• Nenhum resultado encontrado

MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Direito Processual Civil Fernando Gajardoni Aula 09 ROTEIRO DE AULA. Continuação: Tutelas Provisórias

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Direito Processual Civil Fernando Gajardoni Aula 09 ROTEIRO DE AULA. Continuação: Tutelas Provisórias"

Copied!
22
0
0

Texto

(1)

MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS Direito Processual Civil

Fernando Gajardoni Aula 09

ROTEIRO DE AULA

Continuação: Tutelas Provisórias

4. Principais questões

4.14. Estabilização da tutela antecipada antecedente

a) Funcionamento da técnica da estabilização no Brasil (304 §§ 1º e 3º)

Caso o réu concorde com o pedido de tutela antecipada antecedente, de acordo com o artigo 304, §§

1º e 3º

1

, há a estabilização dos efeitos da tutela, ocasião em que o juiz extinguirá o processo e os efeitos desta decisão durarão até sua reforma, invalidade ou revisão. O professor observa que de certa forma a estabilização dos efeitos da tutela antecipada antecedente se trata de negócio jurídico processual tácito, já que diante da ausência de impugnação do réu, este último demonstra sua concordância com o pedido autoral.

1

CPC, art. 304. “A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.

§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto.

(..)

§ 3º A tutela antecipada conservará seus efeitos enquanto não revista, reformada ou invalidada por

decisão de mérito proferida na ação de que trata o § 2º.”

(2)

b) Não cabimento da estabilização (TAI, TCA, TCI, TE e TAA Parcial)

Da mesma forma, o professor frisa que apenas os efeitos da tutela antecipada antecedente estabilizam, não se aplicando à:

- Tutela antecipada incidental: (realizada na petição inicial), tendo em vista que o artigo 304 do CPC assim não prevê;

- Tutela cautelar antecedente e na tutela cautelar incidental: por assim não ser previsto no artigo 304 do CPC e por ser a tutela cautelar (antecedente ou incidental) meramente conservativa (e não satisfativa do direito);

- Tutela da evidência: por expressa previsão do artigo 304 do CPC e por não ser fundada no periculum in mora - embora exista uma pequena parte da doutrina que defenda a interpretação extensiva do artigo 304 do CPC para aplicá-lo ao artigo 311 que trata da tutela de evidência.

- Tutela antecipada antecedente parcial:

1ª posição: (majoritária) entende pela não estabilização dos efeitos da tutela antecipada antecedente deferida parcialmente - uma vez que há direito de discussão do mérito.

Ex.: “A” ingressa com pedido de tutela antecipada em caráter antecedente solicitando a entrega de dois medicamentos, sendo deferida a entrega de apenas um deles. Ainda que “B”

não recorra, esta corrente entende que a tutela antecipada antecedente não estabiliza, pois como a continuidade do processo em relação ao outro medicamento prosseguirá, ambos os pedidos poderão ter análise exauriente e coisa julgada.

2ª posição: (minoritária) entende que a inexistência de vedação legal permite a estabilização da decisão que concede tutela antecipada antecedente, de forma que no exemplo anterior, o autor deveria aditar a inicial apenas em relação ao medicamento não concedido.

c) Condição para não ocorrência da estabilização: recurso? (304, caput) (Resp. 1.760.966/SP X REsp 1.797.365-RS) (conhecimento – 28 ENFAM)

De acordo com o artigo 304, caput, do CPC

2

, são duas as condições para a estabilização da tutela antecipada antecedente:

1) Realização do pedido de tutela antecipada antecedente; e

2

CPC, art. 304. “A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão

que a conceder não for interposto o respectivo recurso.”

(3)

2) Inexistência de recurso contra a decisão que concedeu a tutela antecipada antecedente.

Contudo, na jurisprudência do STJ existem duas interpretações distintas sobre a interpretação do termo recurso:

1ª posição: realizada pela Seção de Direito Privado do STJ, no julgamento do Resp. 1.760.966/SP, entende que o termo “recurso” previsto no artigo 304 do CPC não foi utilizado em sua acepção técnica, motivo pelo qual não haverá a estabilização da tutela antecipada antecedente se o réu de qualquer modo demonstrar que não concorda com a tutela antecipada antecedente (ex. apresentando contestação antecipada). Desta forma, “recurso” seria interpretado como qualquer meio de manifestação que indique a não concordância do réu.

2ª posição: precedente da Primeira Seção de Direito Público, no julgamento do REsp 1.797.365-RS entendeu pela necessidade de interposição recurso (agravo de instrumento ou embargos de declaração), sob o fundamento de que o CPC não utilizada palavras no sentido atécnico, sendo

“recurso” uma palavra absolutamente técnica que indica aqueles previstos no artigo 994 do CPC.

Desta forma, preceitua o Enunciado 28 ENFAM que, reconhecido pelo respectivo Tribunal o recurso interposto restará afastada a estabilização dos efeitos da tutela antecipada antecedente:

Enunciado 28 ENFAM: “Admitido o recurso interposto na forma do art. 304 do CPC/2015, converte- se o rito antecedente em principal para apreciação definitiva do mérito da causa, independentemente do provimento ou não do referido recurso.”

Por fim, o professor destaca concordar com a segunda posição, mencionando que nas redações do artigo 304 do CPC/15 não existia a menção expressa a interposição de recurso, observando ter sido assim alterada pelo legislador, o que demonstra, em sua opinião, a necessidade de interposição de recurso e não a mera demonstração de discordância.

d) Sentença e extinção da TAA (304, § 1º) (honorários – enunc. 18 ENFAM)

(4)

De acordo com o §1º do artigo 304 do CPC

3

, há a extinção dos autos com a estabilização da tutela antecipada antecedente. Fato é que na doutrina existe divergência em relação a natureza desta decisão, se a extinção seria com resolução de mérito ou sem resolução de mérito.

O professor destaca que entende se tratar de sentença de natureza própria e exclusiva, ou seja, atípica, pois não se pode afirmar ser uma decisão sem resolução do mérito ante a análise, ainda que de forma precária, do mérito da demanda para concessão do pedido em sede de tutela antecipada antecedente.

- O Enunciado 18 ENFAM, nas hipóteses de estabilização da tutela antecipada, sugere a aplicação do caput do artigo 701 do CPC

4

, que regula a ação monitória e estabelece a fixação de honorários advocatícios em cinco por cento sobre o valor da causa:

Enunciado 18 ENFAM: “Na estabilização da tutela antecipada, o réu ficará isento do pagamento das custas e os honorários deverão ser fixados no percentual de 5% sobre o valor da causa (art. 304, caput, c/c o art. 701, caput, do CPC/2015).”

e) Revisão/reforma/invalidação da TA estabilizada (304, §§ 2º e 4º) (s/limite tema) (TA - 26 ENFAM) A tutela antecipada antecedente não é definitiva em razão do disposto nos §§ 2º e 4º do artigo 304 do CPC

5

, que possibilita a qualquer das partes ofertar pedido de revisão, reforma ou invalidação da

3

CPC, art. 304. “A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.

§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto.”

4

CPC, art. 701. “Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa.”

5

Art. 304. A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso. (...)

§ 2º Qualquer das partes poderá demandar a outra com o intuito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada nos termos do caput .(...)

§ 4º Qualquer das partes poderá requerer o desarquivamento dos autos em que foi concedida a

medida, para instruir a petição inicial da ação a que se refere o § 2º, prevento o juízo em que a tutela

antecipada foi concedida.

(5)

tutela antecedente antecipada mediante ação própria, dirigida ao juízo da causa que concedeu a medida e cópia da ação anterior.

Da mesma forma, por prever expressamente a possibilidade de revisão, reforma ou invalidação, referido dispositivo deixa clara a inexistência de limite temático, sendo, portanto, inaplicável o artigo 966 do CPC que trata da ação rescisória.

Ex.: “A” ingressa com ação em face do Estado solicitando em sede de tutela antecipada antecedente determinado medicamento para calvície, sendo concedido pelo juiz. Diante da ausência de interposição de recurso pelo Estado há a estabilização da tutela antecipada antecedente.

Ocorre que, seis meses após a estabilização da tutela antecipada antecedente, resta averiguado que o medicamento não era indicado para tratamento de calvície, mas sim para o tratamento de câncer e, com base neste fundamento, o Estado ingressa com ação solicitando a reforma ou a revisão da decisão estabilizada.

Da mesma forma, poderia ser realizado o pedido de anulação da sentença se, tramitado o processo na Justiça Comum constata-se a determinação de entrega de medicamento a União, por se tratar de competência da Justiça Federal.

- De acordo com o Enunciado 26 ENFAM, é possível a concessão de de tutela antecipada realizada no pedido de revisão, reforma ou invalidação:

Enunciado 26 ENFAM: “Caso a demanda destinada a rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada seja ajuizada tempestivamente, poderá ser deferida em caráter liminar a antecipação dos efeitos da revisão, reforma ou invalidação pretendida, na forma do art. 296, parágrafo único, do CPC/2015, desde que demonstrada a existência de outros elementos que ilidam os fundamentos da decisão anterior.”

f) Prazo para a “ação revisional” e termo inicial (304, § 1o e § 5º, CPC)

De acordo com o artigo 304, §§ 1º e 5º

6

, do CPC, o prazo para a interposição por qualquer das partes da “ação revisional/reformal/invalidacional” com intuito de revisão, reforma ou invalidação da

6

CPC, art. 304. “A tutela antecipada, concedida nos termos do art. 303 , torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso.

§ 1º No caso previsto no caput , o processo será extinto. (...)

(6)

decisão estabilizada que concedeu a tutela antecipada antecedente é de dois anos, contados da intimação da sentença que julga extinto o processo.

Obs.: alguns autores (como Teresa Arruda Alvim e Luiz Guilherme Marinoni) defendem a inconstitucionalidade deste prazo de dois anos sob o fundamento da impossibilidade dos efeitos da coisa julgada na tutela provisória, que não pode sequer ser a ela ser equiparada, motivo pelo qual não há a possibilidade de fixação de prazo para sua revisão, reforma ou invalidade.

Entretanto, o professor destaca sua discordância a este posicionamento por inexistir vedação constitucional no sentido de que decisões dadas em sede de cognição sumária não possam fazer coisa julgada e por se tratar de opção do legislador assim determinar a rediscussão no prazo de dois anos.

g) Coisa julgada e cabimento de ação rescisória após 02 anos (27 ENFAM)

Após o prazo de dois anos contados da ciência da sentença para rediscussão da estabilização da tutela antecipada antecedente é possível a interposição de ação rescisória? A sentença de extinção após este prazo de dois anos faz coisa julgada?

Existem três posições na doutrina:

1ª posição: defendida pelos doutrinadores Teresa Arruda Alvim e Luiz Guilherme Marinoni, negam a possibilidade de ação rescisória por ser inconstitucional o prazo de dois anos previsto no §5º do artigo 304 do CPC, ante a impossibilidade de coisa julgada de decisão concedida em sede de cognição sumária. Desta forma, independente do prazo, o pedido deve ser realizado ao juiz de primeiro grau.

2ª posição: há coisa julgada após o prazo de dois anos previsto no §5º do artigo 304 do CPC, sendo concedido a decisão estabilizada os mesmos efeitos da coisa julgada: os efeitos da tutela antecipada antecedente se tornam imutáveis e indiscutíveis, ocasião em que será possível a interposição de ação rescisória nos termos do artigo 966 do CPC.

§ 5º O direito de rever, reformar ou invalidar a tutela antecipada, previsto no § 2º deste artigo,

extingue-se após 2 (dois) anos, contados da ciência da decisão que extinguiu o processo, nos termos

do § 1º.

(7)

3ª posição: (majoritária na doutrina) depois do prazo de dois anos previsto §5º do artigo 304 do CPC, não há coisa julgada mas sim uma estabilização (maior que a estabilização prevista no caput do artigo 304 do CPC e menor que a coisa julgada), pois inexiste o efeito positivo da coisa julgada, motivo pelo qual qualquer juiz poderia decidir de forma contrária àquilo que restou decidido na tutela antecipada antecedente estabilizada. Os adeptos desta posição não admitem a ação rescisória ante a inexistência da coisa julgada.

O efeito positivo da coisa julgada é o impedimento de que qualquer juiz decidir de modo contrário àquilo que foi decidido, enquanto o efeito negativo é a impossibilidade de mudança do decidido no processo anterior.

ENUNCIADOS ENFAM

25. A vedação da concessão de tutela de urgência cujos efeitos possam ser irreversíveis (art. 300, § 3º, do CPC/2015) pode ser afastada no caso concreto com base na garantia do acesso à Justiça (art. 5º, XXXV, da CRFB).

27. Não é cabível ação rescisória contra decisão estabilizada na forma do art. 304 do CPC/2015.

4.15. Tutela cautelar antecedente (CONSERVATIVA)

a) inicial sumarizada (extrema urgência) (04 requisitos – 305) (valor da causa – enunciado 44 CJF) A inicial do pedido de tutela cautelar antecedente é sumarizada e muito parecida com o pedido de tutela antecipada antecedente.

De acordo com o artigo 305 do CPC, a inicial do pedido tutela cautelar antecedente possui apenas quatro requisitos:

1) o pedido de tutela cautelar antecedente;

2) a demonstração do fumus boni iuris e do periculum in mora;

3) a indicação do pedido principal; e

4) o valor da causa (que corresponde ao valor do pedido principal - Enunciado 44 CJF).

b) procedimento (306 e 307)

O procedimento da tutela cautelar antecedente varia de acordo com a concessão ou não do pedido

liminar:

(8)

i) COM LIMINAR: contraditório após pleito principal

Sendo deferida a liminar de tutela cautelar antecedente, a parte autora terá 30 dias para aditar a inicial, ocasião em que será realizado o contraditório das partes, citando o réu para se defender.

Contudo, é possível a interposição de recurso contra a decisão que defere a tutela cautelar antecedente.

ii) SEM LIMINAR: citação, contestação (05 dias), provas e decisão

Indeferida a liminar, observa-se o procedimento previsto nos artigos 306 e 307 do CPC

7

: haverá a citação do réu para a apresentação de contestação em 05 dias, sendo possível a produção de provas e, ao final, será proferida decisão pelo juiz que poderá ser a concessão do pedido inicial de tutela cautelar antecedente ou não.

c) formulação do pedido principal em 30 dias úteis (sem novas custas) e consequências da não formulação/efetivação da tutela concedida (308 e 309) (Exceções)

Concedida a tutela cautelar antecedente (em sede de liminar ou após instrução), de acordo com os artigos 308 e 309 do CPC

8

, deverá o autor formular o pedido principal em 30 dias úteis nos próprios

7

CPC, art. 306. “O réu será citado para, no prazo de 5 (cinco) dias, contestar o pedido e indicar as provas que pretende produzir.”

CPC, art. 307. “Não sendo contestado o pedido, os fatos alegados pelo autor presumir-se-ão aceitos pelo réu como ocorridos, caso em que o juiz decidirá dentro de 5 (cinco) dias.

Parágrafo único. Contestado o pedido no prazo legal, observar-se-á o procedimento comum.”

8

CPC, art. 308. “Efetivada a tutela cautelar, o pedido principal terá de ser formulado pelo autor no prazo de 30 (trinta) dias, caso em que será apresentado nos mesmos autos em que deduzido o pedido de tutela cautelar, não dependendo do adiantamento de novas custas processuais.

§ 1º O pedido principal pode ser formulado conjuntamente com o pedido de tutela cautelar.

§ 2º A causa de pedir poderá ser aditada no momento de formulação do pedido principal.

§ 3º Apresentado o pedido principal, as partes serão intimadas para a audiência de conciliação ou de mediação, na forma do art. 334 , por seus advogados ou pessoalmente, sem necessidade de nova citação do réu.

§ 4º Não havendo autocomposição, o prazo para contestação será contado na forma do art. 335 .”

CPC, art. 309. “Cessa a eficácia da tutela concedida em caráter antecedente, se:

I - o autor não deduzir o pedido principal no prazo legal;

II - não for efetivada dentro de 30 (trinta) dias;

(9)

autos, sem novas custas, sob pena de extinção do procedimento preparatório e reconhecimento da ineficácia da medida requerida, ou seja, o reconhecimento de ineficácia da decisão que concedeu a tutela cautelar antecipada.

Obs.: O prazo de 30 dias úteis para a apresentação do pedido principal possui como termo inicial a efetivação da tutela concedida e não a data de sua concessão pelo juiz.

Ex.: a data de cumprimento da liminar de separação de corpos e a data de efetivo bloqueio de bens é o termo inicial do prazo de 30 dias úteis.

Exceções: de acordo com a doutrina e com a jurisprudência, existem duas hipóteses em que a parte não está obrigada a realizar o pedido principal no prazo de 30 dias:

1) Em matéria de Direito de Família: pois o bem estar e segurança física das partes envolvidas devem ser colocados a frente da regra do artigo 308 do CPC - ocasião em que os efeitos da tutela cautelar antecedente continuam mesmo que a parte não realize o pedido principal;

2) Cautelares não constritivas: aquelas que não causam prejuízo aquele contra quem foi concedida a medida, uma vez que o réu não sofre prejuízo em sua esfera jurídica.

ex.: produção antecipada de provas prevista no artigo 381, inc. I, do CPC e o arrolamento de bens não constritivo.

4.16. Tutela da evidência

a) Inicial completa (formulação do pedido principal) (TE SÓ INCIDENTAL)

Como já explanado, a tutela de evidência é a única que não possui urgência, pautada unicamente na evidência e altíssima probabilidade da pretensão autoral. Desta forma, só pode ser realizada de forma incidental, inadmitindo o pedido de tutela antecedente, motivo pelo qual sua inicial é completa nos termos do artigo 319 do CPC (e não sumarizada).

III - o juiz julgar improcedente o pedido principal formulado pelo autor ou extinguir o processo sem resolução de mérito.

Parágrafo único. Se por qualquer motivo cessar a eficácia da tutela cautelar, é vedado à parte renovar

o pedido, salvo sob novo fundamento.”

(10)

b) Hipóteses de cabimento (04 + parte especial) (ampliação e intepretação extensiva - 30 e 31 ENFAM)

As hipóteses de cabimento da tutela de evidência estão divididas em dois grandes grupos:

1) Procedimentos especiais: são exemplos a busca e apreensão prevista nos artigos 3º e 4º do DL 911/69 e a liminar em sede de ação possessória - artigos 558 c/c artigos 561 e 562 do CPC.

2) Artigo 311 do CPC

9

: contempla quatro hipóteses de tutela provisória de evidência (obs.: até o CPC/15 a lei não utilizava a terminologia tutela de evidência), sendo:

- Inciso I: abuso de direito de defesa ou manifesto propósito protelatório do réu, chamado de tutela da evidência sanção;

- Inciso II: prova documental do fato alegado seguida de tese em IRDR ou súmula vinculante. Em decorrência dos enunciados 30 e 31 da ENFAM, esta hipótese prevista no inciso II do artigo 311 do CPC merece interpretação extensiva, autorizando a concessão de tutela de evidência em todas as hipóteses do artigo 927 do CPC

10

, que trata de precedentes qualificados;

9

Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:

I - ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito protelatório da parte;

II - as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;

III - se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto custodiado, sob cominação de multa;

IV - a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida razoável.

Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.

10

CPC, art. 927. “Os juízes e os tribunais observarão:

I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;

II - os enunciados de súmula vinculante;

III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;

IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior

Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;

(11)

- Inciso III: é a antiga ação de depósito prevista no CPC/73. A Súmula Vinculante 25

11

proíbe a prisão do depositário infiel, mas o inciso III do artigo 311 do CPC possibilita a concessão de tutela de evidência em favor do depositante, caso o depositário se recuse a entregar o objeto do contrato de depósito;

- Inciso IV: prova documental do fato e defesa frágil que não gere dúvida razoável.

Contudo, alguns autores defendem a tese de que o disposto no inciso IV do artigo 311 do CPC não seria hipótese de tutela de evidência, mas sim de julgamento antecipado do mérito, nos termos do artigo 355, inc. I, do CPC.

O professor destaca que embora esta posição não esteja errada, quando ocorre o disposto no inciso IV do artigo 311 do CPC há o julgamento antecipado do mérito em conjunto com a concessão da tutela de evidência - em observância ao artigo 1.012,

§1º, inc. V, do CPC.

c) Possibilidade de concessão liminar (311, parágrafo único, e 9º, CPC)

V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.

§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º , quando decidirem com fundamento neste artigo.

§ 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.

§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.

§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.

§ 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os, preferencialmente, na rede mundial de computadores.”

11

Súmula Vinculante 25: “É ilícita a prisão civil de depositário infiel, qualquer que seja a modalidade

de depósito.”

(12)

De acordo com o disposto no artigo 311, parágrafo único

12

, e artigo 9º, CPC

13

, só é possível a concessão do pedido de tutela de evidência liminar nas hipóteses dos incisos II e III do artigo 311.

ENUNCIADOS ENFAM

29. Para a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, III, do CPC/2015, o pedido reipersecutório deve ser fundado em prova documental do contrato de depósito e também da mora.

30. É possível a concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015 quando a pretensão autoral estiver de acordo com orientação firmada pelo Supremo Tribunal Federal em sede de controle abstrato de constitucionalidade ou com tese prevista em súmula dos tribunais, independentemente de caráter vinculante.

31. A concessão da tutela de evidência prevista no art. 311, II, do CPC/2015 independe do trânsito em julgado da decisão paradigma.

Tema: Procedimento Comum: Petição inicial

1. Petição inicial

1.1. Aspectos gerais e conceito (instrumento da demanda)

A petição inicial é o instrumento da demanda, pois através dela exercita-se o direito de demandar.

Deste modo, a petição inicial é a forma, o meio pelo qual se exercita a demanda, sendo esta última a substância.

A relação existente entre petição inicial e demanda é a mesma estabelecida entre contrato e instrumento do contrato, pois o primeiro está no plano do dever-ser e o segundo no plano dos fatos, de modo que a petição inicial está para o instrumento do contrato assim como a demanda está para o contrato/relação jurídica contratual.

1.2. Momentos e efeitos da petição inicial

É possível a divisão do momento e efeitos da petição inicial em três blocos:

12

CPC, art. 309, parágrafo único: “Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir liminarmente.”

13

CPC, art. 9º “Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.

Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:

I - à tutela provisória de urgência;

II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ;

III - à decisão prevista no art. 701.”

(13)

a) Na propositura/protocolo: início do processo (312 do CPC): de acordo com o artigo 312 do CPC

14

, para o autor o processo se inicia com o protocolo da petição inicial.

b) No registro ou distribuição: após o protocolo, a petição inicial é registrada (sendo o caso de vara única) ou distribuída (existindo mais de um juízo de igual competência territorial), ocorrendo:

i) perpetuatio jurisdictionis (43 CPC): regra geral, proposta a ação em juízo competente, as modificações de fato e de direito das partes não terão o condão de alterar a competência.

Obs.: o que perpetua a jurisdição não é o protocolo da petição inicial, mas sim seu registro ou distribuição.

ii) prevenção (59 e 286 CPC): uma vez distribuída ou registrada a petição inicial, há a prevenção do juízo para todas as ações conexas e continentes, de forma que todos os processos acessórios ou dependentes serão julgados necessariamente pelo juízo prevento.

c) No despacho positivo: interrupção precária prescrição (incompetência), c/ retroação à data da propositura/protocolo (240, § 1º, CPC e 202, I, CC): o despacho positivo é aquele em que o juiz admite a ação (ex.: escreve “cite-se”). Mesmo que o juiz seja incompetente, com o despacho positivo há a interrupção precária da prescrição. De acordo com o artigo 240, §1º, do CPC

15

, o que interrompe a prescrição é o despacho positivo, que retroage à data da propositura do protocolo.

Obs.: indeferida a inicial, não há despacho positivo e, portanto, não há interrupção da prescrição.

1.3. Requisitos da petição inicial (art. 319/320)

A petição inicial é um ato formal, uma vez que a lei estabelece requisitos a sua admissão (artigos 319 e 320 do CPC

16

), sendo, também, pressuposto de validade da ação.

14

CPC, art. 312. “Considera-se proposta a ação quando a petição inicial for protocolada, todavia, a propositura da ação só produz quanto ao réu os efeitos mencionados no art. 240 depois que for validamente citado.”

15

CPC, art. 240, §1º: “A interrupção da prescrição, operada pelo despacho que ordena a citação, ainda que proferido por juízo incompetente, retroagirá à data de propositura da ação.”

16

CPC, art. 319. “A petição inicial indicará:

I - o juízo a que é dirigida;

(14)

a) Partes e suas qualificações (§§ - diligências/dispensa) (réus incertos – art. 554 e §§ CPC)

É necessário o nome das partes, estado civil (ex.: para verificar, a necessidade de participação do cônjuge, a depender da ação, conforme artigo 73 do CPC), profissão (ex.: para análise da gratuidade judiciária, conforme artigo 98 do CPC), endereço residencial e eletrônico (para realização dos atos de comunicação, como citação e intimação).

Contudo, há casos em que o autor não possui meios de informar todas as qualificações do réu, ocasião em que o juiz será colaborador para completá-la, nos termos dos parágrafos do artigo 319 do CPC.

Se os dados faltantes não impedirem a localização do réu, a inicial não poderá ser indeferida.

Ex.: de acordo com o disposto nos parágrafos artigo 554 do CPC, no caso de conflito coletivo pela posse da terra, é autorizado ao autor a propositura de ação contra réus indeterminados, cabendo ao oficial de justiça, no momento da citação, realizar as identificações.

b) Opção pela realização da audiência do art. 334

O autor, na inicial, deve dizer se opta ou não pela audiência de conciliação ou mediação prevista do artigo 334 do CPC. Esta audiência não será realizada somente no caso de autor e réu se manifestarem de forma contrária a sua realização.

II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a residência do autor e do réu;

III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;

IV - o pedido com as suas especificações;

V - o valor da causa;

VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;

VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.

§ 1º Caso não disponha das informações previstas no inciso II, poderá o autor, na petição inicial, requerer ao juiz diligências necessárias a sua obtenção.

§ 2º A petição inicial não será indeferida se, a despeito da falta de informações a que se refere o inciso II, for possível a citação do réu.

§ 3º A petição inicial não será indeferida pelo não atendimento ao disposto no inciso II deste artigo se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça.”

CPC, art. 320. “A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da

ação.”

(15)

No silêncio do autor, a maioria da doutrina defende que, com base na interpretação do § 4º do artigo 334, do CPC, há sua concordância em relação a designação do ato.

c) Valor da causa (291/293) (conceito) (292 § 3º) (292 V) (292 III § 2º): o professor recomenda a leitura dos artigos 291 a 293 do CPC

17

.

Conceito: o valor da causa é a representação monetária do conteúdo econômico da demanda (o que será acrescido ao patrimônio do autor em caso de procedência).

17

CPC, art. 291. “A toda causa será atribuído valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível.”

CPC, art. 292. “O valor da causa constará da petição inicial ou da reconvenção e será:

I - na ação de cobrança de dívida, a soma monetariamente corrigida do principal, dos juros de mora vencidos e de outras penalidades, se houver, até a data de propositura da ação;

II - na ação que tiver por objeto a existência, a validade, o cumprimento, a modificação, a resolução, a resilição ou a rescisão de ato jurídico, o valor do ato ou o de sua parte controvertida;

III - na ação de alimentos, a soma de 12 (doze) prestações mensais pedidas pelo autor;

IV - na ação de divisão, de demarcação e de reivindicação, o valor de avaliação da área ou do bem objeto do pedido;

V - na ação indenizatória, inclusive a fundada em dano moral, o valor pretendido;

VI - na ação em que há cumulação de pedidos, a quantia correspondente à soma dos valores de todos eles;

VII - na ação em que os pedidos são alternativos, o de maior valor;

VIII - na ação em que houver pedido subsidiário, o valor do pedido principal.

§ 1º Quando se pedirem prestações vencidas e vincendas, considerar-se-á o valor de umas e outras.

§ 2º O valor das prestações vincendas será igual a uma prestação anual, se a obrigação for por tempo indeterminado ou por tempo superior a 1 (um) ano, e, se por tempo inferior, será igual à soma das prestações.

§ 3º O juiz corrigirá, de ofício e por arbitramento, o valor da causa quando verificar que não corresponde ao conteúdo patrimonial em discussão ou ao proveito econômico perseguido pelo autor, caso em que se procederá ao recolhimento das custas correspondentes.”

CPC, art. 293. “O réu poderá impugnar, em preliminar da contestação, o valor atribuído à causa pelo

autor, sob pena de preclusão, e o juiz decidirá a respeito, impondo, se for o caso, a complementação

das custas.”

(16)

Obs.: Toda ação deve possuir valor da causa ainda que não tenha conteúdo econômico. Desta forma, nas causas que não possuem valor econômico é lícito a indicação de valor apenas para cumprimento de efeitos fiscais e do artigo 319 do CPC.

Exemplo de causas que não possuem valor econômico: adoção e retificação de registro civil.

O disposto no §3º do artigo 292 do CPC, não deixa dúvidas de que o juiz pode controlar, de ofício, o valor da causa quando há valor econômico na demanda. Caso o juiz assim não o faça, o réu poderá, em sede de contestação, impugnar o valor da causa em preliminar de contestação.

Em relação às ações de indenização por dano moral, dispõe o inciso V do artigo 292 do CPC que o valor da causa deve corresponder à pretensão econômica da demanda.

Por fim, o inciso III e o §2º do artigo 292 CPC trata da fixação do valor da causa nos casos de prestações vincendas, que será o valor de uma anuidade, caso vencem para mais de ano, ou seja, será o valor da prestação multiplicado por doze. Se as prestações vincendas forem menos que doze, o valor da causa será a soma destas.

d) Documentos indispensáveis (320)

O artigo 320 do CPC

18

preceitua a existência de documentos necessários à propositura da ação, sendo aqueles que a ausência impede a própria análise da admissibilidade da demanda.

Ex.: ação de divórcio sem a comprovação do casamento por meio da certidão de casamento; adoção sem a certidão de nascimento do adotando; e a procuração, nos termos do artigo 104 do CPC.

e) Capacidade postulatória de quem assina (76 e 104)

18

CPC, art. 320. “A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da

ação.”

(17)

A capacidade postulatória esta disciplina nos artigos 76

19

e 104

20

do CPC: somente quem possui inscrição na OAB é considerado advogado. Desta forma, ainda que não conste expressamente no CPC, a petição inicial deve ser assinada por advogado, salvo as exceções legais, como por exemplo, o habeas corpus, Lei de Alimentos, ações propostas nos Juizados Especiais até vinte salários mínimos etc.

f) Requisitos específicos (330, § 2º e 3º, CPC) (917, § 3º, CPC) (etc)

A petição inicial sempre terá de respeitar os requisitos gerais dos artigos 319 e 320 do CPC. Contudo algumas demandas terão requisitos específicos sob pena de indeferimento, como por exemplo o disposto no artigo 330, §§ 2º e 3º do CPC

21

, que trata das ações revisionais de financiamento bancário

19

CPC, art. 76. “Verificada a incapacidade processual ou a irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o processo e designará prazo razoável para que seja sanado o vício.

§ 1º Descumprida a determinação, caso o processo esteja na instância originária:

I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;

II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;

III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo, dependendo do polo em que se encontre.

§ 2º Descumprida a determinação em fase recursal perante tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal superior, o relator:

I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao recorrente;

II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a providência couber ao recorrido.”

20

CPC, art. 104. “O advogado não será admitido a postular em juízo sem procuração, salvo para evitar preclusão, decadência ou prescrição, ou para praticar ato considerado urgente.

§ 1º Nas hipóteses previstas no caput , o advogado deverá, independentemente de caução, exibir a procuração no prazo de 15 (quinze) dias, prorrogável por igual período por despacho do juiz.

§ 2º O ato não ratificado será considerado ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado, respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e danos.”

21

CPC, art. 330. “A petição inicial será indeferida quando:

(...)

§ 2º Nas ações que tenham por objeto a revisão de obrigação decorrente de empréstimo, de

financiamento ou de alienação de bens, o autor terá de, sob pena de inépcia, discriminar na petição

inicial, dentre as obrigações contratuais, aquelas que pretende controverter, além de quantificar o

valor incontroverso do débito.

(18)

e artigo 917, § 3º, do CPC

22

, que trata do excesso de execução alegado em sede de embargos à execução.

2. Pedido

O pedido é considerado requisito fundamental na petição, possuindo seção própria dentro do capítulo que trata da petição inicial.

2.1. Espécies (imediato/mediato)

Conforme já estudado na aula de elementos da ação, existem dois tipos de pedido: o imediato (provimento jurídico desejado, a pretensão jurídica) e o mediato (bem da vida, a pretensão fática).

Ex.: na ação de indenização por dano moral o pedido imediato é a sentença condenatória e o mediato o valor pretendido; na ação de adoção pedido imediato é a sentença constitutiva e o mediato a adoção da criança.

2.2. Princípio da congruência ou da adstrição (141 e 492 CPC)

O princípio da congruência ou da adstrição está previsto nos artigos 141

23

e 492

24

do CPC, impede o julgamento, pelo juiz, além do pedido (ultra petita), fora do pedido (extra petita) ou que deixe de apreciar pedido (infra ou citra petita). Desta forma, petição inicial é o esboço da sentença, já que o juiz não pode sentenciar fora dos limites do pedido da parte.

§ 3º Na hipótese do § 2º, o valor incontroverso deverá continuar a ser pago no tempo e modo contratados.”

22

CPC, art. 917.” Nos embargos à execução, o executado poderá alegar:

(...)

§ 3º Quando alegar que o exequente, em excesso de execução, pleiteia quantia superior à do título, o embargante declarará na petição inicial o valor que entende correto, apresentando demonstrativo discriminado e atualizado de seu cálculo.”

23

CPC, art. 141. “ O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.”

24

CPC, art. 492. “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.”

(19)

CPC, art. 141. “O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.”

CPC, art. 492. “É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.

Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.”

2.3. Pedido certo (322 CPC). Exceções

De acordo com o artigo 322 do CPC

25

, o princípio deve ser certo, deve ser expresso.

Contudo, o pedido certo possui exceções: os pedidos implícitos e a cumulação legal de pedidos.

a) pedidos implícitos (322, §2º, CPC).

De acordo com o artigo 322, §2º, do CPC, o pedido será interpretado de acordo com o conjunto da postulação, observada a boa-fé.

Ex.: ação de vindicação do vínculo biológico, em que o autor ingressa contra a criança e o genitor que com ela não possui vínculo biológico. Além de pretender o reconhecimento do vínculo da criança com o autor, há o pedido “implícito” de cancelamento do registro do pai que não é biológico.

Ex.: “A” ingressa com ação de danos morais em face de “B” por seu nome ter sido negativado sem com ele possuir qualquer vínculo. Além do dano moral, ainda que não seja pedido expressamente, a inexistência do débito será declarada pelo juiz, sendo esta última um pedido implícito.

b) cumulação legal de pedidos:

Há determinados casos em que cumulação de pedidos está prevista em lei:

i) Prestações periódicas (323 CPC): ainda que não seja pedido expressamente, as prestações vincendas serão objeto da condenação (ex.: na ação de cobrança de aluguel dos meses de janeiro a março, a sentença abrangerá os aluguéis que vencidos no curso do processo ainda que não incluído de forma expressa no pedido inicial);

25

CPC, art. 322. O pedido deve ser certo.

§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.

§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-

fé.

(20)

ii) Consectários legais (322, § 1º, CPC) (art. 404 CC): ainda que não seja pedido de forma expressa a correção monetária e os juros legais de mora serão objetos da condenação;

iii) Sucumbência (322, § 1º, e 85, § 18, CPC - súmula 453, STJ - prejudicada): ainda que não seja pedido de forma expressa, os honorários advocatícios de sucumbência serão objeto de condenação. O professor observa que o artigo 85, §18, do CPC tornou por prejudicada a Súmula 453 do STJ.

Súmula 453 do STJ: “Os honorários sucumbenciais, quando omitidos em decisão transitada em julgado, não podem ser cobrados em execução ou em ação própria.”

CPC, art. 85, § 18. “Caso a decisão transitada em julgado seja omissa quanto ao direito aos honorários ou ao seu valor, é cabível ação autônoma para sua definição e cobrança.”

2.4. Pedido determinado (324 CPC). Exceções (324, § 1º, e 509 CPC)

O pedido, além de certo (expresso, salvo exceções), deve ser determinado, ou seja, quantificado/qualificado/especificado. O pedido determinado diz respeito ao pedido mediato, que é o bem da vida (ex.: valor da indenização).

Contudo, há exceções à obrigatoriedade de determinação do pedido, ocasião em que não haverá a necessidade de especificação do pedido mediato, podendo ser realizado pedido genérico:

CPC, art. 324. “O pedido deve ser determinado.

§ 1º É lícito, porém, formular pedido genérico:

I - nas ações universais, se o autor não puder individuar os bens demandados;

(ex.: ação de petição de herança em que o autor alega ser herdeiro de ⅓ dos bens)

II - quando não for possível determinar, desde logo, as consequências do ato ou do fato;

(ex.: ação de indenização decorrente de acidente de trânsito em que há pedido de dano moral

e material, sendo que se pretende o ressarcimento de tratamento médico que ainda está em

(21)

andamento e não se sabe o valor expresso, solicitando apenas condenação ao pagamento de todo o tratamento);

III - quando a determinação do objeto ou do valor da condenação depender de ato que deva ser praticado pelo réu;

(ex.: pedido de construção de muro que possui pedido de condenação por danos materiais de forma subsidiária caso o réu não o construa, sendo que este último ainda não pode ser mensurado)

§ 2º O disposto neste artigo aplica-se à reconvenção.”

Toda vez que houver pedido genérico concedido em sentença, haverá o incidente de liquidação de sentença, que pode ser por arbitramento ou por procedimento comum, sempre anterior ao cumprimento de sentença (artigo 509 do CPC), a fim de possibilitar a apuração do valor devido.

2.5. Pedido genérico de dano moral? (s. 326 do STJ x art. 292, V, CPC)

Durante muito tempo se debateu sobre a possibilidade de pedido de dano moral genérico, sendo entendido por sua possibilidade na vigência do CPC/73 em razão da inexistência de previsão normativa para sua fixação.

Fato é que o NCPC expressamente determina ser o valor da causa de indenização por danos morais o valor pretendido (artigo 292, inc. V, do CPC), de forma que, atualmente, o pedido de danos morais não pode ser genérico com fundamento no artigo 324, §1º do CPC, devendo ser expresso e determinado.

Contudo, a previsão normativa do artigo 292, inc. V, do CPC, não prejudica a Súmula 326 do STJ, que estabelece a impossibilidade de sucumbência ao autor no caso de fixação da condenação em valor inferior ao reclamado nas ações de danos morais.

STJ, Súmula 326. “Na ação de indenização por dano moral, a condenação em montante inferior ao postulado na inicial não implica sucumbência recíproca.”

Ex.: na ação de danos morais com pedido de condenação da parte contrária em cem mil reais, sendo

a sentença condenatória no valor de dez mil reais, não haverá sucumbência ao autor em razão da

Súmula 326 do STJ - sendo obrigatório, contudo, a determinação do valor pretendido.

(22)

2.6. Ampliação/alteração do pedido e limites (329 CPC) O pedido pode ser ampliado ou alterado pela parte?

- Até a citação – livre (não confundir com o 485, § 4º, CPC): até a citação o pedido pode ser ampliado ou alterado pela parte sem qualquer impedimento, ou seja, é possível a alteração do pedido ou da causa de pedir.

Atenção: de acordo com o artigo 485, §4º, do CPC, o autor pode desistir da ação até o oferecimento de contestação pelo réu, ou seja, a desistência pode ocorrer após a citação, mas a alteração de pedido e da causa de pedir apenas até a citação.

- Da citação até ao saneamento – só com a concordância do réu: até o saneamento do processo é possível ampliar ou alterar o pedido e a causa de pedir desde que o réu concorde.

- Após o saneamento – vedado: após o saneamento do processo o ordenamento jurídico veda

a alteração do pedido e a causa de pedir, de forma que não será possível mesmo que o réu

concorde.

Referências

Documentos relacionados

Se quando de sua propositura o juiz verificar que a inicial não possui as condições da ação (a parte é ilegítima ou por inexistir interesse processual, por exemplo), o processo

Se o devedor se mantiver inerte, haverá a conversão do mandado de pagamento em título judicial por força da lei, ou seja, ex vi legis (art. Nessa situação, o mandado de pagamento

O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Edvaldo Santana, disse ontem que o atual cenário de turbulências no setor elétrico “está caminhando para

Ainda que talvez seja cedo para separar empiricamente a relevância do isolamento social voluntário do involuntário para as interações entre pandemia e atividade econômica,

De fato, a aplicação das propriedades da regra variável aos estudos lingüísticos além da fonologia não constitui assunto tranqüilo, seja porque a variável passa a ser

Conceito: Pessoa natural é o ser humano, independentemente de qualquer adjetivação*. A professora ressalta que pessoa natural não se confunde com pessoa física, pois o

a) requerimento c/ 50 CC ou 28 CDC: o requerimento da desconsideração da personalidade jurídica incidental é realizado por meio de petição avulsa nos autos. Nesta

As empresas públicas e as sociedades de economia mista não estão sujeitas ao regime falimentar, ou seja, não se sujeitam à falência, conforme previsto a Lei 11.101/05, que