• Nenhum resultado encontrado

3ª ETAPA: INVESTIGAÇÃO

No documento 2 PIBID na Escola II (páginas 140-144)

A investigação foi através de trechos das cartas XII, XIV e XV de Schiller explicitados nos fragmentos abaixo. A proposta da investigação é desenvolver no aluno o hábito de confrontar o senso comum com o pensamento do filósofo; investigar como o filósofo desenvolveu cada um desses impulsos e, como cada um deles se entrelaça com o outro; identificar os argumentos que o filósofo utiliza para justificar e refutar a pertinência de cada conceito, para que na última etapa da produção de conceitos, os alunos percebam a importância de desenvolver o hábito da pesquisa para confrontar o saber comum com o sistematizado e, também compreender a proposta da educação estética na formação do gosto e da humanização do homem como pretendia Schiller ao propor uma quarta teoria sobre a estética.

Figura 3 – Vídeo: Dança das sombras Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

A educação estética... 141

A seguir, trechos dos textos investigados pelos alunos dos três grupos: impulso sensível, impulso formal e impulso lúdico.

a) Impulso sensível

[...] O primeiro destes impulsos, que chamarei sensível, parte da existência física do homem ou de sua natureza sensível, e está empenhado em submetê-lo às limitações do tempo, em torná-lo matéria: não quer dar-lhe matéria, pois para isto já seria necessária uma livre atividade da pessoa que a recebe e distingue da própria identidade. Matéria não significa, aqui, mais que modificação ou realidade, que preencha o tempo; este impulso exige, portanto, que haja modificação, que o tempo tenha um conteúdo. Este estado de tempo meramente preenchido chama-se sensação, e é somente através dele que se manifesta a existência física. (SCHILLER, 2009 p. 648).

[...] O domínio deste instinto é a finitude do homem; como toda a forma aparece somente através da matéria; como todo o absoluto necessita a mediação dos limites, torna-se evidente que toda a aparição da humanidade está presa ao impulso sensível. Embora seja somente ele que desperta e desdobra as disposições da humanidade, é também ele que torna impossível sua perfeição. Acorrenta por vínculos insuperáveis o espírito ascensional ao mundo sensível e faz voltar aos limites do presente a abstração que marchava livremente para o infinito. O pensamento, entretanto, pode fugir-lhe por momentos, e a vontade firme contrapõe-se vitoriosa às suas exigências; cedo, porém, a natureza subjugada reafirma seus direitos e exige realidade dos objetos, conteúdo para nossos conhecimentos e finalidade em nossos atos. (SCHILLER, 2009 p. 649).

b) Impulso formal

O segundo impulso poderíamos chamar de formal; tem ponto de partida no ser absoluto do homem ou na sua natureza racional e visa libertá-lo, harmonizar a diversidade de suas aparências e afirmar sua pessoa contra toda variação em seu estado. [...]. Este impulso fornece as leis para todos os juízos no que se refere a conhecimentos; para todas as vontades no que se refere aos fatos. [...] Todavia, o sensível, enquanto o sentimento pode apenas dizer: isto é verdade para este sujeito e neste momento, um outro momento e outro sujeito podem vir a retirar o que afirma a presente sensação. Quando o pensamento, entretanto, afirma: isto é, ele decidiu para sempre e eternamente, e a validez de seu juízo é penhorada pela

142 PIBID na Escola II própria personalidade que resiste a toda transformação. (SCHILLER, 2009, p. 650).

[...] Quando o pensamento, entretanto, afirma: isto é, ele decidiu para sempre e eternamente, e a validez de seu juízo é penhorada pela própria personalidade que resiste a toda transformação. A inclinação pode apenas dizer: isto é bom para o teu indivíduo e para a tua necessidade atual, mas teu indivíduo e tua necessidade atual serão carregados pela modificação e o que agora desejas com ardor será depois objeto de tua repugnância. Quando, por outro lado, o sentimento moral diz: isto deve ser, sua decisão é para sempre eterna quando reconheces a verdade por ser verdadeira, e exerces a justiça por ser justa, terás feito de um caso singular a lei de todos os casos, terás tratado como eterno um momento de tua vida. (SCHILLER, 2009 p. 650).

c) Impulso formal

[...] Enquanto o impulso sensível nos coage fisicamente e o formal moralmente, aquele deixa contingente a nossa disposição formal como este deixa a sensível; isto quer dizer que será casual a concordância entre nossa felicidade e a perfeição, ou a desta com aquela. O impulso lúdico, portanto, no qual ambas se conjugam, tornará contingentes tanto nossa disposição formal quanto a material, tanto nossa perfeição quanto nossa felicidade; justamente porque as faz contingentes e porque a contingência também desaparece com a necessidade, o impulso lúdico passará a superar a contingência nas duas, dando forma à matéria, e realidade à forma. Na mesma medida em que toma às sensações e aos afetos a influência dinâmica, fará que se ajustem às ideias da razão, e na medida em que despe as leis da razão de sua imposição moral, irá conciliá-las ao interesse dos sentidos (SCHILLER, 2009 p. 652-653). Um bloco de mármore, embora inerte, mesmo assim pode tornar-se forma viva através do arquiteto e do escultor; um homem, conquanto viva e tenha forma, nem por isso é uma forma viva. Para isto seria necessário que sua figura fosse vida e sua vida fosse figura. Enquanto apenas pensamos sua figura, ela é inerte, mera abstração; enquanto apenas sentimos sua vida, ela é informe, simples impressão. Somente quando sua forma vive em nossa sensação e sua vida se forma em nosso entendimento ele é configuração viva, e isto será sempre o caso quando o julgarmos belo. (SCHILLER, 2009 p. 654).

A educação estética... 143

Conclusão das investigações acerca do impulso: sensível, formal e lúdico.

A conclusão das investigações deu-se com cada integrante de cada grupo ajudando a materializar o conteúdo trabalhado. Nessa etapa foi utilizado pincel atômico preto, vermelho e azul, cartolina e fita adesiva. Os alunos escolheram um integrante do grupo para que escrevesse na cartolina e aleatoriamente as palavras/conceitos que foram importantes para a compreensão do texto.

Cada grupo elegeu um representante para explicar o que fora trabalhado na investigação do seu grupo, para que explicasse qual o impulso trabalhado e seus comentários sobre o mesmo. Também foi solicitado que explicassem o trabalho realizado na sensibilização e também o motivo de escolherem determinadas palavras/conceitos para aplicar na cartolina.

O primeiro grupo a apresentar foi o grupo do impulso sensível; ao término da apresentação foi solicitado se os outros grupos haviam entendido e se tinham alguma objeção, indagação ou pergunta ao mesmo. Na sequência houve a apresentação do grupo do impulso formal e do grupo do impulso lúdico, sempre com a mesma proposta. Ao término da investigação e da problematização de cada grupo, antes de passar para a etapa da produção de conceitos, foi feito um breve comentário do vídeo: “Dança de sombras - Shadow Theatre Group” com a finalidade de ajudar

Figura 4 – Cartaz referente à Conceituação Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

144 PIBID na Escola II

os grupos a se situarem no tempo e no espaço da obra de Schiller, bem como, na interiorização dos três impulsos. O jogo de sombras foi bastante fértil para discussão dos impulsos.

No documento 2 PIBID na Escola II (páginas 140-144)