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(1)UNIVERSIDADE METODISTA DE SÃO PAULO ESCOLA DE COMUNICAÇÃO, EDUCAÇÃO E HUMANIDADES PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA RELIGIÃO. TIAGO ABDALLA TEIXEIRA NETO. “UM SER HUMANO EM ESPLENDOR É SEMELHANTE AOS ANIMAIS QUE PERECEM”: UMA ANÁLISE EXEGÉTICA DO SALMO 49. São Bernardo do Campo 2018.

(2) TIAGO ABDALLA TEIXEIRA NETO. “UM SER HUMANO EM ESPLENDOR É SEMELHANTE AOS ANIMAIS QUE PERECEM”: UMA ANÁLISE EXEGÉTICA DO SALMO 49. Dissertação apresentada em cumprimento dos requisitos do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião da Universidade Metodista de São Paulo, para obtenção do grau de Mestre. Orientador: Dr. José Ademar Kaefer. São Bernardo do Campo 2018.

(3) FICHA CATALOGRÁFICA. T235q. Teixeira Neto, Tiago Abdalla “Um ser humano em esplendor é semelhante aos animais que perecem”: uma análise exegética do Salmo 49/ Tiago Abdalla Teixeira Neto -- São Bernardo do Campo, 2018. 165fl. Dissertação (Mestrado em Ciências da Religião) – Universidade Metodista de São Paulo - Escola de Comunicação, Educação e Humanidades Programa de Pós-Graduação em Ciências da Religião São Bernardo do Campo. Bibliografia. Orientação de: José Ademar Kaefer 1. Bíblia – A.T. – Salmos – Período pós-exilio 2. Bíblia – A.T. – Salmos – Critica e interpretação 3. Bíblia – A.T. – Literatura sapiencial (Tradição) I. Título CDD 223.206.

(4) A dissertação de mestrado intitulada: “Um ser humano em esplendor é semelhante aos animais que perecem”: uma análise exegética do Salmo 49, elaborada por Tiago Abdalla Teixeira Neto, foi apresentada e aprovada com louvor (summa cum laude) em 3 de abril de 2018, perante banca examinadora composta por José Ademar Kaefer (Presidente/UMESP), Edson de Faria Francisco (Titular/UMESP) e Matthias Grenzer (Titular/PUC-São Paulo).. __________________________________________ Prof. Dr. José Ademar Kaefer Orientador e Presidente da Banca Examinadora. __________________________________________ Prof. Dr. Helmut Renders Coordenador do Programa de Pós-Graduação. Programa: Pós-Graduação em Ciências da Religião Área de Concentração: Linguagens da Religião Linha de Pesquisa: Literatura e Religião do Mundo Bíblico.

(5) Esta pesquisa foi realizada com o apoio da CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) durante os anos de 2016 e 2017..

(6) AGRADECIMENTOS A Deus, o Doador da vida e do sustento nesta breve jornada terrena. À minha esposa Fabi, ‫ ַר ְעי ָתִי יָפָה‬, que me deu suporte e incentivou durante todo o meu tempo de pesquisa, proporcionando todas as condições necessárias para o estudo em um lar que se aproxima do céu. À Katharina, minha pequenina filha, “herança de YHWH”, que sempre aparece em meu escritório para alegrar os momentos de estudo. A meus pais, pelo carinho, apoio e por me ensinarem desde cedo as “Sagradas Letras”. Ao Dr. José Ademar Kaefer, por me orientar pacientemente ao longo desta jornada de pesquisa no Salmo 49, trazendo sempre contribuições, correções e me encorajando a seguir adiante nas descobertas do texto bíblico. Ao Dr. Edson de Faria Francisco, que tem sido sempre muito solícito em conversar sobre aspectos do texto hebraico e de crítica textual e esclarecer minhas dúvidas. Ao Dr. Matthias Grenzer, por suas preciosas contribuições e correções na leitura de minha dissertação e na avaliação em minha banca de defesa. Ao Dr. Tércio Siqueira Machado, que tem contribuído para minha formação na área exegética, compartilhando suas descobertas na pesquisa do livro de Salmos. À CAPES e à UMESP, que tornaram o sonho da pesquisa de mestrado uma realidade..

(7) RESUMO O foco desta pesquisa concentra-se em uma antiga poesia sapiencial de Israel: o Salmo 49. No capítulo 1, foram examinados aspectos de crítica textual e a integridade do TM, observando que as variantes textuais das versões, como a LXX e a Héxapla, e de alguns manuscritos hebraicos ocorreram por tentativas de tornar o texto mais claro e compreensível. Em seguida, foram analisados os elementos literários e de coesão do salmo, observando vocábulos que se repetem e uma estrutura literária bem desenvolvida. No capítulo 2, o conteúdo do Salmo 49 foi estudado mediante análise semântica e sintática. Constataram-se alguns temas dominantes: o problema da confiança nas riquezas e a exploração social; a perspectiva de que a morte dará fim à maldade dos ímpios, sem uma visão clara do além-túmulo; e a natureza sapiencial do poema, revelando um salmista estudioso e apreciador da tradição de sabedoria do antigo Israel ligado ao templo e aos levitas descendentes de Corá. Por fim, no capítulo 3, analisou-se o chamado “consenso” de que o salmo é pós-exílico, observando que não há nada que torne esse consenso irrefutável, sendo mais provável que o salmo tenha sido composto ainda na época do primeiro templo, durante o reinado de Jeohaquim, momento em que imperava a injustiça promovida pela elite palaciana, sacerdotal e de senhores de terra. O levita pobre anuncia sua mensagem contra esse contexto em que impiedade e crises sociais dominavam o cenário do Israel pré-exílico. Palavras-chave: Salmo 49; Sheol; morte; conflito socioeconômico; tradição sapiencial..

(8) ABSTRACT This research is focused on an ancient Israel’s sapiential poetry: the Psalm 49. In chapter 1, aspects of textual criticism and integrity of the TM were investigated, noting that textual variants from other versions, such as LXX and Hexapla, and from some Hebrew manuscripts, occurred for attempts to make the text clearer and more comprehensible. Next, the literary and cohesive aspects of the psalm were analyzed, observing repeated words and a well-developed literary structure. In chapter 2, the researcher analyzed the content of Psalm 49 through semantic and syntactic analysis. Some dominant themes were identified: the problem of trust in wealth and social exploitation; the prospect that death will bring an end to the wickedness of the evil ones, without a clear vision of the beyond-grave; and the sapiential nature of the poem, revealing a scholar and appreciator of the ancient Israel’s wisdom connected with the temple and a levite descending from Korah. Finally, in Chapter 3, we analyzed the so-called “consensus” that the psalm is post-exilic, noting that there is nothing that makes this irrefutable, and it is more likely that the psalm was composed even at the first temple period, during the reign of Jehoaquim, when the injustice were promoted by the palace, priesthood and land lords. The poor Levite announces his message against this context in which wickedness and social crises dominated the scene of pre-exilic Israel. Keywords: Psalm 49; Sheol; death; socioeconomic conflict; wisdom tradition..

(9) ABREVIATURAS DE OBRAS E PERIÓDICOS Versões Bíblicas e Obras e Séries de Referência ABC – Anchor Bible Commentary ARA - Versão Almeida Revista e Atualizada ARC – Versão Almeida Revista e Corrigida A21 – Versão Almeida do Século 21 Ave Maria – Bíblia Ave Maria BCBO - Biblioteca de Ciencias Biblicas e Orientales BCOT - Baker Commentary on the Old Testament BDB - The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English lexicon BRENTON - The Septuagint version of the Old Testament: English translation BHK – Biblia Hebraica de Kittel BHS - Biblia Hebraica Stuttgartensia BJ – Bíblia de Jerusalém CC – A Continental Commentary ESV – English Standard Version FOTL – Forms of the Old Testament Literature HALOT - The Hebrew and Aramaic lexicon of the Old Testament HCSB – The Holman Christian Standard Bible JSOTS – Journal for the Study of the Old Testament Supplements LEXHAM LXX - The Lexham English Septuagint LXX – Septuaginta LXXApp - The Old Testament in Greek: according to the Septuagint (Apparatus) NA27 - Nestle-Aland 27th edition NAC – New American Commentary NEB – The New English Bible NET Bible - The NET Bible NIBC – New International Biblical Commentary NICOT – The New International Commentary on the Old Testament NVI – Nova Versão Internacional NVT – Nova Versão Transformadora.

(10) OTL – The Old Testament Library OTG – Old Testament Guides RSV – The Revised Standard Version SVOTE - The Septuagint Version of the Old Testament: English translation SVT – Supplements to Vetus Testamentum THOTC – The Two Horizons Old Testament Commentary TLOT - Theological lexicon of the Old Testament TM – Texto Massorético UBS4 - The Greek New Testament 4th edition WBC – Word Biblical Commentary Periódicos AUSS - Andrews University Seminary Studies BAR – Biblical Archaeology Review BASOR - Bulletin of the American Schools of Oriental Research BBR - Bulletin for Biblical Research BI – Biblical Interpretation BR - Bible Review BS - Bibliotheca Sacra CBR - Currents in Biblical Research IBS - Irish Biblical Studies JBL - Journal of Biblical Literature JBQ - Jewish Bible Quarterly NEAS – Journal of Near Eastern Studies JSBLE - Journal of the Society of Biblical Literature and Exegesis JSOT – Journal for the Study of the Old Testament RE – Review & Expositor RIBLA – Revista de Interpretación Bíblica LatinoAmericana TB - Tyndale Bulletin TBT - The Bible Translator VE - Verbum et Ecclesia VT – Vetus Testamentum ZAW - Zeitschrift für die Alttestamentliche Wissenschaft.

(11) SUMÁRIO Páginas INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 10 1.. ANÁLISE TEXTUAL E LITERÁRIA DO SALMO 49 ............................................... ..15 1.1.. 2.. Tradução Interlinear e Proposta de Tradução do Salmo 49.......................................15. 1.1.1.. Tradução Interlinear do Salmo 49 ............................................................. .......15. 1.1.2.. Proposta de Tradução do Salmo 49 .................................................................. 18. 1.2.. Análise de Crítica Textual do Salmo 49 .................................................................... 21. 1.3.. Análise Literária do Salmo 49 ................................................................................... 42. 1.3.1.. A Gattung do Salmo 49: Um Salmo de Sabedoria ........................................... 43. 1.3.2.. Estrutura do Salmo 49 ...................................................................................... 46. 1.3.3.. Coesão e Aspectos Retóricos do Salmo 49 ...................................................... 52. ANÁLISE DO CONTEÚDO DO SALMO 49 ................................................................ 57 2.1.. Epígrafe do salmo (v. 1) ............................................................................................ 57. 2.2.. Introdução: convocação sapiencial (v. 2-5) ............................................................... 61. 2.3. Estrofe I: A realidade da morte elimina o temor dos opositores que confiam em suas riquezas (v. 6-12) .................................................................................................................. 80 2.4.. Refrão: O homem em esplendor perecerá como os animais (v. 13) ........................ 102. 2.5. Estrofe II: A realidade da morte e a confiança na redenção divina eliminam o temor de alguém que se enriquece (v. 14-20) .................................................................... ...........106 2.6. Refrão: O homem em esplendor e sem entendimento perecerá como os animais (v. 21).......................................................................................................................................123 3. SABEDORIA, RIQUEZA E OPRESSÃO: O CONTEXTO HISTÓRICO-SOCIAL DO SALMO 49 ............................................................................................................................. 125 3.1. O “consenso” da datação pós-exílica do Salmo 49: uma exposição crítica...................................................................................................................................125 3.2. Salmo 49 como poesia sapiencial pré-exílica: redesenhando o processo histórico...............................................................................................................................134 3.3.. A vox pauperis e o quadro de conflito socioeconômico..........................................143. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................. 149 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA ........................................................................................ 152.

(12) 10. INTRODUÇÃO Um antigo ditado latino, presente em relógios solares de várias igrejas barrocas brasileiras, diz: “Vulnerant omnes, ultima necat” (“toda hora fere, a última mata”),1 lembrando que o ser humano é incapaz de fugir ou evitar a morte. Uma mensagem semelhante também está presente na entrada da capela de ossos em Évora, Portugal, em que os restos mortais dizem: “Os nossos ossos esperam pelos vossos”. A morte é um tema de bastante reflexão em todas as culturas de todas as épocas. Não há sociedade humana que não reflita a respeito da morte ou expresse reações de medo e temor ou alegria e expectativa perante ela.2 A morte e a limitação que ela impõe a esta vida têm sido o foco de reflexão literária e filosófica. O filósofo Sêneca dedicou um livro sobre a brevidade da vida, 3 em que começa seu ensaio com uma citação de Hipócrates, o pai da medicina:4 “Ars longa, vita brevis” (“A arte é longa, a vida é breve”). A ideia central do que desejava comunicar é que a maioria dos mortais demora muito tempo para adquirir e aperfeiçoar o conhecimento ou a habilidade, e nós temos apenas pouco tempo para fazê-lo.5 Para Sêneca, o verdadeiro desafio do ser humano não é somente a brevidade do tempo, mas também nossa tendência em desperdiçá-lo: “Não temos exatamente uma vida curta, mas desperdiçamos uma grande parte dela. A vida, se bem empregada, é suficientemente longa e nos foi dada com muita generosidade para a realização de importantes tarefas”.6 Entretanto, a reflexão sobre a morte e a brevidade da vida não é uma característica exclusiva da cultura greco-romana, ela também foi parte integrante da cultura do Antigo Oriente Próximo: egípcios, mesopotâmicos, arameus, cananeus e israelitas pensaram acerca da morte e o além. No antigo Egito, o tema da morte como a partida, em que “a pessoa tem de deixar para trás tudo o que possui” sem uma perspectiva pós-túmulo,7 é bastante enfatizado nas. 1. MIRANDA, 1999, p. 161. MARTIN-ACHARD, 2015, p. 32ss. SÊNECA, 2006. 4 SÊNECA, 2006, p. 25 (cf. nota 14). 5 VANHOOZER, 2016, p. 89-90. 6 SÊNECA, 2006, p. 26. 7 ZANDEE, 1960, p. 55-6. 2Ver 3.

(13) 11. canções dos harpistas, embora não representasse a visão religiosa tradicional:8 “Veja! Ninguém tem a permissão de levar seus bens consigo. Veja! Não há ninguém que tenha ido e retornado!”.9 Outro texto egípcio antigo, do segundo milênio A.E.C., chamado “Debate sobre o suicídio”, um homem inicia um diálogo com sua alma e diz que as misérias desta vida tornam o suicídio uma opção atrativa. No entanto, sua alma tem uma visão bem pessimista da morte e não considera o suicídio uma solução razoável.10 O texto não tem seu fim preservado e, por isso, não sabemos qual foi o resultado do diálogo. Em uma das três tabuletas de Ras Shamra (coleção de textos do noroeste da SíriaCanaã) que narram a história de Aqhat, o filho prometido pelo deus El a um homem chamado Danel,11 ocorre a cena em que Anat (deusa da guerra e da caça), desejosa em obter as armas de Aqhat, oferece ao herói o maior de todos os presentes: a imortalidade. No entanto, a resposta do herói é surpreendente: ele rejeita a oferta da deusa, afirmando que, apesar de suas promessas, “a morte o aguardava, assim como o faz com todo o mortal”.12 Esses exemplos revelam como a questão da morte fazia parte da reflexão literária e filosófica do homem e da mulher do Antigo Oriente Próximo. Como parte de tal contexto cultural, os antigos israelitas também pensaram bastante acerca da morte e de seu significado. Segundo observou Gerhard von Rad, para Israel “o âmbito de morte atingia muito mais profundamente a área dos vivos. Fraqueza, doença, prisão e emergência criada por inimigos já constituíam em si uma espécie de morte”.13 O autor do Salmo 49, vivendo sob a opressão de ricos injustos e que não temiam a YHWH, usou a temática da morte e da impossibilidade de o ser humano comprar a vida eterna para confrontar a maldade dos poderosos e confortar os justos sofredores com a proteção da vida deles por YHWH. Como “o homem é mestre em fazer-se ilusões, em fátuas ‘confianças’”,14 o salmista adverte os ímpios de seu tempo de que “o rico não é mais forte por sua riqueza, o pobre não é mais fraco por sua pobreza. O túmulo é a casa comum de todos”, onde os seres humanos se encontram na reta final de suas vidas.15. 8. FISCHER, 2002, p. 106-8. LICHTHEIM, 1945, p. 193. 10 CRAIGIE, 1983, p. 329. 11 COOGAN; SMITH, 2012, p. 27-8 12 COOGAN; SMITH, 2012, p. 28-9. 13 VON RAD, 2006, 376. 14 ALONSO SCHÖKEL; CARNITI, 1996, p. 672. 15BORTOLINI, 2000, p. 207. 9.

(14) 12. O intuito desta dissertação é investigar a mensagem do Salmo 49 e o contexto em que ela foi composta. Na análise hermenêutica do salmo, adota-se como abordagem básica o modelo da exegese clássica, que envolve uma combinação eclética dos métodos diacrônico e sincrônico.16 A abordagem diacrônica focaliza a origem e o desenvolvimento de um texto, examinando os seguintes elementos: crítica textual, estudos sintáticos e semânticos e estudo do ambiente histórico-cultural da produção do texto.17 Por outro lado, a abordagem sincrônica se preocupa com a forma final do texto bíblico e investiga os elementos relacionados à análise de seu gênero literário, à estrutura e coesão literária da passagem bíblica e à crítica retórica do texto, bem como a relação da passagem com o contexto mais amplo.18 Todos esses aspectos serão examinados ao longo dos capítulos 1 a 3 deste trabalho. Em cada capítulo, este pesquisador buscará lidar com um/uma problema/pergunta central e respondê-lo/a de forma exegética. No primeiro capítulo, a pergunta que o norteará será a seguinte: Qual é o texto do Salmo 49 e de que modo funcionam sua estrutura, aspectos retóricos e coesão? Antes de perguntar: “O que o texto significa?”, é necessário indagar: “Qual é o texto?”. Isso demanda uma análise da passagem usando os critérios da crítica textual. A ciência da crítica textual é fundamental para a interpretação da passagem bíblica desta dissertação, em especial para que se consiga discernir o texto produzido antes que o processo de cópia e preservação dele gerasse alterações.19 Além disso, o Salmo 49 deve ser estudado conforme a identificação de sua Gattung,20 uma forma de classificação literária21 que agrupa unidades poéticas identificadas e associadas por características distintivas de forma, estilo e conteúdo.22 A Gattung possibilita observar características literárias, temas e aspectos em comum do Salmo 49 com outros. 16. GORMAN, 2001, p. 7-31. SIMIAN-YOFRE et al., 2015, p. 77-114; GORMAN, 2001, p. 15-7. 18 GORMAN, 2001, p. 12-3. 19TOV, 2017, p. 20Por Gattung entende-se a classificação do “tipo literário” de um salmo, que é identificado por “características formais, estilo, modo de composição, [e] terminologia” (MUILENBURG, Introduction, in: GUNKEL, 1967, p. v). Claus Westermann identifica sete principais Gattungen: salmo de lamento comunitário, salmo de lamento do indivíduo, salmo de louvor declarativo da comunidade, salmo de louvor declarativo do indivíduo, salmo de louvor descritivo, salmo litúrgico e salmo de sabedoria (WESTERMANN, 1980, p. 25-8). 21Ver GUNKEL, 1967. 22BARTH, 1966, p. 13. 17.

(15) 13. salmos que pertencem ao mesmo “tipo literário”, bem como auxilia na identificação do ambiente de vida em que o texto foi produzido.23 O texto do Salmo 49 também apresenta estrutura, coesão e aspectos retóricos que precisam ser examinados antes da análise de seu/sua conteúdo/mensagem. O estudo da estrutura e da coesão literária contribuirá na percepção de como o discurso está construído como uma unidade e de que modo as partes interagem entre si e esclarecem umas as outras.24 A crítica retórica implica a busca pelo entendimento dos recursos e estratégias literárias empregados no texto para persuadir ou influenciar o leitor e embelezar o texto, bem como dos objetivos ou efeitos gerais desses elementos retóricos.25 A questão central que guiará o capítulo 2 é: O que a análise de conteúdo do Salmo 49 (especialmente a análise sintática e semântica) revela sobre a mensagem desse hino a respeito da morte e dos conflitos sociais em que o autor vivia? Para compreender a perspectiva do salmista, é necessário investigar o salmo como um todo, visto que “qualquer interpretação feita de uma parte do mesmo texto poderá ser aceita se for confirmada por outra parte do mesmo texto, e deverá ser rejeitada se a contradisser”.26 Como bem observou Osborne, a sintaxe contribui para “elucidar o desenvolvimento e significado” do enunciado como um todo, não apenas de uma de suas partes.27 O estudo sintático analisa o relacionamento das palavras em uma locução, oração ou período, observando a ordem em que foram organizadas e suas prováveis funções em uma passagem,28 tendo em mente a cadeia textual em que estão inseridas. ...sintaxe é a disposição de palavras de maneira a formarem locuções, orações ou períodos. É um ramo da gramática. Dificilmente uma palavra isolada transmite uma ideia completa. Como os tijolos de uma construção, as palavras são elementos isolados que juntos formam frases, que são unidades elementares do pensamento.29. Associado ao aspecto estrutural da sintaxe poética está o recurso literário do paralelismo, em que duas ou três declarações são justapostas.30 Entender a dinâmica do. 23BELLINGER,. 2012, p. 18 Zenger e Hossfeld vejam duas camadas em tensão no Salmo 49 (ZENGER; HOSSFELD, 1993, p. 299301), a hipótese inicial é de uma coesão mais clara no salmo e sua produção por um único autor. A “Análise Literária do Salmo 49” avaliará melhor a hipótese deste pesquisador. 25 GORMAN, 2001, p. 13. 26 ECO, 2012, p. 76. 27OSBORNE, 2009, p. 140-1. 28 WILLIAMS, 1976, p. 3. 29 ZUCK, 1994, p. 135. 30 CHISHOLM, 2016, p. 176. 24Embora.

(16) 14. paralelismo hebraico na poesia do Salmo 49 contribuirá bastante para o entendimento da intentio operis a ser analisada.31 A análise semântica envolverá o exame de palavras-chave do Salmo 49, observando as ocorrências delas — sua distribuição (e.g., usos na literatura de sabedoria ou hínica) e os grupos sintáticos relacionados a ela (e.g., preferência por uma determinada preposição ou verbo) —, organizando os dados e classificando-os conforme os sentidos primários, secundários e metafóricos.32 Léxicos de referência33 e concordâncias são as fontes primárias dessa pesquisa. Por fim, a pergunta principal do capítulo 3 será: Qual é o contexto histórico do Salmo 49 à luz dos dados coletados na investigação textual, na análise literária e no estudo do conteúdo do salmo? Ou seja, em que ambiente do antigo Israel o texto do Salmo 49, com seu conteúdo e modo de refletir a respeito da vida, poderia ter sido produzido? Como a religião bíblica se desenrola ao longo da história, é fundamental que o intérprete investigue a sociedade e a cultura em que o texto foi produzido para ter condições de “entendê-lo”, não apenas “usá-lo”; isso implica pesquisar os aspectos geográficos, políticos, econômicos, religiosos entre outros do antigo Israel. 34 O estudo do ambiente histórico-cultural do Salmo 49 será o foco de parte do capítulo 3, em que se avaliará o chamado “consenso” de que esse Salmo 49 é pós-exílico. Além disso, será desenvolvida uma investigação sobre a possibilidade de ele pertencer ao contexto de vida do Israel pré-exílico. Com essas perguntas e observações em mente, dá-se início à pesquisa exegética do Salmo 49 delineada nesta introdução.. 31. Ver ALTER, 2011. OSBORNE, 2009, p. 125. 33 Léxicos de referência para o hebraico bíblico são: BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977; KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2000; CLINES, 1993-2011; ALONSO SCHÖKEL, 2004. 34 OSBORNE, 2009, p. 198-209. 32.

(17) 15. ANÁLISE TEXTUAL E LITERÁRIA DO SALMO 49. 1.. Neste primeiro capítulo, será desenvolvida uma análise textual do Salmo 49 com base no aparato crítico da BHS e no estudo realizado por eruditos textuais. Essa análise servirá de fundamento, juntamente com o estudo sintático mais adiante, para a tradução do texto hebraico do Salmo 49 apresentada no início deste capítulo. Não há como saber “o que o texto significa”, sem antes definir “qual é o texto” a ser analisado. Por isso, a crítica textual é importante. Em seguida, serão analisados aspectos literários centrais: a Gattung35 do salmo, sua estrutura e coesão e os aspectos retóricos do texto. 1.1.. Tradução Interlinear e Proposta de Tradução do Salmo 49. A seguir, elabora-se uma tradução interlinear do Texto Massorético (TM) do Salmo 49 e, com base nela, bem como em aspectos sintáticos e em reconstruções textuais, o autor apresentará uma proposta de tradução por equivalência formal da mesma passagem. 1.1.1. Tradução Interlinear do Salmo 49. ‫מִ זְמֹור‬ um salmo36. 35. ‫ִל ְבנֵי־ק ַֹרח‬ concernente aos filhos de Corá. ‫לַמְ נַ ֵצ ַַח‬. 1. ao dirigente37. ‫ָחלֶד‬. ‫כָל־י ֹשְ בֵי‬. ‫הַאֲ זִינּו‬. ‫כָל־ ָהעַמִים‬. ‫שמְעּו־ז ֹאת‬ ִ. mundo. todos os habitantes de. dai ouvidos. todos os povos. escutai isto. 2. Conforme explicado na introdução, por Gattung entende-se a classificação do “tipo literário” de um salmo, que é identificado por “características formais, estilo, modo de composição, [e] terminologia” (MUILENBURG, James, Introduction, in: GUNKEL, 1967, p. v). Outa definição útil de é a de Cristoph Barth: “Por ‘categoria formal’ (Gattung) os eruditos bíblicos [...] se referem a um grupo de passagens inteiras de poesia ou prosa que podem ser identificadas como estando associadas por características distintivas de forma, estilo e conteúdo” (BARTH, 1966, p. 13). Claus Westermann identifica sete principais Gattungen: salmo de lamento comunitário, salmo de lamento do indivíduo, salmo de louvor declarativo da comunidade, salmo de louvor declarativo do indivíduo, salmo de louvor descritivo, salmo litúrgico e salmo de sabedoria (WESTERMANN, 1980, p. 25-8). 36 Para essa tradução do termo ‫ ִמזְמֹור‬, ver KIRST, 2004, p. 121; HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 189; SWANSON, 1997, verbete 4660 (edição eletrônica). 37 ‫ נָצַח‬- verbo, particípio, piel, masculino, singular. Para a tradução deste verbo no particípio por “dirigente”, ver BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 664 (itálico acrescentado): “ַ‫ ַל ְמנַ ֵּצ ַח‬nos títulos de salmos tem, provavelmente, um sentido semelhante de dirigente musical ou regente de coro”. Ver apoio para essa compreensão do termo em HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 244; GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 2003. p. 562..

(18) 16. ‫ְו ֶאבְיֹון‬. ‫עָשִיר‬. ‫יַחַד‬. e pobre. rico. juntos. ‫תְ בּונֹות‬. ‫גַם־ ְבנֵי־אִ יש‬. ‫ָאדָ ם‬. também filhos de homem. ser humano. ‫ִלבִי‬. ‫ְוהָגּות‬. entendimento38. do meu coração. e a meditação. ‫חִידָ תִ י‬. ‫ְבכִּנֹור‬. ‫אֶ פְתַ ח‬. ‫ָאזְנִי‬. o meu enigma. com cítara. exporei. o meu ouvido. ‫י ְסּו ֵבנִי‬. ‫עֲקֵ בַי‬. me cercará os meus calcanhares. ‫י ִתְ ַהלָלּו‬. ‫ָשְרם‬ ָ ‫ע‬. gloriam-se. a riquezas deles. ‫לֵאֹלהִים‬ para ’. ‫גַם־בְני‬. também filhos de. ‫ָחכְמֹות‬. ‫י ְדַ בֵר‬. sabedoria39. falará. ַ‫פִי‬. ‫לְמָ שָל‬. ‫ַאטֶה‬. a um provérbio. ‫בִימֵ י‬. ‫אִירא‬ ָ. ‫לָמָה‬. maldade de. mau. dias de. temerei. por que. ‫עַל־חֵילָם‬. ‫הַב ֹ ְטחִים‬. na40 posse deles. 5. inclinarei. ‫ָרע‬. e na abundância de. 4. a minha boca. ‫עֲֹון‬. ַ‫ּובְר ֹב‬. 3. 6. 7. os que confiam. ‫ֹלא־י ִתֵ ן‬. ‫אִיש‬. ‫יִפְדֶ ה‬. ‫ֹלא־פָד ֹה‬. ַ‫ָאח‬. não dará. homem. redimirá. não redimir. irmão. 8. ‫ָכפְר ֹו‬ o pagamento expiatório41 dele. ‫לְעֹולָם‬ para sempre. 38. ‫ְוחָדַ ל‬ e cessará. ‫נַפְשָם‬ a vida deles. ‫פִדְ יֹון‬. ‫ְוי ֵקַר‬. o resgate de. e é valioso42. 9. Esse é um uso do plural para substantivos abstratos, cujo equivalente na tradução em português é a forma singular do termo. Ver PINTO, 1998. p. 14; ROSS, 2009, p. 399; GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 397, §124.d, e. 39 Esse é um uso do plural para substantivos abstratos, cujo equivalente na tradução em português é a forma singular do termo. Ver GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 397, §124.d, e; PINTO, 1998, p. 14; ROSS, 2009, p. 399. 40 Ver BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 752-3, uso II.1. 41 Sobre a tradução, ver discussão sobre o sentido do termo em “Análise do conteúdo do Salmo 49”. 42 KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 431-2..

(19) 17. ‫הַשָ חַת‬. ‫י ְִראֶ ה‬. ‫ֹלא‬. ‫ָלנֶצַח‬. ‫וִיחִי־עֹוד‬. a sepultura43. verá. não. para sempre. para que44 viva ainda. ‫ָו ַבעַר‬. ‫ְכסִיל‬. ‫יַחַד‬. ‫י ָמּותּו‬. ‫ֲחכָמִים‬. ‫י ְִראֶ ה‬. e bruto. insensato. juntos. morrerão. os sábios. verá. ‫חֵילָם‬ a posse deles. ‫לְד ֹר וָד ֹר‬. ‫מִ שְ כְנ ֹתָם‬. de geração e geração as suas habitações. ‫נִדְ מּו‬ perecerão. ‫ֶסלָה‬ selá. ‫בָם‬. para outros. e deixarão. ‫בָתֵ ימֹו‬. para sempre. as suas casas. ‫ֲעלֵי‬. terras. sobre. ‫נִמְ שַל‬. aos animais. é semelhante. ‫ְבפִיהֶם‬. ‫ַַוי ְִרדּו‬. não permanece46. ‫לָמֹו‬. os pastoreará. 11. certamente. ‫י ֹאבֵדּו‬ perecerão. ‫קִרבָם‬ ְ. 12. seu pensamento íntimo45. ‫ק ְָראּו‬. com seus nomes. ‫בַל־יָלִין‬. ‫וְַאח ֲֵריהֶם‬. ‫י ְִרעֵם‬. ‫כִי‬. ‫בִשְ מֹותָם‬. têm prazer na sua boca e seus seguidores para eles. sobre47 eles e dominarão. 43. ‫ְו ָעזְבּו‬. ‫לְעֹולָם‬. ‫ַכ ְבהֵמֹות‬. ‫י ְִרצּו‬. ‫לַאֲ ח ִֵרים‬. ‫אֲ דָ מֹות‬. 10. ‫בִיקָ ר‬. invocaram. ‫וְָאדָ ם‬. 13. em esplendor mas ser humano. ‫ֵכסֶל‬ tolice. ‫מָ וֶת‬. ‫שַתּו‬. morte. dirigem-se48. ַ‫דַ ְרכָם‬. ‫זֶה‬. o caminho deles. ‫לִשְ אֹול‬. 14. este. ‫כַצ ֹאן‬. 15. para sheol como rebanho. KIRST et al, 2004. p. 249; KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 1473. Para esse uso final (indicando propósito) do verbo no jussivo + waw consecutivo subordinado a uma oração com verbo no imperfeito, ver MITCHELL, 1915, p. 87-90; KEIL; DELITZSCH, 1996, v. 5, p. 351; GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 322, §109.f; NET Bible, 2005, Psalm 49.9, translator note 14. 45 KEIL; DELITZSCH, 1996. v. 5. p. 351; HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 324 (cf. Gn 18.12; Sl 5.10[9]; 62.5[4]; 64.7[6]; Jr 4.14). 46 BROWN, DRIVER, BRIGGS, 1977, p. 533. 47 Ver esse uso da preposição ‫ ְַב‬com o verbo ‫ ָרדה‬em BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 922 (cf. os seguintes texto bíblicos: Gn 1.26,28; Ne 9.28). 48 Ver GOLDINGAY, 2006, v. 1, Psalm 49, nota 10 da tradução do Salmo 49 (edição kindle). 44.

(20) 18. ‫לֹו‬ para ele. ‫ֶסלָה‬ selá. ‫מִ זְבֻל‬. ‫שְאֹול‬. ‫ְלבַלֹות‬. de mansão. o sheol. para engolir. ‫י ִקָ ֵּחנִי‬. ‫כִי‬. me tomará. ‫בֵית ֹו‬. certamente. ‫ִירם‬ ָ ‫ְוצ‬. ‫לַב ֹקֶר‬. e a forma deles. na manhã. ‫מִ י ַד־שְאֹול‬. ‫נַפְשִי‬. ‫יִפְדֶ ה‬. da mão do sheol. minha vida. redimirá. ‫כְבֹוד‬. ‫ִַכי־י ְִרבֶה‬. ‫אִיש‬. a casa dele. glória de. se aumentar. homem. ‫כְבֹוד ֹו‬. ‫ַאח ֲָריו‬. ‫ֹלא־י ֵֵרד‬. ‫הַכ ֹל‬. ‫י ִקַ ח‬. a glória dele atrás dele. não descerá. o todo. tomará. ‫לְָך‬. ‫כִי־תֵ יטִיב‬. ‫וְיֹודָֻך‬. para ti. pois vai bem. na morte dele. [ele] congratulasse:. ‫י ְִראּו־אֹור‬. ‫ֹלא‬. ‫עַד־נֵצַח‬. ‫אֲבֹותָ יו‬. verão luz. não. para sempre. os pais dele. ‫נִדְ מּו‬. ‫ַכ ְבהֵמֹות‬. ‫נִמְ שַל‬. perecerão. aos animais. é semelhante. ‫ירא‬ ָ ִ‫ַאל־ת‬. ‫ֹלא‬. ַ‫כִי‬. não. certamente. em suas vidas. e não entende. 17. não temas. ‫ְב ַחי ָיו‬. ‫וְֹלאַיָבִין‬. 16. mas49 ’. se multiplicar as riquezas. ‫ְַבמֹות ֹו‬. justos. ‫אְַַך־אֱ ֹלהִים‬. ‫כִי־יַעֲשִר‬. ‫יְב ֵָרְך‬. e te louvam. ‫יְש ִָרים‬. ‫כִי־נַפְשֹו‬. 19. embora50 sua alma. ‫עַד־דֹור‬. ‫תָ בֹוא‬. até a geração de. 20. ela irá. ‫בִיקָ ר‬ em esplendor. 18. ‫וְָאדָ ם‬. 21. e ser humano. 1.1.2. Proposta de Tradução do Salmo 49 Apresentamos a seguir uma tradução por equivalência formal de Salmo 49:51 49. 1Para o dirigente de música,52 um salmo53 concernente aos coraítas.. 49. Ver KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 45. Para o uso concessivo de ‫כִי‬, ver a discussão da análise do conteúdo de Salmo 49.19. Cf. também WILLIAMS, 1976, p. 73, 88, §448, 530; PINTO, 1998, p. 144, 19.64. 51 Várias decisões de tradução aqui são fruto da discussão ao longo da exegese contida nos dois primeiros capítulos. 52 Ver BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 664: “ַ‫ ַל ְמנַ ֵּצ ַח‬nos títulos de salmos tem, provavelmente, um sentido semelhante de dirigente de música ou regente de coro” (itálico acrescentado). Ver apoio para essa compreensão do termo em HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 244; GESENIUS, 2003, p. 562. 50.

(21) 19. 2. Escutai isto, todos os povos!. Dai ouvidos, todos os habitantes do mundo! 3. Sim, seres humanos, [todas as] pessoas;54 seja55 rico, seja pobre. 4. Minha boca falará sabedoria,56. e a meditação do meu coração [transmitirá] 57 entendimento.58 5. Inclinarei59 a um provérbio o meu ouvido, exporei60 com a cítara61 meu enigma. 6. Por que temerei os dias maus,. [quando] a maldade dos que me atacam por trás62 me cercar? 7. Os que confiam em suas posses. E na abundância de seus bens se gloriam. 8. Um ser humano63 não redimirá de modo algum [seu] irmão. Não dará a Deus um substituto expiatório64 por ele 9. (Pois é valioso65 o resgate66 da vida deles; E cessará67 para sempre.). 10. 53. Para que68 viva continuamente para sempre69. KIRST et al, 2004, p. 121; HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 189; SWANSON, 1997, verbete 4660 (edição eletrônica); KIDNER, 1980, p. 51. 54 Para a tradução desse verseto, ver a análise de conteúdo do versículo 3. 55 Para essa tradução de ‫יַחַד‬, ver BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 403. 56 Esse é um uso do plural para substantivos abstratos; ver PINTO, 1998, p. 14; ROSS, 2009, p. 399. 57 O verbo aqui é pressuposto por elipse; ver comentário do versículo 4. 58 Esse é um uso do plural para substantivos abstratos; ver PINTO, 1998, p. 14; ROSS, 2009, p. 399. 59 KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 693. 60 Para essa tradução de ‫פָתַ ח‬, ver ALONSO SCHÖKEL, 2004, p. 552; BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 835. O verbo pode ter o sentido de “falar” ou “declarar”, especialmente quando é acompanhado do substantivo ‫“( פֶה‬boca”; cf. Ez 21.27; Jó 3.1; Dn 10.16; Sl 38.14). Cf. KIDNER, 1980, p. 203. 61 Ver KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 484. 62 Ver discussão sobre essa opção de tradução na análise exegética do versículo 6. 63 Ver esse sentido amplo de ‫ ִאיש‬em Jó 38.26; cf. KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 48. 64 Sobre a tradução, ver discussão sobre o sentido do termo em “Análise do conteúdo do Salmo 49”. 65 O uso do verbo ‫ יקר‬no pretérito (wayyiqtol) tem função parentética (insere uma nota explicativa ou um comentário), como ocorre em outras passagens da Bíblia Hebraica (1Rs 13.4; 1Cr 11.6; cf. CHISHOLM, 2016, p. 151-2). 66 KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 913. 67 O perfeito com waw consecutivo tem aspecto futuro (ver MERWE; NAUDÉ; KROEZE, 1999, p. 168, §21.3 [edição eletrônica]). Merwe, Naudé e Kroeze observam que a acentuação na última sílaba indica um perfeito + ‫ו‬ consecutivo (ver também ROSS, 2009, p. 143-4). 68 Para esse uso final (indicando propósito) do verbo no jussivo + waw consecutivo subordinado a uma oração com verbo no imperfeito, ver EWALD, 1870, p. 231, §347; KEIL; DELITZSCH, 1996, v. 5, p. 351;.

(22) 20. E não veja a sepultura. 11. Certamente, verá que os sábios morrem,70. Insensato e bruto juntos são destruídos71 E deixam para outros suas posses. 12. Seu pensamento íntimo72 [é que] suas casas são eternas, E suas habitações, de geração em geração. Aclamam seus nomes sobre as terras. 13. Mas um ser humano em esplendor73 não permanece, É semelhante aos animais [que] perecem.. 14. Este é o caminho daqueles [cuja] tola confiança [é] para si, Mas seus seguidores têm prazer no que eles dizem. Selá. 15. Como rebanho dirigem-se74 para o Sheol, Morte os pastoreará.. De manhã, os justos dominarão sobre75 eles. O Sheol engolirá suas formas,76 Longe da77 mansão dele. 16. Mas78 Deus redimirá minha vida do poder79 do Sheol,. GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 322, §109.f; NET Bible, 2005, Psalm 49.9, translator note 14. Cf. também a discussão no capítulo 2 sobre o versículo 9. 69 O termo hebraico ‫ עֹוד‬indica continuidade, por isso, nossa tradução: “continuamente” (cf. ALONSO SCHÖKEL, 2004, p. 481; KEIL; DELITZSCH, 1996. v. 5. p. 351; ver o único outro exemplo da Bíblia Hebraica em que ‫ עֹוד‬e ‫“[ ָלנֶצַח‬para sempre”] são empregados juntos em Jr 50.39, mas ali são precedidos pelo advérbio ‫)ֹלא‬. 70 O imperfeito do verbo ‫ מות‬aqui tem a função de indicar uma ação que pode ocorrer repetidamente em qualquer momento e que é conhecida pela experiência humana (GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 315-6, §107.g). 71 Para essa tradução do imperfeito de ‫אבד‬, ver GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 315-6, §107.g e nota anterior. 72 Para a tradução de ‫ ק ְִרבָם‬por “seu pensamento íntimo”, veja as ocorrências de ‫ ק ֶֶרב‬em Gn 18.12; Sl 5.10[9]; 62.5[4]; 64.7[6]; Jr 4.14. Na antepenúltima referência (Sl 62.5), há claramente um contraste entre o ato da “boca” dos homens falsos de “abençoar” e o “pensamento interior deles” (‫)ק ְִרבָם‬, que “amaldiçoa”. Em Jr 4.14, é no ‫ק ֶֶרב‬ que estão presentes os “maus pensamentos” (‫) ַמ ְחשְבֹותַאֹונְֵך‬. Cf. COPPES, Leonard J., ‫ק ֶֶרב‬, in: HARRIS; ARCHER Jr.; WALTKE, 1999, p. 813; HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 324; KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 1135, sentido 2. 73 Ver o uso do termo com esse sentido em Jr 20.5; Ez 22.25 (cf. PLEINS, 1996, p. 20-1). 74 Ver esse sentido de direção em GOLDINGAY, 2006, psalm 49, nota 10 da tradução do Salmo 49 (edição kindle); KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, 1485, exemplo 7c. 75 Ver esse uso de da preposição ‫ ב‬com o verbo ‫ ָרדה‬em BDB, p. 922 (cf. os seguintes texto bíblicos: Gn 1.26,28; Ne 9.28). 76Ver também ALTER, 2007, p. 174. 77A preposição ‫ מִין‬em ‫מזְבֻל‬ ִ é plenamente compreensível em sua nuance privativa: “longe de”, “fora de” (NET Bible, 2005, Psalm 49.14, translator note 32; BRIGGS, 1906, p. 414). 78 Ver KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 45. 79 Para o sentido abstrato de “poder” do termo, ver DAHOOD, 1965, p. 301..

(23) 21. Certamente me tomará. Selá. 17. Não temas se um homem alcançar riquezas,80 Se aumentar a glória de sua casa.. 18. Certamente não tomará tudo [consigo] em sua morte, Não descerá atrás dele sua glória. 19. Embora em sua vida ele se81 congratulasse:. “E es te ouva , pois as coisas vão be contigo”. 20. Ele82 irá até a geração de seus pais; Não verão a luz para sempre.. 21. Pois um ser humano em esplendor83 não entende, É semelhante aos animais que perecem.. 1.2. Análise de Crítica Textual do Salmo 49 A ciência da crítica textual é fundamental para a interpretação da passagem bíblica em análise nesta dissertação, em especial para que se consiga discernir o texto produzido antes que o processo de cópia e preservação dele gerasse alterações. Antes de perguntarmos: “O que significa este texto”, devemos perguntar: “Qual é o texto?”, o que demanda a investigação da história de transmissão da Bíblia Hebraica, ler e avaliar as várias testemunhas textuais (TM, LXX, Vulgata Latina, Peshitta, etc.)84 e orientar-se segundo os cânones de crítica textual que esclarecem as práticas dos antigos escribas.85 A BHS indica em seu aparato crítico 43 problemas textuais no Salmo 49,86 muitos deles envolvem diferenças entre as versões, e poucos problemas consistem em tentativas de mera reconstrução de H. Bardtke, editor do livro de Salmos da BHS. Segundo Leo G. Perdue, o “estabelecimento do texto hebraico” do Salmo 49 é “um difícil problema devido ao grande. 80. Ver esse sentido do verbo ‫ עשר‬no grau hifil em KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 897. 81 Para essa tradução de ‫ נֶפֶש‬com o sentido de pronome pessoal ou pronome reflexivo, ver WOLFF, 2008, p. 52-5. Quanto à defesa de ‫ נֶפֶש‬como sujeito deste verbo, ver a seção de análise de crítica textual mais adiante. 82 O sujeito aqui é entendido como o substantivo feminino ‫ נֶפֶש‬do versículo 19 (ver NET Bible, 2005, Psalm 49.19, translator note 42). 83 Ver o uso do termo com esse sentido em Jr 20.5; Ez 22.25 (cf. PLEINS, 1996, p. 20-1) 84 Uma ferramenta bibliográfica fundamental para a compreensão do processo de transmissão textual das versões e para a leitura do aparato crítico usada neste trabalho é FRANCISCO, 2008. 85 TOV, 2017, p. 1-2; CHISHOLM, 2016, p. 23-5. Ver STUART, 2009, p. 6-7, 35-8. 86 ELLIGER; RUDOLPH (eds.), 1997, p. 1130-1..

(24) 22. número de variantes nas principais tradições textuais”.87 Assim, dedicamos a análise a seguir à grande maioria desses problemas em busca da leitura mais próxima do texto hebraico original do Salmo 49. No versículo 2, o aparato indica que um manuscrito [Ms] traz ‫( חדל‬forma vocalizada ‫חֶדֶ ל‬, “cessação”,88 “região/domínio dos mortos”89) em vez do termo ‫“( ֶחלֶד‬mundo”; “tempo de vida”).90 O fato de a L. trazer. (“terra habitada”; “mundo”),91 e a Vulgata, orbis. (“território”, “região”;92 “mundo”93), ambas apoiando a leitura do TM, sugere que a diferença em um único manuscrito ocorreu por metátese, um erro de cópia que consiste na troca da posição de fonemas ou sílabas de um vocábulo — ou seja, por descuido, o copista inverteu a ordem das letras ‫ ד‬e ‫ל‬.94 No versículo 4, há dois problemas textuais relacionados ao texto hebraico da Héxapla de Orígenes (. εβρʹ).95 A segunda coluna da Héxapla com a transliteração do. hebraico em caracteres gregos,96 cujo propósito era auxiliar o leitor na pronúncia do texto hebraico,97 traz αχα ωθ, o equivalente a ‫ ֲחכָמֹות‬, em vez de ‫ ָחכְמֹות‬do TM. A distinção é pequena e não afeta significativamente a leitura do termo, que em ambos os casos teria o sentido de “sabedoria”. A vocalização proposta por Orígenes (‫ ) ֲחכָמֹות‬seria, segundo Dahood, a forma plural do substantivo. (“sabedoria”).98 Quanto à pontuação do TM (‫) ָחכְמֹות‬, Dahood. entende ser uma forma fenícia singular equivalente ao termo Entretanto, é provável que ‫ ָחכְמֹות‬seja uma forma plural posterior de. do hebraico clássico.99 no hebraico bíblico. (cf. Pv 1.20; 9.; Eclo 4.11),100 funcionando como um plural de intensidade101 ou um plural para substantivos abstratos.102. 87. PERDUE, 1974, p. 533. Ver também a mesma observação em DECLAISSÉ-WALFORD; JACOBSON; TANNER, 2014. p. 441. 88 BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 293. 89 HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 96. 90 KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 316. 91 ARNDT; DANKER; BAUER, 2000, p. 699. 92 WHITAKER, 2012, verbete orbis. 93 HARDEN, 1921, p. 83. 94 Ver mais informações e exemplos relacionados à metátese em BROTZMAN; TULLY, 2016, cap. 6 (edição kindle). Tov resume a metátese como “a transposição de duas letras adjecentes” (TOV, 2017, p. 236). 95 Quanto à abreviatura da Héxapla no aparato crítico, ver FRANCISCO, 2008, p. 73. 96 BROTZMAN; TULLY, 2016, cap. 4 (edição kindle); KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 314. 97 WÜRTHWEIN, 1995, p. 57, nota 25. 98 DAHOOD, 1965. p. 297. 99 DAHOOD, 1965, p. 296-7. Essa leitura singular de um termo cujo final se parece com o sufixo plural de substantivos femininos lembra a forma singular do termo hebraico (“irmã”). 100 KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 314-5..

(25) 23. Também na segunda coluna da Héxapla, há uma variante textual relacionada ao hapax legomenon103 ‫“( הָגּות‬meditação”) do TM. O texto hebraico transliterado em grego na obra de Orígenes consta. αγιθ, que, segundo a BHK,104 implica a reconstrução ‫ ְַו ָהגִית‬, pois o. antigo sistema de transliteração grega da Héxapla usava omicron-upsilon (. ) para representar. o ‫ ו‬em início de palavras.105 No entanto, essa variante não tem correspondente em hebraico ou aramaico bíblicos, sendo extremamente improvável como leitura do texto original. Dahood106 também apresenta uma proposta de leitura, que implica mudança sutil na pontuação massorética, alterando a vogal longa: ‫“( ְוהָגּות‬meditação”), um substantivo, passa a ser lido como ‫“( ְוהָגֹות‬falar”),107 uma raiz verbal hebraica no modo infinitivo absoluto. Em vez de “e a meditação do meu coração [transmitirá] entendimento”, ele lê “e meu coração proclamará entendimento”. O problema com essa repontuação das vogais é que ela não tem o apoio do TM nem das principais versões, como a L. ( ε. , “meditação”, “estudo”)108 e a. Vulgata (meditatio, “meditação”, “contemplação”).109 O próprio Dahood admite que a forma infinitiva da raiz verbal com ‫ ת‬no final é incomum, pois o normal seria ‫ הָגֹו‬ou ‫הָג ֹה‬. Assim, não há razão alguma para seguir essa reconstrução e deve-se manter a leitura massorética.. 101. GOLDINGAY, 2006, psalm 49, nota 1; KEIL; DELITZSCH, , 1996, v. 5. p. 349; ALONSO ALONSO SCHÖKEL; CARNITI, 1996, v. 1. p. 666. Embora Gesenius defenda que a forma ‫ ָחכְמֹות‬é singular, ele apresenta uma série de exemplos úteis para a compreensão do plural de intensidade em GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 397-8, §124.e. 102 BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 315. Ver outros exemplos do uso do plural para substantivos abstratos em PINTO, 1998, p. 14; ROSS, 2009, p. 399. 103 Tanto o BDB quanto o HALOT confirmam a única ocorrência do termo na Bíblia Hebraica (ver KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 238; BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 212) 104 KITTEL, Rudolph (ed.). Biblia Hebraica. Leipzig: J.C. Hinrichs, 1906. v. 2. p. 944. 105 Aqui sou devedor do auxílio do Prof. Edson de Faria Francisco, que, em uma mensagem pessoal, esclareceu a reconstrução da transliteração grega para o hebraico e chamou a atenção para a ajuda fornecida no aparato da BHK (FRANCISCO, 2017). Em relação à correspondência entre ‫ ו‬e , Prof. Edson F. Francisco observa: “Joüon-Muraoka [...] estabelecem que a pronúncia da letra ‫ ו‬é como w (como em inglês) (JOÜON; MURAOKA, 2009. p. 20). ַGesenius estabelece também que a pronúncia da letra ‫ ו‬é como w (u) (p. 26). Ele diz, ainda, que a letra ‫ ו‬é de natureza vocálica, podendo ser transcrita como u (GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 26, n. 1). Sáenz-Badillos menciona que a letraַ‫ו‬, em início de palavra, é transcrita em inscrições gregas, como a Héxapla, como omicron-upsilon ( ) (SÁENZ-BADILLOS, 1996,ַp. 85). Então, na época da Héxapla, a transcrição da variante hipotética ‫ והגות‬do Salmo 49.4 seria algo como αγιθ. Isto é, a conjunção waw era transcrita em letras gregas como . Isto indicaria que a primitiva pronúncia da letra ‫ ו‬da época da Héxapla seria algo como o som de w (inglês) e não como v.” 106 DAHOOD, 1965, p. 297. 107 Observe-se que essa proposta não é original de Dahood, pois Briggs já mencionava a possibilidade de leitura do infinitivo construto do mesmo verbo (ver BRIGGS, 1906, p. 412). 108 ARNDT; DANKER; BAUER, 2000, p. 625. Ver também a tradução inglesa de Salmo 48[49].3[4] da LXX de BRENTON: “and the meditation of my heart…” [e a meditação de meu coração] (itálico acrescentado). 109 WHITAKER, 2012, verbete meditatio..

(26) 24. No versículo 6, há, novamente, dois problemas textuais relacionados com a transliteração grega do texto hebraico na Héxapla de Orígenes ( εβρʹ). No primeiro problema indicado pelo aparato da BHS, em vez de ‫( ֲע ֵקבַי‬lit. “os meus calcanhares” = “os que me atacam por trás”),110 a segunda coluna da Héxapla traz. ββαε ,111 que, de acordo com. Bardtke, resultaria na forma hebraica ‫( ֲע ֻקבַי‬lit. “os meus enganosos”112 = “os meus enganadores”). Em seguida, o editor de Salmos da BHS propõe (prp) a leitura ‫“( ע ֹ ְקבַי‬meus traidores”; ou “os caluniadores”) e tem o apoio de alguns comentaristas.113 Na primeira opção, ‫ ֲע ֻקבַי‬significaria “os meus enganadores”, ou seja, “aqueles que me enganam”, uma junção do adjetivo ‫“( עָק ֹב‬enganoso”, “astuto”, traiçoeiro; “tortuoso” [Is 40.4])114 + o sufixo pronominal da 1ª. pessoa do singular (‫)ַַ י‬. Jeremias 17.9 chama o “coração” (‫ )לֵּב‬de ‫“( עָק ֹב‬enganoso, ardiloso”). Pessoas falsas ou traiçoeiras seriam o tipo de gente que perseguiria o justo sofredor. Na opção de Bardtke, ‫ ע ֹ ְקבַי‬significaria “os que me enganam/traem”, um particípio ativo ‫“( ע ֹקְ בִים‬os que traem”, “enganam”; “os que pegam o calcanhar” [Os 12.4])115 + o sufixo pronominal da 1ª. pessoa do singular (‫)ַַ י‬. Essa raiz verbal descreve a atitude característica de Jacó, como alguém que “enganou” (‫ ) ַוי ַ ְע ְק ֵבנִי‬Esaú duas vezes (Gn 27.36), bem como a postura geral entre parentes na época de Jeremias, em que “todo irmão só age deslealmente” (‫כָל־ָאח‬ ‫( )עָקֹובַיַעְק ֹב‬Jr 9.3[4]). Dahood propôs essa última opção de leitura do hebraico, mas traduzindo o particípio por “os difamadores”/“os caluniadores”, com base no ugarítico.116 Entretanto, essa interpretação tem sido contestada por não se basear em um exemplo claro do sentido da raiz verbal ‘qb em ugarítico, que tem o significado mais comum de “impedir”, “segurar”.117 Embora a revocalização proposta por Bardtke na BHS não demande alteração das consoantes do texto do TM e faça bastante sentido aqui, 118 é melhor propor uma tradução que mantenha o texto hebraico majoritário ‫( ֲע ֵקבַי‬dos meus calcanhares [relação genitiva]), que é 110. Ver a tradução interlinear e a discussão na análise de conteúdo do versículo 6. FIELD, 1875, v. 2, p. 170. 112 Na tradução proposta aqui, lê-se o termo como plural de ‫“( עָק ֹב‬enganoso”, “tortuoso”), cuja forma feminina demanda uma redução idêntica à do plural com SPP nas vogais do radical (cp. ‫ ֲע ֻקבַי‬e ‫ ; ֲע ֻקבָה‬ver ALONSO SCHÖKEL, 2004, p. 514; KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 873). 113 E.g., CRAIGIE, 1983, p. 357; DAHOOD, 1965, p. 297. A segunda opção de tradução do mesmo termo hebraico é uma opção apresentada por Dahood com base no ugarítico e entendendo que o SPP da 1ª. Pessoa do singular tem ênfase de artigo ou de pronome demonstrativo. 114 KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 873. 115 HOLLADAY; KÖHLER, 2000, p. 281; GESENIUS, 2003, 649. 116 DAHOOD, 1965, p. 297. 117 CRAIGIE, 1983, p. 319. 118 É a opção de VanGemeren e de Craigie (ver VANGEMEREN, 1991, p. 368; CRAIGIE, 1983, p. 356-7). 111.

(27) 25. basicamente seguido tanto pela LXX ( ῆς π ρ ς. , “do meu calcanhar”) quanto pela. Vulgata (calcanei mei, “meu calcanhar”), embora ambas traduzam o termo no singular, em vez de no plural (como no TM).119 Há dois problemas textuais e algumas questões sintáticas na primeira parte do dístico do versículo 8 que têm levado estudiosos a debaterem sobre a reconstituição do texto e sua tradução. Bardtke observa que poucos manuscritos hebraicos (pc Mss — entre 3 a 10)120 trazem ‫“( אְַך‬certamente”, “de fato”; “entretanto”, “porém”), em vez de ‫“( ָאח‬irmão”; “companheiro”; “compatriota”), e propõe que se leia conforme a variante textual, bem como se repontue ‫[( יִפְדֶה‬ele] redimirá [3ª. pessoa masculino singular do qal]) para ‫[( י ִ ַָפדֶה‬ele] se redimirá121 [3ª. pessoa masculino singular do nifal]).122 Muitos estudiosos têm seguido essa proposta.123 Na primeira questão textual, o argumento para se modificar ‫ ָאח‬para ‫ אְַך‬é que a estrutura comum não é ‫[ אִ יש‬...] ‫“( ָאח‬irmão [...] homem”), mas ‫[ ָאח‬...] ‫“( ָאח‬irmão [...] irmão”) ou ‫[ אִ יש‬...] ‫“( ִאיש‬homem [...] homem”),124 além de não ser comum ter ‫ ָאח‬no começo do verso.125 Ademais, embora o uso do infinitivo absoluto com função enfática já esteja presente no verseto, há evidência do uso de ‫ ַַאְך‬precedendo verbos infinitivos absolutos com função adverbial (Gn 44.28; cf. 27.30).126 Em tese, a razão para a modificação inserida no TM e seguida pela LXX e Vulgata se deveria a um erro de audição ou homofonia, visto que ambas as palavras têm pronúncia bem semelhante.127 Quanto à modificação de ‫( יִפְדֶ ה‬qal) para ‫( יִפָדֶ ה‬nifal) com sentido reflexivo, ela demanda uma pequena alteração vocálica em uma língua escrita apenas com consoantes,128 e. 119. KRAUS, 1993. p. 730; GOULDER, 1982, p. 185-6. Ver a tentativa de tradução de Alonso Schökel e Carniti: “quando me cercam para derrubar-me criminosos” (ALONSO SCHÖKEL; CARNITI, 1996, p. 664, 666). 120 FRANCISCO, 2008, p. 86. Segundo Kraus, o número exato aqui são oito manuscritos (KRAUS, 1993, p. 730) 121 Para esse sentido reflexivo do nifal, ver KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 19942001, p. 912. 122 ELLIGER; RUDOLPH, 1997. p. 1131. 123 Ver KRAUS, 1993, p. 729-30; TESH, 1999, p. 354; CRAIGIE, 1983, p. 357; VANGEMEREN, 1991, p. 36970; ALONSO SCHÖKEL; CARNITI, 1996, p. 664, 666. 124 CRAIGIE, 1983, p. 357. 125 VANGEMEREN, 1991, p. 369. 126 GESENIUS; KAUTZSCH; COWLEY, 1910, p. 342, §113.n. 127 Para explicação e exemplos desse tipo de erro, ver SIMIAN-YOFRE et al., 2015; ARCHER, 1994. BROTZMAN; TULLY, 2016, cap. 6 [edição kindle] afirmam: “... há [...] alguns erros na transmissão do texto do Antigo Testamento que são, evidentemente, originados não em problemas de visão e cópia, mas de audição e cópia. Ao que tudo indica, ao menos em algumas ocasiões, os escribas hebreus produziam suas cópias com base na leitura em voz alta de um manuscrito feita por outra pessoa”. 128 Sobre esse tipo de erro com vogais, ver ARCHER, 1994, p. 63..

(28) 26. é uma decorrência lógica da ausência de objeto direto no caso da reconstrução de ‫ ָאח‬para ‫אְַך‬.129 Alguns propõem a manutenção de ‫ָאח‬, mas o interpretam como uma exclamação: “Meu Deus!”130 ou “Hum!”.131 Enquanto Dahood segue a mudança na raiz verbal ‫ פדה‬para o nifal com sentido reflexivo, Goldingay prefere mantê-la de acordo com o TM, interpretando ‫ אִ יש‬como objeto do verbo e “riqueza” como sujeito implícito, conforme o contexto do versículo 7. Apesar dessas possibilidades de leitura, deve-se observar que as evidências externas favorecem, antes de tudo, a leitura do Texto Massorético (talvez com emenda em ‫ ;)פדה‬a leitura da LXX diz (às vezes confusa):132 δε φὸς ὐ irmão não redime; um homem redimirá?”).. 133. ρ ῦ αι·. ρώσε αι ἄ θρωπ ς (“um. A Vulgata apresenta a seguinte tradução do. hebraico: frater non redimit redimet homo (“um irmão não redime, um homem redimirá?”). Ambas as versões entendem que o primeiro termo hebraico é ‫ ( ָאח‬δε φὸς; frater),134 não o advérbio ‫“( ַאְך‬certamente”) da emenda textual que segue poucos manuscritos hebraicos. A Vulgata segue a leitura do TM ao manter os dois verbos ativos,135 e a L (. usa um verbo. ρ ω) que só aparece na voz média e passiva na literatura clássica, na LXX e no Novo. Testamento,136 tendo força ativa em várias ocorrências da LXX. A evidência interna também corrobora a leitura do TM. Conforme Goulder observou acertadamente: Contudo, ‫ ַאְך‬é a leitura mais fácil; Kraus apenas diz que ela deve ser lida, sem dar explicação alguma sobre como uma leitura ‫ אח‬passou a existir. É essa ‘facilidade’ que pode explicar a vario lectio: os oito manuscritos poderiam não ver também sentido em ‫אח‬. A história da interpretação do salmo é uma lição objetiva dos perigos. 129. ALONSO SCHÖKEL; CARNITI, 1996, p. 664, 666; KRAUS, 1993, p. 729-30; VANGEMEREN, 1991, p. 369. 130 DAHOOD, 1965, p. 298: “A inclinação moderna em formar interjeições com base em palavras expressando relacionamento de sangue (e.g., o italiano mamma mia, literalmente ‘Minha mãe!’, uma exclamação de surpresa ou medo) tem análogos bíblicos em ’ , ‘meu Deus’, que ocorre em Ezequiel vi 11, xxi 20”. 131 GOLDINGAY, 2006, Psalm 49 (edição kindle). Ele fundamenta sua escolha na interjeição indicada em BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 25. 132 Compare, por exemplo, duas versões de tradução da LXX para o inglês: (1) “A brother is not redeemed. Will a person redeem?” [“Um irmão não é redimido. Uma pessoa será redimida?] (BRANNAN, 2012); (2) “A brother does not redeem, shall a man redeem?” [Um irmão não redime, deve um homem redimir?] (tradução da LXX de BRENTON). 133 Para a tradução na voz ativa do verbo grego na voz média seguimos o léxico de LUST; EYNIKEL; HAUSPIE, 2003, verbete ρ ω (edição eletrônica): “regatar por um pagamento de resgate, redimir [...]; libertar (vida, alma)”. 134 KIDNER, 1980, p. 204, nota 15. 135 Ver análise morfológica em WHITAKER, 2012, verbetes redimit, redimet. 136 ARNDT; DANKER; BAUER, 2000, p. 482..

(29) 27. da preferência por leituras convenientes e do tratamento dos pontos vocálicos tradicionais como uma questão sem importância.137. As regras ou cânones de crítica textual são muito claros e amplamente aceitos: lectio difficilior praestat facilior — uma leitura mais difícil prevalece sobre uma mais fácil. “Sempre é mais explicável que o escriba ou tradutor tenha procurado simplificar um texto que causava dificuldade, visando fazê-lo mais compreensível ou mais claro aos leitores”.138 Portanto, quando estudiosos argumentam, sem apoio da evidência externa, contra a leitura do TM porque ela é “problemática”139 ou porque não é uma “expressão idiomática comum”,140 na verdade, revelam a “mente de um escriba” na confecção da emenda textual: “a tendência dos escribas em simplificar e esclarecer os textos que estavam copiando com muito mais frequência do que os teriam tornado mais difíceis”.141 Portanto, seguimos a lectio difficilior do TM, que tem o apoio da LXX e da Vulgata, considerando o objeto do verbo o primeiro termo do verseto: ‫“ — ָאחַֹלא־פָד ֹהַיִפְדֶ הַ ִאיש‬um ser humano142 não redimirá de modo algum [seu] irmão” (v. 8a).143 Na segunda parte do versículo 8, há uma variante textual na BHS que não parece trazer alterações significativas nem recebe menção na BHK.144 Bardtke observa que muitos manuscritos hebraicos medievais (mlt Mss — entre 21 e 60 manuscritos)145 acrescentam o ‫ו‬ (“e”) antes de ‫“( ֹלא‬não”) formando ‫“( וְֹלא‬e não”).146 O acréscimo da conjunção hebraica apenas tornaria o texto mais fluente, porém, não alteraria em nada seu sentido.147 Tanto a LXX ( ὐ δώσει, “não dará”) quanto a Vulgata (non dabit, “não dará”)148 apoiam o texto do TM ao não inserir conjunção antes do advérbio de negação. Em seguida, H. Bardtke, editor do livro de Salmos da BHS, sugere que todo o texto do versículo 9 é, provavelmente, uma glosa (prb gl),149 uma nota explicativa acrescentada por. 137. GOULDER, 1982, p. 187. SIMIAN-YOFRE et al, 2015, p. 67. 139 VANGEMEREN, 1991, p. 369. 140 CRAIGIE, 1983, 357. 141 BROTZMAN; TULLY, 2016, cap. 7 (edição kindle). 142 Ver esse sentido mais abrangente de ‫ אִיש‬em Jó 38.26; cf. KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 48. 143 Ver também a opção da NET Bible: “Certainly a man cannot rescue his brother” [Certamente um homem não pode resgatar seu irmão]. 144 Ver KITTEL, 1906, v. 2, p. 944. 145 FRANCISCO, 2008, p. 87. 146 ELLIGER; RUDOLPH, 1997, p. 1131. 147 Ver a proposta de tradução de Craigie que tem por base a leitura alternativa (CRAIGIE, 1983, p. 356-7). 148 WHITAKER, 2012, verbetes non, dabit. 149 FRANCISCO, 2008, p. 36, 51. 138.

(30) 28. um escriba posterior.150 Embora o versículo 9 tenha natureza explicativa e sua remoção dê mais fluência ao texto,151 o caso aqui implicaria um conflito entre dois cânones de crítica textual: o da lectio difficilior, em que a leitura mais difícil deve ser mantida, tendo em vista a tendência dos escribas em esclarecer e simplificar;152 e o da lectio brevior (“leitura mais breve”) devido à inclinação dos copistas a ampliarem os textos visando esclarecimento ou melhor fluência.153 O primeiro cânone favoreceria a permanência do versículo 9, ao passo que o segundo demandaria sua exclusão. Optamos por manter o versículo 9 devido ao apoio que o TM tem de outras versões importantes, como o Targum (que traz acréscimos ao texto e tem suas próprias variantes),154 a LXX (ver também a Héxapla de Orígenes) e a Vulgata, e pelo fato de que a remoção do texto é apenas fruto de hipótese dos estudos bíblicos modernos, sem apoio algum da evidência externa antiga. Logo no início do versículo 9, há uma variante textual relacionada ao termo ‫ ְויֵקַר‬, uma forma da 3ª. pessoa do singular do pretérito155 do grau qal da raiz verbal ‫“( יקר‬ser precioso”; “ser estimado”; “ser raro”; “ser digno”).156 A LXX lê o início do versículo 9 como uma continuação do versículo anterior, indicando a segunda parte do objeto da oração, conforme indicado pelo caso acusativo do substantivo (em vez da raiz verbal usada pelo TM): α. ὴ. ι ὴ (“e/nem o preço”). De acordo com a LXX, não há uma interrupção entre os. versículos 8 e 9: ὐ δώσει ῷ θεῷ ἐξί ασ α αὐ ῦ, α ὴ αὐ ῦ (“8bnão dará a Deus oferta propiciatória157 dele. 9a. ι ὴ. ῆς. ρώσεως ῆς ψ χῆς. nem o preço158 da redenção da alma. dele”) (grifo e itálico acrescentados). De acordo com Bardtke, a expressão da LXX ( α ὴ ι ὴ ) implicaria a reconstrução ‫“[ ו( וִיקָר‬e”] + ‫“[ יְקָר‬preciosidade”, “preço”, “honra”])159 no hebraico, o que não demandaria mudança no texto consonantal, mas apenas na pontuação massorética. 150. Briggs, Craigie e Kraus defendem o mesmo entendimento de que o versículo 9 é uma glosa (ver BRIGGS, 1906, p. 413; CRAIGIE, 1983, p. 357; KRAUS, 1993, p. 731). Na BHK, sugere-se que o primeiro verseto seja eliminado (ver KITTEL, 1906, v. 2. p. 945, nota a do v. 9 no aparato crítico). 151 GOULDER, 1982, p. 188; KRAUS, 1993, p. 731. 152 SIMIAN-YOFRE et al, 2015, p. 67; ARCHER, 1994, p. 65; BROTZMAN; TULLY, 2016, cap. 7 (edição kindle). 153 ARCHER, 1994, p. 65; BROTZMAN; TULLY, 2016, cap. 7 (edição kindle). 154 Ver o texto de Salmos 49.9 da edição do Targum de KAUFMAN, 2005. 155 Classificamos como “pretérito” usando a designação indicada por ROSS, 2009, p. 142-3: “Alguns professores preferem chamar essa construção de tempo imperfeito + w w consecutivo, mas ‘pretérito’ descreve como mais exatidão a forma como um tempo passado”. 156 KOEHLER; BAUMGARTNER; RICHARDSON; STAMM, 1994-2001, p. 431-2. 157 LUST; EYNIKEL; HAUSPIE, 2003, verbete ἐξί ασ α. 158 ARNDT; DANKER; BAUER, 2000, p. 1005. 159 BROWN; DRIVER; BRIGGS, 1977, p. 430..

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