA ADESÃO DOS HOMENS JOVENS AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA: UM DESAFIO PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE

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FABIANA REGINA DE SOUZA

A BAIXA ADESÃO DOS HOMENS JOVENS AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA: UM DESAFIO PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Monografia apresentada ao Departamento de Enfermagem, da Universidade do Estado de Mato Grosso, Campus Universitário de Tangará da Serra, como requisito para a obtenção do título de Bacharel em Enfermagem, sob orientação do Professor Mestre Alex Rodrigues Borges.

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FABIANA REGINA DE SOUZA

A BAIXA ADESÃO DOS HOMENS JOVENS AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA: UM DESAFIO PARA EDUCAÇÃO EM SAÚDE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado á Universidade do Estado de Mato Grosso – Campus Tangará da Serra, como requisito, para obtenção do título de Bacharel em Enfermagem.

Resultado:__________________________________

Banca Examinadora

____________________________________________________

Prof. MSc. Alex Rodrigues Borges - Orientador

____________________________________________________

Prof. Enfermeiro Márcio da Silva Leite – Convidado

____________________________________________________

Prof. Enfermeira Juliana Guassu - Convidada

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus, que esteve ao meu lado em todos os momentos, me guiando, me motivando, mesmo quando eu achei que não seria possível, ele caminho junto a mim e não me fez perder as esperanças de que eu chegaria até o fim.

Agradeço especialmente ao meu orientador Prof. MSc. Alex Rodrigues Borges, que durante a construção deste trabalho contribuiu para que o mesmo fosse concluído, dedicando grande parte do seu tempo para ouvir minhas preocupações, auxiliando sempre que possível, por quem tenho imensa admiração.

Agradeço a Universidade do Estado de Mato Grosso, campus de Tangará da Serra, que apesar das dificuldades foi através desta instituição que conquistei minha formação.

Agradeço a minha mãe Tania, meu pai Adil e meu irmão Anderson, pelo amor que tem por mim, que apesar da distância sempre se fizeram presentes em minha vida, me apoiando, me incentivando, mesmo quando precisei recomeçar do zero, foram eles que me motivaram a caminhar novamente, deixando muitas vezes os sonhos deles de lado para que o meu se tornasse realidade, são eles que têm por mim o melhor e o maior amor do mundo, e serei infinitamente grata por todo amor que recebo deles todos os dias.

Aos amigos que ganhei na faculdade e para mim hoje são como irmãos:

Bianca Souza que foi alguém que surgiu de mansinho, e hoje a considero como uma amiga sincera, companheira de estudos, de conversas, esta sempre pronta pra encarar uma batalha, delicada e forte ao mesmo tempo, tem sempre uma palavra amiga, e foi quem se fez sempre presente durante a construção deste trabalho.

Pollyani e seu esposo Ricci, que são pessoas que tive o imenso prazer de conhecer e hoje fazem parte da minha vida, sempre me ajudando, me aconselhando, ouvindo minhas tristezas e minhas alegrias, sei que sempre terão por mim uma amizade verdadeira.

Alessandro Justino que é um grande amigo e companheiro desde o começo desta jornada, sempre com uma palavra amiga, sempre trazendo um presente para que o meu dia fosse mais especial, sempre com uma surpresa, agradeço pela amizade que me dedica todos os dias.

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minhas tristezas e angustias, participando das minhas alegrias, tem sempre uma palavra doce e de incentivo.

Eliane Porto um doce de pessoa que tive o imenso prazer de conhecer, amiga de verdade, com suas verdades doa a quem doer fala o que sente e sua sinceridade me faz admira-la, esta sempre disponível para ajudar.

Régis Geraldo uma pessoa especial em minha vida, que me apoio sempre que precisei e sempre teve por mim um carinho imenso.

A minha amiga Rary que sempre foi especial em minha vida, com quem compartilhei grande parte dos meus dias, todas as suas qualidades são admiráveis.

Agradeço também ao amigo Estevão que sempre esteve à disposição para ajudar, a minha querida amiga técnica de enfermagem Antonia, tem um coração e uma vida abençoada por Deus, alguém com quem pude contar sempre, e a minha vizinha Ana Alice que sempre se mostrou disponível a ajudar, pegando livros na biblioteca, agradeço também as minhas vizinhas de kitnet: Vanessa e Rosane, pois quando eu precisei me ajudaram.

Agradeço ao Cleber que trabalha na biblioteca, que desde quando comecei este curso teve um carinho imenso por mim, sempre me ajudando a encontrar os livros que precisei, e no final do curso ajudou ainda mais. Sempre lembro meu código da biblioteca mesmo quando eu mesma o esquecia ele nunca esqueceu, agradeço imensamente pela ajuda.

Agradeço aos meus professores do ensino superior que contribuíram diretamente para o meu conhecimento adquirido, conhecimento que pude utilizar para concluir este trabalho.

Agradeço a minha co-orientadora Prof. Enf. Fernanda Luiza de Mattos Silvestre. Quero também agradecer a todos que contribuíram de forma direta ou indireta para que este trabalho viesse a ser realizado, o meu muito obrigado. Deus sabe o quanto eu tenho esperado por este momento.

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“A maior habilidade de um líder é desenvolver habilidades

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RESUMO

A relação entre o homem e os cuidados com sua saúde tem sido atualmente tema de algumas pesquisas, visto que incluir os homens nas ações de saúde tem se tornado uma busca necessária, pois segundo os dados do Ministério da Saúde os homens apresentam a maior taxa de morbimortalidade por causas passíveis de prevenção e evitáveis. De certo modo os homens habituaram-se a evitar o contato com os espaços de saúde, orgulhando-se da própria invulnerabilidade, esta possível indiferença em relação ao cuidar de si por parte dos homens pode ser explicada a partir da perspectiva da construção social, pois para os homens o cuidar da saúde é visto apenas como prioridade para mulheres, crianças e idosos, alegando assim que as UBS (Unidades Básicas de Saúde) seriam um espaço feminilizado. É preciso acolher estes homens, e reconhecer que as medidas de promoção e proteção a saúde é um direito de todos, reconhecendo assim, as particularidades dos usuários e deste modo agir diretamente nas suas reais necessidades. Este trabalho se classifica como sendo do tipo qualitativo que se utilizou de pesquisa semi-estruturada para a coleta de dados. As Unidades Básicas de Saúde não podem ser vistas apenas quando a patologia já se encontra instalada, mas sim como o local onde se encontra as informações para a prevenção dos agravos á saúde, em seu caráter preventivo e educativo.

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ABSTRACT

The relationship between humans and their health care has actually been the subject of some research, because to include men in actions of health care has become a necessary search, because according to statistics from the Ministry of Health men have presented the highest rate morbidity and mortality from preventable causes and avoidable. Somehow the men got used to avoid contact with the health space, boasting of their own invulnerability, this possible indifference to care for themselves by men can be explained from the perspective of social construction, because for men the health care is only seen as a priority for women, children and elderly, thus claiming that UBS (Basic Health Units) would be a feminized space. It’s necessary welcome these men, and recognize that the measures for promoting and protecting health is a right for all, recognizing the particularities of the users and thus act directly on their real needs. This work is classified as a qualitative research which used semi-structured data collection. The Basic Health Units can not be seen only when the disease is already installed, but as the place where the information for the prevention of health hazards in their preventive and educational.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 10

OBJETIVOS ... 12

OBJETIVO GERAL ... 12

OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 12

1.REFERENCIAL TEÓRICO ... 13

1.1 O HOMEM E A SAÚDE ... 13

1.2 POLÍTICA DE SAÚDE DO HOMEM ... 15

1.3 SAÚDE A ENFERMAGEM E A ATENÇÃO BÁSICA ... 17

1.4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE ... 19

2.METODOLOGIA ... 23

2.1 COLETA DE DADOS ... 23

2.2 POPULAÇÃO E AMOSTRA ... 24

3.RESULTADOS E DISCUSSÕES ... 26

CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 39

APÊNDICE ... 44

APÊNDICE A ... 44

APÊNDICE B ... 45

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INTRODUÇÃO

O interesse por esta área de estudo surgiu pela necessidade de pesquisas relacionadas à saúde da população do sexo masculino em idades que variam de 20 a 59 anos, frente aos agravos de saúde desta população estar constituindo um verdadeiro problema de saúde pública, podendo ser observado pelos recentes dados epidemiológicos fornecidos pelo Ministério da Saúde, onde os homens jovens estão apresentando um maior índice de morbimortalidade por causas preveníveis e evitáveis, sendo considerados os mais vulneráveis por padecer mais de condições severas e crônicas de saúde e também vir a óbito mais cedo do que as mulheres.

Para o homem, é muito difícil ocupar o papel de paciente e, com frequência, nega a possibilidade de estar enfermo e procurar um médico, só em último caso, já que ao contrário poderia estar assumindo um papel passivo, dependente e de fragilidade (Gomes et al., 2008). É bastante disseminada a idéia de que as Unidades Básicas de Saúde (UBS) são serviços destinados quase que exclusivamente para mulheres, crianças e idosos (FIGUEIREDO, 2005). Os profissionais enfermeiros são vistos como provedores de medidas de Educação em Saúde, neste sentido, é preciso conhecer quais tem sido as barreiras enfrentadas por esta parte da população, pois os mesmos apresentam o menor índice de adesão aos programas de atenção básica como forma de prevenção de agravos. Nesse sentido percebesse que as instituições de saúde não estão preparadas para receber este tipo de população.

Desta forma, foi possível refletir sobre a relação Homem e Saúde bem como avaliar quais foram os problemas encontradas por está parte da população, que impedem de buscarem a Atenção Básica como a primeira porta de entrada para seus cuidados com a saúde, e como tem sido o trabalho desenvolvido no município de Tangará da Serra – MT, voltado para a educação em saúde do homem jovem.

Este trabalho teve inicio com uma pesquisa bibliográfica com temas envolvendo: Homem e Saúde, Saúde dos Homens, Necessidades de Saúde, Masculinidade, Gênero e Saúde, Atenção primaria à saúde. O método utilizado se qualifica como sendo do tipo qualitativo, que segundo Deslandes et al. (1994), responde a questões muito particulares, se preocupa nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado.

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barreiras que impedem os homens jovens de serem atendidos nas UBS’s (Unidades Básicas de Saúde), no município de Tangará da Serra-MT.

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OBJETIVOS

Objetivo Geral

Investigar quais as possíveis barreiras que interferem na baixa adesão dos homens jovens aos serviços de atenção básica no município de Tangará da Serra-MT.

Objetivos Específicos

 Verificar quais os possíveis fatores socioculturais que interferem na baixa procura por medidas preventivas pelos homens jovens (idade entre 20 a 59 anos) universitários;  Identificar se a baixa adesão dos homens jovens, universitários está relacionada com a

falta de programas voltados para saúde do homem no município de Tangará da Serra- MT;

 Analisar como os serviços de saúde no município de Tangará da Serra organizam-se para atender os usuários (homens) considerando suas particularidades;

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 O HOMEM E A SAÚDE

Apesar dos vários avanços á nível da diversidade sexual em nosso país, a sociedade ainda se mostra bastante conservadora, e pode ser observada através da educação que faz uso de modelos predeterminados de como os gêneros devem se portar, o que geralmente varia conforme o tempo e a cultura. A formação do individuo tem uma relação direta com suas atitudes, que faz parte de uma construção social (INSTITUTO PAPAI, 2007).

Gomes; Nascimento (2006), aponta que a visão de gênero e as discussões sobre a saúde do homem datam desde 1970, através de estudos sobre o tema. De acordo com Keijer (2003) apud Nascimento; Gomes (2008), a definição de masculinidade, frequentemente, surge atrelada a um conjunto de valores, atributos, funções e condutas esperadas do homem de acordo com sua cultura, que para Gomes et al. (2007), implica como uma maneira de representação, valorização e atuação no meio em que o mesmo se encontra inserido, ultrapassando as características biológicas, trata-se de modelo de masculinidade que definem o homem como um ser viril, que prove o sustento dos filhos, que não expressam sentimentos e possuem dificuldades em falar de si e sua saúde, pois ao contrário pode implicar na demonstração de fraqueza e feminilização perante os outros (GOMES et al., 2007).

Os homens que se baseiam nos modelos masculinos mais conservadores, possuem uma maior dificuldade em demonstrar fragilidade, o que interfere, por exemplo, em suas atitudes relacionadas à procura dos serviços de saúde. Para eles, é muito difícil ocupar o papel de paciente e, com freqüência, negam a possibilidade de estarem enfermos e acabam procurando um médico, só em último caso, já que ao contrário poderia estar assumindo um papel passivo, dependente e de fragilidade (GOMES et al., 2008).

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especialmente a violência doméstica e sexual, tornam mais visíveis os aspectos machistas do que necessariamente os de masculinidade.

O gênero quando visto na construção da identidade masculina pode favorecer a omissão de cuidados dos homens com a sua saúde devido à atribuição de que esse cuidado implica como uma forma de feminilização. Assim a relação que os homens definem sobre seus cuidados em saúde podem estar vinculadas a perspectiva dos mesmos sobre os processos de saúde e adoecimento, já que a maneira como compreendem estes processos pode interferir positiva ou negativamente sobre seus cuidados em saúde (BAASCH, 2007).

Tornou-se habito o homem recusar-se a ir até os espaços de saúde, sempre muito orgulhosos de sua invulnerabilidade, contrariando as políticas de prevenção e autocuidado, acabam assim prorrogando os problemas que tendem a se agravarem gerando ao final mais problema e despesas para si mesmo e também para o sistema de saúde que tende a investir mais em tratamentos para fases avançadas das doenças (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2009).

Se as medidas de prevenção primária fossem mais regulares dentre os homens, os agravos reduziriam em grande número. Essa falta de aceitação masculina em aderir à atenção primária além de ocasionar a sobrecarga financeira, também gera o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família (BRASIL, 2009).

A maioria dos homens não assume a possibilidade de adoecerem, além disso, a não adesão, segundo Gomes et al. (2007), pode ser indicada pela posição masculina de provedor, alegando a não disponibilidade de horários e pela dificuldade de acesso aos serviços assistenciais, devido ao agendamento de consultas e filas que ocorrem. De acordo com Villela (2005), é evidente que o modo como os homens constroem e vivenciam as suas masculinidades está relacionado aos seus modos particulares de adoecer e morrer.

Junto aos aspectos simbólicos que interferem na busca por cuidados de saúde em geral por parte dos homens, existem outras questões de ordem mais estrutural que acaba por impedir tal busca, seria a dificuldade por parte dos homens em conciliar o atendimento dos serviços de saúde com as suas jornadas de trabalho, outra questão seria a falta de recursos financeiros para se conseguir um atendimento privado ou para realização de exames complementares, e a própria precariedade dos serviços públicos que muitas vezes não consegue atender ás demandas de cuidados em saúde da população em geral (GOMES et al., 2008).

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elas as neoplasias malignas (cânceres de estômago, pulmão e próstata); as doenças isquêmicas do coração; as doenças cerebrovasculares e as causas externas (destacando-se os acidentes de carro e os homicídios). Muitas dessas causas podem ser prevenidas ou controladas por meio de intervenção em atitudes e práticas cotidianas que contribuem para a ocorrência desses problemas (FIGUEIREDO, 2005).

1.2 POLÍTICA DE SAÚDE DO HOMEM

Os determinantes socioculturais, biológicos e comportamentais, os dados de morbimortalidade da população masculina juntamente a necessidade de ampliar o acesso aos serviços de saúde para esta população nos diversos níveis de atenção, priorizando o fortalecimento da atenção básica, demonstram a indispensabilidade de mudanças nos paradigmas sobre a percepção da população masculina relacionada ao cuidado com sua saúde e o estabelecimento de políticas específicas voltadas a esta população (CONASS, 2009).

O Ministério da Saúde (2009) notou então, que o modelo básico de atenção específica para os quatro grupos populacionais já existentes – crianças, adolescentes, mulheres e idosos não bastava para prover uma população mais saudável, tendo como agravante 27% da população: os homens de 20 a 59 anos de idade, deixados de fora, que no Brasil, no ano de 2009, corresponderam a nada menos que 52 milhões de indivíduos, que são pouco valorizados nas estratégias públicas de saúde.

O Ministério da Saúde (2009), em conjunto com as esferas estaduais e municipais que compõem o Sistema Único de Saúde (SUS), observou que para alcançar melhores indicadores de qualidade e padrões de vida mais longa, é importante a prática de cuidados voltados para o homem jovem e adulto, sem reduzir a ênfase nos cuidados aos outros grupos populacionais, mas, conscientizar os homens para a importância do cuidado e proporcionar serviços de saúde que facilitem o enfrentamento dos agravos específicos do sexo masculino ou que nele encontrem maiores taxas de ocorrência.

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vulnerabilidade da população masculina, tendo em mente que as representações da masculinidade podem desencadear dificuldades no acesso aos cuidados e a exposição a situações de violência e aumento de vulnerabilidade (BRASIL, 2009).

Motivar os homens brasileiros na luta e garantia do direito a saúde é um desafio para a Política de Saúde do Homem, que pretende tornar os homens principais atuantes nas demandas relacionadas a seus direitos como cidadãos (BRASIL, 2009).

A Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH) tem como objetivo a orientação de ações e serviços de saúde para a população masculina, de forma integral e igualitária, priorizando a atenção humanizada, e enfatizando a necessidade em mudar os paradigmas com relação à percepção masculina e o autocuidado de sua saúde e de sua família (BRASIL, 2009).

Para o Ministério da Saúde a implantação dessa política deve ocorrer de forma integrada às demais políticas já existentes, priorizando a atenção primária como porta de entrada para a saúde de forma universal, integral e equinânime (BRASIL, 2009).

O Ministério da Saúde ainda estabelece que para o sucesso na implantação desta política é necessário que essa população possua acesso aos serviços de saúde nos diferentes níveis de atenção e acompanhamento do usuário pela equipe de saúde, havendo assim articulação com as diversas áreas do governo, devem ser fornecidas informações e orientação aos homens e seus familiares sobre a promoção, prevenção, proteção, tratamento e recuperação dos agravos e das enfermidades do homem.

Deste modo deve-se haver a captação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primária e agravos recorrentes, capacitação para profissionais de saúde no atendimento do homem, disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos, estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais de saúde, com participação dos usuários, elaboração e análise dos indicadores que permitam aos gestores monitorar as ações e serviços e avaliar seu impacto, redefinindo as estratégias e/ou atividades que se fizerem necessárias (CONASS, 2009).

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1.3 SAÚDE A ENFERMAGEM E A ATENÇÃO BÁSICA

Segundo Ministério da Saúde (2008), a saúde constitui um direito social básico para as condições de cidadania da população brasileira, um país pode ser denominado “desenvolvido” se seus cidadãos forem saudáveis, e este cuidado com a saúde da população depende tanto da organização e do funcionamento do sistema de saúde quanto das condições gerais de vida associados ao modelo de desenvolvimento vigente. A Constituição de 1988 (art. 196) define que “A Saúde é um direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas” (BRASIL, 2010).

Atualmente a saúde do homem tornou-se mais um agravante para a saúde pública, e de acordo com a publicação Saúde Brasil 2007, os homens representam quase 60% das mortes no país. Eles estão vivendo, em média, sete anos menos do que as mulheres e têm mais doenças do coração, câncer, diabetes, colesterol e pressão arterial mais elevada.

Embora as informações sobre o perfil de mortalidade dos homens indiquem alguns agravos merecedores de uma atenção especial por parte dos serviços de saúde, existem outras necessidades de saúde compostas por sofrimentos que não causam morte imediata, sendo assim muitas das necessidades de saúde não se manifestam com um problema imediato, mas como algo que pode ser evitado, no qual as UBS (Unidades Básicas de Saúde) podem intervir através das ações preventivas e de promoção a saúde (FIGUEIREDO, 2005).

A enfermagem que tem como dever o cuidado com o social, também deve estar comprometida com essa causa, afirmando a necessidade do cuidado na singularidade de cada indivíduo em sua diversidade a âmbito das relações que os mesmo mantêm.

De acordo com Figueiredo (2005), a idéia dos serviços de saúde ser um espaço com características femininas precisa ser transformada, de modo a incluir as necessidades de saúde do homem, os cuidados devem ser realizados por uma equipe multiprofissional, promovendo assim atividades educativas e assistenciais.

A enfermagem desempenha um papel importante na saúde e na doença, porque atua nós diferentes níveis de prevenção, suas ações preventivas não devem ser estáticas e nem isoladas, pois o enfermeiro atua motivando e conduzindo a população para utilização das medidas de promoção a saúde e de proteção específica (KAWAMOTO, 2004).

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Segundo Nascimento (2005) apudArilha, (2000), a percepção é de que a participação dos homens passa pela superação de uma imagem individual e de culpa e de lugar a espaços de reconhecimento das demandas, abertura para identificar suas especificidades, isto pressupõe ouvir os homens e convidá-los á participarem, isto significa que os mesmo possam reconhecer a importância dos cuidados com sua saúde.

Todos os profissionais de saúde podem e devem desenvolver ações educativas em todo e qualquer contato com a população dentro e fora da unidade de saúde, as funções educativas variam de acordo com as possibilidades da unidade e a realidade da população (KAWAMOTO, 2004).

Para o Ministério da Saúde (2001), são atribuições específicas do(a) Enfermeiro(a) realizar cuidados direitos de enfermagem nas urgências e emergências clínicas, realizar consultas de enfermagem e solicitar exames complementares, prescrever/transcrever medicações, conforme protocolos estabelecidos e as disposições legais da profissão, planejar, gerenciar, coordenar, executar e avaliar a USF (Unidade Saúde da Família).

O Ministério da Saúde (2001), relata que os enfermeiros também devem executar as ações de assistência integral em todas as fases do ciclo de vida; executar assistência básica e ações de vigilância epidemiológica e sanitária; realizar ações de saúde em diferentes ambientes, na USF (Unidade Saúde da Família) e, quando necessário, no domicílio, aliar a atuação clínica à prática da saúde coletiva, organizar e coordenar a criação de grupos de patologias específicas, supervisionar e coordenar ações para capacitação dos agentes comunitários de saúde e de auxiliares de enfermagem, com vistas ao desempenho de suas funções.

A Atenção Básica é caracterizada por um conjunto de ações, de âmbito individual e coletivo, que compreende a promoção e a proteção da saúde, a prevenção de agravos, o diagnóstico, o tratamento, a reabilitação e a manutenção da saúde, sendo desenvolvidas por meio do exercício de práticas gerencias e sanitárias democráticas e participativas, sob forma de trabalho em equipe, orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo, da continuidade, da integralidade, da responsabilização, da humanização, da equidade e da participação social (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

A Atenção Básica foi gradualmente se fortalecendo e deve se constituir como porta de entrada preferencial do Sistema Único de Saúde (SUS), sendo o ponto de partida para a estruturação dos sistemas locais de saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2007).

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tratamento de doenças e a redução de danos ou de sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável (BRASIL, 2007).

A Atenção Básica tem a Saúde da Família como estratégia prioritária para sua organização de acordo com os preceitos do SUS e tem como fundamentos: possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade e resolutivos, caracterizados como a porta de entrada preferencial do sistema de saúde, com território adscrito de forma a permitir o planejamento e a programação descentralizada, e em consonância com o princípio da eqüidade; efetivar a integralidade em seus vários aspectos, a saber: integração de ações programáticas e demanda espontânea; articulação das ações de promoção à saúde, prevenção de agravos, vigilância à saúde, tratamento e reabilitação, trabalho de forma interdisciplinar e em equipe, e coordenação do cuidado na rede de serviços; desenvolver relações de vínculo e responsabilização entre as equipes e a população adscrita garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade do cuidado; valorizar os profissionais de saúde por meio do estímulo e do acompanhamento constante de sua formação e capacitação; realizar avaliação e acompanhamento sistemático dos resultados alcançados, como parte do processo de planejamento e de programação; e estimular a participação popular e o controle social (Ministério da Saúde, 2009).

1.4 EDUCAÇÃO EM SAÚDE

A prática educativa em saúde não é uma proposição recente, na Europa desde o século XVIII, eram elaborados almanaques populares visando difundir cuidados “higiênicos” a serem praticados pela população como medida de prevenção de epidemias (CHIESA; VERÍSSIMO, 2001).

O ensino é um instrumento que integra a prática profissional de todas as enfermeiras que assistem pacientes e as famílias, com o objetivo de desenvolver um comportamento de saúde efetivo buscando assim a modificação de padrões de estilo de vida que predispõe as pessoas aos riscos de saúde (BRUNNER; SUDDARTH, 2009).

A educação em saúde pressupõe uma combinação de vários fatores que favoreçam a promoção e a manutenção da saúde, sendo assim, não pode ser entendida somente como a transmissão de conteúdos, comportamentos e hábitos de higiene do corpo e do ambiente, mas sim como a adoção de práticas educativas que busquem a autonomia dos sujeitos na condução do cuidar da sua saúde, a educação em saúde nada mais é do que o exercício de construção da cidadania (PEREIRA, 2005).

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forma é importante compreender que a saúde da comunidade vai depender das ações oferecidas pelos serviços de saúde, como também do esforço da própria comunidade, através do conhecimento, motivação, reflexão e da adoção de práticas de saúde.

Ainda na atualidade a organização das ações educativas demonstra fragilidade, destacando-se a vigência de um modelo de assistência que privilegia as ações curativas e centra-se no atendimento médico tendo assim uma visão estreitamente biológica do processo saúde-doença. Sendo assim a assistência a saúde prestada nas instituições públicas acaba por não ter um caráter educativo emancipador, e o atendimento está mais fortemente centrado no chamado “queixa-conduta” (CHIESA; VERÍSSIMO, 2001).

Para Brunner; Suddarth (2009), as alterações no ambiente de cuidado de saúde atual exigem o uso de uma conduta organizada para a educação em saúde, de modo que os pacientes possam sentir-se satisfeitos e suas necessidades de saúde sejam atendidas, de acordo com Chiesa; Veríssimo (2001), a organização das ações educativas no PSF (Programa Saúde da Família), deve-se partir de uma reorganização do modelo assistencial, devendo-se ser estruturado a partir do fortalecimento da atenção básica, da ênfase na integralidade da assistência, de tratar o indivíduo como sujeito integrado á família, ao domicilio e á comunidade, do aumento da capacidade resolutiva da comunidade, da vinculação dos profissionais e serviços com a comunidade, e da perspectiva de promover uma ação intersetorial.

A educação em saúde é uma ação básica de saúde importante, sendo baseadas na reflexão crítica do grupo, pois o princípio dessa educação é o desenvolvimento da consciência crítica das causas, dos problemas e das ações necessárias para a melhoria das condições (KAWAMOTO, 2004).

Segundo Brunner; Suddarth (2009), todo cuidado de enfermagem se dirige á promoção, manutenção e restauração da saúde, a educação em saúde é importante no cuidado de enfermagem porque faz com que os indivíduos realizem importantes atividades de autocuidado, embora as pessoas tenham o direito de decidir se querem ou não aprender, a equipe de enfermagem têm por responsabilidade apresentar a informação que motive as pessoas a reconhecer a necessidade de aprender. Os ambientes educacionais podem incluir casas, hospitais e centros de saúde, escolas, locais de trabalho, agências de serviços, abrigos e grupos de apoio ou ação de consumidores.

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saúde pode ser feita informalmente conforme o aparecimento de oportunidades ou pode ser realizado de forma planejada e organizada, neste caso para o programa ser bem sucedido ele precisará ser estruturado de forma a levantar as reais necessidades, elaborar o programa, executá-lo e avaliá-lo.

Nesta perspectiva, as ações educativas assumem um novo caráter, mais aderente aos princípios do SUS (Sistema Único de Saúde), destacando-se o direito á saúde como eixo norteador e a capacidade de escolha do cliente tornam-se uma condição indispensável (CHIESA; VERÍSSIMO, 2001).

A educação em saúde é um instrumento de transformação social, uma excelente alternativa para conduzir as pessoas às mudanças de hábitos e à aceitação de novos valores, além disso, o local de trabalho tem se mostrado um ambiente propício para o desenvolvimento de programas de educação em saúde, já que os homens acabam dispondo de pouco tempo para o cuidado com sua saúde (LEITE et al., 2010).

Os profissionais da saúde devem ter uma atitude comunicativa com o indivíduo, buscando assim interagir pessoa a pessoa, utilizando-se assim da comunicação como um mecanismo terapêutico. A comunicação na atenção á saúde é algo que se constrói, sendo assim uma ação intencional, os processos comunicativos baseiam-se em escutar o outro para compreender quais são suas crenças, sua situação e suas possibilidades e poder de atuar conjuntamente (CHIESA; VERÍSSIMO, 2001).

Para Brunner; Suddarth (2009), os programas de ensino são mais prováveis de ser bem-sucedidos quando as variáveis que afetam a adesão do paciente são identificadas e consideradas no plano de ensino. De acordo com Pereira (2005), umas das barreiras encontradas que dificultam o pleno desenvolvimento das ações educativas seria a falta ou o desconhecimento de uma metodologia adequada por parte dos profissionais da saúde, que possa estimular a participação e busque na realidade dos próprios indivíduos a solução para suas dificuldades.

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população nos passa, agindo assim em conjunto com o mesmo, sem impor qualquer tipo de situação (VALLA et al. apud PEREIRA, 2001).

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2. METODOLOGIA

Neste projeto o caminho metodológico percorrido teve como inicio a realização da pesquisa bibliográfica que segundo Both (2007), se qualifica como sendo aquela que se utiliza principalmente de fontes e referências bibliográficas, tais como, livros, revistas especializadas, publicações periódicas, dissertações de mestrado, tese de doutorado, monografias e outras fontes que se caracterizam como tal. A fundamentação teórica para o estudo bibliográfico envolverá: Homem e saúde, Saúde dos homens, Necessidades de saúde, Masculinidade, Gênero e Saúde, Atenção primária.

O método utilizado foi o qualitativo que segundo Lakatos; Marconi (2008) preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano, fornecendo assim uma análise mais detalhada sobre as investigações, hábitos, atitudes, tendências de comportamento.

Deslandes et al. (1994) aponta que, a pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares, ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado. Sendo assim, o método qualitativo foi o que melhor se adequou para o estudo desta pesquisa.

2.1COLETA DE DADOS

A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semi-estruturada, que de acordo com Lakatos; Marconi (2008), também denominada de assistemática, antropológica e livre é quando o entrevistador tem liberdade para desenvolver cada situação em qualquer direção que considere adequado, é uma forma de se poder explorar mais amplamente a questão.

Inicialmente foi realizada uma conversa informal com algumas enfermeiras das UBS (Unidades Básicas de Saúde), do município de Tangará da Serra-MT, para sentir a predisposição das mesmas em estarem participando da pesquisa, e posteriormente foram selecionadas apenas algumas enfermeiras para estarem respondendo o respectivo questionário semi-estruturado, contendo 6 perguntas.

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reservado, utilizando-se de um gravador para melhor captação e clareza nos dados, com o auxilio do questionário semi-estruturado.

Após a coleta dos dados foi realizada a análise dos mesmos. Para melhor compreensão dos dados da pesquisa, os questionários foram analisados por grupos de respostas, trabalhamos então com categorias, que segundo Deslandes et al. (1994), refere a um conceito que abrange elementos ou aspectos com características comuns ou que se relacionam entre si, as categorias são empregadas para se estabelecer classificações. Deste modo foi realizada leitura e uma releitura das respostas dos sujeitos e feita analise a partir dos artigos encontrados sobre os assuntos em discussão.

2.2POPULAÇÃO E AMOSTRA

Aplicação de recorte amostral da população estudada foram Homens Jovens universitários do campus da Unemat (Universidade do Estado de Mato Grosso), de Tangará da Serra - MT, com idade entre 20 e 59 anos, e estes foram escolhidos, conforme a predisposição dos mesmos em estarem participando da pesquisa.

Nesta pesquisa houve a participação de 5 (cinco) Enfermeiras atuantes nas Unidades Básicas de Saúde, visto que, não houve a necessidade de incluir todas, pois, as respostas de cinco enfermeiras já satisfez o recorte amostral desta pesquisa, foram selecionadas conforme a predisposição em participar da pesquisa, houve também a participação do coordenador das Unidades Básicas de Saúde ou também conhecida como Programa Saúde da Família (PSF).

Foram apresentados aos indivíduos os objetivos desta pesquisa, e a importância dos mesmos em estarem participando, foi explicado que a mesma não representaria nenhum dano ao indivíduo, que desta forma seria respeitado os aspectos éticos conforme a resolução N° 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, sendo assim, todos os indivíduos que participaram da pesquisa assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido.

2.3ASPECTOS ÉTICOS

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De acordo com Brasil (2003), a resolução n° 196/96, nos mostra que todo projeto de pesquisa que envolve seres humanos sendo individual ou coletivamente deve ter a aprovação prévia por parte do Comitê de Ética de Pesquisa (CEP) institucional.

A partir da observação dos aspectos éticos da pesquisa envolvendo seres humanos, o respeito á dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após o consentimento livre e esclarecido dos sujeitos envolvidos na pesquisa, exige-se que o esclarecimento dos sujeitos se faça em linguagem acessível, e que inclua necessariamente a justificativa, os objetivos e os procedimentos que serão utilizados na pesquisa, a liberdade do sujeito de se recusar a participar ou tirar seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa sem prejuízo ao seu cuidado, entre outros (BRASIL, 2003).

Sendo assim, a pesquisa envolvendo seres humanos deverá sempre tratá-los em sua dignidade, respeitá-los em sua autonomia e defendê-los em sua vulnerabilidade, comprometendo-se com o máximo de benefícios e o mínimo de danos e riscos.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Como uma forma de analisar os dados optou-se por fazer varias leituras dos artigos disponíveis e fazer uma leitura e uma releitura das entrevistas coletadas com o objetivo de identificar categorias, sendo assim, alguns relatos foram transcritos e posteriormente discutidos.

3.1 FATORES QUE INTERFEREM NA BAIXA ADESÃO DOS HOMENS JOVENS AOS SERVIÇOS DE ATENÇÃO BÁSICA.

Nesta categoria serão apresentados os principais aspectos encontrados nas falas dos entrevistados que apontam quais tem sido as principais dificuldades encontradas pelos mesmos para a baixa adesão aos serviços de atenção básica, Keijzer (2003) apud Shraiber et al. (2005), aponta que deslocando-se da visão tradicional do homem apenas como parte dos problemas para concebê-los como parte da solução, Couto et al. (2010), apresenta que as dificuldades dos homens na busca por assistência de saúde e as formas como os serviços lidam com as demandas específicas dos homens pode vir a dificultar esse acesso, neste sentido identificam-se barreiras para a presença masculina nos serviços de saúde.

Para Figueiredo (2005), é bastante disseminada a idéia de que as unidades básicas de saúde (UBS) são serviços destinados quase que exclusivamente para mulheres, crianças e idosos, fato que pode ser visualizado na fala de dois entrevistados:

“[...] parece realmente que é mais feminino, mas atenção pras mulheres [...]” (H.5).

“[...] provavelmente os programas são mais pra crianças, mais pra mulher gestante [...] é mais voltado para o lado feminino, de crianças e idosos e tal [...]” (H.9).

Ainda segundo Figueiredo (2005), por outro lado associa-se a ausência dos homens ou sua invisibilidade, nesses serviços, a uma característica da identidade masculina relacionado ao seu processo de socialização, por outro lado, analisa-se que na verdade, os homens preferem utilizar outros serviços de saúde, como farmácias ou prontos-socorros, que responderiam mais objetivamente ás suas demandas.

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que, como a primeira urgência em geral é aliviar a dor, muitas vezes a visita a farmácia satisfaz esta necessidade mais rapidamente, podemos visualizar essa característica da socialização do imaginário masculino de ver as unidades como um espaço feminino, e a busca a um atendimento alternativo, é ilustrativa a fala a seguir:

“[...] eu acredito que é um universo feminino, eu não vejo vantagem pra mim, nestes casos eu ainda procuro uma farmácia que é um amigo meu que trabalha [...]” (H.10).

Ainda hoje a forma como o homem vivencia a sua masculinidade pode vir a interferir na forma como o mesmo promove cuidados preventivos com sua saúde, de acordo com Korin (2001) apud Shraiber (2005), em sociedades que equipara poder, sucesso e força como características masculinas, os homens buscam, no processo de socialização, o distanciamento de características relacionadas ao feminino: sensibilidade, cuidado, dependência, fragilidade. Estas atribuições que acabam sendo simbólicas diferenciadas entre homens e mulheres resultam, muitas vezes, para os homens, em um comportamento que os predispõem a doenças, lesões e mortes.

Para Figueiredo et al. (2005), nesses modelos de masculinidades estão presentes as noções de invulnerabilidade e de comportamento de risco, como valores da cultura masculina. O fato de acreditar que por ser homem, seja menos invulnerável do que a mulher pode ser visualizada no relato de alguns dos entrevistados:

“Acho que sim, eu acho, pensamento machista, mas é verdade” (H.1).

“Eu acho que eu sou bem menos invulnerável, pra ficar doente é muito difícil” (H.2).

“Eu acho que a mulher ela é mais frágil que o homem [...] pela mulher achar que é mais frágil ela se cuida mais, já o homem, por ele achar que ele é mais forte ele se cuida menos, eu acredito que o homem ele acha que é mais forte do que a mulher [...]” (H.9).

“Sim. da pra ver na quantidade de mulher que procura o serviço de saúde, praticamente elas devem ser mais invulnerável” (H.10).

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Pinheiro et al. (2008), aponta que os homens para aquisição de poder, reprimem suas necessidades de saúde e recusam admitir dor ou sofrimento, negam fraquezas ou vulnerabilidades, sustentam o controle físico e emocional. Figueiredo et al. (2005), demonstra que, associado a isso encontram-se fortalecidas as dificuldades dos homens em verbalizar as suas próprias necessidades de saúde o que pode ser observado no relato a seguir:

“[...] o homem por si já tem esse negócio de machismo [...] o homem às vezes não se sente a vontade pra conversar com mulheres sobre determinado assunto [...] porque muitas vezes quando você vai no posto a maioria é feminino, então muitos assuntos ficam assim o homem não tem intimidade para poder falar, até mesmo chegar lá e marcar um horário pra ser atendido, se tivesse um pouco mais da presença masculina nos PSF’s, nos posto de saúde facilitaria um pouco pro homem” (H.3).

Não se pode esquecer que a baixa presença e a pouca conexão com as atividades oferecidas pelo serviço de saúde, por parte dos homens, não são de responsabilidade exclusiva dos profissionais que fazem os serviços, já que os homens, ao responderem ás conformações de um padrão de masculinidade tradicional, reproduzem o imaginário social que os distancia das práticas de prevenção e promoção de saúde (Gomes; Nascimento, 2006 apud Couto et al. 2010).

Keijzer (2003) apud Shraiber et al. (2005), diz que incluir a participação masculina é, no mínimo um desafio, por diferentes razões, uma delas seria o fato de, em geral o cuidar de si e a valorização do corpo no sentido da saúde, também no que se refere ao cuidar dos outros, não serem questões colocadas na socialização dos homens, sendo que por outro lado quando alguns promovem o cuidado de seu corpo apresentam um extremo fisiculturismo. E desta maneira o cuidado de si transforma-se em risco de adoecimentos.

Essa falta de cuidados com a saúde e a não inclusão de medidas preventivas pode ser visualizado nos depoimentos a seguir:

“[...] a mulher já vai desde criança, as meninas vai para fazer prevenção, o homem é ao contrario” (H.4).

“[...] só procurar quando tiver realmente alguma coisa, se só vai realmente quando tá doente, se não vai lá pra fazer prevenção de nada, ne” (H.1).

“[...] se eu to com uma virose sei lá, vou lá, no postinho, ta beleza, agora de uma forma preventiva, sei lá, eu nunca parei pra pensar em prevenção” (H.5).

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lugar a espaços de atenção que reconheçam as demandas, identificando assim as especificidades de cada um, e isto pressupõe ouvir os homens e convidá-los á participarem. O autor ainda apresenta que deve-se superar um dado cultural e historicamente construído, como se existisse nos homens algo que os fariam descomprometidos, desligados, gerando o discurso de que os homens não querem, ao invés de investigar e agir nos elementos que levam os homens a “não quererem” ou “não participarem”.

Um fato importante que deve ser levando em consideração, é maneira como as unidades básicas de saúde se organizam para atender a população em geral, Couto et al (2010) argumenta que, na caracterização dos serviços de saúde, chama a atenção como os ambientes não favorecem a presença e permanência dos homens, já que todos se apresentam como espaços demarcadamente femininos, ilustra esse aspecto os depoimentos a seguir:

“[...] eu não tinha nem conhecimento ne, da parte masculina [...] que atende também os homens [...], parece realmente que é mais feminino, mas atenção pras mulheres, tenho essa impressão sim” (H.5).

“Bom, por eu não ter um conhecimento de algum programa da saúde do homem, [...] os programa são destinados mais pras crianças, mais pra mulheres gestantes, é mais voltado para o lado feminino, de crianças e idosos e tal” (H.9).

Nascimento (2005) nos mostra que, o enfoque marcadamente materno-infantil da atenção básica em saúde faz com que serviços, que muitas vezes são deficitários para identificar as especificidades das mulheres, sequer reconhecem os homens como sujeitos de sua atenção, e ao fazer isso desestimula os homens a procurarem os serviços de saúde e enxerga as mulheres como essencialmente cuidadoras e as únicas responsáveis pela esfera da saúde. O que podemos observar nas falas a seguir:

“[...] Assim, eu só vejo as mães indo, mãe acompanhando, eu não vejo pai indo no posto de saúde [...]” (H.10).

“[...] geralmente o homem não vai atrás, quem vai mais atrás é a mulher e as crianças, até porque a própria mãe leva os filhos [...]” (H.4).

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feminilização dos ambientes das unidades, embora se possa perceber uma relativa mudança no padrão de comunicação do Ministério da Saúde, pela inclusão de referencias de gênero, geração e etnia tal intenção ainda não alcança todas as equipes dos serviços de saúde.

“[...] muitas vezes na rede pública no meu ponto de vista eles não dão importância pra saúde do homem, digamos assim, existe muitas propagandas envolvendo saúde da mulher, e [...] muitas das vezes a gente houve por exemplo muita campanha sobre câncer de mama e pouca sobre câncer de próstata, as vezes eles não dão muita ênfase nessa questão” (H.3).

As características e a presença de cartazes com temas de aleitamento materno, pré-natal entre outros, presentes nas unidades acabam de certa forma influenciando a imagem feminina, e o Ministério da Saúde tenha realizado relativas mudanças para incorporar á presença dos homens nas unidades básicas de saúde, com a criação da política nacional de atenção integral á saúde dos homens, a outros fatores que teriam que ser levados em consideração, pois como aponta Schraiber et al. (2005), quando se trata de cuidado com a saúde, o trabalho tem sido considerado um obstáculo para o acesso aos serviços de saúde ou a continuidade do tratamentos já estabelecidos.

Através dos relatos de alguns dos homens jovens entrevistados nesta pesquisa, podemos observar que outra justificativa para a baixa adesão aos serviços de atenção básica refere-se ás questões relacionadas ao trabalho, pois o horário das atividades laborativas, condiz com os horários de abertura das unidades básicas de saúde, fato que pode ser observado através dos depoimentos a seguir:

“[...] os postos, eles fecham justamente nos horários que eu estou livre [...] eu não consigo ter acesso aos programas de saúde da família [...] e não só eu como a maioria da população ne, de certa forma se um hospital particular eles abrem as portas em horário de almoço, deixam um funcionamento facilita muito para as pessoas estarem procurando esses locais, se os posto de certa forma pudessem rever esses horários pra que a população tenha mais acesso facilitaria bastante” (H.3).

“[...] não só pro homem, mas também pras mulheres, você trabalha 8hrs por dia, não tem um horário específico pra ir ao médico” (H.4).

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horários das pessoas que se encontram inseridas no mercado de trabalho formal, independente de serem homens ou mulheres.

Para Couto et al. (2010), a estratégia de se criar horários alternativos para o atendimento, sobretudo dos trabalhadores, embora abranja grande quantidade de homens, não se restringe a eles, uma vez que as mulheres trabalham em condições semelhantes, á exceção de uma tolerância maior por parte de alguns empregadores á liberação das mesmas para buscarem cuidado.

O fato de levar em consideração que os horários de aberturas das unidades pouco favorece a adesão dos homens jovens aos serviços de atenção básica a saúde, segundo Keijzer (2003) apud Schraiber et al. (2005), observando as questões de prevenção e promoção da saúde, pode-se perceber que os efeitos de se incluir o homem no debate sobre saúde não se restringem á saúde masculina, pois como consequência, consegue ganhos para a saúde feminina, já que muitos temas só avançam na medida em que se consegue a participação masculina em seu enfrentamento.

Quando questionados sobre se teriam conhecimento sobre os programas de saúde que são fornecidos pelas unidades básicas de saúde, e se os mesmos se veriam como beneficiário de alguns desses programas, vejas nos relatos a seguir que todos tiveram a mesma resposta, como uma forma de organizar optou-se por utilizar um quadro:

Nome Fictício

Tem conhecimento dos programas de saúde que são fornecidos pelas UBS.

Você se vê beneficiário de algum desses programas.

H.1 “Não.” “Não.”

H.2 “Oha, eu sei que tem nos bairros, mas eu nunca

utilizei nenhum.” “Diretamente para mim não.”

H.3 “[...] Não tenho muito não [...].” “Geralmente não [...].”

H.4 “Não nenhum.” “Não.”

H.5 “Não, sei que tem, mas não tenho conhecimento

nenhum.” “Não.”

H.6 “Não [...] não tenho esse conhecimento.” “Não.”

H.7 “Não.” “Também não.”

H.8 “Não.” “Não.”

H.9 “Não tenho.” “Não [...] nunca ouvi nada a

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H.10 “Não.” “Pra mim não tem beneficiamento nenhum.”

Fonte: Elaboração da autora, 2011.

A partir dos depoimentos podemos observar que os homens não têm conhecimento dos programas que são fornecidos pelas unidades básicas de saúde e sendo assim, não se vêem beneficiários de algum desses programas, é de se esperar já que no município não há programas voltados para os homens jovens em idade reprodutiva, e os mesmos acabam sendo tratados conforme a livre demanda. Este fato nos faz perceber que a falta de um programa de educação em saúde específico para os homens jovens, acaba que por distanciá-los dos serviços de atenção básica, já que os mesmo em sua maioria não se vêem como beneficiário de nenhum dos programas que são fornecidos.

3.2SOBRE A SAÚDE DO HOMEM NO MUNICÍPIO DE TANGARÁ DA SERRA- MT

Com o intuito de verificar quais são os possíveis programas de saúde que são fornecidos para os homens jovens no município de Tangará da Serra - MT, e de que forma o município se organiza para atender a saúde do homem jovem, considerando a suas particularidades, o coordenador das Unidades Básicas de Saúde (UBS), foi questionado, vejamos o relato a seguir:

“No Município de Tangará da Serra não existe programa voltado para saúde do homem jovem, o homem é tratado de maneira clínico geral, através da livre demanda que surge nas unidades [...]” (coordenador das UBS, L.C.S).

De acordo com Couto et al. (2010), essa primeira dimensão remete á estruturação de programas e atividades na Atenção Primaria a Saúde (APS), na qual há uma baixa incorporação dos homens em relação as mulheres, a ênfase está voltada para problemas de saúde considerados mais simples e corriqueiros, e, também a articulação cura-prevenção tornando o atendimento mais direto sobre a doença. O que pode ser observado através da fala do coordenador das Unidades de Saúde da Família:

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Para Couto et al. (2010), na lógica dos serviços de atenção primaria a saúde, destaca-se a existência do programa de saúde da mulher, efetivado por diversas atividades, ao passo que nenhum programa é voltado para a atenção aos homens, em particular os adultos jovens e em faixa reprodutiva, fato que agrava a perspectiva da integralidade da atenção, as demandas desses homens adultos jovens são atendidos em meio aos diversos programas voltados para os outros segmentos da clientela, tais como idosos, hipertensos e/ou diabéticos.

Desta forma podemos perceber que no município de Tangará da Serra-MT, até o presente momento não foram observados nenhuma medida de educação em saúde voltada para a parcela da população alvo desta pesquisa, sendo assim não se pode apenas colocar os homens jovens como culpados da sua baixa adesão, já que o próprio município não tem programas que direcionem os mesmos a procurar uma unidade de saúde como forma preventiva.

Para uma melhor compreensão e para responder ao questionamento de como está sendo realizado o atendimento ao homem adulto jovem, o coordenador das Unidades Básicas de Saúde, foi questionado sobre como o município se organiza para que ocorra uma maior adesão dessa parcela da população aos serviços preventivos que são fornecidos pelas Unidades Básicas de Saúde (UBS), podemos observar o relato a seguir:

“Olha no momento com relação à prevenção pra saúde do adulto homem, o município está à disposição, os profissionais do Programa Saúde da Família, trabalha na parte educativa, a gente hoje trabalha mais em escolas, com crianças, adolescentes, alguns grupos de idosos, só que já é na parte de idoso, mas com a parte do ser adulto não tem muita ênfase, a gente ta mais tratando, mais bem dizer a parte patológica da comunidade a prevenção a gente ta tentando introduzir, mais ainda que a gente vê uma falha nas unidades no que é parte da prevenção a gente ta tentando introduzir mais os hábitos de educação em saúde no Programa Saúde da Família, pra população como um todo, tem um déficit ainda com relação a saúde do adulto, muito grande” (L.C.S).

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3.3A SAÚDE DO HOMEM JOVEM A PARTIR DA PERSPECTIVA DOS PROFISSIONAIS ENFERMEIROS.

Nesta categoria serão apresentados os aspectos encontrados na fala dos enfermeiros para identificar o que tem sido realizado nas unidades para atender aos homens jovens, bem como analisar se no decorrer da sua vida acadêmica tiveram alguma disciplina direcionada para saúde do homem, neste sentido verificar como as unidades básicas de saúde se organizam para atender aos usuários homens, considerando a suas particularidades e quais seriam os possíveis benefícios da Política Nacional de Atenção Integral á Saúde do Homem (PNAISH).

Quando questionadas sobre a existência de algum programa voltado para saúde do homem jovem, podemos observar que nas unidades pesquisadas não havia programas de educação em saúde para esta parcela da população, vejamos os relatos a seguir:

“Pelo conhecimento que eu tenho aqui, eu sou nova na unidade, tenho pouco tempo, não tem nenhuma documentação, nenhum registro que tenha sido feito alguma política voltada pra saúde do homem, os homens entre 20 e 59 anos frequentam a unidade, principalmente aqueles que já têm uma patologia de base” (E.1).

“Não, não existe, não existe porque assim, a gente não teve esse treinamento, a gente não foi capacitado para fazer esse tipo de atendimento, no caso, como a gente é capacitado pra atender a saúde da mulher, não existe ainda não [...]” (E.2).

“Do homem não, porque na verdade, eles não procuram, assim, a gente procura sempre estar fazendo em conjunto com todos os programas de saúde da família, alguma atividade, nunca foi levantada esta questão, de uma questão pro homem, a gente faz os programas de Hanseníase, Tuberculose, Diabetes, pro homem em si não” (E.3).

“Na unidade especificamente não [...] assim especificamente pra saúde do homem não, mas há o atendimento do homem na sua patologia, quando é necessário fazer o encaminhamento é feito o encaminhamento, mas especifico igual saúde da mulher não tem [...]” (E.4).

“Não. porque na verdade nunca chego a ter pelo nosso município um programa pra isso, então nos implantamos o programa do município, é conforme a população que procura, nos vemos qual é a sua necessidade procuramos o seu tratamento” (E.5).

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sentido Couto et al. (2010), aponta que o não reconhecimento dos homens como potenciais sujeitos de cuidado, deixam de estimulá-los ás práticas de promoção e prevenção da saúde, e para Figueiredo (2008), essa dimensão da invisibilidade masculina, geralmente incorpora a imagem da mulher como cuidadora, e vincula-se á imagem do homem como não cuidador.

De acordo com Pinheiro; Couto (2008), as ações programáticas da atenção primária a saúde, direcionam prioritariamente a atenção para as mulheres, crianças e idosos, além disso, os programas disponibilizados nesses espaços oferecem á mulher uma cobertura de atendimentos em todas as fases da vida, o que não ocorre com os homens que, especialmente na fase adulta, tem limitadas vias de entrada e acolhimento nos serviços, tornando assim os serviços da atenção primária como espaços femininos.

Segundo Couto et al. (2010), a presença e a inserção desses usurários têm sido vistas (ainda que pouco reconhecidas) como elemento importante para a construção de uma assistência que, na direção das premissas do Sistema Único de Saúde (SUS), atenda homens e mulheres como sujeitos de direito á saúde.

Desta maneira podemos observar que uma das barreiras institucionais que podem vir a ser encontradas pelos homens jovens e a falta de programas voltados para suas demandas, já que os mesmo são apenas incluídos em programas quando apresenta alguma patologia, como hipertensão, tuberculose, diabetes, hanseníase.

Quando questionados sobre a vida acadêmica e se tiveram alguma disciplina voltada para saúde do homem podemos observar nos relatos a seguir:

“Não, não tive tanto que na grade da universidade não tem nada voltado para saúde do homem, só saúde da mulher, saúde da criança e do adolescente e do idoso, mas nada voltado para saúde do homem a onde a gente mais vê falar da saúde do homem é na saúde coletiva, que abrange um todo, então a gente tem assim um conhecimento superficial de como deve ser” (E.1).

“Não diretamente não, faz tempo já [...]” (E.2).

“Não” (E.3).

“Diretamente não, quando eu me formei ainda não tinha esse programa, a gente estudava saúde do homem, mas não era diretamente, era junto com saúde do adulto, tudo junto, só do homem não” (E.4).

“Não, tivemos saúde do adulto que era saúde no geral, que eram patologias em geral, e estivemos específica pra saúde da mulher, isso sempre tem, mas pra saúde do homem não” (E.5).

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à patologia já instalada, sobre as relações de gênero que tornam os indivíduos diferentes e com aspectos diferenciados a serem atendidos, ainda hoje, pouco se é estudado, desta forma as reais necessidades de saúde dos homens é menos vista durante a vida acadêmica, e a preocupação em incorporá-los é realizada em menos frequência, já que a invisibilidade dos mesmos acaba que por prejudicar no enfoque da saúde como um direito de todos.

Acredita-se que a partir do momento que os profissionais concluem os seus estudos e vão para prática (a vida profissional), tendo conhecimento dos cuidados específicos para os homens os mesmo se sentiriam mais preparados para prestar os cuidados como é feito com as mulheres, crianças e adolescente e os idosos. Sendo assim, podemos observar através de alguns relatos essas dificuldades em incorporar os homens jovens aos serviços de saúde, pois quando questionados se as unidades básicas de saúde estariam preparadas para atender a saúde do homem, vejamos o que dizem os profissionais:

“Olha, eu acredito que não, porque se a gente tivesse preparado já estaria atendendo neh, acredito que não, a gente ainda não ta capacitado pra isso, atender assim diferencialmente, porque o atendimento a gente faz, mas diferencial igual é o da saúde da mulher, da criança do adolescente e do idoso, não” (E.2).

“Eu acho que ai teria que ter uma capacitação, uma educação continuada para os profissionais, porque a gente também não é muito bem preparado, a gente é preparado assim, pros agravos, em si, só homem, assim como pra todas as situações tem educação continuada, tem cursos de capacitação, como sala de vacina etc, teria neh que ter uma para saúde do homem” (E.3).

“Eu creio que falta uma capacitação, curso mais voltado para saúde do homem, nesse sentido, igual capacitação pra saúde da mulher, mais voltado especifico pra saúde do homem, com patologias que acometem mais só o homem” (E.4).

Podemos observar que para os profissionais o melhor seria ter uma capacitação para atender a saúde do homem jovem, com os relatos anteriores podemos perceber que a falta de uma disciplina voltada especificamente para saúde homem acabaria que por prejudicar no atendimento ao homem jovem, já que para atender as necessidades especificas desta parcela da população, nem o município nem a matriz curricular dos cursos de graduação em Enfermagem favoreceram para este tipo de atendimento.

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compreender o que é específico das pessoas que ocupam tal lugar. Deste modo Pinheiro; Couto (2008) nos mostra que, assim, faze-se nítido uma distância entre a abstração científica do modelo, que considera o homem como um ser padrão, e a existência dos homens, sujeitos concretos, dotados de formas singulares de construir e vivenciar a masculinidade em contextos socioculturais.

Outra questão levantada nesta pesquisa esta relacionada à quais seriam os possíveis benefícios da implementação da PNAISH (Política Nacional de Atenção Integral á Saúde do Homem), partindo da percepção das enfermeiras atuantes nas Unidades Básicas de Saúde do município de Tangará da Serra- MT, e ilustram esse aspecto os seguintes depoimentos:

“[...] acho que a principal é a adesão, porque muitas vezes eles tem o preconceito né, de vim procurar as UBS, ou às vezes não tem conhecimento que podem sim procurar as unidades pra discutir qualquer problema em relação a saúde dele” (E.1).

“[...] acredito que melhoria muita coisa, conseguiria detectar câncer de próstata mais precocemente, [...] doenças sexualmente transmissíveis, a gente tem pouco acesso a população masculina, quem busca mais as unidades são as mulheres, enfim, se entendeu o homem, só vem pra cá quando ele sente que esta com uma infecção de urina muito grande, ou quando ele acha que ta diabético, ou quando ele é hipertenso, então assim, a busca dele é muito pouca, é rara” (E.2).

“[...] traria ai, maior detecção principalmente de DST, que acomete bastante essa faixa etária ne, além, da prevenção de doenças iniciais, agravos iniciais, [...] não deixar que futuramente já se descubra ai em um estágio mais avançado” (E.3).

“Ela ia beneficiar de forma que ia trazer o homem pra mais perto da área da saúde, pra que ele pudesse ter mais contato, e não procura só no momento em que tivesse doente, tivesse no estágio final já” (E.4).

“Olha, o beneficio é que nem seria na verdade seria o da saúde da mulher, saúde da criança, porque você esta especificando um tipo de atenção a uma certa classe, no caso de homens, que é uma classe de difícil acesso, que não procura o serviço da unidade, só procura quando ta muito ruim, então se você conseguir estabelecer o programa da saúde do homem, que faz uma busca ativa desses homens pra que eles venham procurar mais as unidades de saúde, vai ser um bem muito grande pra essa população, visto que vai diminuir muito o número de mortes nesse gênero no caso” (E.5).

Nota-se através dos relatos que todos os enfermeiros possuem conhecimento de quais poderiam ser os possíveis benefícios da atenção á saúde do homem jovem.

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educacionais, entre outras ações, os serviços públicos de saúde organizem-se de modo a acolher e fazer com que o homem sinta-se integrado. Ainda para Brasil (2009), a implementação da política deverá ocorrer de forma integrada ás demais políticas existentes, numa lógica hierarquizada de atenção á saúde, priorizando-se assim a atenção primária como primeira porta de entrada.

Para o Ministério da Saúde (2009), a política tem como princípios a humanização e a qualidade, que implicam na promoção, reconhecimento e respeito à ética e aos direitos do homem, obedecendo às suas peculiaridades sócio-culturais. Para cumpri-los, devem-se considerar os seguintes elementos:

Universalidade e equidade nas ações e serviços de saúde voltados para a população masculina, abrangendo a disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos;

Articulação com as diversas áreas do governo, com o setor privado e a sociedade, compondo redes de compromisso e co-responsabilidade quanto à saúde e a qualidade de vida da população masculina;

Informações e orientação à população masculina, aos familiares e a comunidade sobre a promoção, prevenção, proteção, tratamento e recuperação dos agravos e das enfermidades do homem;

Captação precoce da população masculina nas atividades de prevenção primária relativa às doenças cardiovasculares e cânceres, entre outros agravos recorrentes; Capacitação técnica dos profissionais de saúde para o atendimento do homem; Disponibilidade de insumos, equipamentos e materiais educativos;

Estabelecimento de mecanismos de monitoramento e avaliação continuada dos serviços e do desempenho dos profissionais de saúde, com participação dos usuários; e

Elaboração e análise dos indicadores que permitam aos gestores monitorar as ações e serviços e avaliar seu impacto, redefinindo as estratégias e/ou atividades que se fizerem necessárias (Ministério da Saúde, 2009, pag 47).

Para Leite et al. (2010), é importante reconhecer que esse grupo necessita de ações educativas em saúde, tendo em vista que os homens apresentam taxas de mortalidade mais elevadas, quando comparado às mulheres. Ainda segundo Leite et al. (2010), levando em conta a grande eficiência para promover a saúde, prevenir doenças e diminuir repercussões econômicas, os programas de educação em saúde podem ser utilizados como uma estratégia para que se ocorra uma mudança no estilo de vida dos indivíduos do sexo masculino, que apresentam baixa adesão e estão pouco inseridos em políticas públicas de saúde.

Referências

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