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ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

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ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

EVELYN FABRINI GASPAR

HALITÍ-PARESI: A SAÚDE INDÍGENA ENTRE OS SABERES

TRADICIONAIS E CIENTÍFICOS

(2)

ESTADO DE MATO GROSSO

SECRETARIA DE ESTADO DE CIÊNCIA E TÉCNOLOGIA

FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO

CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE TANGARÁ DA SERRA

DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM

EVELYN FABRINI GASPAR

HALITÍ-PARESI: A SAÚDE INDÍGENA ENTRE OS SABERES

TRADICIONAIS E CIENTÍFICOS

Trabalho de Conclusão de Curso

apresentado ao Departamento de

Enfermagem da Universidade do Estado de Mato Grosso, como parte dos requisitos para obtenção do Título de Bacharel em Enfermagem, sob a Orientação do Prof. Me. Raimundo N. Cunha de França e sob Co-orientação da Profª Queli Apª Kolodzey Carlotto.

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EVELYN FABRINI GASPAR

HALITÍ-PARESI: A SAÚDE INDÍGENA ENTRE OS SABERES

TRADICIONAIS E CIENTÍFICOS

Resultado:_________

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________________ Orientador Prof. Me. Raimundo N. Cunha de França

___________________________________________________________ Co-orientadora: Profª Enf ª Quéli Apª Kolodzey Carlotto.

___________________________________________________________ Examinador: Profª Me Elinez da Silva Rocha

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AGRADECIMENTOS

Foram muitas as ocasiões em que pensei que não conseguiria, em que cheguei ao meu limite, nestes momentos algumas pessoas foram fundamentais para que eu prosseguisse.

A elas a minha gratidão.

A minha família pelos princípios de amor e determinação.

A minha comadre e irmã Andréia Marques Graeff por ter sido minha companheira em todos os momentos.

Aos professores Raimundo França e Queli Kolodzey por terem tido mais fé em mim do que eu mesma e terem me acolhido com carinho e orientado me com maestria.

Aos meus amigos, por acreditarem na minha capacidade e me apoiarem sempre.

Ao povo Paresí por me aceitarem como cuidadora e colaborarem com o meu crescimento profissional e pessoal.

Aos amigos da Casai de Tangará da Serra por cooperarem com esta pesquisa e torcerem pela minha vitória.

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RESUMO

Os estudos sobre os índios no Brasil têm seu foco na antropologia indígena que possui repertório de pesquisa bem amplo, constituindo quase como uma antropologia particular. Entretanto, ao longo dos últimos os anos, têm sido cada vez mais constantes os estudos das questões indígenas por outras áreas do saber, incluído a Enfermagem a partir da Saúde Indígena. Nesse sentido, este trabalho teve por objetivo a análise da participação e contribuição dos profissionais de enfermagem que atendem a população indígena Paresí na CASAI de Tangará da Serra, MT, a partir da relação conhecimento científico e conhecimento tradicional. Para a execução de tal estudo, foi utilizado o procedimento metodológico de pesquisa qualitativa. A pesquisa constatou existir divergências entre os saberes científicos e os saberes tradicionais, o que, em alguns momentos, cria se fissuras na comunicação e no próprio atendimento aos indígenas.

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ABSTRACT

The studies about the Indians in Brazil have its focus on indigenous anthropology which has a very broad repertoire of research, being almost like a particular anthropology. However, over the past years, studies of indigenous issues in other disciplines have been increasingly more constant, including nursing from the Indian Health. In this sense this study aimed to analyze

the participation and contribution of nurses to meet the indigenous population “Paresí” at

CASAI in Tangará da Serra, MT, from the relation of scientific knowledge and traditional knowledge. For the implementation of such a study, we used the methodological procedure of qualitative research. The survey found differences between scientific knowledge and traditional knowledge, what at some times creates cracks in communication and self- care to Indians.

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LISTA DE SIGLAS

AIS: Agente Indígena de Saúde.

CASAI: Casa de Saúde Indígena.

CEP: Comitê de Ética e Pesquisa.

COREN: Conselho Regional de Enfermagem.

DESAI: Departamento de Saúde Indígena.

DSEI:Distrito Sanitário Especial Indígena.

EVS: Equipe Volante de Saúde

FUNAI: Fundação Nacional do Índio.

FUNASA: Fundação Nacional de Saúde.

HALITÍ-PARESÍ: O termo de autodenominação dos Paresí é Halíti, que pode tanto ser traduzido como "gente" numa referência explícita ao gênero humano em oposição aos animais, quanto como "povo" para indicar uma identidade mais inclusiva do grupo. A palavra "Paresí" não consta no léxico da língua, mas é o nome que, a partir do século XIX, passou a ser aplicado indiscriminadamente a grupos distintos de fala Aruak identificados por cronistas e estudiosos ao longo de cerca de dois séculos e meio de história do contato.

HALITINÃ: Povos, gente.

ONG: Organização Não Governamental.

OPAN: Operação Anchieta.

SPI: Serviço de Proteção aos Índios

SESAI: Secretaria Especial de Saúde Indígena.

SUS: Sistema Único de Saúde.

TCLE: termo de Consentimento Livre Esclarecido.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 7

CAPÍTULO I ...10

1 REFERENCIAL TEÓRICO ...10

1.1ÍNDIOSDOBRASIL ... 10

1.2ASAÚDEINDÍGENANOBRASIL ... 13

1.3AENFERMAGEMNASAÚDEINDÍGENA ... 17

CAPÍTULO II ...19

2 PERCURSO METODOLÓGICO ...19

2.1METODOLOGIA ... 19

2.2INSTRUMENTOSUTILIZADOS ... 20

2.3TIPOSDESUJEITOECOLETADEDADOS ... 20

CAPÍTULO III ...22

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO ...22

3.1ORGANIZAÇÃOEANALISEDEDADOS ... 22

CONCLUSÃO ...29

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...31

OBRAS CONSULTADAS ...34

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INTRODUÇÃO

O intuito de pesquisar sobre os conflitos culturais entre os índios Paresís e a Equipe de Enfermagem surgiu durante o período trabalhado em reservas indígenas, antes mesmo de iniciada a graduação de Bacharel em Enfermagem, onde foi possível vivenciar a realidade conflituosa na implantação dos programas de saúde.

A convivência com culturas diferentes trouxe a indagação quanto à necessidade de se avaliar a eficiência da implantação dos programas de saúde junto à população indígena, uma vez que apenas o passar do tempo e a vivencia constante levou a percepção de que havia conflitos culturais entre os procedimentos de educação em saúde aplicados aos indígenas que por fim prejudicavam a eficiência do atendimento.

Por muitas vezes foi possível perceber que os profissionais introduzidos nessa assistência estavam despreparados, bem como alguns apresentavam pensamentos preconceituosos, visto que nem percebiam que os tinha, esse incomodo em descobrir que não havia harmonia entre o que era pretendido na teoria e o que realmente era realizado na pratica levou a uma vontade cada vez maior de se buscar melhor qualificação profissional, encontrando assim, formas de ajudar a amenizar tais conflitos.

Percebe se que a base da cultura dos povos indígenas foi construída através dos séculos por meio da observação do ambiente em que se encontravam e em harmonia com o que a natureza lhes apresentava.

Essa base também define a cosmologia local dos povos Halití-Paresí, afinal todos os seus conhecimentos ligados a saúde seja executados por rituais de pajelança, ou mesmo uso

de ervas medicinais está ligada a conhecimentos empíricos que segundoBabini (1957, p. 21)

"é o saber que preenche nossa vida diária e que se possui sem o haver procurado, sem

aplicação de método e sem se haver refletido sobre algo”.

Os índios Halití - Paresí localizados no Centro-Oeste do país, mais especificamente no sudoeste do Mato Grosso, possuem uma história, assim como de tantas outras etnias, marcada por um processo de transformações iniciado com a colonização do país pelos europeus a mais de 500 anos. Desde tal evento a população indígena tem sofrido com a introdução de várias doenças e mudanças no seu habitat e cultura.

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Política Nacional de Atenção a Saúde dos Povos Indígenas está à organização dos serviços na forma de Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), Casas de Saúde Indígena (Casais) e Pólos-Base a nível local, onde a atenção primária e os serviços de referência se situam. O objetivo desta política é garantir aos povos indígenas o acesso à atenção integral na saúde, de acordo com os princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).

O SUS se apóia em três princípios: universalidade, integralidade e eqüidade. De uma forma bem simplista, isso quer dizer que a saúde é um direito de todos (universalidade), é um aspecto que integra todas as áreas da vida humana (integralidade) e cada um deve ser atendido de acordo com as suas necessidades (eqüidade), contemplando a diversidade social, cultural, geográfica, histórica e política de modo a favorecer a superação dos fatores que tornam essa população mais susceptível aos agravos à saúde de maior magnitude e transcendência entre os brasileiros, reconhecendo a eficácia de sua medicina e o direito desses povos à sua cultura.

Assim sendo, hoje a população Paresí recebe atendimento em saúde através do serviço de profissionais como o da Enfermagem, que tem papel fundamental no planejamento e execução de tal assistência, sendo peça chave para a evolução do programa de atendimento diferenciado aos indígenas.

Diante disso, constituiu-se como objetivos principais desta monografia a análise dos fatores culturais conflitantes na execução do plano de ação da Equipe de Enfermagem dentro

do atendimento ao povo Halití – Paresí que pudessem impedir ou prejudicar a eficiência do

mesmo, através da investigação dos conflitos interculturais mais evidenciados e relatados pelos sujeitos, identificando suas dificuldades ao evidenciar o trabalho desenvolvido pela enfermagem na assistência aos Paresís.

Este estudo foi realizado a partir da metodologia de pesquisa qualitativa, através de revisão bibliográfica com levantamento do acervo referente ao tema, utilizando se de internet, artigos, revistas e entrevistas, além da aplicação de questionário e observação sistemática dos sujeitos.

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CAPÍTULO I

1 REFERENCIAL TEÓRICO

1.1 ÍNDIOS DO BRASIL

A história dos indígenas brasileiros é marcada por um processo de transformações causadas pela influência do não índio e sua constante necessidade de se buscar novos horizontes para o progresso urbano e agrícola. Segundo Siqueira (2002), para alguns autores a população indígena brasileira na época da independência era em torno de 8,5 milhões e atualmente não passam de 280 mil índios. Segundo a Fundação Nacional de Saúde - FUNASA (2010), a população indígena constitui uma parcela apenas 0,2% da população brasileira, pertencentes à cerca de 210 povos, falantes de mais de 170 línguas identificadas.

Estão presentes em todos os estados brasileiros, sendo que 60% dessa população vivem no Centro-oeste e Norte do país, onde estão concentradas 98,7% das terras indígenas. Os outros 40% estão confinados em apenas 1,3% da extensão das terras indígenas, localizadas nas regiões mais populosas do Nordeste, Sudeste e Sul do país. Ocupam cerca de 12% do território nacional, sendo que uma parcela vive em áreas urbanas, normalmente em periferias.

Estes grupos diferem nos aspectos de concepção e organização social, política, econômica, de relação com o meio ambiente e ocupação do território. Diferem ainda quanto à temporalidade e experiência na relação com as frentes de colonização e expansão da sociedade nacional. Segundo FUNASA (2002), há indícios da existência de 55 grupos que permanecem isolados e destes, 12 estão sendo assistidos pela Fundação Nacional Indígena (FUNAI).

Os povos indígenas enfrentam situações distintas de tensão social e vulnerabilidade. A expansão das frentes econômicas (extrativismo, trabalho assalariado temporário, projetos de desenvolvimento) vem ameaçando a integridade do ambiente nos seus territórios e também a sua cultura, sistemas econômicos e organização social.

No livro Deserdados (2000), encontramos relatos como este que nos mostram o tamanho da monstruosidade sofrida pelos povos indígenas no decorrer dos séculos:

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O impacto com a “descoberta” do Brasil pelos europeus trouxe conseqüências devastadoras aos indígenas, que foram massacrados, escravizados, e dizimados pelas doenças trazidas pelos imigrantes, visto que a intenção era a conquista das terras americanas, foram realizadas inúmeras manobras contra seus habitantes para conseguir seus objetivos.

Hoje o meu povo vê a sua terra invadida, as suas florestas destruídas, os seus animais exterminados, e têm os seus corações lacerados por essa arma brutal que é a civilização. Para o homem branco e o povo “civilizado‟‟ isso pode parecer romântico. Mas não é assim para o nosso povo, esta é a nossa vida. Mulher Kaingang, 1975 (Idem, 2000 p.01)

Inicialmente o massacre indígena ocorreu no litoral brasileiro, onde, segundo Siqueira (2002), os colonizadores primeiramente se fixaram. Os indígenas ali presentes que não morreram com as doenças trazidas pelos imigrantes, ou foram escravizados para mão de

obra, ou fugiram para o interior das matas brasileiras.Conforme os bandeirantes avançavam

para o Oeste e Norte em busca de riquezas naturais e mão de obra escrava, surgiam novos confrontos, com o resultado de etnias inteiras dizimadas.

Submeter os índios as minas, ao seu trabalho monótono, insano e severo, sem sentido tribal, sem ritual religioso, era como tirar lhes o significado de sua vida. Era escravizar não somente seus músculos, mas também seu espírito coletivo. (SIQUEIRA apud MELATTI, 1983 p.17)

No Mato Grosso houve massacres ainda mais dizimatórios tendo em vista que os povos ali presentes resistiram bravamente contra o processo de colonização. Após a tríplice aliança contra o Paraguai com o sonho de interligar todo o território nacional através do telégrafo, o chefe de comissão telegráfica Candido Mariano da Silva Rondon foi designado para implantar a rede do Mato Grosso ao Amazonas, reconhecendo assim a faixa territorial amazônica e consolidando as fronteiras com a Bolívia e Paraguai, pois o Mato Grosso já fazia parte do mercado da borracha.

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Uma vez ganha à confiança dos povos das etnias Paresí, Bororo, Baikari entre outras, Rondon passou a ensinar os trabalhos a se realizar, bem como a língua e escrita do não índio, o mesmo criou o SPI (Serviço de Proteção ao Índio), com o objetivo de protegê-los dos massacres, demarcarem suas terras e dar lhes assistência em saúde e educação. Mas não foi o que aconteceu, o SPI entrou para a história do indigenísmo como símbolo de destruição e genocídio.

Segundo Survival

[...] se fazia o treinamento de jovens para a „Polícia Indígena‟, uma força policial criada pelo SPI e dirigida pelo governo, cujos membros, imbuídos em „disciplina militar‟ tinham a função de espalhar o terror ao voltarem para as aldeias. Depois de

oito anos de protestos, a Polícia Indígena foi desativada em 1974. (SURVIVAL, 2000 p.18)

Davis (1978) confirma a verdadeira corrupção em que se encontrava o SPI ao citar Lewis:

Mais de 100 indigenistas... [sic] se haviam aliados a latifundiários e especuladores para roubar e matar sistematicamente os índios. Dos 700 empregados do SPI, 134 eram acusados de crimes, 200 haviam sido demitidos e 38 fraudulamente contratados... [sic] (DAVIS, 1978 p.46)

Essa intervenção cultural teve seus dias de glória finalizados com a criação do telégrafo a fio, pois não havia mais necessidade da mão de obra indígena, bem como da permanência de Rondon nessas terras. Os indígenas foram abandonados a própria sorte, fazendeiros e seringueiros que ali estavam não respeitando aos índios, tomavam suas reservas, escravizava-os quando não, matavam as famílias de aldeias inteiras. Alguns acostumados à nova cultura passavam a trabalhar para esses fazendeiros consumindo grande quantidade de álcool e a se prostituir.

A inserção dos Paresís como trabalhadores dessas frentes expansionistas trouxe lhes implicação no âmbito social devido às mortes e à captura de mulheres pelos seringueiros, e na própria reprodução da sociedade, por inserir novos parceiros em um sistema de prestações e contra prestações baseado no parentesco. (BORTOLETTO, 1999 p. 68).

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Pedra, lugar onde, segundo Zezonai (2010), é na mitologia Paresí o ponto de onde saíram todos os seus antepassados.

[...] um grande grupo de irmãos saiu do interior da terra, brotou pelos buracos das rochas existentes no rio Sucuriuna, Ponte de Pedra, tributário do rio Arinos e descobriu o mundo, os rios, os pássaros e as árvores [...] Quando os Paresís saíram do interior da terra, os irmãos eram quase humanos, tinham ainda longos pêlos no corpo e uma membrana entre os braços e as pernas. (ZEZONAI, 2010 p.7)

São vários os relatos de indígenas Paresís e Rikbaktsa sobre maus tratos, no qual era lhes proibido o uso da língua mãe e seus costumes sob pena de sofrerem agressões físicas e castigos como a proibição de se alimentarem. Após a desativação do internato essas crianças retornaram para suas aldeias onde muitos tiveram sérios problemas de adaptação.

A etnia demonstra uma das forças maiores da cultura humana. Resiste às guerras se há sobreviventes; resiste às transformações ecológicas de seu habitat. Só não resiste à escravidão pessoal que, desgarra as pessoas de sua comunidade, as transforma em mera força de trabalho, possuída por um senhor e vivendo a existência que ele lhe impõe. Resiste mal à prática missionária de separação dos filhos para educá-los longe de seu povo. Só consegue assim “desculturá-los”,

transformando-os em ninguém, que não sabem de si e não servem para serem índios e nem civilizados. (Marroni, apud RIBEIRO, 1996 p.5)

Além de todos esses fatores aqui abrangidos é conveniente mencionar a abertura da BR 364 na década de 60, trazendo inúmeros imigrantes que se apropriaram de boa parte das terras indígenas dos Paresís. Ainda hoje se vêem fazendeiros intimidando os índios que foram descritos Campos (1862), como um povo pacífico e de fácil trato. Hoje a BR 364 serve para a população Paresí como fonte de renda, através da cobrança de pedágio para a passagem de veículos na rodovia.

1.2 A SAÚDE INDÍGENA NO BRASIL

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(2000), a FUNAI criou a sua própria penitenciária, que permaneceu secreta por muitos anos, e foi descrita por um antigo funcionário como um „campo de concentração‟. Índios rebeldes que se opunham à FUNAI eram enviados para lá e obrigados a fazer trabalho forçado. Essa prisão nunca teve grande número de detentos, e foi fechada depois de alguns anos.

Em 1988, a Constituição Federal estipulou o reconhecimento e respeito das organizações socioculturais dos povos indígenas, assegurando-lhes a capacidade civil plena, tornando obsoleta a instituição da tutela e estabeleceu a competência privativa da União para legislar e tratar sobre a questão indígena. A Constituição também definiu os princípios gerais do Sistema Único de Saúde (SUS), posteriormente regulamentados pela Lei 8.080/90, e estabeleceu que a direção única e a responsabilidade da gestão federal do Sistema são do Ministério da Saúde.

Com a criação da Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) em 1999, os Paresís passaram a receber atenção em saúde de forma mais organizada, rotineira através do Distrito de Saúde Especial Indígena (DSEI) - Cuiabá, sendo segundo FUNASA,

um modelo de organização de serviços orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo bem delimitado, que contempla um conjunto de atividades técnicas, visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde, promovendo a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolvendo atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência, com controle social, a unidade organizacional que assumiu a responsabilidade de executar as ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde dos índios. (FUNASA,2002 p.13)

A organização dos distritos permitiu uma melhora significativa no atendimento de saúde aos índios que, em muitos casos, assumiram, por meio de suas próprias organizações, a prestação de serviços.

As Equipes Multidisciplinares de Saúde Indígena (EMSI) dos DSEIs são compostas por médicos, enfermeiros, odontólogos, técnicos em enfermagem e agentes indígenas de saúde, contando com a participação sistemática de antropólogos, educadores, engenheiros sanitaristas e outros especialistas e técnicos considerados necessários.

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correspondendo a uma unidade básica de saúde já existente na rede de serviço daquele município.

Cada Pólo-Base cobre um conjunto de aldeias e sua equipe, além de prestar assistência à saúde, realiza a capacitação e supervisão dos AIS. O Pólo de referência, no caso de emergência, encaminha o paciente diretamente para o pronto atendimento da Unidade Mista de Saúde (UMS), informando a Casa de Saúde Indígena (CASAI) que envia um técnico em enfermagem de sobreaviso para acompanhar a ocorrência.

As CASAIs foram instaladas a partir da readequação das antigas Casas do Índio. Elas possuem condições de receber, alojar e alimentar os pacientes encaminhados com seus acompanhantes, prestar assistência de enfermagem 24 horas por dia, marcar consultas, exames complementares ou internação hospitalar, providenciar o acompanhamento dos pacientes nessas ocasiões e o seu retorno às comunidades de origem, acompanhados das informações sobre o caso.

Além disso, as CASAIs promovem atividades de educação em saúde, produção artesanal, lazer e demais atividades para os acompanhantes e mesmo para os pacientes em condições para essas atividades. De uma forma geral o funcionamento da CASAI segue o organograma da seguinte forma:

O enfermeiro ou médico do Pólo Base (localizado na aldeia) encaminha pedido de agendamento de consulta e/ou exame, o enfermeiro da CASAI agenda através do SUS, na data da consulta, o carro da CASAI busca o paciente ou o Pólo o envia com o seu carro, o paciente é alojado na CASAI e encaminhado aos locais necessários com o acompanhamento de uma técnica em enfermagem. O paciente permanece na CASAI enquanto houver necessidade de acompanhamento, onde recebe alimentação, medicamentos e controle de sinais vitais.

Dentre as doenças de maior incidência entre os Paresís estão a Tuberculose, doenças respiratórias, doenças do trato gastrointestinal, hipertensão arterial, o diabetes, e o alcoolismo, cada vez mais freqüentes devido à proximidade com a cultura do não índio.

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A associação Halitinã, Organização não governamental criada e coordenada por representantes Paresís, contratada pela FUNASA, é responsável pela execução não só em saúde como também de outros projetos em agricultura, é quem administra os valores ali

recebidos e repassa as famílias de cada aldeia. No dia 20 de agosto de 2010, foi sancionado o Decreto 7.335/2010, autorizando a

criação da Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI), assumindo as atribuições do Departamento de Saúde Indígena (DSAI), passando a cuidar exclusivamente do atendimento prestado nos 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs), que eram subordinados à FUNASA. Até então, a FUNASA era encarregada das ações de saúde, aquisição de insumos, apoio logístico, licitações e contratos.

A SESAI, área do Ministério da Saúde foi criada para coordenar e executar o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena em todo Território Nacional, tendo como missão principal a proteção, a promoção e a recuperação da saúde dos povos indígenas e exercer a gestão de saúde indígena, bem como orientar o desenvolvimento das ações de atenção integral à saúde indígena e de educação em saúde segundo as peculiaridades, o perfil epidemiológico e a condição sanitária de cada DSEI, em consonância com as políticas

e programas do Sistema Único de Saúde – SUS.

ORGANOGRAMA I

HIERARQUIA DOS SERVIÇOS DE SAÚDE PRESTADOS À POPULAÇÃO INDÍGENA FUNASA/ SESAI

Orgão do Ministério da Saúde responsável pela coordenação e execução do processo de gestão na

saúde indígena

PÓLO BASE Posto de Saúde localizado nas aldeias centrais , sendo a primeira

instância no atendimento da comunidade. Conta com atendimento

médico e de enfermagem

CASAI

Sede de referência no apoio a saúde indígena composta por equipe de enfermagem e administrativo, sendo localizada nos centros urbanos de forma estratégica para a recepção de pacientes

que necessitam de atendimento em especialidades médicas bem como na realização de exames e cirurgias além de

acompanhamento em emergências. DSEI

Unidade organizacional com espaço etno-cultural dinâmico, geográfico,

populacional e administrativo delimitado responsável pela execução

das ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde dos índios.

ORGANIZAÇÃO NÃO GOVERNAMENTAL Empresa contratada como terceirizadora de prestação de serviços. Responsável administrativo pelos recursos humanos na atenção à

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1.3 A ENFERMAGEM NA SAÚDE INDÍGENA

A competência profissional na área da Enfermagem é fator importante para elevar o nível de saúde da população, o qual depende do alcance do profissional para evitar problemas de saúde ou para resolver os que se apresentam. Faz-se necessário que o profissional conheça sua área de atuação frente à prevenção e os diferentes fatores que determinam as condições de saúde do indivíduo permitindo adaptações constantes às reais necessidades da população, a quem se destina o trabalho.

A equipe de enfermagem dentro do atendimento as comunidades indígenas é composta por Agentes Indígenas de Saúde (AIS) que são índios Paresís constantemente capacitados para atender em primeira instância sua comunidade. O AIS realiza através de visitas uma triagem dos possíveis pacientes, possuindo o facilitador de pertencer à comunidade, obtendo através da confiança, dados que são importantes para a o atendimento e tratamento de seus parentes, além disso, possui característica de mediador no processo da educação em saúde visto que uma vez pertencente à cultura, pode encontrar mecanismos para contribuir com uma implantação harmoniosa do planejamento em saúde.

O AIS não é visto como um mero distribuidor de medicamentos, mas como o

“elo de ligação entre associedades indígenas e o sistema de saúde diferenciado”. Ao AIS tem sido atribuída uma função estratégica fundamental “como agente de

transformação, na busca da melhoria da qualidade de vida e autonomia de seus

respectivos povos” (BRASIL, 1996, p. 8).

No Art. 1º do capítulo I do Código de Ética dos profissionais de enfermagem consta

que “a Enfermagem é uma profissão comprometida com a saúde do ser humano e da

coletividade. Atua na promoção, proteção, recuperação da saúde e reabilitação das pessoas,

respeitando os preceitos éticos e legais” Brasil, (1995).

Saber lidar com as interferências decorrentes das características culturais de cada etnia é essencial para a implantação do atendimento aos povos indígenas, conhecer uma etnia não faz do profissional conhecedor de toda a realidade indígena, cada etnia possui suas particularidades, sendo que a busca por conhecimento local é básico para encontrar mecanismos que ajudem a resolver tais impasses.

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O Enfermeiro exerce todas as atividades de Enfermagem, cabendo-lhe a direção do órgão de Enfermagem integrante da estrutura, chefia de serviço e de unidade de Enfermagem. Além disso, é responsável pelo planejamento, organização, coordenação, capacitação dos AIS, execução e avaliação dos serviços de assistência de Enfermagem, portanto, ao Enfermeiro é necessário conhecer a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas, sendo essencial a compreensão do processo saúde-doença de forma ampliada, incluindo o aspecto etnico-cultural, buscando atualizar e adquirir novos conhecimentos. As especificidades do atendimento à população indígena devem ser observadas, inclusive nos aspectos próprios de cada etnia.

Segundo a FUNASA (2002),

O reconhecimento da diversidade social e cultural dos povos indígenas, a consideração e o respeito dos seus sistemas tradicionais de saúde são imprescindíveis para a execução de ações e projetos de saúde e para a elaboração de propostas de prevenção/promoção e educação para a saúde adequada ao contexto local. (BRASIL, 2002, p. 19)

O Enfermeiro precisa estar preparado para atuar na atenção básica à saúde indígena, identificar fatores de risco e atuar preventivamente, planejar e executar em conjunto com a equipe as ações e programas, realizar acompanhamento, supervisão e avaliação do agente indígena de saúde e do técnico em enfermagem.

Ao Técnico em Enfermagem cabe desenvolver o serviço de enfermagem, dentro do que rege o COREN, realizando procedimentos pertinentes tais como, administração de medicamentos, curativos, imunização, orientação, acompanhamento e palestras educacionais.

Considerando a dificuldade de compreensão das lideranças indígenas sobre a competência de cada profissional de saúde que desempenha as atividades no Pólo-Base, é necessário que numa primeira aproximação, definir seus objetivos de ação e os comunicar à comunidade. Trabalhar com o conhecimento tradicional como as plantas medicinais também podem contribuir para a eficácia das ações, estreitando a relação com os indígenas que devem ser valorizados na prática de atenção à saúde, fortalecendo a cultura dessas populações e resgatando o saber acumulado.

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CAPÍTULO II

2 PERCURSO METODOLÓGICO

2.1 METODOLOGIA

O percurso realizado nesta pesquisa foi determinado por procedimentos metodológicos de abordagem qualitativa, pois tem por objetivo traduzir os sentidos dos fenômenos do mundo social; de reduzir a distância entre indicador e indicado, entre teoria e dados, entre contexto e ação (MAANEN 1979a, p.520), apontando alternativas para uma maior fidedignidade e validação das pesquisas, ao menos, aproximando os pesquisadores de uma verdade temporal através de questionário e observação sistemática.

A revisão bibliográfica foi realizada através de um levantamento do acervo referente ao tema estudado, sendo que a busca por bibliografias custou certo desgaste devido à escassez de materiais específicos, foi necessário através do uso de internet buscar artigos, revistas, entrevistas entre outros, garimpando a finco durante um ano inteiro dentro de outros temas associados à saúde indígena e antropologia para conseguir uma razoável quantidade de referencial sobre o assunto aqui discutido, pois como salienta LEITE (1997), é o método por excelência de que dispõe o pesquisador, sem com isso esgotar as outras manifestações metodológicas como as entrevistas e as técnicas etnográficas da antropologia como aporte metodológico.

Segundo KUDE apud VIDICH & LYMAN, (1994) a técnica etnográfica da antropologia é

A ciência dedicada a descrever os modos de vida da espécie humana. Refere-se então a uma descrição social científica de um povo e da base cultural de sua característica como povo. É um tipo de pesquisa que requer de quem está pesquisando a habilidade de despir-se de seus valores e interesses pessoais distanciando-se deles de tal modo a conseguir atingir um nível profundo de compreensão do grupo - a partir do interior desse grupo e não a partir de fora - que lhe permita compreender os mecanismos dos processos sociais e compreender e explicar por que tanto as pessoas quanto os processos daquele grupo são como são. (DERNTL, p.57)

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Para que fosse possível uma observação sistemática e um maior conhecimento da etnia, foi necessário ingressar como funcionária, onde devido à convivência de um ano foi possível ter uma visão muito mais próxima da realidade encontrada na Casai de Tangará da Serra.

2.2 INSTRUMENTOS UTILIZADOS

Inicialmente pretendia-se fazer uso de gravador de áudio e vídeo durante as entrevistas, mas devido às mudanças solicitadas pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) em relação à utilização de sujeitos indígenas, foi necessário um recorte do trabalho para os profissionais da enfermagem, sendo possível coletar as informações necessárias através de questionário semi-aberto, dando possibilidade ao sujeito de se sentir à vontade para comentar e enriquecer a pesquisa.

O questionário conteve nove questões com dados pessoais, seis questões com dados acadêmicos e quinze questões relacionadas com a trajetória profissional do sujeito, sendo destacado o processo cultural envolvido na pesquisa.

Juntamente com o questionário foi aplicado para todos os sujeitos um pequeno teste de múltipla escolha, contendo questões com a descrição de sintomas específicos de estresse e depressão, ao assinalar e enumerar quantas vezes apresentou as características sintomáticas na semana, foi possível obter uma noção do nível de estresse do sujeito em relação ao trabalho,

2.3 TIPOS DE SUJEITO E COLETA DE DADOS

Após o amadurecimento da idéia central, foi realizado através de questionário semi- aberto, entrevistas com os profissionais de enfermagem ligados a Casai de Tangará da Serra, sendo feito primeiramente, segundo as exigências do CEP, a formulação de um Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE), onde resumiu se o conteúdo da proposta monográfica, além do pedido da assinatura do sujeito em questão.

(24)

Enfermeiros, quatro Técnicos em Enfermagem e um Auxiliar de Enfermagem dos dez profissionais de enfermagem que ali trabalham.

A maioria das entrevistas realizadas ocorreram na Casai, localizada na rua 32, número 82 N, bairro Centro, com exceção de três entrevistas que ocorreram no domicilio dos sujeitos, Todo o período de entrevistas durou cerca de 20 dias, uma vez que para sua realização, foi preciso entrar em contato com os sujeitos antecipadamente e encontrar uma data em que pudessem estar disponíveis.

As características propostas para escolha dos sujeitos foram mantidas, havendo profissionais que atuam na área há vários anos e profissionais que acabaram de iniciar sua carreira na saúde indígena, fornecendo assim uma concepção homogenia de opiniões sobre o assunto, já que com o passar do tempo, o profissional apresenta uma visão modificada daquela de quando iniciada a carreira, o que poderia empobrecer a pesquisa.

A média de tempo para a aplicação do questionário foi de 40 minutos, onde através da observação sistemática pode se perceber que as questões utilizadas conduziram livremente os sujeitos para o tema central da pesquisa sem em nenhum momento terem sidos manipulados ou induzidos a apresentar respostas condizentes com as interrogativas hipotéticas projetadas.

(25)

CAPÍTULO III

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 ORGANIZAÇÃO E ANALISE DE DADOS

Ao realizar se as entrevistas com os profissionais de Enfermagem da Casai de Tangará da Serra foram levados em consideração alguns fatores como o tempo de serviço de cada profissional, escolaridade e se o profissional já teve contato com o atendimento aos indígenas dentro de área (reserva indígena).

No intuito de se manter em sigilo a identidade dos sujeitos, assegurando a privacidade

dos mesmos quanto aos dados confidenciais envolvidos na pesquisa, (conforme a resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde) foi utilizado para identifica los nomes fictícios relacionados à profissão de cada um através da representação de letras, sendo que os

Enfermeiros foram identificados como E1 e E2, os Técnicos em Enfermagem como T1, T2, T3,

T4 e o Auxiliar de Enfermagem como A1.

A seguir serão analisados os dados colhidos das questões abertas e fechadas com respostas dos sujeitos, observação do pesquisador, sustentação do referencial teórico e tabelas ilustrativas dos dados coletados.

Para a aplicação do questionário sobre a temática, primeiramente foi necessário conhecer o perfil desses sujeitos através de coleta de dados pessoais, onde foi possível ter uma percepção das características iniciais da personalidade e forma de viver que cada um dos sujeitos possuía. Essa classificação foi importante para se traçar o perfil sócio econômico dos profissionais pertencentes a CASAI, bem como suas perspectivas e projetos pessoais.

As características dos sujeitos de uma forma geral baseiam se em mulheres que possuem idade entre 24 e 55 anos, sendo que 5 das 7 entrevistadas estão acima dos 30 anos, em sua maioria são casadas e possuem filhos, trabalhando em dois empregos e com renda familiar em torno de 4 a 10 salários, como pode se observar no quadro abaixo:

QUADRO I

PERFIL SOCIOECONÔMICO

Faixa Etária N. de Sujeitos Casada Tem Filhos Empregos Possui 2 Renda Familiar entre 4 e 10 Salários

20 a 29 2

1 2 2 0 1 2 2 1 1 2 2 1 0 1 2 1 1 2 1 30 a 39

40 a 49 50 a 59

(26)

Quando perguntado o porquê de um segundo emprego foi unânime a resposta de que o salário ganho em apenas um serviço não é suficiente para a sobrevivência da família e não possuem segurança de permanência para abandonar o segundo serviço.

“Se agente tivesse a certeza de que não ia perder o serviço e o salário aumentasse, eu deixava o outro serviço porque onde eu gosto de trabalhar mesmo é aqui, mas agente não sabe o dia de amanhã né?” (T4)

Apesar do duplo turno de trabalho realizado por alguns sujeitos, pode se perceber através de situações observadas pelo pesquisador, que devido alguns trabalharem dentro de instituições do município, esse elo entre os dois serviços acabou garantindo algumas facilidades para o atendimento da comunidade, como a maior acessibilidade dentro das instituições, informações sobre pacientes ali internados, sendo de praxe que tais profissionais tomam para si o cuidado desses pacientes uma vez que sentem se responsáveis pelos mesmos, garantindo assim certa extensão do atendimento diferenciado recebido na Casai.

Quanto à vida profissional dos sujeitos, 2 possuem curso superior em Enfermagem, sendo que a maior parte (57%) possui o ensino médio profissionalizante em Técnico em Enfermagem, havendo apenas 1 sujeito com ensino médio incompleto (Auxiliar de Enfermagem), o que é incompatível com o grau de escolaridade exigido pela instituição.

Todos os sujeitos responderam não terem tido contato com disciplinas relacionadas à saúde indígena ou a interação com culturas e saberes divergentes em sua vida acadêmica. Percebe se que dentro dos cursos de enfermagem praticamente não existem matérias ligadas ao atendimento às comunidades indígenas, o que faz com que os profissionais saiam da sala de aula despreparados para um atendimento diferenciado a outras etnias.

(27)

“Entrei com a cara e a Coragem!” (A1)

Em outros casos a vocação foi mencionada, havendo já um contato externo com os índios em outros ambientes de trabalho, onde através da empatia com a comunidade e até mesmo a solidariedade fez parte da busca por uma vaga de emprego.

“Eu já gostava muito deles quando trabalhava só no outro serviço, sempre cuidava, „nós conversava‟ bastante, ai quando abriu uma vaga eu vim e to aqui até hoje.” (T1)

A maioria dos sujeitos já trabalhou dentro das reservas, seja como fixo ou apenas por período de cobertura, conhecendo bem o trabalho realizado em área e as dificuldades específicas locais, permitindo o recorte da pesquisa apenas para profissionais de Enfermagem que atuam hoje na Casai, pois já possuem uma visão crítica necessária para a análise.

O pouco conhecimento cultural que possuem baseia se no convívio com os indígenas, onde através do contato passaram a aprender de forma solta, ensinada pela comunidade, a língua, os costumes e crenças, sendo que dois sujeitos informaram não possuir nenhum tipo de conhecimento sobre o assunto o que gera conflitos no atendimento, pois segundo Athias e Machado (2001),

A concepção de saúde e doença entre os povos indígenas interfere no modelo já preconizado, e os profissionais de saúde, pela falta de conhecimento mais aprofundado dessas concepções, encontram dificuldade em adaptar tais modelos, provocando assim dificuldades na organização dos serviços de saúde. (ATHIAS E MACHADO, 2001 p.425)

Ao perguntar aos sujeitos se eles achavam que a diferença entre as culturas do índio e não índio atrapalhava o atendimento, a maioria dos sujeitos (4 de 7) acredita que as diferenças culturais entre os Paresís e os profissionais dificultam o atendimento de enfermagem, pois o profissional vive de forma diferente, não entendendo por muitas vezes a importância dos fatores culturais na vida indígena, vendo do seu jeito outras culturas, o que interfere na adesão do tratamento medicamentoso, sendo que segundo os sujeitos, os saberes tradicionais (rituais) e os ensinamentos dos mais antigos e/ou do pajé, podem ser contrárias as orientações de enfermagem.

(28)

Acreditam que em muitos casos o paciente não aceita o tratamento orientado por entender que trata se de doença espiritual, podendo trazer risco aos pacientes em estados mais graves.

“Sim, porque a cultura é totalmente diferente. Você sabe qual é a doença do paciente, mas ele acha que é espírito, a pajelança contamina nos casos mais sérios!” (T4)

Segundo o Ministério da Saúde,

Os sistemas tradicionais indígenas de saúde são baseados em uma abordagem holística de saúde, cujo princípio é a harmonia de indivíduos, famílias e comunidades com o universo que os rodeia. As práticas de cura respondem a uma lógica interna de cada comunidade indígena e são o produto de sua relação particular com o mundo espiritual e os seres do ambiente em que vivem. Essas práticas e concepções são, geralmente, recursos de saúde de eficácias empírica e simbólica, de acordo com a definição mais recente da Organização Mundial de Saúde. Portanto, a melhoria do estado de saúde dos povos indígenas não ocorre pela simples transferência para eles de conhecimentos e tecnologias da biomedicina, considerando os como receptores passivos, despossuídos de saberes e práticas ligadas ao processo saúde-doença. O reconhecimento da diversidade social e cultural dos povos indígenas, a consideração e o respeito dos seus sistemas tradicionais de saúde são imprescindíveis para a execução de ações e projetos de saúde e para a elaboração de propostas de prevenção/promoção e educação para a saúde adequada ao contexto local. (FUNASA,2002 p.17)

Os sujeitos que acreditam não encontrar dificuldades no atendimento de enfermagem com relação às diferenças culturais (43%), mencionam que os indígenas aceitam bem o tratamento, utilizando se de sua própria cultura apenas como complemento, podendo ter alguma dificuldade na compreensão do dialeto indígena, sendo que a maioria dos sujeitos (71%) alegaram falar e entender apenas algumas palavras da língua materna dos Paresís, tendo 29% dos sujeitos revelado que não possuem nenhum conhecimento da língua, ambos com tempo inferior a 2 anos na saúde indígena, o que confirma a hipótese de que a alta rotatividade dos profissionais são empecilhos para a compreensão do universo cultural indígena.

“Não. Porque eles aderem aos tratamentos. A pajelança cura o espírito, o médico as doenças do corpo, tá pegando a cultura do branco.” (T1)

“Não. Aceitam bem. Implementam o atendimento da minha cultura com atendimento

(29)

Langdon (1979; 1988 e 1991), confirma a impressão desses sujeitos quando refere que os índios geralmente reconhecem a eficácia da biomedicina, e normalmente há uma relação de complementaridade entre as duas medicinas na procura de tratamento.

Apesar de avaliarem (71%) como boa a assistência oferecida aos Paresís, acreditam que os mesmos nunca estão satisfeitos com o atendimento, parte dessa avaliação segundo os sujeitos, esta relacionado com o fato dos indígenas não entenderem como funciona o processo do SUS e a transição da responsabilidade da saúde indígena, antes pertencente a FUNASA para a SESAI .

“Falta definir quem vai administrar, não sabem como tá a transição, até um mês atrás era ótima, ninguém sabe para onde vai, não entendem o SUS.” (T2)

“A população apesar do atendimento ser bom nunca esta satisfeito.” (E1)

Os fatores que atrapalham o desenvolvimento das ações em saúde implantada aos Paresís, na opinião dos sujeitos estão relacionados primeiramente as diferenças culturais, pois alguns indígenas não aderem ao tratamento, possuindo dificuldade de entender a burocracia gerada pelo SUS, ocasionada pela morosidade quando se refere à central de regulação do município, em muitos casos o andamento dos dispositivos burocráticos que existem para realização de procedimentos como exames, cirurgias e avaliações com especialistas médicos, demoram meses ou até mesmo anos, o que leva a uma enorme pressão dos representantes políticos da comunidade sobre os profissionais da CASAI, essa pressão aumenta ainda mais se o individuo tiver algum parentesco com os representantes políticos locais.

Se por um lado há demora na liberação de guias pelo SUS, por outro lado existe a dificuldade em buscar esses pacientes, devido a pouca quantidade e o estado de conservação de carros por causa das condições das estradas, bem como a ausência de rádios na CASAI e em algumas aldeias, o que impede a comunicação imediata, pois por muitas vezes a liberação de guias ocorre muito próximo da data do procedimento, não dando tempo de avisar ao

paciente. O carro vai busca lo, porém não o encontra,ocasionando a perda do procedimento,

que tem de ser reagendado, o que pode demorar muito tempo, piorando o estado de saúde do paciente levando a revolta da comunidade.

(30)

QUADRO II

INTERFERÊNCIAS E SOLUÇÕES APONTADAS PELOS SUJEITOS Interferência Sujeitos % Solução Sujeitos %

Diferenças Culturais 100 Capacitação Profissional 100

Deficiência na Estrutura

Física 86 Aumento de Construção Adequada 86

Rotatividade de Profissionais 71 Concurso Público com Salários Compatíveis a Profissão 57 Falta de Comunicação 71 Instalação de Rádios na CASAI e aldeias 57

Política Local Indígena 43 - 00

Discriminação Racial por

Parte da Sociedade 43 Respeitar População indígena como Iguais 14

Dificuldade com Transporte 43 - 00

Número Insuficiente de

Profissionais 43 Aumento do Quadro de Funcionários 43

Dificuldade e Morosidade do

Atendimento no Município 29 Melhora do atendimento e Agilidade da Saúde Pública 14 Falta de Colaboração dos

Índios 29 - 00

Fonte: Questionário aplicado/Adaptado pelo pesquisador/2011

Percebe se que os sujeitos possuem consciência de que existem diferenças culturais que interferem no atendimento em saúde as comunidades indígenas e que parte do motivo está ligada ao fato de não haver qualificação profissional específica quanto à antropologia indígena, pois se houvessem capacitações específicas quanto à história da população local, seria possível entender os motivos que levam a comunidade a comportar se de tal forma, criando assim mecanismos de abordagem condizentes com aquilo que a população Paresí almeja encontrar.

Se existe conhecimento cultural por parte dos profissionais, estes deixaram bem claro que é resultado do convívio em longo prazo com os Paresís, sendo que a alta rotatividade dos profissionais impede que haja uma continuidade na qualidade do atendimento, pois quando o profissional está criando um vinculo com a comunidade acaba deixando o serviço, levando a um circulo vicioso resultando em um atendimento muito mais emergencial do que preventivo.

(31)

Para os sujeitos, a criação de planos de carreira através de concursos públicos resolveriam a questão, pois além de haver uma maior seleção para a inclusão de profissionais na saúde indígena, o que melhoraria a qualidade do atendimento, traria também estabilidade para os funcionários, quebrando assim o ciclo de rotatividade de recursos humanos, uma vez que a quantidade de “aventureiros” que buscam na saúde indígena uma forma de ganho pra propulsão profissional é muito grande.

“Rotatividade de profissionais [...] aprende na pratica [...] quando acostuma sai.” (T2)

Segundo os profissionais entrevistados, a CASAI de Tangará da Serra não comporta o fluxo de pacientes que necessitam de atendimento, o que sobrecarrega todo o sistema, uma vez que a partir do pressuposto de que a estrutura é inadequada e o numero de profissionais é inferior ao necessário, há o comprometimento da assistência.

Quanto ao atendimento nas instituições de saúde, para os sujeitos a contratação de médicos fixos para a CASAI e Pólos Bases, amenizaria em muito a questão da deficiência no atendimento das instituições públicas, evitando longos períodos de espera em filas e o constrangimento que por muitas vezes ocorre devido ao racismo por parte de boa parte da população que também encontra se a espera de atendimento e até mesmo por parte de alguns profissionais que não possuem conhecimento da realidade indígena.

(32)

CONCLUSÃO

O presente estudo atingiu o objetivo proposto, ao identificar que existem conflitos culturais que dificultam o atendimento realizado aos índios Halití Paresí, sendo confirmadas às hipóteses de que esses conflitos são resultantes das dificuldades encontradas pela equipe de enfermagem devido às diferenças culturais entre índios e não índios.

A atenção que os índios Paresí recebem hoje das equipes de enfermagem, não é ainda aquela idealizada, isto é percebido pelos próprios profissionais que demonstram senso crítico

ao discutir sobre o tema, podendo o fato de acreditar que “os índios nunca estão contentes” ser

uma prerrogativa dessa ineficiência.

Conhecer a cultura da população com quem a enfermagem atua demonstrou se aos olhos do pesquisador essencial, pois não pode existir uma implantação eficaz na atenção aos povos indígenas sem o respeito da sua forma de viver, e como seria possível a esses profissionais respeitarem o que não conhecem?

O conhecimento científico é de grande importância para qualquer profissional, mas somente ele não trará qualidade para o atendimento as comunidades indígenas, sendo necessária sua fusão com os saberes tradicionais, reconhecendo a cultura local, respeitando suas características, o que fará com que haja adesão por parte da comunidade, não devendo

ser esse conceito interpretado como paternalismo, mas sim mecanismo básico de

harmonização e complementaridade para condições de assistência digna aos povos indígenas. Se não houver um desprendimento de crenças e costumes próprios e a vontade incessante de aperfeiçoar se no conhecimento cultural de cada etnia, compreendendo suas necessidades e respeitando suas crenças, não haverá atendimento qualificado para a população indígena.

É de extrema necessidade que as instituições de ensino passem a apresentar em sua grade curricular disciplinas que discutam e ensinem aos futuros profissionais de saúde sobre as questões aqui envolvidas, principalmente as universidades do Estado do Mato Grosso, uma vez que a maior parte da população indígena do país encontra se nessa região.

(33)

estabilizar financeiramente, como observado muitas vezes dentro de sala de aula através de relatos de alunos que dizem que ao se formar irão para o interior do país para juntar dinheiro através do trabalho com saúde indígena, sendo poucos os que possuem objetivo de fixar carreira na área.

O fato das autoridades federais responsáveis pela saúde indígena terceirizarem o atendimento a comunidade, acaba retrocedendo a evolução da qualidade dos serviços prestados aos indígenas por haver todo um processo de adaptação cada vez que uma nova ONG assume a prestação do serviço, através das mudanças relacionadas a recursos humanos, demora de repasse de verbas entre outros, como demonstrado neste trabalho, o que nos leva a pensar sobre a continuidade do circulo vicioso na troca constante de profissionais, neste caso aqui apresentado com a saída de parte dos profissionais que participaram como sujeito desta pesquisa e que possuíam experiência de até dez anos no atendimento aos Paresís

Muito mais importante do que a confirmação das hipóteses apresentadas, foi a descoberta de que não somente os conflitos culturais interferem no atendimento, mas que existem muito mais complicações envolvidas do que se pensava inicialmente, como fatores ligados a transporte e estrutura física em que são atendidos os pacientes, bem como o perfil dos profissionais que trabalham com atendimento a saúde indígena, o que deixa claro que o que vemos hoje no atendimento prestado é apenas o reflexo das falhas que existem dentro das políticas de saúde e que levam a essa situação.

(34)

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VERGARA, Sylvia Constant. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. 4. ed.

(39)

ANEXOS

(40)

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE ESCLARECIDO

Você está sendo convidado(a) para participar, como voluntário, em uma pesquisa.

Após ser esclarecido(a) sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, em que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra do pesquisador responsável.

Em caso de recusa você não será penalizado (a) de forma alguma. Em caso de dúvida você pode procurar os responsáveis pela pesquisa abaixo ou o Comitê de Ética em Pesquisa da

Unemat pelo telefone: (65) 3221 0000 ou pelo e-mail: cep@unemat.br.

INFORMAÇÕES SOBRE A PESQUISA

Título do projeto:

HALITÍ-PARESI: A SAÚDE INDÍGENA ENTRE OS SABERES TRADICIONAIS E

CIENTÍFICOS

Responsável pela pesquisa:

Raimundo Nonato Cunha de França

R. 23, Nº 467S, Jd Shangrilá, Tangará da Serra – MT CEP: 78300 000 Fone:(065)3326 9862 Email: raimundofrança@hotmail.com

Equipe de pesquisa:

Quéli Aparecida Kolodzey Carlotto (Co orientadora)

R. Antonio José da Silva, Nº 1494N, Jd. Paraíso, Tangará da Serra - MT Fone: (065) 3329-1820 E-mail: quelikc@hotmail.com

Evelyn Fabrini Gaspar (orientanda)

R. 35, Nº 1329s Jd. Tapirapuã, Tangará da Serra - MT

(41)

Este projeto possui o objetivo de analisar os fatores culturais conflitantes na execução do

plano de ação da Equipe de Enfermagem dentro do atendimento ao povo Halití – Paresí que

possam impedir ou prejudicar a eficiência do mesmo.

Esta entrevista tem por objetivo coletar informações daqueles que vivenciam a saúde indígena para analisar se existe interferência na execução do serviço em saúde para os povos Paresís relacionados com as diferenças culturais entre o índio e o não índio.

As entrevistas serão gravadas através do uso de câmera de áudio e vídeo e gravador digital, garantindo assim a qualidade da entrevista, sendo realizadas em ambiente silencioso. Será direcionada por questionário pré - estabelecido, as questões servirão apenas para nortear a entrevista, fazendo com que o sujeito sinta se a vontade para comentar e enriquecer a pesquisa. Não haverá exposição do material coletado, mantendo assim o anonimato do entrevistado, arquivando os apenas para fins legais solicitados pelo comitê de ética.

Os entrevistados serão aqueles que se dispuser a contribuir com a pesquisa não sofrendo nenhum tipo de ônus no caso de recusa. Da mesma forma os sujeitos que se prontificarem a participar da pesquisa estarão isentos de qualquer tipo de risco, visto que as entrevistas serão realizadas nos locais onde os sujeitos se encontrarem, sendo o pesquisador responsável por se deslocar até os locais das entrevistas, podendo ser a Casai de Tangará da Serra, casa de qualquer funcionário que se disponibilize ou local pré-definido pelo sujeito desde que fora de reservas indígenas. A escolha do tipo de sujeito será realizada de acordo com o as características de cada indivíduo levando se em conta que provavelmente existam diferenças de opiniões entre profissionais da enfermagem que possuem convivência a muito tempo com os Paresís e aqueles que trabalham a menos tempo com os mesmos. Essa classificação foi necessária para que os dados recolhidos na pesquisa sejam os mais fidedignos possíveis.

Através deste projeto esperamos possibilitar ao poder público maior conhecimento sobre a temática, fomentando ações diretas ou indiretas, estimulando meios de contatos mais interativos entre os profissionais e os indígenas.

A coleta de dados terá previsão de inicio a partir do mês de Dezembro/11, os sujeitos da pesquisa poderão retirar seu consentimento com a pesquisa a qualquer momento, sem nenhum tipo de prejuízo, sendo lhes garantido o sigilo.

(42)

Local e data: _________________________

Nome e assinatura do sujeito ou responsável:

________________________________________

Nome e assinatura do responsável pela pesquisa:

______________________________________

(43)
(44)

QUESTIONÁRIO DE PESQUISA DIRECIONADO AOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM PERTENCENTES À SAÚDE INDÍGENA DE TANGARÁ DA

SERRA - MT

Data do preenchimento do questionário: ___/___/___ Horário: ___:___

1. DADOS PESSOAIS:

Nome: ______________________________________ Tel.: _______________________

Sexo: M ( ) F ( ) Idade: _____

Estado civil: _____________ Tem filhos/as: Sim ( ) Não ( ) Quantos? ________

Você se considera:

Indígena ( ) Negro/a ( ) Pardo/a ( ) Amarela/o ( ) Mulata/o ( ) Branco/a ( )

Qual sua faixa salarial?

Até 01 salário mínimo ( ) 01 a 03 salários mínimos ( ) 04 a 10 salários mínimos ( ) Acima de 10 salários mínimos ( )

Qual sua renda familiar?

Até 01 salário mínimo ( ) 01 a 03 salários mínimos ( ) 04 a 10 salários mínimos ( ) Acima de 10 salários mínimos ( )

2. FORMAÇÃO:

Escolaridade: Ensino Fundamental ( ) Ensino Médio ( ) Ensino Superior: ( )

Situação: Completo ( ) Incompleto ( )

Curso: _____________________________________________________________________

Conclusão: ___/___/___

Especialização:Pós-Graduação ( ) Mestrado ( ) Doutorado ( )

Especialização em: ___________________________________________________________

3. PROFISSÃO:

Tempo de serviço na área da saúde: ____________________________________________

(45)

Local atual onde trabalha e função:_____________________________________________

Tem outra atividade remunerada?

Sim ( ) Não ( ) Se sim, qual: ______________________________________________

Começou a trabalhar com Saúde Indígena por qual motivo:

Vocação ( ) Salário ( ) Vaga disponível ( ) Precisava trabalhar ( ) Outros ( )

Se outros, justificar: _________________________________________________________

Recebeu algum tipo de capacitação para interagir com pacientes de culturas diferentes durante sua formação acadêmica?

Sim ( ) Não ( )

Se sim, qual?________________________________________________________________

Recebeu algum tipo de capacitação pela empresa onde trabalha sobre a interação com pacientes indígenas e /ou características culturais específicas do povo Paresí?

Sim ( ) Não ( )

Justifique: _________________________________________________________________

Gosta de atuar na Saúde Indígena?

Sim ( ) Não ( ) Indiferente ( ) Outros ( )

Se outros, justificar: _________________________________________________________

Como você avalia o seu relacionamento com o Povo Paresí:

Ruim ( ) Bom ( ) Excelente ( )

Justifique:__________________________________________________________________

Você fala a língua Paresí?

Sim ( ) Não ( ) Algumas palavras ( )

Você entende a língua Paresí?

Sim ( ) Não ( ) Algumas palavras ( )

Você conhece a história e cultura do Povo Paresí?

Sim ( ) Não ( )

Como adquiriu tal conhecimento?______________________________________________ ___________________________________________________________________________

Você acha que as diferenças culturais entre os Paresís e os profissionais dificultam o atendimento de enfermagem?

Referências

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