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Academic year: 2021

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Apresentação 3

PIBID NA ESCOLA II

Oficinas Didáticas de Filosofia

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Apresentação 5

Célia Machado Benvenho Douglas Antonio Bassani Nelsi Kistemacher Welter

Organizadores

PIBID NA ESCOLA II

Oficinas Didáticas de Filosofia

Primeira Edição E-book

Toledo - PR 2018

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6 PIBID na Escola II Copyright 2018 by

Organizadores

EDITORA:

Editora Mundo Hispânico Ltda.

CONSELHO EDITORIAL:

Dr. José Beluci Caporalini – UEM Dr. José Francisco de Assis Dias - UNIOESTE

Dra. Lorella Congiunti – PUU – Roma

REVISÃO ORTOGRÁFICA:

Prof. Luciana Bovo Andretto

CAPA, DIAGRAMAÇÃO E DESIGN:

Pibid Unioeste - Filosofia

Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)

Rosimarizy Linaris Montanhano Astolphi Bibliotecária CRB/9-1610

Todos os direitos reservados aos Organizadores.

PIBID na escola II: oficinas didáticas de P584 filosofia. / organizadores, Célia Machado Benvenho, Douglas Antonio Bassani, Nelsi Kistemacher Welter. – 1. ed. e-book – Toledo, PR.: Indicto, 2018.

152 p.: il: color.

Modo de Acesso: World Wide Web: <http://www.vivens.com.br> ISBN: 978-85-54884-12-3

1. Filósofos. 2. Filosofia. I. Título.

CDD 22. ed. 100

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Os artigos publicados são de inteira responsabilidade de seus autores. As opiniões neles emitidas não exprimem, necessariamente, o ponto de vista das Organizadoras.

Apoio Financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES

Realização: Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência – PIBID/Unioeste Rua Universitária, 1619 – Jardim Universitário – CEP 85819-100 – Cascavel-PR E-mail: pibid@unioeste.br

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Apresentação 9

Agradecimentos

Agradecemos o apoio fundamental e motivador da Coordenação de Aperfeiçoamento Pessoal de Nível Superior (CAPES), da Coordenação geral do projeto PIBID-UNIOESTE, de todas as Escolas de Toledo conveniadas ao nosso Programa e de quem mais, direta ou indiretamente, contribuiu na realização da presente publicação.

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Apresentação 11

SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO ... 13 I EXISTENCIALISMO: ANGÚSTIA DA ESCOLHA ... 17 II DESVENDANDO AS LIÇÕES DO ZOON POLITIKON DE ARISTÓTELES: VOCÊ É UM CIDADÃO POLÍTICO? ... 33 III KANT: O QUE É O ESCLARECIMENTO? ... 53 IV UMA NOVA VISÃO DOS CONCEITOS

MAQUIAVELIANOS A PARTIR DA ILÍADA ... 73 V A DÚVIDA METÓDICA DE RENÉ DESCARTES ... 101 VI MICHEL FOUCAULT: PODER E SABER ... 119 VII A EDUCAÇÃO ESTÉTICA DO HOMEM EM FRIEDRICH SCHILLER ... 133

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12 PIBID na Escola II

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APRESENTAÇÃO

Célia Machado Benvenho1

Nelsi Kistemacher Welter2

Douglas Antonio Bassani3

O projeto PIBID-Unioeste em vigor foi elaborado com base no edital 61/2013 da Capes e na Portaria nº 096, de 18 de julho de 2013, tendo como finalidade apoiar a formação de estudantes dos cursos de licenciatura e contribuir para elevar a qualidade da Educação Básica nas escolas públicas. Não há dúvidas de que a criação do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à docência – PIBID, vinculado à Fundação CAPES, constituiu em um empreendimento sem precedentes na história de nossa educação, quando as políticas educacionais em nosso país atentaram para a necessidade de valorizar e aperfeiçoar a formação das licenciaturas, inclusive fomentando com bolsas.

Na UNIOESTE o programa está estruturado em subprojetos vinculados aos diferentes cursos de licenciatura presentes nos seus cinco campi, o que lhes garante suas particularidades. O subprojeto PIBID-Filosofia, no campus de Toledo, passou por mudanças significativas a partir desse novo edital, principalmente no que se refere à ampliação no número de vagas para acadêmicos bolsistas, que passou de vinte e quatro para quarenta e dois; extensão do raio de atuação do projeto para oito escolas, o que, consequentemente, ampliou a participação de um maior número de professores-supervisores (agora oito professores de filosofia) e três coordenadores de área no programa (professores do curso de Filosofia da instituição)4. Se levássemos em conta somente as mudanças decorrentes dessa ampliação, já teríamos justificativas suficientes para a defesa do programa junto às licenciaturas. Isso porque, além de termos,

1 Professora da Unioeste e coordenadora do Subprojeto Pibid-filosofia do campus de

Toledo. E-mail: celia.benvenho@gmail.com

2 Professor da Unioeste e coordenador do Subprojeto Pibid-filosofia do campus de

Toledo. E-mail: douglasbassani@uol.com.br

3 Professora da Unioeste e coordenadora do Subprojeto Pibid-filosofia do campus de

Toledo. E-mail: nk.welter@hotmail.com

4Algumas mudanças implantadas no Projeto Pibid/filosofia já foram indicadas na

Apresentação do primeiro livro do projeto: PIBID na escola: oficinas didáticas de filosofia. Porto Alegre: Evangraf: Unioeste, 2016.

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14 PIBID na Escola II

com tal medida, mais acadêmicos do curso contemplados pelo programa (contando, inclusive, com o incentivo da bolsa de estudos, que significa para a grande maioria a única assistência financeira), a oportunidade de ampliação da participação de acadêmicos de licenciatura, professores do Ensino Médio e dos próprios professores do curso de Filosofia da UNIOESTE, possibilitou um maior intercâmbio entre a universidade e as escolas da rede pública estadual de Toledo, já que o Programa se volta à atuação direta nessas escolas.

Em 2015, o PIBID-Filosofia da UNIOESTE operou em oito escolas do município de Toledo, mantendo o total de número de bolsistas, são eles: Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva, no Loteamento São Francisco; Colégio Estadual Jardim Europa, no Bairro Santa Clara IV; Colégio Estadual Novo Horizonte, no Jardim Coopagro; Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, no bairro Jardim Porto Alegre; Colégio Estadual Luiz Augusto Morais Rego, no Centro; Colégio Estadual Dario Vellozo, no Centro; Colégio Estadual Senador Attílio Fontana, no bairro Vila Pioneira; e Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, no Jardim La Salle.

As atividades desenvolvidas pelo PIBID-Filosofia no decorrer de 2015 foram semelhantes às desenvolvidas em 2014, mas com uma preocupação maior de ter um “PIBID mais presente nas escolas” e o aluno de iniciação à docência mais presente em sala de aula, vivenciando a docência desde o primeiro ano do curso. O trabalho com as oficinas didáticas em 2014 se mostrou uma excelente atividade formativa tanto para os alunos bolsistas como para os professores supervisores, tanto que o repetimos em 2015. Além de pensar em novas metodologias de trabalho com a filosofia no Ensino Médio, buscando tornar as aulas de Filosofia um ambiente propício para a experiência filosófica, o trabalho com as oficinas ainda tem como resultado a criação de material didático alternativo para o ensino de filosofia nas escolas.

No tocante à metodologia de trabalho das oficinas, adotamos a mesma de 2015: trabalhar com textos básicos de filosofia presentes na Antologia de textos filosóficos5, relacionando-os ao planejamento do professor

de filosofia para a disciplina na escola. Mantivemos a divisão das mesmas em quatro momentos didáticos: sensibilização ou mobilização, problematização, investigação e criação de conceitos6, não só por

5 A Antologia de textos filosóficos é obra editada pela Secretaria do Estado da Educação do Paraná – SEED-PR no ano de 2009. Cf. PARANÁ, Secretaria de Estado da Educação (2009). 6 Esta estratégia metodológica é também proposta pelas Diretrizes Estaduais da

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Apresentação 15

acreditarmos nesta estratégia de trabalho, mas por verificar as dificuldades em executá-la por parte significativa dos professores de Filosofia no Ensino Médio.

Este livro reúne um conjunto de relatos de experiência das Oficinas didáticas desenvolvidas pelos bolsistas de iniciação à docência nas escolas conveniadas sob a orientação dos professores supervisores e dos professores coordenadores do Projeto PIBID-Filosofia UNIOESTE no ano de 2015. O primeiro capítulo, dedicado ao filósofo francês Jean-Paul Sartre, foi trabalhado pelo grupo do Colégio Estadual Jardim Europa, sob o título Existencialismo: Angústia da Escolha. O segundo capítulo traz como título Desvendando as lições do Zoon Politikon de Aristóteles: você é um cidadão político?, desenvolvido pela equipe do Colégio Estadual Dario Vellozo, a partir de excertos da obra Política de Aristóteles. O título Kant: O que é o esclarecimento? nomeia a oficina do grupo PIBID atuante no Colégio Estadual Ayrton Senna da Silva. Ocupando-se igualmente do tema da política, a equipe do Colégio Estadual Luiz Augusto Morais Rego, tomou o capítulo sobre Maquiavel para desenvolver sua oficina, cujo título é Uma nova visão dos conceitos maquiavelianos a partir da Ilíada. A equipe do Colégio Estadual Jardim Porto Alegre, trabalhou a temática Michel Foucault: poder e saber; e o título A dúvida metódica de René Descartes nomeia o capítulo trabalhado pela equipe do Colégio Estadual Novo Horizonte. Finalmente, a oficina apresentada pela equipe do Colégio Presidente Castelo Branco compõe o último capítulo desse livro com o título A educação estética do homem, em Friedrich Schiller.

metodológicos. Disponível em:

http://www.educadores.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/diretrizes/dce_filo.pdf; p.59. Acesso em: 15/06/2015.

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I

EXISTENCIALISMO: ANGÚSTIA DA ESCOLHA

Ângela Maria da Silva1

Josiane Silva2

Lincoln Carvalho3

Silmara de Oliveira Pereira4

Thaís Cristina Silva5

Marcia Cristina Rodrigues da Silva da Conceição6

PIBID/Filosofia Colégio Estadual Jardim Europa INTRODUÇÃO

A Oficina Didática de Filosofia “Existencialismo: Angústia da Escolha” foi aplicada pelo PIBID-Filosofia/UNIOESTE aos alunos do segundo ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Jardim Europa (CEJE), Toledo-PR. A Oficina teve como ponto de partida excertos da obra do filósofo Jean-Paul Sartre (1905-1980) extraídos da Antologia de Textos Filosóficos, publicada pela Secretaria de Estado da Educação do Paraná, mais precisamente excertos da obra O existencialismo é um humanismo (1952). Neste sentido, a pretensão da oficina foi possibilitar aos alunos o contato com elementos fundamentais da filosofia sartreana. Para tanto, utilizou-se termos como Liberdade, Escolha, Essência, Existência, Angústia e Má-fé, sendo expostos de forma didática para uma melhor compreensão dos alunos. Toda a oficina foi permeada pela sensibilização, com o intuito

1 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmico (a) do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

2 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmico (a) do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

3 Bolsista de Iniciação à Docência PIBID Filosofia e acadêmico (a) do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

4 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmico (a) do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo

5 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmico (a) do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

6 Professora de Filosofia no Colégio Estadual Jardim Europa, em Toledo; professor

supervisor do Subprojeto PIBID Filosofia da UNIOESTE; e-mail: marcialouise@yahoo.com.br.

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18 PIBID na Escola II

de mobilizar e despertar o interesse dos alunos a partir de uma realidade concreta, contribuindo, desta forma, com a aprendizagem do conteúdo filosófico a ser tratado.

Com isto, pretendeu-se levar os participantes a compreenderem que a liberdade lhes é fornecida através da escolha e da obrigação de exercê-la enquanto sujeito no mundo. Mesmo quando o homem nega a liberdade a si mesmo, o faz por meio da escolha própria. Pretendemos, assim, possibilitar o questionamento sobre os motivos pelos quais somos obrigados a fazer escolhas, a ser também condenados à liberdade, entendendo o homem como um projeto inacabado e mostrando que as nossas escolhas particulares interferem no todo. Através desta dinâmica, chegamos à compreensão da angústia causada pela escolha realizada pelo próprio sujeito e pelo outro. De acordo com Sartre, toda escolha deve ser fundamentalmente orientada pela razão, e isso permite ao homem saber qual é a melhor escolha.

PÚBLICO ALVO:

Oficina aplicada ao 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Jardim Europa (25 alunos), com participação de alunos da Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE e professores da rede estadual de ensino. TEMPO: 1h30min.

OBJETIVOS:

• Proporcionar momentos em que os alunos possam debater e dialogar questões de cunho filosófico, através de atividades que fogem do cotidiano habitual da sala de aula;

• Oportunizar aos alunos à leitura de textos filosóficos extraídos da obra Antologia de textos filosóficos;

• Introduzir os alunos ao pensamento existencialista de Sartre através do contato com sua obra, potencializando os conceitos filosóficos a partir de metodologias diferenciadas;

• Suscitar a reflexão acerca de ideias pré-concebidas em relação à liberdade da escolha;

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Existencialismo 19

• Apresentar o conceito sartreano de liberdade como fundamento do existencialismo.

RECURSOS DIDÁTICOS: quadro, giz, projetor multimídia, pen drive, computador, caixa de som, folha sulfite, tecido TNT, Antologias (de acordo com a quantidade de alunos), roupas para caracterizar os integrantes do teatro (soldado, mãe), caixa pequena encapada, que servirá de recipiente para colocar os recortes com possíveis resultados do que poderia ter ocorrido para os que escolheram ir para a “Guerra”.

DESENVOLVIMENTO / METODOLOGIA 1ª ETAPA: SENSIBILIZAÇÃO

A sensibilização ocorreu através de um teatro, em que cada integrante do PIBID interpretou um papel no desenvolvimento da peça. Foi encenado, com pequenas alterações, um exemplo dado por Sartre na entrevista O Existencialismo é um Humanismo. Um estudante de Sartre o teria consultado sobre o dilema entre abandonar o lar para lutar contra as tropas alemãs, ou ficar em casa cuidando da mãe, que perdera o outro filho, seu irmão, na invasão da França. Jean, o nome que atribuímos, não por coincidência, ao protagonista – neste caso o aluno e não o filósofo – começa sentado numa cadeira, com um olhar vago, quando bate à porta o carteiro, trazendo notícias:

Narrador: – Mil novecentos e quarenta. O mundo assiste o deflagrar de uma guerra mundial. Após anexar regiões próximas e invadir a Polônia, a Alemanha nazista, sob o comando de Adolf Hitler, volta-se para a França. Enganando os franceses e driblando suas linhas de defesa mais fortes, os alemães invadem a Bélgica e, de lá, invadem a França, que em pouco tempo cai perante a guerra relâmpago alemã. Entre muitas tragédias, um jovem francês, Jean, vivendo com a mãe após o abandono do pai traidor e que, enquanto o irmão luta na guerra, é colocado num profundo dilema. (Batem na porta; o jovem caminha e atende)

Jean: – Pois não? Ah, uma carta. Merci. (Fecha a porta, abre a carta) Jean: – Notícias de meu irmão. Vejamos... Món Dieu! Meu irmão está morto. Assassinado pelos malditos alemães! Ah, o que direi a minha mãe? Ela ficará com o coração despedaçado, a coitada! E eu... o que devo fazer agora?

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20 PIBID na Escola II Militar: – Mas não está claro? Há apenas um rumo a tomar! Você deve alistar-se o quanto antes no Exército e vingar o seu irmão! Você tem que servir a sua pátria amada, pela qual ele deu a vida!

Maternal: – Não! Você está louco? Você precisa ficar com a sua mãe, obviamente! Ela ficará muito abalada, e só tem a você agora. Não pode abandoná-la e ir para a guerra, ela entraria em desespero!

Militar: – O seu dever vem primeiro! Lutar pela França é lutar para honrar seu irmão e todos os outros que se sacrificaram; e também para proteger sua mãe e todos os franceses, desde as crianças aos idosos. Como você poderia ser egoísta e dar as costas a todos eles? Deixar todos eles, além de você mesmo, serem subjugados e espezinhados pelos nazistas?

Maternal: – E se você morrer? Como fica sua mãe? Ela também morrerá de dor e solidão. É isso que quer? Ficar com ela, protegê-la do que der e vier é o que você tem que fazer! Ela sempre cuidou de você, desde que seu irmão e você nasceram ela dedicou-se a vocês, e é isso que quer dar em troca por tudo o que ela fez? Dois caixões?! Não! Você não pode deixá-la.

Militar: – Está com medo, é? Não arranje desculpas! Você vai lutar com coragem como seu irmão, ou dar as costas à sua pátria como seu pai? Vá lutar!

Maternal: – Sua mãe já pagará um preço alto demais nesta guerra com a morte de seu irmão. Ela precisa de você para aguentar esta perda e o que mais vier. Fique com sua mãe.

Jean: – Eu quero, mas também quero ir à luta! Não sei, não sei o que fazer... Militar: – Vá para a guerra!

Maternal: – Fique com sua mãe! Militar: – Vá para a guerra!

Maternal: – Fique com sua mãe! (Congela a cena)

Narrador: – E vocês? O que vocês acham que Jean deve fazer? O que vocês fariam no lugar dele?

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Figura 1 - Oficineiros encenando o teatro Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Enquanto aconteciam as cenas, simultaneamente, e como pano de fundo, era exibido um vídeo com cenas de guerra e um fundo musical, conforme os fatos vivenciados na representação dos atores. É importante destacar na atuação o sofrido dilema que atormenta o jovem, pois um dos pontos que será reiteradamente trabalhado é que a liberdade das escolhas humanas não implica na gratuidade das mesmas: elas se dão entre dificuldades, imposições, penalizações e riscos. Outro ponto igualmente importante é a questão moral: nenhuma das opções de Jean, escolhidas com convicção, pode ser declarada como certa ou errada.

No final do teatro, a narradora lança uma questão a cada aluno/a da turma: "E vocês? O que fariam no lugar de Jean?"

Para responder a tal questão os alunos são divididos em dois grupos, conforme as respostas dadas: os que escolhem ir para a guerra sentam-se à direita da sala; os que optam por ficar com a mãe sentam-se à esquerda. Após isto é feito um questionamento simples: pede-se aos alunos de cada grupo que se manifestem, que apresentem palavras que justifiquem sua escolha, por exemplo, "Patriotismo", "Justiça", "Liberdade", entre os que escolheram ir para a guerra, e "Amor", "Dívida", "Segurança", entre os que escolheram ficar cuidando da mãe. Na etapa da conceituação será apontado como, para Sartre, não se pode atribuir a nenhum destes valores e motivações a causa direta da escolha, já que esta está na escolha em si.

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22 PIBID na Escola II

2ª ETAPA: PROBLEMATIZAÇÃO

A problematização foi realizada no decorrer da sensibilização, na medida em que os alunos foram confrontados com duas escolhas possíveis, a fim de se posicionarem frente a cada uma das alternativas expostas no teatro. À medida que eles decidiam, um oficineiro questionava a base que sustentava a escolha do aluno. Em seguida, anotava no quadro as informações para posteriormente serem indagadas. Após este momento fez-se uma breve apresentação da biografia de Sartre através de um cartaz confeccionado com tecido de TNT, no qual se colou o nome da oficina: “Existencialismo: Angústia da escolha”, uma foto de Sartre e seu nome completo “Jean Paul Sartre”. Esse tecido com as imagens permanece pendurado de um lado do quadro durante toda a oficina com o objetivo de direcionar apontamentos a biografia sempre que se estiver mencionando e explicando aspectos importantes do pensamento do filósofo.

Figura 2 - Cartaz sobre a biografia de Jean-Paul Sartre Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

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Existencialismo 23

3ª ETAPA: INVESTIGAÇÃO

Nessa etapa, um dos integrantes do grupo fez uma breve exposição para os alunos sobre o pensamento de Sartre. Para tanto, fez-se uso da Antologia, mencionando fragmentos do texto do próprio autor, visto que até aqui foi apresentada apenas a sua biografia. Para tal investigação, foi tomado como material base o texto O Existencialismo é um Humanismo, obra na qual Sartre tenta responder às inúmeras críticas recebidas a partir da divulgação da doutrina existencialista em O Ser e o Nada. O filósofo empreende tal obra como a oportunidade de nos mostrar o otimismo inerente ao existencialismo, pois tal corrente de pensamento coloca o homem no centro de suas próprias escolhas – descartando o apoio em um além-mundo, em Deus ou em uma natureza humana dada – , embora nos mostre que esse homem é também angústia. Pretendemos relacionar angústia e liberdade, assim como o fez Sartre, mostrando como a primeira é condição da livre ação.

Para dar continuidade à investigação, explicou-se para os alunos a metodologia de trabalho: os alunos foram divididos em grupos de cinco (05) pessoas, recebem uma folha com duas questões previamente impressas para que, a partir da leitura dos fragmentos encontrados nas páginas 620 a 624 da Antologia, pudessem debater e apresentar respostas para as seguintes questões:

• Por que o homem é condenado a ser livre? • Por que escolher é angustiante?

Cada grupo contou com a presença de um dos integrantes do PIBID-Filosofia, cujo objetivo era o de orientar a leitura dos excertos do texto, explicá-lo quando necessário e ajudar a sanar possíveis dúvidas levantadas pelos alunos durante as leituras.

Os grupos escolhem um relator para apresentar ao grande grupo as contribuições de sua equipe.

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Figura 3 - Leitura dos excertos da Antologia de textos filosóficos Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

4ª ETAPA: FORMAÇÃO DE CONCEITOS

A etapa da conceituação teve início a partir das contribuições das equipes. Enquanto cada relator liderado por um dos oficineiros expunha as respostas de seu grupo, outro oficineiro escrevia no quadro as ideias centrais de cada grupo. Liderados por um dos bolsistas, deu-se continuidade à leitura e explicação de outros excertos da obra de Sartre, dessa vez mais próximos dos exemplos abordados na sensibilização, para mostrar o objetivo sartreano em seu existencialismo. Lembrando que as ideias de cada grupo iam sendo retomadas sempre que necessário. Para tanto, utilizou-se slides preparados pelos bolsistas, sendo que os mesmos foram projetados através do multimídia. Segue a sequência dos slides trabalhados:

Existência precede a essência:

Que significará aqui o dizer-se que a existência precede a essência? Significa que o homem primeiramente existe, se descobre, surge no mundo; e que só depois se define. O homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada. Só depois será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há

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Existencialismo 25 natureza humana, visto que não há Deus para a conceber. (SARTRE, 1973, p. 12).

Responsabilidade da escolha:

[...] se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que ele é. Assim, o primeiro esforço do existencialismo é o de pôr todo homem no domínio do que ele é e de lhe atribuir a total responsabilidade da sua existência. E, quando dizemos que o homem é responsável por si próprio, não queremos dizer que o homem é responsável pela sua restrita individualidade, mas que é responsável por todos os homens. (SARTRE, 1973, p. 12).

Quando dizemos que o homem escolhe a si, queremos que cada um de nós se escolhe a si próprio; mas com isso queremos também dizer que, ao escolher-se a si próprio, ele escolhe todos os homens. Com efeito, não há dos nossos atos um sequer que, ao criar o homem que desejamos ser, não crie ao mesmo tempo uma imagem do homem como julgamos que deve ser. Escolher ser isto ou aquilo é afirmar ao mesmo tempo o valor do que escolhemos, porque nunca podemos escolher o mal, o que escolhemos é sempre o bem, e nada pode ser bom para nós sem que o seja para todos. (SARTRE, 1973, pp. 12-13).

Angústia:

Aí se situa o ponto de partida do existencialismo. Com efeito, tudo é permitido se Deus não existe fica o homem, por conseguinte, abandonado, já que não encontra em si, nem fora de si, uma possibilidade a que se apegue. Antes de mais nada, não há desculpas para ele. [...] Não encontramos diante de nós valores ou imposições que nos legitimem o comportamento. Assim, não temos nem atrás de nós, nem diante de nós, no domínio luminoso dos valores, justificações ou desculpas. Estamos sós e sem desculpas. [...] O homem é responsável por tudo quanto fizer. (SARTRE, 1973, p. 15).

Liberdade:

Para Sartre, como já dito, existência é liberdade: o homem é permanente recusa de ser “uma coisa”. “Essa recusa de ser substância, essa negação radical de ser exatamente o que se é (‘como uma pedra, uma mesa, uma couve-flor’) é o ser próprio da consciência: essa recusa ou negação radical de ser, Sartre a nomeia liberdade”. Indo não muito além, chegamos

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26 PIBID na Escola II à concepção sartreana de que o homem, sendo existência, é liberdade. Liberdade de dar sentido ao mundo e de se projetar no futuro: a consciência desse não-existente (o futuro) influi, por sua vez, nas ações presentes desse mesmo homem: tal situação é impensável para um em-si. O existencialismo sartreano coloca a liberdade como condição humana – como uma realidade inescapável – pois em qualquer situação nos encontramos diante da impossibilidade da supressão de nosso poder de escolha. Na dificuldade de visualizar tal ideia – no caso, por exemplo, de um prisioneiro – podemos colocá-la como escolhas possíveis, mesmo que mínimas, frente a determinadas situações: o prisioneiro, em sua condição, pode escolher entre se revoltar, fugir ou se submeter a seu dominador. Tal como o prisioneiro da caverna, que se libertou (na alegoria da caverna, de Platão): devemos creditar essa libertação à escolha ou ao acaso? Sem nos ater a uma resposta final, poderíamos dizer com Sartre que “o homem está condenado a ser livre”, ou seja, que podemos muitas coisas, mas não podemos não escolher. E isso implica a total responsabilidade pelas consequências de nossos atos. Um covarde, para Sartre, é inteiramente responsável por sua covardia, pois sempre haveria a possibilidade de deixar de sê-lo através de seus atos.

A liberdade como definição do homem não depende de outrem, mas, uma vez que existe engajamento, sou obrigado a querer minha liberdade ao mesmo tempo que a liberdade dos outros; eu só posso tomar minha liberdade como alvo se, do mesmo modo, eu tomar a liberdade dos outros como alvo. Consequentemente, quando, no plano da autenticidade total, reconheço que o homem é um ser em que a essência é precedida pela existência, que ele é um ser livre que só pode querer, em quaisquer circunstâncias, sua liberdade, reconheço ao mesmo tempo que só posso querer a liberdade dos outros. Assim, em nome dessa vontade de liberdade, implicada pela própria liberdade, posso formar juízos sobre aqueles que procuram esconder de si mesmos a total gratuidade de sua existência e sua total liberdade. (SARTRE, 1973, p. 21).

Estes slides foram apresentados e explicados através da exposição e síntese dos conceitos: liberdade, angústia, existência precede a essência.

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Existencialismo 27

Figura 4 – apresentação dos slides Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Para o final da oficina, duas caixas foram preparadas. Em seu interior papéis com os resultados decorrentes das escolhas. O objetivo é realizar o jogo das consequências e ainda reforçar alguns pontos trabalhados no decorrer da oficina. Os alunos/as pegam um bilhetinho da caixa correspondente à sua escolha durante a sensibilização, sendo as opções "Guerra" ou "Mãe". Cada papel terá um "resultado" para a escolha tomada – um cenário possível do que teria acontecido seguindo aquela escolha adiante, variando entre cenários melhores (como tornar-se um herói de guerra ou simplesmente sobreviver a tudo com sua mãe) a cenários piores (ser capturado ou morto, ou até sobreviver, mas descobrir que a mãe falecera no tempo ausente).

Vejamos alguns exemplos de recortes com possíveis resultados do que poderia ter ocorrido para os que escolheram ir para a "Guerra":

– Você decide se juntar à Resistência, mas é capturado durante uma missão de sabotagem e acaba fuzilado.

– Você parte para a Inglaterra e junta-se às Forças Francesas Livres, mas é designado para um trabalho burocrático. Após o fim da guerra, retorna para casa e encontra sua mãe debilitada, porém viva.

– Você parte para a Inglaterra e acaba se tornando piloto nas Forças Francesas Livres. Participa de batalhas importantes, e sobrevive para tornar-se um herói de guerra. Retorna para casa e encontra sua mãe viva e orgulhosa.

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28 PIBID na Escola II

– Você parte para a Inglaterra e acaba se tornando piloto nas Forças Francesas Livres. Por azar, é abatido na primeira batalha e morre.

– Você decide fugir para a Inglaterra e juntar-se às Forças Francesas Livres, mas sua mãe lhe implora para que fique e não a abandone. Terá de tomar nova escolha, diante do pedido desesperado.

Exemplos de recortes com possíveis resultados do que poderia ter ocorrido para os que escolheram “ficar com a Mãe”:

– Você fica com sua mãe, cuidando dela. São anos difíceis, mas a libertação chega e logo depois acaba a guerra.

– Você fica com sua mãe, mas durante a Ocupação acaba tendo uma briga com soldados alemães e é fuzilado por suspeita de pertencer à Resistência.

– Você fica com a sua mãe, cuidando dela, embora contribua de todas as maneiras com a Resistência local, conseguindo assim proteger-lhe e lutar contra a Ocupação alemã simultaneamente!

– Você pretende ficar com a sua mãe, mas ela lhe pede que vá para a guerra, para libertar seu país e vingar seu irmão. Diante deste pedido, você deve tomar nova decisão sobre lutar ou não.

Figura 5 - Aplicação do jogo da consequência Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Um dos propósitos do jogo das consequências é promover o interesse e estimular os/as alunos/as para que conversem e discutam os cenários que receberam, com mais ou menos sorte. Em geral, os cenários

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Existencialismo 29

de guerra são mais negativos que positivos, enquanto que os da permanência são mais positivos e sem tantas variações. É importante, porém, destacar brevemente o objetivo do jogo que além do entretenimento é, também, o de reforçar o aspecto da não gratuidade das escolhas, pois a angústia das escolhas está também nas consequências previstas.

AVALIAÇÃO DA OFICINA:

A organização da oficina em si requer uma organização de estudos. Nesse sentido, pode-se afirmar que desde o planejamento até a aplicação na escola, foram necessários vários momentos de estudos e preparação. Assim sendo, mesmo durante a apresentação notou-se que alguns pontos precisam ser repensados, pois para ocorrer a aplicação da oficina faz-se necessária uma organização prévia na escola, porque o formato foge da atual estrutura escolar. Um exemplo disso pode ser observado em relação à duração prevista da oficina, de 1h30min, no entanto, não se observou a questão do horário do lanche dos alunos, ocasionando, assim, atraso logo no início das atividades.

Já de início percebeu-se certa euforia dos alunos, porquanto notaram logo que se tratava de uma atividade diferente do cotidiano habitual da sala de aula e, principalmente, pelo número de pessoas que adentraram a sala de aula, aspecto este considerado positivo já que a presença e as atividades desenvolvidas pelos alunos bolsistas PIBID/Filosofia no Colégio Estadual Jardim Europa vem sendo percebida pela comunidade escolar. Logo, a participação dos alunos crescia na medida em que as atividades foram tomando consistência. A confiança do grupo PIBID também crescia conforme ocorria a participação e maior envolvimento dos alunos na atividade, pois, apesar do grupo trabalhar de forma coesa desde o planejamento até a efetiva aplicação da oficina, sendo que cada um teve sua contribuição, notou-se que durante a aplicação da oficina algumas pessoas do grupo poderiam ter papéis de maior destaque, mesmo entendendo que a função para a qual cada um foi designado era de extrema importância para o êxito da oficina.

No tocante a etapa da investigação, algumas vezes foi preciso intervir em auxílio para uma maior compreensão e refinamento das respostas. O domínio de sala foi sendo estabelecido gradativamente ao longo do processo de conceituação, pois permitia a interação e participação através de respostas, muito embora por várias vezes fora

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necessário pedir atenção dos alunos já que alguns estavam totalmente alheios e com conversas paralelas. Ainda assim, foi muito interessante perceber as leituras realizadas em cada grupo, nesse sentido, os objetivos propostos foram atingidos, pois os alunos, através da participação e comentários, demonstraram que haviam entendido a proposta da oficina, qual seja, de proporcionar momentos em que pudessem debater e dialogar questões de cunho filosófico a partir de metodologia diferenciada, utilizando textos filosóficos encontrados na obra Antologia de textos filosóficos.

Dessa forma, pode-se afirmar que a oficina contribuiu para a aprendizagem tanto dos alunos como dos bolsistas, já que o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência tem como função aproximar os acadêmicos da realidade escolar proporcionando experiências pedagógicas significativas.

REFERÊNCIAS:

ARANHA, Maria Lucia Arruda; MARTINS, Maria H. Pires. Filosofando: Introdução a Filosofia. 5 ed. São Paulo: Moderna, 2013.

SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. In: MARÇAL, Jairo (Org.). SEED-Pr, Curitiba: 2009. p. 616-639. _______. O existencialismo é um humanismo. Trad. Vergílio Ferreira. São Paulo: Abril, 1973.

HINO DA FRANÇA CANTADO COM IMAGENS E LETRA. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=EyqIcohvFMY. Acesso em 15/10/15.

SEGUNDA GUERRA MUNDIAL - FILME ALEMÃO EM CORES. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8RfZwXXOeMY. Acesso em: 15/10/15.

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Existencialismo 31

Figura 6 – Equipe de Bolsistas PIBID de 2015 do Colégio Jd. Europa, Toledo-PR Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

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ANEXOS PARA PROBLEMATIZAÇÃO Excertos da Obra de Jean-Paul Sartre:

SARTRE, Jean-Paul. O existencialismo é um humanismo. In: MARÇAL, Jairo (Org.). SEED-Pr, Curitiba: 2009. p. 616-639.

Por que o homem é condenado a ser livre?

“Se, por outro lado, Deus não existe, não encontramos diante de nós valores ou ordens que legitimarão nossa conduta. Assim, no reino luminoso dos valores, não temos justificativas ou desculpas nem por trás de nós, nem diante de nós. Estamos sós, sem desculpas. Eu exprimiria isso dizendo que o homem está condenado a ser livre. Condenado porque ele não se criou a si mesmo, e, entretanto, por outro lado, livre, pois, uma vez lançado no mundo, ele é responsável por tudo o que faz”. (p. 624, quarta linha).

Por que escolher é angustiante?

“Isto nos permite compreender o que recobrem palavras um pouco grandiloquentes como angústia, desamparo, desespero. Como vocês poderão ver, é extremamente simples. De início, que se entende por angústia? O existencialista declara frequentemente que o homem é angústia. Isto significa o seguinte: o homem que se engaja e que se dá conta de que ele é não apenas aquele que ele escolheu ser, mas ainda um legislador que escolhe, ao mesmo tempo que ele mesmo, toda a humanidade, não poderia escapar ao sentimento de sua total e profunda responsabilidade”. (p. 621).

“O homem é não apenas tal como ele se concebe, mas como ele se quer, e como ele se concebe depois da existência, como ele se quer depois desse impulso para a existência, o homem nada mais é do que aquilo que ele faz de si mesmo. Tal é o primeiro princípio do existencialismo”. (p. 620, 3º linha).

“Mas se verdadeiramente a existência precede a essência, o homem é responsável por aquilo que ele é. Assim, o primeiro passo do existencialismo é colocar todo homem de posse daquilo que ele é e fazer cair sobre ele a responsabilidade total por sua existência. E, quando nós dizemos que o homem é responsável por si mesmo, não queremos dizer que o homem é responsável por sua estrita individualidade, mas que ele é responsável por todos os homens”. (p. 620).

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II

DESVENDANDO AS LIÇÕES DO ZOON POLITIKON DE ARISTÓTELES: VOCÊ É UM CIDADÃO POLÍTICO?

Cristiane Roberta Xavier Candido1

José Luis Mariani2

Murilo Max Geraldi3

Pamela Elger4

Sandra Patrícia Smaniotto Hübner5

PIBID/Filosofia Colégio Estadual Dario Vellozo PALAVRAS-CHAVE: Política; Cidadania; Cidade; Aristóteles; Felicidade.

INTRODUÇÃO

“O que é ser cidadão?” “Conhecemos nossos direitos e deveres?” “O que é Política?” “Por que hoje em dia muitos pensam que política é um assunto chato e complexo?” “De que forma contribuímos para o bem-estar de nossa cidade?”. O intuito dessa oficina é promover, juntamente com os alunos do Ensino Médio, uma reflexão acerca da importância da cidadania, da compreensão e do interesse pela política, considerando o cenário atual da sociedade a que pertencem, perspectivando a essencialidade do papel que cada um pode assumir na sociedade uma vez que passaram a conhecer e a refletir com maior clareza e profundidade o sentido político, cidadão e coletivo de se viver em sociedade.

1 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmica do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

2 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmico do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

3 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmico do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

4 Bolsista de Iniciação à Docência do PIBID Filosofia e acadêmica do curso de

Licenciatura em Filosofia da UNIOESTE – campus de Toledo.

5 Professora Supervisora do Subprojeto PIBID Filosofia Unioeste no Colégio Estadual

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Aristóteles nos apresenta, em sua obra Política, o que é ser cidadão (no mundo grego há cerca de 2.300 anos atrás); quais eram as formas de governo consideradas boas e suas degenerações; além de destacar a importância da “felicidade” que a política (quando em sua forma boa) pode mediar na/pela pólis. De acordo com o estagirista, o homem “é um ser social por natureza” e essa predisposição faz com que ele venha a se aliar com outros semelhantes em busca de segurança primordialmente. Tal segurança é edificada sob um estatuto de “bem supremo” que deve estar presente em todas as organizações denominadas de polis, pois trata-se da felicidade que deve imperar entre os seus componentes (tidos como cidadãos), a saber: o bem-estar de todos.

Diante desta ótica da busca pela eudaimonia empreendida por Aristóteles no tocante à cidadania, buscaremos proporcionar aos alunos uma análise que fuja da superficialidade cotidiana acerca de problemas atuais em nossa sociedade, tais como: violência e preconceito contra mulheres e outras culturas (imigrantes), criminalidade, desemprego, má administração pública e corrupção. Com isso, buscaremos, também, incentivar nos alunos uma análise mais aprofundada sobre o sentido de Democracia vigente em nosso país, onde será questionado: “Sabemos de fato o que é democracia?” “Temos conhecimentos adequados para poder governar uma cidade, por exemplo?” “Por que existe corrupção?” “O que podemos fazer em relação a isso, uma vez que somos cidadãos e temos direitos e deveres?”

Cabe ressaltar que a oficina se dará de forma lúdica, ou seja, cada momento que anteceder a conceituação será interpretado como em uma peça teatral. Para tanto, cada membro do grupo estará caracterizado protagonizando um determinado personagem presente na obra Política de Aristóteles, quando este aborda a questão da cidadania e do ser cidadão na pólis grega. Constituem os personagens: o próprio Aristóteles (interpretado pelo aluno bolsista José Luís Mariani), a Mulher (interpretada pela aluna bolsista Pamela Elger), o Escravo e o Estrangeiro (interpretado pela aluna bolsista Cristiane Cândido), e o Cidadão (interpretado pelo aluno bolsista Murilo Max Geraldi).

PÚBLICO ALVO: Ensino Médio, turmas de 2º ano com até 30 participantes.

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Desvendando as lições... 35

OBJETIVOS:

- Apresentar os conceitos aristotélicos de Política, Cidadania e Bem na formação das cidades, por meio de uma exposição lúdica;

- Proporcionar uma reflexão aprofundada aos alunos acerca dos conceitos apresentados em Aristóteles;

- Incentivar nos alunos um pensamento crítico-reflexivo sobre a importância da cidadania, bem como o conhecimento de seus direitos e deveres como cidadãos e seu papel como conhecedores da política que os cerca (em seu atual contexto);

- Instigar nos alunos variadas formas (primando pela autonomia do pensar) de se entender o atual conceito de Democracia;

- Proporcionar um maior conhecimento acerca da prática da cidadania provocando os participantes a pensarem de modo prático acerca dos espaços e mecanismos a partir dos quais eles próprios possam exercer sua cidadania de forma consciente e com propriedade.

RECURSOS DIDÁTICOS:

Quadro negro, giz, telão e projetor multimídia. DESENVOLVIMENTO/METODOLOGIA PARTE 1: SENSIBILIZAÇÃO

1º momento: A oficina teve início com a apresentação à turma de um vídeo musical elaborado pelos bolsistas contendo imagens acerca do tema da oficina (duração de dois minutos). Enquanto isto, os bolsistas se preparam do lado de fora da sala para iniciarem a interpretação. Terminado o vídeo, o personagem Aristóteles se apresenta à turma e expõe de forma sintetizada sua biografia, contextualizando a obra que será trabalhada: Política. Em seguida, aproveitando o “gancho” que se fará após a apresentação da obra (por abordar os fundamentos da pólis grega e as características de quem é cidadão de fato), o personagem Aristóteles questiona os conhecimentos dos alunos presentes em relação aos saberes acerca de quais direitos e deveres eles acreditam possuir. Tais saberes são escritos no quadro para serem consultados ao longo da oficina.

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Figura 1 – “Aristóteles” apresentando alguns conceitos de sua obra Política Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

2º momento: Posteriormente, o personagem apresenta o conteúdo que se encontra no livro Antologia dos Textos Filosóficos, com o objetivo de aproximar os alunos do texto clássico do filósofo. Para finalizar esta etapa, o personagem Aristóteles incita os alunos para a seguinte questão: quem é o cidadão na pólis grega? E quem não poderia ser? Neste instante, o personagem Cidadão começa a andar pela sala de aula e é interpelado por Aristóteles a dizer quem ele é na pólis.

PARTE 2: PROBLEMATIZAÇÃO/INVESTIGAÇÃO:

1º momento: Nesta etapa, ganha voz o personagem do Cidadão. Este se apresentará à turma trazendo os conceitos aristotélicos presentes na obra Política (Livro III, Cap. I) e excertos na Antologia de Textos Filosóficos, em que Aristóteles destaca que cidadão é exclusivamente aquele que pode deliberar e exercer funções políticas e judiciais dentro da pólis – necessariamente só poderiam ser homens livres e de posses -, excluindo, portanto, uma série de outros indivíduos que vivem na mesma.

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Figura 2 - Momento em que o personagem Cidadão é questionado pelo “Aristóteles” Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

2º momento: Após a fala do personagem Cidadão, o personagem Aristóteles retoma a fala e intermedeia o desenrolar dos conceitos até o próximo personagem, dizendo: “Como vocês puderam perceber, os cidadãos, a meu ver, são pessoas naturalmente determinadas. Porém, existem outras pessoas que não se enquadram de forma alguma – nem por natureza – no conceito de cidadão.” Neste instante, entra em cena o personagem Estrangeiro (Metéco), que se apresenta como vindo da Trácia e que chegou a Atenas com o objetivo de melhorar de vida. Trata-se de um ferreiro que precisa pagar a metoikia (imposto que deve Trata-ser pago anualmente e que é equivalente a um dia de trabalho) para poder permanecer na pólis. Assim ele fala: “Bom pessoal, tal como Aristóteles afirma na obra Política, existem outras pessoas que vivem na pólis em uma espécie de ‘escravidão limitada‘ (assim como eu), que são aqueles que vêm de outras localidades para viver em Atenas. Eu jamais serei cidadão de fato... jamais irei atuar na política de Atenas... mas posso conseguir alguns privilégios se eu for um trabalhador destaque na pólis! Ainda mais se eu me destacar nas guerras! Eu já tenho que pagar um imposto anual pra poder morar aqui... se chama metoikia e equivale a um dia do meu trabalho. Se eu for muito bom para a pólis, a Assembleia Democrática pode me conceder

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a igualdade tributária (isotelia), ou ainda, posso de vez obter o direito de possuir uma casa aqui na pólis (enktesis)!”

Figura 3 - Apresentação do personagem Estrangeiro (Metéco) Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Para embasar a fala do personagem, será utilizado o fragmento contido no excerto 1260b da obra A Política de Aristóteles, trechos do livro A escravidão em Aristóteles de Nedilson L. Brugnero e referências extraídas do site “Ensaios Sobre a Antiguidade Clássica”6. (O personagem Estrangeiro encerra sua fala e senta-se próximo ao personagem Aristóteles).

3º momento: Na sequência, entra em cena a personagem Mulher, que se apresenta à turma pela ótica do estagirita (Política, Livro I Cap. I e Cap. V), em que prevalece a máxima de que a mulher é naturalmente dominada pelo homem, haja vista que ela já nasce para isso e apenas para isso. O homem é o chefe da família e deve exercer sua autoridade na administração da casa e da economia doméstica.

6 Pode ser acessado em

http://antiguidade1anomedio.blogspot.com.br/2015/06/osestrangeiros-metecos-osmetecos-eram.html

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A personagem Mulher utiliza-se da declamação da letra da música interpretada por Chico Buarque: “Mulheres de Atenas”:

“Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas Quando amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas

Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem imploram Mais duras penas; cadenas Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas

E quando eles voltam, sedentos Querem arrancar, violentos Carícias plenas, obscenas Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos Bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar um carinho De outras falenas

Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas: Geram pros seus maridos Os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade Nem defeito, nem qualidade Têm medo apenas

Não tem sonhos, só tem presságios

O seu homem, mares, naufrágios Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos Heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas E as gestantes abandonadas Não fazem cenas

Vestem-se de negro, se encolhem Se conformam e se recolhem Às suas novenas, serenas Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos Orgulho e raça de Atenas”.

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Figura 4 - Apresentação da personagem Mulher Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Após declamar a música, a personagem Mulher é interrompida pelo personagem Estrangeiro:

“Oh Mulher! Inocente, mentecapta e submissa Mulher! Não tens vergonha na cara de ser assim tão submissa, tão recatada? Fica aí se arrumando, se submetendo ao poder de seu marido enquanto ele fica lá na Assembleia sem ‘dar bola’ pra você?”

E ela responde: “Ora, caro Metéco, essa é a minha vida, o meu destino! Nasci para ser assim e não tenho do que reclamar!”

Em seguida, o personagem Aristóteles levanta-se e diz: “Metéco! Vá já procurar um trabalho pra você, senão vai acabar virando escravo aqui na pólis!”

Neste momento, o personagem Metéco se retira da sala.

4º Momento: Neste momento, é a vez do personagem Escravo iniciar sua fala. O personagem Metéco, que anteriormente vivia em uma escravidão limitada (servindo a pólis como um todo e não apenas a um senhor específico) se torna escravo, pois teve que adquirir uma dívida com um cidadão para poder pagar seu imposto. Como não conseguiu pagar a dívida, tornou-se escravo. Assim começa a fala: “Pois é... bem que Aristóteles me avisou que eu me tornaria Escravo... Pensei que ia me dar

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41 bem aqui na pólis, mas acabei não conseguindo pagar meu imposto e tive que adquirir uma dívida com um cidadão. Não consegui pagar essa dívida e agora sou escravo dele...” O personagem vai trazer a questão aristotélica (Política Livro I Cap. II excerto 1254 a, 1254 b, 1255 b) em que se estabelece a explicação para a existência dos escravos: são por natureza (e aceitam ser assim, uma vez que sabem que são inferiores e não se indignam com esta situação. Sabem que são aqueles que precisam, necessariamente, ser dominados) e se entendem como um “bem vivo” do seu senhor e ambos vivem “uma certa comunidade de interesses e amizade entre o escravo e o senhor quando eles são qualificados pela natureza para as respectivas posições (...)” (Livro I, cap. II, excerto 1255 b); e há também uma espécie de “escravidão limitada” que é o caso dos artífices (artesãos que não exercem suas atividades por natureza, mas porque assim precisam, por necessidade. São em sua maioria estrangeiros que definem residência na pólis grega, mas como não possuem a legitimidade da cidadania, precisam trabalhar para manter seu bem-estar e o da pólis).

Figura 5 - Apresentação do personagem Escravo Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

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PARTE 3: FORMAÇÃO DE CONCEITOS

1º momento: Neste momento, após o término da fala do personagem Escravo, o personagem Aristóteles reaparece e estabelece a sequência da oficina. Avisa que a turma será dividida em grupos e que cada grupo trabalhará uma questão - problema apresentado por cada personagem (Cidadão, Mulher, Escravo e Estrangeiro). A seleção dos membros de cada grupo se dará de forma aleatória em que cada aluno receberá um número de 01 a 04 (pensa-se a princípio estabelecer 4 grupos contendo cerca de 4 a 5 membros). Os que possuírem os mesmos números formarão seus respectivos grupos, ou seja, todos os alunos que forem números 01 pertencerão ao grupo 01, os que forem números 02 serão do grupo 02, e assim por diante. Cada personagem terá uma questão-problema a ser tratado por cada grupo. A Mulher será encarregada do grupo 01, o Cidadão pelo grupo 02, o Escravo pelo grupo 03 e o Estrangeiro pelo grupo 04. O papel dos personagens nestes grupos de alunos será o de intermediar a discussão e os argumentos, trazendo à tona os conceitos aristotélicos sobre cidadania em relação aos fatos da atualidade. O tempo de debate para cada grupo será de 15 minutos em média. Os grupos terão em mãos a Antologia dos Textos Filosóficos, especificamente o capítulo que se refere a Aristóteles, para pesquisar os conceitos necessários.

Figura 6 - Grupo que trabalhou a questão pertinente ao personagem da Mulher Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

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Figura 7 - Grupo que trabalhou a questão pertinente ao personagem Cidadão Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Figura 8 - Grupo que trabalhou a questão pertinente ao personagem Escravo Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

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Figura 9 - Grupo que trabalhou a questão referente ao “Estrangeiro” (Metéco) Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

As situações problemas apresentadas a cada grupo serão as seguintes: Cidadão: Diante do que expusemos na encenação acerca dos conceitos aristotélicos contidos na obra A Política, como podemos caracterizar a figura do cidadão conforme Aristóteles? Este conceito ainda se mantém hoje em dia? Quem é o cidadão hoje em dia? Somos cidadãos de fato? Sabemos exercer nossa cidadania?

Mulher: Como Aristóteles caracteriza a Mulher? Este conceito mudou em relação à nossa atualidade? Será que de fato a mulher ainda não sofre uma submissão imposta pelos padrões sociais?

Escravo: Como vocês perceberam que o escravo era tratado em Atenas durante a antiguidade? Este conceito de escravidão desenvolvido por Aristóteles ainda perdura hoje em dia? Existe escravidão hoje em dia? Estrangeiro: Como Aristóteles caracteriza o estrangeiro? Qual a diferença entre o escravo por natureza e a escravidão limitada do estrangeiro? O estrangeiro, antigamente, era o que hoje conhecemos como o imigrante. Sendo assim, como os imigrantes são vistos hoje em dia? O que podemos falar sobre o atual caso dos imigrantes sírios, por exemplo? E dos haitianos aqui no Paraná? São bem recebidos por todos?

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45 Obs.: Cada grupo receberá uma cartolina (cores diferentes para cada grupo) onde serão escritas as respostas para cada questão.

2º momento: Após esta discussão interna de cada grupo, o personagem Aristóteles abre o debate para todas as questões serem abordadas. Cada grupo elege um orador para relatar a resposta do grupo. Aristóteles intermediará as respostas, esclarecendo conceitos e possíveis erros de interpretação. Cada resposta terá de ser debatida entre o grande grupo. As cartolinas que contém as respostas produzidas serão anexadas num cartaz com o formato do rosto de Aristóteles.

Figura 10 - Produção das respostas às questões nas cartolinas Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

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46 PIBID na Escola II

Figura 11 - Produção das respostas às questões nas cartolinas Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Figura 12 - Cartolinas contendo as respostas produzidas pelos grupos Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

3º momento: Feitas todas as considerações, Aristóteles questiona os alunos se eles se lembram do início da oficina, quando foram escritos no

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47 quadro os conhecimentos dos alunos acerca dos direitos e deveres que acreditavam possuir. Em seguida, o personagem pergunta se todos ainda pensam da mesma forma ou se querem mudar de opinião (acrescentar outros direitos e deveres, ou até mesmo retirar o que foi exposto num primeiro momento). O objetivo desta atividade em específico é proporcionar uma nova reflexão aos estudantes acerca do que eles pensavam antes sobre o conceito de cidadania e o que pensam agora. Observação: esta atividade de CONCEITUAÇÃO tem uma duração média de 30 minutos.

PARTE 4: PRODUTOS EXTRAS DA OFICINA

Para finalizar a oficina, cada personagem traz um dado relacionado com a cidadania em sua forma prática de execução e apresenta aos alunos. Para tanto, será confeccionado um informativo contendo informações sobre a função de um grêmio estudantil, os benefícios que os estudantes, o colégio e a comunidade em geral podem obter com o bom uso de tal agremiação; sobre o que são as associações de bairro e seu importante papel na administração pública do município, bem como os benefícios que agrega e proporciona àqueles que fazem parte da comunidade; a importância da presença nas reuniões extraordinárias que ocorrem na Câmara Municipal de Vereadores, haja vista que é lá que ocorrem as grandes decisões acerca do município em que vivemos; a importância de ser ético e virtuoso em família e com as demais pessoas que fazem parte do círculo de convivência direta. Apresentar aos estudantes, por fim, que a mudança que ansiamos, principalmente na política, vem de dentro para fora e não o contrário, como pensa a maioria. Podemos mudar as pequenas coisas no nosso dia-a-dia, criando uma ética pessoal que vai nos levar a refletir sobre o que de fato é certo e errado em nossas atitudes cotidianas. Uma vez que somos (e nos consideramos) cidadãos, devemos ter em mente que temos deveres e isso implica em conhecimento de fato de tudo aquilo que falamos e fazemos, pois, aí sim, teremos ciência e propriedade para exercemos plenamente nossa cidadania desvinculada de meros “achismos” convencionalizados.

Neste momento, listamos algumas perguntas que podem ser apresentadas pelos personagens:

* Você se considera cidadão?

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48 PIBID na Escola II

* Vocês sabem como podem exercer a cidadania de forma prática? Ajudam de alguma maneira o meio social em que vivem (seja em casa, no colégio, no bairro e na cidade)? Quando acontecem as assembleias na Câmara de Vereadores aqui em Toledo? Sabia que a internet é uma ótima ferramenta para exercer a cidadania? A Câmara Municipal de Vereadores, por exemplo, tem um perfil no facebook e avisa quando ocorrem as reuniões, além de gravar e transmitir pelo canal do youtube boa parte das reuniões extraordinárias. O site do Senado disponibiliza enquetes online para saber a opinião dos cidadãos acerca das diversas PL’s que serão votadas... Abre espaço também para cada cidadão elaborar uma lei que considera ser necessário (o cidadão atuando como legislador), o site http://www12.senado.gov.br/ecidadania/. A informação concreta e a capacidade de iniciativa, somados à consciência coletiva de bem-estar geram as mudanças que precisamos, no povo que precisamos e na política que queremos.

Finalizando toda a oficina, são distribuídas as fichas de avaliação da mesma entre os estudantes e os agradecimentos são realizados.

AVALIAÇÃO DA OFICINA

Tendo em vista a satisfação geral da turma do 2º ano que assistiu e participou da oficina no Colégio Estadual Dario Vellozo, acreditamos que o trabalho atingiu seus objetivos e obteve sucesso. É muito estimulante trabalhar temas filosóficos com alunos do Ensino Médio por meio da atividade lúdica, além de ser uma estratégia muito eficaz para conseguir manter a atenção e o interesse dos jovens alunos. A turma cooperou muito, pois são alunos que já possuem pensamento crítico e conseguem concatenar a teoria aprendida em sala de aula com os acontecimentos ordinários do dia a dia. Torna-se importante relatar que as dificuldades encontradas no desenvolvimento da oficina se deram em relação ao equipamento audiovisual (caixas de som) utilizado, pois este estava falhando logo no início da oficina. É imprescindível que todo equipamento a ser utilizado seja testado previamente antes do início das atividades. Outro problema (mas de pequena monta) com que nos deparamos durante a oficina foi em relação ao tempo gasto no momento da separação e organização dos grupos. Sendo assim, é necessário levar em consideração a agitação dos adolescentes e a necessidade que os mesmos possuem em ter que ser guiados totalmente a uma nova atividade. No mais, a elaboração da atividade lúdica para uma oficina é um desafio

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49 motivador para quem leciona, portanto, é uma atividade muito enriquecedora. Desta forma, pudemos observar que todos os componentes da equipe PIBID Filosofia do Colégio Estadual Dario Vellozo cresceram muito, tanto no que diz respeito ao conhecimento teórico-filosófico, quanto em relação às estratégias de exposição oral e desinibição diante do público.

REFERÊNCIAS

MARÇAL, Jairo. Antologia de textos filosóficos. Curitiba: SEED, 2009.p.59-66.

ARISTÓTELES. Política. Tradução: Mário da Gama Kury. Brasília – DF: Ed. Universidade de Brasília, 1985.

BRUGNERO, Nedilson L. A escravidão em Aristóteles. Porto Alegre: Grifos EDIPUCRS, 1998.

PORTELA, L.C.Y.; BENVENHO, C.M.; COMINETTI. G.P. F. (Org.) 16 Aulas de Filosofia para o Ensino Médio. Porto Alegre: EVANGRAF; Paraná: Unioeste, 2015.

MINETTO, Leonardo. Os Estrangeiros na Grécia, 02/06/2015, <

http://antiguidade1anomedio.blogspot.com.br/2015/06/osestrangeiros-metecos-osmetecos-eram.html> Acessado em: 23/09/2015.

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ROTEIRO PRÁTICO DA OFICINA DE ARISTÓTELES

Aristóteles: (entra e se apresenta e conta sua história e começa uma conceituação com os alunos).

Nasci no ano de 384 a.C., sou da cidade de Estagira, de uma família rica. Quando jovem, com mais ou menos 18 anos, cheguei à cidade de Atenas, o centro do mundo grego, para ingressar na academia de Platão.

Meu pai, Nicômaco, era médico e, como vocês sabem, a tradição era passar o ensino da medicina de pai para filho. Então, nesta época eu estava sendo preparado para seguir esta carreira, porém, quando cheguei à academia já tinha forte inclinação ao estudo dos animais e das plantas.

Ainda quando estava na academia, iniciou-se meu distanciamento do mestre Platão. Um exemplo disto é a minha obra Categorias, onde explicito a minha visão de mundo, que se difere bastante com a de Platão; a minha filosofia é a tentativa de se comunicar com todas as formas de pensamento sistemático até então na Grécia Antiga, com todos os pré-socráticos, contrapondo-se, principalmente, ao platonismo e a teoria do mundo das ideias.

Minhas obras são vastíssimas, cerca de cento e cinquenta títulos, porém, muitos se perderam e na atualidade existem várias que são lidas e estudadas pelo mundo todo, como, por exemplo: Categorias, que já mencionei Retórica, Metafísica, Ética a Nicômaco, Física, Da alma, dentre outras. Hoje trataremos em especial da minha obra Política, que escrevi principalmente para contrapor à República de Platão e à sua visão de pólis e de formação do cidadão.

Eis alguns questionamentos que fiz na minha época e hoje, vindo visitar vocês, quero convidá-los à reflexão junto comigo: O que é ser cidadão? E hoje em dia, vocês se consideram cidadãos? (esperar respostas) Quais são seus direitos? (escrever no quadro) E seus deveres? (escrever no quadro).

Agora vou apresentar a vocês meu pensamento na época e na cultura helena, sobre o ser cidadão e exercer a cidadania. Tal reflexão se encontra nesta grande obra Antologia de Textos filosóficos.

Veja este jovem caminhando (aponta para o colega que representa o personagem Cidadão), ele é um cidadão. Vamos conversar com ele para buscar entender o que é ser cidadão.

Aristóteles: Caro cidadão, o que você compreende por ser cidadão? Cidadão: Ser cidadão para mim é ser livre, homem, adulto e pensar no bem comum.

Aristóteles: Sim, isto é ser cidadão na Polis grega, porém, isto difere de constituição para constituição. Já estudei centenas de constituições e isto difere muito. Quero saber o que é ser cidadão de um modo geral.

Cidadão: Para mim é ter direitos e deveres e pensar no bem comum, mestre Aristóteles.

Aristóteles: Muito bem! Estás indo no caminho certo... No meu pensamento político, ser cidadão é exclusivamente aquele que pode deliberar e

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51 exercer funções políticas e judiciais na polis. De acordo com a nossa Constituição ateniense, o cidadão precisa ser livre, adulto, filho de pais atenienses, como você bem colocou, mas, principalmente, precisa pensar no bem comum, no todo, no público e nunca nos bens particulares.

Cidadão sai de cena

Aristóteles: Como vocês podem notar os cidadãos, a meu ver, são pessoas naturalmente determinadas para exercer tal lugar na Polis. Portanto, são diferentes, naturalmente, dos demais, pois nascem para participar da vida pública da Polis. Temos estes outros seres que habitam a Polis, a mulher, a escrava e o estrangeiro, que não possuem voz e nem deliberam na Polis, apenas a habitam...

(Os personagens a seguir são apresentados aos expectadores) Estrangeiro

Mulher Escravo

(Aristóteles irá mediar as falas seguintes)

Vocês acabam de conhecer um pouco do meu pensamento sobre o cidadão, sobre exercer cidadania, conforme escrevi na obra Política. Agora irei dividi-los em grupos para que possam pensar coletivamente sobre cada realidade. O grupo será dividido por números (faz a divisão).

As questões que vocês irão trabalhar estão no telão e cada grupo terá a ajuda de um dos personagens.

(Cada grupo fará sua discussão e terá que escrever as principais ideias no cartaz)

(A cada apresentação, o grupo irá colar o cartaz que produziu ao lado da figura de Aristóteles. Faremos breves explanações, se necessário, relacionando-as com aquilo que fora colocado por eles no início da oficina)

Uma pergunta ainda fica no ar, aonde nós podemos atuar como verdadeiros cidadãos nos dias de hoje, deliberando e sendo voz ativa na sociedade? Na minha época os cidadãos discutiam na Ágora, nas praças públicas, aonde podemos exercer plenamente nosso papel (esperar respostas).

(Apresentar o material cartilha) Para isto, desenvolvemos uma cartilha informativa que vocês estarão recebendo...

(O material é distribuído e cada um fala de uma instância de poder: grêmio estudantil; associação de moradores; câmara de vereadores e a internet, como ferramenta para o uso da cidadania).

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Referências

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