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PROBLEMATIZAÇÃO/INVESTIGAÇÃO:

No documento 2 PIBID na Escola II (páginas 36-42)

1º momento: Nesta etapa, ganha voz o personagem do Cidadão. Este se apresentará à turma trazendo os conceitos aristotélicos presentes na obra Política (Livro III, Cap. I) e excertos na Antologia de Textos Filosóficos, em que Aristóteles destaca que cidadão é exclusivamente aquele que pode deliberar e exercer funções políticas e judiciais dentro da pólis – necessariamente só poderiam ser homens livres e de posses -, excluindo, portanto, uma série de outros indivíduos que vivem na mesma.

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Figura 2 - Momento em que o personagem Cidadão é questionado pelo “Aristóteles” Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

2º momento: Após a fala do personagem Cidadão, o personagem Aristóteles retoma a fala e intermedeia o desenrolar dos conceitos até o próximo personagem, dizendo: “Como vocês puderam perceber, os cidadãos, a meu ver, são pessoas naturalmente determinadas. Porém, existem outras pessoas que não se enquadram de forma alguma – nem por natureza – no conceito de cidadão.” Neste instante, entra em cena o personagem Estrangeiro (Metéco), que se apresenta como vindo da Trácia e que chegou a Atenas com o objetivo de melhorar de vida. Trata-se de um ferreiro que precisa pagar a metoikia (imposto que deve Trata-ser pago anualmente e que é equivalente a um dia de trabalho) para poder permanecer na pólis. Assim ele fala: “Bom pessoal, tal como Aristóteles afirma na obra Política, existem outras pessoas que vivem na pólis em uma espécie de ‘escravidão limitada‘ (assim como eu), que são aqueles que vêm de outras localidades para viver em Atenas. Eu jamais serei cidadão de fato... jamais irei atuar na política de Atenas... mas posso conseguir alguns privilégios se eu for um trabalhador destaque na pólis! Ainda mais se eu me destacar nas guerras! Eu já tenho que pagar um imposto anual pra poder morar aqui... se chama metoikia e equivale a um dia do meu trabalho. Se eu for muito bom para a pólis, a Assembleia Democrática pode me conceder

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a igualdade tributária (isotelia), ou ainda, posso de vez obter o direito de possuir uma casa aqui na pólis (enktesis)!”

Figura 3 - Apresentação do personagem Estrangeiro (Metéco) Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Para embasar a fala do personagem, será utilizado o fragmento contido no excerto 1260b da obra A Política de Aristóteles, trechos do livro A escravidão em Aristóteles de Nedilson L. Brugnero e referências extraídas do site “Ensaios Sobre a Antiguidade Clássica”6. (O personagem Estrangeiro encerra sua fala e senta-se próximo ao personagem Aristóteles).

3º momento: Na sequência, entra em cena a personagem Mulher, que se apresenta à turma pela ótica do estagirita (Política, Livro I Cap. I e Cap. V), em que prevalece a máxima de que a mulher é naturalmente dominada pelo homem, haja vista que ela já nasce para isso e apenas para isso. O homem é o chefe da família e deve exercer sua autoridade na administração da casa e da economia doméstica.

6 Pode ser acessado em

http://antiguidade1anomedio.blogspot.com.br/2015/06/osestrangeiros-metecos-osmetecos-eram.html

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A personagem Mulher utiliza-se da declamação da letra da música interpretada por Chico Buarque: “Mulheres de Atenas”:

“Mirem-se no exemplo Daquelas mulheres de Atenas Vivem pros seus maridos Orgulho e raça de Atenas Quando amadas, se perfumam Se banham com leite, se arrumam Suas melenas

Quando fustigadas não choram Se ajoelham, pedem imploram Mais duras penas; cadenas Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Sofrem pros seus maridos Poder e força de Atenas

Quando eles embarcam soldados Elas tecem longos bordados Mil quarentenas

E quando eles voltam, sedentos Querem arrancar, violentos Carícias plenas, obscenas Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Despem-se pros maridos Bravos guerreiros de Atenas Quando eles se entopem de vinho Costumam buscar um carinho De outras falenas

Mas no fim da noite, aos pedaços Quase sempre voltam pros braços De suas pequenas, Helenas

Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas: Geram pros seus maridos Os novos filhos de Atenas Elas não têm gosto ou vontade Nem defeito, nem qualidade Têm medo apenas

Não tem sonhos, só tem presságios

O seu homem, mares, naufrágios Lindas sirenas, morenas

Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Temem por seus maridos Heróis e amantes de Atenas As jovens viúvas marcadas E as gestantes abandonadas Não fazem cenas

Vestem-se de negro, se encolhem Se conformam e se recolhem Às suas novenas, serenas Mirem-se no exemplo

Daquelas mulheres de Atenas Secam por seus maridos Orgulho e raça de Atenas”.

Figura 4 - Apresentação da personagem Mulher Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

Após declamar a música, a personagem Mulher é interrompida pelo personagem Estrangeiro:

“Oh Mulher! Inocente, mentecapta e submissa Mulher! Não tens vergonha na cara de ser assim tão submissa, tão recatada? Fica aí se arrumando, se submetendo ao poder de seu marido enquanto ele fica lá na Assembleia sem ‘dar bola’ pra você?”

E ela responde: “Ora, caro Metéco, essa é a minha vida, o meu destino! Nasci para ser assim e não tenho do que reclamar!”

Em seguida, o personagem Aristóteles levanta-se e diz: “Metéco! Vá já procurar um trabalho pra você, senão vai acabar virando escravo aqui na pólis!”

Neste momento, o personagem Metéco se retira da sala.

4º Momento: Neste momento, é a vez do personagem Escravo iniciar sua fala. O personagem Metéco, que anteriormente vivia em uma escravidão limitada (servindo a pólis como um todo e não apenas a um senhor específico) se torna escravo, pois teve que adquirir uma dívida com um cidadão para poder pagar seu imposto. Como não conseguiu pagar a dívida, tornou-se escravo. Assim começa a fala: “Pois é... bem que Aristóteles me avisou que eu me tornaria Escravo... Pensei que ia me dar

41 bem aqui na pólis, mas acabei não conseguindo pagar meu imposto e tive que adquirir uma dívida com um cidadão. Não consegui pagar essa dívida e agora sou escravo dele...” O personagem vai trazer a questão aristotélica (Política Livro I Cap. II excerto 1254 a, 1254 b, 1255 b) em que se estabelece a explicação para a existência dos escravos: são por natureza (e aceitam ser assim, uma vez que sabem que são inferiores e não se indignam com esta situação. Sabem que são aqueles que precisam, necessariamente, ser dominados) e se entendem como um “bem vivo” do seu senhor e ambos vivem “uma certa comunidade de interesses e amizade entre o escravo e o senhor quando eles são qualificados pela natureza para as respectivas posições (...)” (Livro I, cap. II, excerto 1255 b); e há também uma espécie de “escravidão limitada” que é o caso dos artífices (artesãos que não exercem suas atividades por natureza, mas porque assim precisam, por necessidade. São em sua maioria estrangeiros que definem residência na pólis grega, mas como não possuem a legitimidade da cidadania, precisam trabalhar para manter seu bem-estar e o da pólis).

Figura 5 - Apresentação do personagem Escravo Fonte: arquivo da coordenação do PIBID

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No documento 2 PIBID na Escola II (páginas 36-42)