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Testes Português 10º Ano 2015-16 - Sentidos + Entre Palavras

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(1)

• M ATR IZES DE C O N T E Ú D O S • T E S T E S D E DIAGNÓSTICO • T E S T E S D E A V A LIA ÇÃ O • CEN Á R IO S DE R E S P O S TA

SEN TID O S

PORTUGUÊS

ANA CATARINO CÉLIA FONSECA ISABEL CASTIAJO MARIA JOSÉ PEIXOTO

(2)

3

01

| | Matrizes de conteúdos dos testes

i

02

03

04

1 H Testes de diagnóstico .. Teste de diagnóstico n.° 1 Teste de diagnóstico n.° 2 Testes de avaliação Teste de avaliação n.° 1 . Teste de avaliação n.° 2 . Teste de avaliação n.° 3 . Teste de avaliação n.° 4 . Teste de avaliação n.° 5 . Teste de avaliação n.° 6 . Teste de avaliação n.° 7 . Teste de avaliação n.° 8 . Teste de avaliação n.° 9 . Teste de avaliação n.° 10 Teste de avaliação n.° 11 Cenários de resposta 17 18 24 31 32 36 40 45 50 55 61 65 69 73 77 81 Nota de Editor

Este projeto, por determinação do Ministério da Educação e Ciência, encontra-se de acordo com a norma ortográfica, com exceção dos textos de Educação Literária (poesia trovadoresca, Fernão Lopes, Gil Vicente e Luís Vaz de Camões).

(3)

02. T E S T E S D E D IA G N O S T I C O

GRUPO I PARTE A

Leia o texto. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado.

Se estás a ler estas páginas é porque estás vivo

Não quero enganar ninguém. Sobretudo, não me quero enganar a mim próprio. Detesto perder tempo. Sempre confiei nos livros.

- Viajar é interpretar. Duas pessoas vão ao mesmo país e, quando regressam, contam histórias diferentes, descrevem os naturais desse país de maneiras diferentes. Uma diz que são simpáticos, s a outra diz que são antipáticos. Uma diz que são tímidos, a outra diz que não se calam durante um

minuto.

Isto é radicalmente verdade em relação à Coreia do Norte.

O secretismo e as enormes idiossincrasias1 desta sociedade fazem com que o olhar do visitante

seja muito conduzido por aquilo que leu em livros antes de chegar. Ao fazê-lo, parece-me, acaba to por procurar na paisagem exemplos do que já sabe. Por isso, a interpretação que cada um faz de­

pende dos livros que leu.

Para quem procure esclarecimento, os guias norte-coreanos são de pouca utilidade. Sabem de cor todos os números e datas, mas falham na descrição de outros dados também objetivos: a his­ tória da guerra da Coreia, o desenvolvimento do país, as qualidades dos líderes, etc. Se as questões is não lhes interessam, mudam de assunto ou respondem qualquer coisa só para despachar.

Quando se escondem tanto, estimula-se a imaginação na mesma medida. O cérebro propõe hipóteses para as perguntas que não são respondidas. É essa a natureza do cérebro.

Além disso, a intensa extravagância da lógica a que se chegou na Coreia do Norte faz com que essa mesma extravagância, comprovada em inúmeros casos, seja seguida em muitos outros que 20 estão por comprovar.

Se a imparcialidade é sempre impossível, na Coreia do Norte é mais impossível ainda.

Às vezes, parece que ninguém tem toda a informação. Ninguém. Não existe um único indivíduo que detenha toda a informação sobre o que se passa de facto. Nem de um lado da fronteira, nem do outro, nem os guias, nem os serviços secretos, nem o líder.

25 Com frequência, senti que apenas me restava o papel de testemunha alucinada, tentando dis­ tinguir a realidade real da realidade retórica apenas através do instinto.

Não foi por acaso que escolhi reler D. Quixote na Coreia do Norte.

Como ele, basta-me ser fiel à verdade que conheço e em que acredito. Na vida, talvez seja sem­ pre assim. A sinceridade salva-nos perante nós próprios.

3o Se estou a escrever estas palavras é porque estou vivo.

Quase no topo da colina Moran, no parque Moranbong, depois da curva ao longo do muro de pedra, estava toda a gente a dançar.

De amplo sorriso, gente de todas as idades, vestida com a melhor roupa, a dançar. Muitas mulhe­ res de vestido tradicional, muitos homens com aquele conjunto que Kim Jong-il2 costumava usar,

35 espécie de fato de macaco, calças e casaco com um fecho à frente, muitas crianças também. Todos a dançarem, cada um para seu lado, dessincronizados. Os estrangeiros que viajavam comigo também

EDI TÁVEL

(4)

02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

estavam lá no melo, a dançar com eles. Os mais tímidos, encostados ao tronco de árvores, recebiam convites sucessivos de coreanos que se aproximavam a sorrir, lhes esticavam a mão e os tentavam levar para o meio da dança. [...]

José Luís Peixoto, Dentro do segredo - uma viagem na Coreia do Norte. Lisboa, Quetzal Editores, 2014, pp. 61-63.

1 idiossincrasias - comportamentos específicos de um a pessoa ou de um grupo.

2 Kim Jong-il - chefe de Estado, ditador, que, de 1994 a 2011, exerceu as funções de Líder Supremo da República Popular Democrática da Coreia do Norte e de Secretário-Geral do Partido dos Trabalhadores da Coreia - cargos m áxim os de âmbito militar e político da nação coreana.

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que Lhe são dadas.

1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) referem-se às impressões de José Luís Peixoto, aquando da sua viagem, em abril de 2012, à Coreia do Norte.

Escreva a sequência de Letras que corresponde à ordem sequencial do relato feito. Term ine a se­ quência com a Letra (F).

(A) Os homens usavam fatos semelhantes aos do Líder supremo da RepúbLica. (B) Ninguém consegue ser imparcial, particularmente na Coreia do Norte.

( 0 A imaginação é estimulada quando não se obtêm respostas para as perguntas colocadas. (D) 0 que se lê condiciona a perceção daquilo que se vê.

(E) Viajar possibilita a cada um de nós interpretar o que observa. (F) Os coreanos convidavam toda a gente a dançar.

(G) Não é nos guias norte-coreanos que se encontram os esclarecim entos que procuramos. 2. Selecione, para responder a cada item (2.1. a 2.4.), a única opção que permite obter uma afirmação

adequada ao sentido do texto.

2.1. Quando duas pessoas visitam o mesmo país vão (A) ter histórias iguais para contar.

(B) visitar os mesmos Locais.

( 0 passar pelas mesmas experiências. (D) experienciar tudo distintamente.

2.2. As opiniões sobre os norte-coreanos ou sobre algum país que se visita são condicionadas (A) por aquilo que se leu sobre o assunto.

(B) peLa experiência de vida do visitante. (C) pelo que se observa no local visitado. (D) pela bagagem cultural do turista. 2.3. Na opinião do autor, os guias norte-coreanos

(A) estão sempre prontos a responder às questões dos turistas. (B) esquivam-se a todo o tipo de questões, sorrindo.

(C) fogem às questões de natureza político-económica coreana. (D) são muito conhecedores da história do seu país.

E D I T Á m

(5)

01 T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

2,4. O autor-narrador confessa que

(A) teve uma enorme dificuldade em obter a verdade. (B) se perdeu no decurso da visita à Coreia do Norte. ( 0 a verdade se obtém facilmente neste país asiático. (D) sentiu medo quando chegou à fronteira.

3. Selecione a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com o sentido do texto. (A) “ele" (linha 28) refere-se a “D. Quixote”.

(B) “que” (linha 34) refere-se a “muitos homens”. (C) "que" (Linha 36) refere-se a "Os estrangeiros”. (D) “lhes" (linha 38) refere-se a “Os mais tím idos”.

PARTE B Leia o poema de Florbela Espanca.

Amar!

Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além...

Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente... Amar! Amar! E não amar ninguém!

s Recordar? Esquecer? Indiferente!... Prender ou desprender? É mal? É bem? Quem disser que se pode amar alguém Durante a vida inteira é porque mente! Há uma Primavera em cada vida: É preciso cantá-la assim florida,

Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar! E se um dia hei de ser pó, cinza e nada Que seja a minha noite uma alvorada, Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca, Sonetos - texto integral e estudo da obra. Porto, Paisagem Editora Lda., 1982, p. 132.

Responda, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem. 4. Demonstre que 0 importante é amar, independentemente de quem.

5. Comprove a desorientação do sujeito poético, justificando a sua resposta com elementos textuais pertinentes.

6. Explique 0sentido do primeiro terceto, referindo a expressividade do verbo “cantar” (verso 11). 7. Indique a razão pela qual a expressão "um dia hei de ser pó” (verso 12) pode ser considerada um

eufemismo. E D I T À V E L

(6)

02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

8. Leia os versos de Eugênio de Andrade, apresentados abaixo, e a afirmação que se lhes segue.

É urgente o amor.

É urgente um barco no mar. É urgente destruir certas palavras, ódio, solidão e crueldade,

s alguns lamentos muitas espadas.

Tanto nestes versos de Eugênio de Andrade como no soneto de Florbela Espanca, é possível ver-se um apelo ao amor. Porém, nestes últimos versos, há sugestões para que esse sentimento se possa impor, ao contrário do que acontece no primeiro poema apresentado.

Defenda este comentário, explicitando as semelhanças e diferenças entre os versos dos dois autores, fundamentando a sua resposta em elementos textuais pertinentes.

PARTEC

Leia as estâncias 119 a 121 do Canto I I I de Os Lusíadas, a seguir transcritas, e responda, de forma

completa e bem estruturada, ao item 9. Em caso de necessidade, consulte as notas apresentadas. 119

«Tu só, tu, puro Amor, com força crua, Que os corações humanos tanto obriga, Deste causa à molesta1 morte sua, Como se fora pérfida inimiga. Se dizem, fero Amor, que a sede tua Nem com lágrimas tristes se mitiga, É porque queres, áspero e tirano, Tuas aras2 banhar em sangue humano.

120

«Estavas, linda Inês, posta em sossego, De teus anos colhendo doce fruto, Naquele engano3 da alma, ledo e cego, Que a Fortuna não deixa durar muito, Nos saudosos campos do Mondego, De teus fermosos olhos nunca enxuto, Aos montes ensinando e às ervinhas O nome4 que no peito escrito tinhas.

121

«Do teu Príncipe ali te respondiam

As lembranças que na alma lhe moravam, Que sempre ante seus olhos te traziam, Quando dos teus fermosos se apartavam; De noite, em doces sonhos que mentiam, De dia, em pensamentos que voavam; E quanto, enfim, cuidava e quanto via Eram tudo memórias de alegria.

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. J. Costa Pimpão), 4.a ed., Lisboa, Instituto Camões - Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000.

1 lastim osa; 2 altares; 3 êxtase, enlevo; 4 o de D. Pedro

E DI TAV E l

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02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

9. Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicite o conteúdo das estrofes apresentadas,

O seu texto deve incluir introdução, desenvolvimento e conclusão.

Organize a informação da forma que considerar mais pertinente, tratando os seis tópicos apresen­ tados a seguir.

- Indicação do episódio a que pertencem as estâncias. - Identificação das personagens referidas/aludidas.

- Explicitação de um aspeto que ilustre o caráter lírico deste episódio.

- Explicação do sentido dos versos “Se dizem, fero Amor, que a sede tua / Nem com lágrimas tristes se mitiga" (est. 119, w. 5-6).

- Indicação da(s) razão(ões) para se dizer que Inês estava “Naquele engano da alma, ledo e cego", apelando aos seus conhecimentos sobre o episódio destacado.

- Referência a uma semelhança entre o conteúdo destas estâncias e o dos versos de Florbela Espanca e de Eugênio de Andrade, relativamente à forma como o Amor é percecionado.

GRUPO II

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que lhe são dadas.

1. Qual dos conjuntos seguintes é constituído apenas por palavras cujo processo de formação é o mesmo?

(A) pinga-amor - desamor - amorosa - amante (B) ajoelhar - enfeitar - amanhecer - escurecer

(C) argonauta - cosmonauta - memorização - exploração (D) porco-montês - montanha - relembrar - crueldade

2, Associe cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de modo a identificar a classe e a subclasse da palavra destacada em cada frase.

C O LU N AA

(A) Quando visitou a Coreia, José Luís Peixoto teve contacto com os costumes locais. (B) O visitante colocou várias questões a que

ninguém respondeu.

(C) Só alguns guias ousavam falar da guerra. (D) Dezenas de turistas queriam saber se

também podiam dançar.

(E) Este foi o livro que resultou da viagem.

C OLUNAB

(1) conjunção subordinativa consecutiva

(2) advérbio de inclusão/exclusão

(3) pronome indefinido (4) quantificador

(5) conjunção subordinativa condicional

(6) pronome relativo

(7) preposição

(8) pronome pessoal

E DI T A V E l

(8)

C2. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

3. CompLete cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no tempo e no modo indicados,

Pretérito imperfeito do conjuntivo

Se os turistas a .___(dançar) como os coreanos teriam a sua alegria.

Futuro simples do conjuntivo

Quando vós b.___(visitar) a Coreia do Norte, sereis capazes de compreender as palavras do autor.

Presente do indicativo

José Luís Peixoto c .___(intervir) numa conferência sobre as guerras na Coreia do Norte.

Pretérito perfeito composto do conjuntivo

Os turistas mais tímidos são quem talvez d.___(apreciar) menos aquele país.

4. Reescreva a frase seguinte, substituindo a expressão destacada pela forma adequada do pronome pessoal e fazendo apenas as alterações necessárias.

O autor relatou-nos as aventuras vividas de forma evasiva.

5. Indique em qual das frases seguintes o grupo destacado desempenha a função sintática de com­ plemento oblíquo.

(A) Os turistas perguntaram ao guia onde ficava o parque Moranbong. (B) Os mais tímidos assistiam ao baile encostados ao tronco de árvores. (0 Os mais ousados agarravam-se aos coreanos para dançar.

(D) Alguns visitantes respondiam aos guias com entusiasmo.

6. Transcreva a oração subordinada substantiva completiva que a frase complexa que se segue integra.

0 cérebro propõe que encontremos respostas que possam responder às nossas dúvidas, ainda que não seja a todas.

GRUPO III

Há quem considere perigoso visitar países com regimes totalitários ou com religiões fundamentalistas. Porém, alguns defendem que só o contacto com essas realidades permitirá ter uma visão correta sobre essas questões.

Escreva um texto de opinião, onde apresente razões para defender ou não o contacto direto com esse tipo de realidades, referindo a sua perspetiva pessoal sobre o assunto.

0 texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.

E DI TAV E l

(9)

02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

oz

TESTE DE DIAGNÓSTICO

Nome:

Turma:

Data:

GRUPO I PARTE A

Leia o texto. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado. Uma portuguesa em Malaca

“Cuidado, são portuguesas”, diz-me o Vasco em surdina1. O Vasco é operador de câmara. Anda­ mos juntos pela Ásia a filmar um documentário para a RTP2 sobre Femão Mendes Pinto. É, pois, um colega de trabalho. Mas a vida em comum entre pensões bafientas2 e autocarros desengonça­

dos, as dificuldades do projeto multimédia, que, quando resolves uma nascem logo outras duas, os 5 problemas habituais de quem viaja por conta própria - ainda por cima há pouco dinheiro, somos só os dois, nem produtor, nem sonoplasta3 nem intérprete, temos de ser nós a fazer tudo -, somando

também as sinergias4 e o sentido de humor de quem olha para 0 mundo a partir da mesma pers­

petiva cultural (“achas normal aqueles tipos a comer lulas fritas e malaguetas ao pequeno-almo­ ço?”), e assim as semanas passam e o colega de trabalho passa também a ser confidente e amigo. 10 E cúmplice.

Por isso, basta a voz em surdina e um certo tipo de expressão de cautela. “São portuguesas”, diz. Cuidado com o que dizes, que palavras usas, que comentários fazes. Estão na mesa ao lado na pequena esplanada improvisada na ruazita que passa pela mesquita mulçulmana, paredes-meias5

com o templo hindu e com 0 pagode budista6. A ruazita chama-se "da harmonia” e nestes poucos 15 metros explica-se Malaca, a velha princesa dos mares, uma pré-Singapura antes de os ingleses

chegarem ao Sudeste Asiático.

Em Malaca atracavam milhares de navios, comerciava-se em dezenas de idiomas, 0 porto era uma porta, daquelas abertas de par em par, para a passagem de mercadorias entre o Extremo Oriente e as várias índias, uma passagem entre 0 Pacífico e o índico. A porta estava aberta, mas 20 os portugueses preferiram arrombar com a parede. Em 1511, Afonso de Albuquerque conquistava Malaca, um feito de armas extraordinário mas de uma crueldade pragmática7, que deixaria os por­ tugueses com uma reputação duradoura na Ásia. A conquista de Malaca seguia uma lógica, um desígnio8, uma quimera9: criar bases em terra para um império no mar. O império marítimo portu­ guês durou um século. A Malaca10 portuguesa um pouco mais, século e meio.

25 Uma mulher está ao telefone, percebe-se que não voltará tão cedo a Portugal [...]. Meto conversa antes que inicie outro telefonema. É melhor que saiba que os dois tipos da mesa ao lado também são portugueses [...].

Em Malaca, cruzamento de povos dos mares, uma pequena comunidade católica resiste à uni­ formização religiosa e cultural imposta pela maioria muçulmana que governa a Malásia. Dizem-se 30 portugueses e comovem os outros portugueses que por lá passam. [...] A comunidade é pequena e pobre, três mil pescadores, iletrados, alguns analfabetos. Portugal, Goa, Macau, os pontos de re­ ferência dos séculos passados, diluem-se nos enredos da História. [...] É estranho, surreal mesmo. Mas estes descendentes dos homens que com Afonso de Albuquerque conquistaram Malaca não conhecem outra realidade. [...]

Gonçalo Cadilhe, Encontros marcados, Lisboa, Clube do Autor, SA, 2011, pp. 10 9 -111. 1 em voz baixa; 2 que cheira a bafio/mofo; 3 responsável pelos efeitos sonoros; 4 esforços coletivos; 5 junto de ou ao lado de; 6 templo de Buda; 7 hábil; 8 propósito, intenção; 9 fantasia, ilu s ã o ;10 cidade situada na M alásia, num estreito entre o índico e o Mar da China.

EOI TÁVEL

... —

(10)

02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O Anda- l, pois, gonça- uas, os nos só nando i pers- almo- amigo. aesas” ado na meias5 TOUCOS ígleses rto era ctremo a, mas listava )s por­ ta, um portu-nversa mbém à uni- ;em-se iquena de re- íesmo. ca não 10 9 -aii. lado de; idico e o

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que Lhe são dadas.

1. As afirmações apresentadas de (A) a (G) referem-se a factos decorrentes do trabalho de Gonçalo Cadilhe e do seu colega.

Escreva a sequência de letras que corresponde à ordem sequencial do relato feito. Termine a se­ quência com a letra (F).

(A) Os hábitos culturais e alimentares malaios causam alguma estranheza aos dois visitantes. (B) A religião muçulmana convive com a hindu e a budista.

(C) Vasco e Gonçalo Cadilhe vão film ar um documentário na Ásia para a RTP2. (D) As portuguesas estavam sentadas ao lado de ambos, numa esplanada.

(E) Malaca já foi território português e porto com ercial estratégico, no século XVI. (F) Atualmente, são muito poucos os portugueses sediados neste território malaio.

(G) O trabalho dos dois viajantes torna-se mais difícil devido aos parcos recursos de que dispõem. 2. Selecione, para responder a cada item (2.1. a 2.4.), a única opção que permite obter uma afirmação

adequada ao sentido do texto.

2.1. O trabalho conjunto (de Vasco e de Gonçalo) gerou (A) algumas desavenças e discussões entre ambos. (B) alguma cumplicidade mas também animosidade. ( 0 aproximação e amizade entre os dois viajantes. (D) vários conflitos por terem perspetivas diferentes.

2.2. 0 comentário parentético presente no primeiro parágrafo deve-se (A) a fatores xenófobos e racistas, típicos dos europeus.

(B) à perspetiva europeizante dos dois visitantes. (C) à convicção de superioridade dos portugueses. (D) à não aceitação das diferenças culturais. 2.3. A rua a que 0 autor faz referência

(A) apresenta alguns vestígios da presença portuguesa. (B) foi totalm ente transformada pelos colonizadores ingleses. (C) é local de convívio de várias raças e diferentes credos. (D) é 0 retrato da pobreza e da ignorância de quem lá vive. 2.4. A conquista de Malaca por Afonso de Albuquerque

(A) decorreu de forma pacífica e conciliadora. (B) resultou de uma estratégia delineada na índia. (C) foi uma iniciativa prodigiosa e ainda hoje recordada. (D) tratou-se de uma iniciativa bélica marcante.

3. Selecione a opção que corresponde à única afirmação falsa, de acordo com 0 sentido do texto. (A) "me” (linha 1) refere-se a Gonçalo Cadilhe.

(B) “que” (linha 13) refere-se a “ruazita".

(C) “que” (linha 29) refere-se a “maioria muçulmana".

(D) “que” (linha 33) refere-se a “estes descendentes dos homens".

EDITÁVEL

(11)

02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

PARTEB Leia o poema de Carlos de OLiveira.

Vilancete Castelhano de Gil Vicente

Por mais que nos doa a vida nunca se perca a esperança; a falta de confiança

só da morte é conhecida. 5 Se a lágrimas for cumprida

a sorte, sentindo-a bem, vereis que todo o mal vem achar remédio na vida. E pois que outro preço tem 10 depois do mal a bonança,

nunca se perca a esperança enquanto a morte não vem.

Carlos de Oliveira, Obras de Carlos Oliveira,

Lisboa, Caminho, 1992, p. 143.

Responda, de forma completa e bem estruturada, aos itens que se seguem.

4. Explique 0 valor da esperança, atendendo ao conteúdo dos primeiros quatro versos. 5. Registe de que modo a sorte se pode articular com a vida.

6. Exponha, por palavras suas, 0 conteúdo dos últimos quatro versos do poema.

7. Estabeleça uma aproximação entre 0 poema lido e 0 aforismo popular “Para tudo na vida há solução, exceto para a morte".

8. Leia os versos de Camões, apresentados abaixo, e a afirmação que se Lhes segue.

84

«E já no porto da ínclita Ulisseia, Cum alvoroço nobre e cum desejo (Onde o licor8 1 mistura e branca areia Co salgado Neptuno2 o doce Tejo) As naus prestes estão; e não refreia Temor nenhum 0 juvenil despejo, Porque a gente marítima e a de Marte3 Estão pera seguir-me a toda a parte,

85

«Pelas praias vestidos os soldados De várias cores vêm e várias artes, E não menos de esforço aparelhados Pera buscar do mundo novas partes. Nas fortes naus os ventos sossegados Ondeiam os aéreos estandartes;

Elas4 prometem, vendo os mares largos, De ser no Olimpo5 estrelas, como a de Argos.

Luís de Camões, Os Lusíadas (leitura, prefácio e notas de A. Júlio Costa Pimpão), 4* ed., Lisboa, Instituto Camões - Ministério dos Negócios Estrangeiros, 2000. 1 água; 2 mar; 3 os guerreiros; 4 as naus; 5 tornadas imortais

Nos versos de Carlos de Oliveira há uma espécie de apelo para que nunca se perca a esperança. Mas nas estâncias selecionadas de Os Lusíadas também é possível ver que a esperança, pelo menos na hora da partida, acompanhava os marinheiros na busca de novos mundos.

Defenda esta perspetiva, explicitando possíveis articuLações entre 0 conteúdo do primeiro texto poético e 0 das estâncias camonianas selecionadas, fundamentando a sua resposta em elementos textuais pertinentes.

E D I T Á V E 1

(12)

02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

PARTEC

Leia o segmento selecionado de O Auto da índia, de Gil Vicente, a seguir transcrito, e responda, de forma

completa e bem estruturada, ao item 9. Em caso de necessidade, consulte o glossário apresentado,

Ama Moça, tu que estás olhando?

Vai muito asinha saltando, faze fogo, vai por vinho, e a metade d'um cabritinho, 5 enquanto estamos falando.

Ora como vos foi lá?

35 Marido Ama Marido 40 Durou-nos três dias. As minhas três romarias com outras, mais de quarenta. Fomos na volta do mar, quase, quase a quartelar:6 a nossa Garça voava, que o mar se espedaçava.

Marido Muita fortuna1 passei. Ama E eu, oh, quanto chorei,

quando a armada foi de cá! io E quando vi desferir2

que começastes de partir, Jesu, eu fiquei finada! Três dias não comi nada, a alma se me queria sair. 15 Marido E nós, cem léguas daqui,

saltou tanto sudoeste, sudoeste e oeste-sudoeste, que nunca tal tormenta vi.

Ama Foi isso à quarta-feira, 20 aquela logo primeira?

Marido Si; e começou n’alvorada. Ama E eu fui-me de madrugada

a nossa Senhora d’Oliveira3, e co’a memória da cruz 25 fiz-lhe dizer ua missa.

E prometi-vos em camisa4 a santa Maria da Luz: e logo, à quinta-feira, fui-me ao Espírito Santo 3o com outra missa também;

chorei tanto, que ninguém nunca cuidou ver tal pranto.

Correstes aquela tromenta? Andar5.

Fomos ao rio de Meca7, pelejámos e roubámos, e mui risco passámos 45 à vela, árvore seca8.

Ama E eu cá esmorecer9, fazendo mil devações10, mil choros, mil orações.

Marido Assi havia de ser.

5o Ama Juro-vos que de saudade tanto de pão não comia a triste de mi, cada dia. . Doente, era ua piedade. Já carne nunca a comi: 55 esta camisa11 que trago em vossa dita12 a vesti,

porque vinha bom mandado13. Onde não há marido cuidai que tudo é tristura14, 6o não há prazer nem folgura15;

sabei que é viver perdido. Alembrava-vos eu lá?

Marido E como!

Marido Lá vos digo que há fadigas,

65 tantas mortes, tantas brigas,

e perigos descompassados16, que assi vimos destroçados, pelados c o m a f o r m i g a s .

E D I T A V E L SENTIDOS 10 ■ livro de Testes • A S A

(13)

02. T E S T E S D E D IA G N Ó S T I C O

m

Ama Porém vindes vós mui rico?

to Marido Se não fora o capitão, eu trouxera, a meu quinhão, um milhão vos certifico. Calai-vos que vós vereis quão louçã17 haveis de sair! [...]

Auto da índia, in Gil Vicente, Copilaçam de todalas obras de Gil Vicente,

vol. II, Lisboa, INCM, 1983, pp. 357-359.

1 A expressão "fortuna" designa um acontecimento im previsível e/ou inevitável, de que decorre a perda ou o dano do navio, ou de sua carga; risco marítimo; 2 desfraldar as velas; 3 capela que se situava na Igreja de São Julião, em Lisboa, destruída pelo terremoto de 1755; 4 prometer o peso de si m esm o ou de alguém em cera; 5 prosseguir; 6 quase a pôr os quartéis, isto é, as peças com que se aum entava a grossura e o comprimento dos m astros e vergas. O termo tam bém designa o grau m áxim o de inclinação permitido à nau. O navio estava quase tom ando ou mudando de ru m o ;7 Mar Vermelho; 8 em barcação sem velas, ou com as velas amarradas; 8 perder o ânimo, a coragem ;18 devoções, cultos religiosos;11 vestim enta fem inina de dorm ir;12 vossa sorte em vossa h o n ra ;13 boas n otícias;14 tristeza;15 prazer, alegria;16 descom un ais;17 elegante

9. Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 70 e um máximo de 120 palavras, no qual explicite o conteúdo do segmento textual vicentino atrás apresentado.

O seu texto deve incluir introdução, desenvolvimento e conclusão.

Organize a informação da forma que considerar mais pertinente, tratando os seis tópicos seguintes. - Identificação da obra e do autor.

- IntencionaLidade de Gil Vicente.

- Caracterização sumária das personagens destacadas, - Explicitação da conduta da Ama.

- Referência ao verdadeiro objetivo da viagem à índia, por parte do Marido.

- Confirmação da conduta adúltera da Ama e da falsidade percecionada nesta passagem textual.

GRUPOU

Responda aos itens que se seguem, de acordo com as orientações que lhe são dadas.

1. Qual dos conjuntos seguintes é constituído apenas por palavras cujo processo de formação é o mesmo?

(A) ruazita - crueldade - cabritinho - realidade

(B) norte-coreanos - engalanar - marítima - escurecer

(C) exploração - paredes-meias - cabotagem - iletrados

(D) surreal - peixe-espada - comunidade - dolorosa

EDITAVEL

(14)

02. T E S T E S D E D iA G N Ó S T IC O

2. Associe cada elemento da coluna A ao único elemento da coluna B que lhe corresponde, de modo a identificar a classe e a subclasse da palavra destacada em cada frase.

C O LU N AA

(A) Estavam a filmar um documentário sobre

Fernão Mendes Pinto para a RTP2.

(B) Quando os dois viajantes resolviam um problema, aparecia outro.

(C) Ambos tinham os problemas de quem

viajava.

(D) Percebeu que a jovem não voltaria tão cedo a Portugal.

(E) Meteu conversa com aquela jovem antes que iniciasse outro telefonema.

COLUNAB

(1) lo c u ç ã o su b o rd in a tiva te m p o ra l

(2) pronome relativo

(3) quantificador numeral

(4) conjunção subordinativa completiva

(5) preposição

(6) determinante indefinido

(7) pronome pessoal

(8) conjunção subordinativa causal

3. Complete cada uma das frases seguintes com a forma do verbo apresentado entre parênteses, no tempo e no modo indicados,

Pretérito imperfeito do conjuntivo

Se os visitantes a .____(fazer) muitos planos, não os conseguiriam concretizar.

Pretérito perfeito do indicativo

Quando eles b .____(propor) o documentário à RTP2, não imaginavam as dificuldades ,que iriam

encontrar.

Condicional composto

Gonçalo Cadilhe c .____(divertir-se) mais se visitasse um país sul-americano.

Pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo

Talvez eles d. ____(perceber) que se deve respeitar todas as cuLturas.

4. Reescreva a frase seguinte, substituindo a expressão destacada pela forma adequada do pronome pessoal e fazendo apenas as alterações necessárias.

O realizador participar-me-ia as dificuldades com toda a celeridade.

5. Indique em qual das frases seguintes o grupo destacado desempenha a função sintática de predi­ cativo do complemento direto.

(A) Os visitantes viram portugueses em Malaca.

(B) As jovens portuguesas estavam sentadas numa esplanada. (C) Os dois viajantes acharam a mesquita um pouco degradada.

(D) Assiste-se ao cruzamento de diferentes raças nesta região asiática,

6. Transcreva a oração subordinada adjetiva relativa que a frase complexa seguinte integra. • Dizem que os portugueses que vivem em Malaca são pobres e iletrados.

E D I T A V E l SENTIDOS 10 ■ Livro de Testes • A S A

(15)

02. T E S T E S D E D IA G N O S T I C O

GRUPO III

O Auto da índia podia, na época da publicação/representação, considerar-se inovador e provocatório,

uma vez que aborda uma temática nunca tratada até então.

Escreva um texto de opinião, onde apresente a sua perspetiva sobre a conduta adúltera, assumida quer pelo homem quer pela mulher, referindo aspetos conducentes à assunção desse comportamento. O texto deve ter um mínimo de 180 e um máximo de 240 palavras.

EDITAVEl

(16)

03. TESTES DE AVALIAÇÃO

T

TESTE DE AVALIAÇÃO

Nome:

Turma:_ _ _ _ _

Data:

GRUPO I A

Leia com atenção o texto,

Ora nom moiro, nem vivo, nem sei como me vai, nem rem1 de mi, se nom

atanto que* 1 2 ei3 no meu coraçom

coita d’amor qual vos ora direi:

5 tam grande que me faz perder o sém4, e mia senhor sol nom sab’ende rem.5

Nom sei que faço, nem ei de fazer, nem em que ando, nem sei rem de mi, se nom atanto que sofr’e sofri

io coita d’amor qual vos quero dizer:

tam grande que me faz perder o sém, e mia senhor sol nom sab’ende rem.

l i

Nom sei que é de mim, nem que sera, meus amigos, nem sei de mi rem al 15 se nom atanto que eu sofr’atal

coita d’amor qual vos eu direi ja:

tam grande que me faz perder o sém, e mia senhor sol nom sab’ende rem.

Bonifácio Calvo, A 266/B 450, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos,

A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 232.

1 coisa, algo; 2 se nom / atanto que: a não ser que; 3 ten h o ;4 ju íz o ;5 sol nom sab'ende rem: nem sequer sabe nada

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem.

1. Identifique 0 tema desta composição Lírica, justificando a sua resposta com expressões do texto.

2. O sujeito lírico desta cantiga sente-se “perdido de amores". Demonstre-o.

3. Indique a posição tomada pela “senhor" em relação aos sentimentos do sujeito poético, fundamen­ tando a sua resposta.

EOiTAVEL

(17)

03. T E S T E S S E A V A L I A Ç Ã O

B Leia com atenção a cantiga de amigo que se segue.

Dizia la fremosinha: “ai, Deus, vai!1

Contestou d’amor ferida! ai, Deus, vai!” 5 Dizia la bem talhada2:

“ai, Deus, vai! Contestou d’amor coitada!

ai, Deus, vai! Contestou d'amor ferida! io ai, Deus, vai!

Nom vem o que eu bem queria! ai, Deus, vai!

Contestou d’amor coitada! ai, Deus, vai!

15 Nom vem o que eu muit’amava! ai, Deus, vai!”

Dom Afonso Sanches, B 784/V 368, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos,

A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 318.

1 vale-m e

2 bem talhada: elegante, de boas formas

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

4. Demonstre de que forma esta cantiga apresenta marcas características do texto narrativo. 5. Estabeleça uma comparação em termos temáticos entre esta cantiga e a presente no grupo A.

GRUPOU Leia atentamente o texto.

Após ter conquistado milhares de espetadores em França, A Gaiola Dourada prepara-se agora para ser um grande sucesso comercial em Portugal, onde já foi visto por mais de catorze mil espetadores durante as suas primeiras vinte e quatro horas em cartaz. Esta imediata atração do público português por esta obra luso-francesa compreende-se perfeitamente, não só por causa da impressionante onda 5 de publicidade positiva que o filme tem recebido por parte da imprensa, mas também por causa do contagiante estilo corriqueiro desta agradável comédia familiar de Ruben Alves, onde somos apre­ sentados à simpática Família Ribeiro, que vive, há cerca de trinta anos, na portaria de um prédio de luxo que está situado num dos principais bairros de classe média-alta da capital francesa. Os pilares desta afável família são Maria e José Ribeiro (Rita Blanco e Joaquim de Almeida), um simpático ca­ to sal de emigrantes portugueses que se tornou, com o passar dos anos, numa parte indispensável do

E D I T A V E L SEIfílDOS 10 • livro de Testes • A S A

(18)

03. T E S T E S D E A V A L I A Ç Ã O

quotidiano da pequena comunidade que os acolheu e que agora os poderá perder, já que Maria e José poderão em breve concretizar o seu grande sonho de regressarem permanentemente a Portugal, onde poderão levar uma vida mais simples, pacífica e próxima das suas tradições.

O problema é que nenhum dos seus amigos, vizinhos e patrões quer deixar partir esta simpática '5 família, que também está fortemente dividida, já que Maria e José parecem ser os únicos que estão dispostos a regressar às suas origens e abandonar definitivamente a sua preciosa comunidade que, durante três décadas, lhes deu tudo aquilo que eles precisavam para levar uma vida esforçada mas feliz. Será que Maria e José estão mesmo dispostos a regressar ao nosso país e a virar para sempre as costas à sua inestimável gaiola dourada?

20 Esta simples pergunta não tem de todo uma resposta óbvia, já que é a sua procura por parte dos dois protagonistas que alimenta o caricato desenrolar do prático guião desta simples mas agradável comédia luso-francesa, que denota todos os seus traços e influências francesas graças à forma re­ quintada e pragmática como os seus criadores construíram e decidiram contar esta simples história familiar, cujo principal apelo humano deriva da contagiante áurea popular bem portuguesa que

25 marca presença um pouco por todo o filme, e que acaba por acrescentar um reconfortante e atrativo

elemento de tradição, descontração, diferenciação e diversão a esta honrosa comédia que, embora não seja abismalmente criativa ou irreverente, aposta numa história com pés e cabeça que enfatiza os dilemas e os dramas da comunidade emigrante nacional sem nunca esquecer os estereótipos culturais portugueses, que foram aqui aproveitados da melhor maneira possível para desenvolver 30 um estupendo ambiente tradicional e familiar, que tanto promove a diversão como a emoção. Para este atrativo resultado final muito contribuiu a capacidade criativa de Ruben Alves (Realizador/ Guionista), que soube aproveitar o melhor de dois mundos para criar e evidenciar esta ligeira mas francamente apelativa comédia familiar, que beneficia ainda de uma ótima prestação do seu elenco nacional e internacional.

http://www.p0rtal-cinema.c0m/2013/08/critica-gai0la-d0urada-2013.html (consultado em janeiro de 2015).

O

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta. 1.1. O film e A Gaiola Dourada retrata uma família portuguesa que

(A) não se adaptou à vida em França e que vê agora a possibilidade de regressar ao seu país de origem.

(B) não equaciona a possibilidade de regressar a Portugal porque os seus empregos e as suas raízes estão em França.

( 0 hesita entre manter-se em França e regressar a Portugal. (D) deseja regressar a Portugal por se sentir dispensável em França. 1.2. Segundo o autor do artigo, o filme A Gaiola Dourada é uma comédia

(A) extremamente irreverente, agradável e simples.

(B) simples, contagiante e pouco tradicional. (C) divertida, emocionante e simples.

(D) simples, muito criativa e marcadamente portuguesa. 1.3. A forma verbal “ter conquistado" (1.1) encontra-se no

(A) pretérito mais que perfeito composto do indicativo. (B) pretérito mais que perfeito composto do conjuntivo. (C) pretérito perfeito composto do conjuntivo.

(D) infinitivo composto.

O

EDI TAVEL

(19)

03, T E S T E S D E A V A L I A Ç Ã O

1.4. Na frase "A Gaiota Dourada prepara-se agora para ser um grande sucesso comercial em Por­ tugal, onde já foi visto por mais de catorze mil espetadores durante as suas primeiras vinte e quatro horas em cartaz" (ll. 1-3), a expressão sublinhada desempenha a função sintática de (A) predicativo do complemento direto.

(B) predicativo do sujeito.

( 0 complemento agente da passiva,

(D) complemento oblíquo.

1.5. O termo “corriqueiro” (L 6) é antónimo de (A) lento. (C) inquietante.

(B) invulgar. (D) subtil. 1.6. O p r o c e s s o fo n o ló g ic o o c o rrid o na p a s s a g e m de s t i l u- p a ra " e s tilo " (L. 6) é a (A) prótese. (B) epêntese. ( 0 paragoge. (D) síncope.

1.7. Na frase “Esta simples pergunta não tem de todo uma resposta óbvia, já que é a sua procura por parte dos dois protagonistas que alimenta o caricato desenrolar do prático guião desta simples mas agradável comédia luso-francesa” (ll. 20-23), o determinante possessivo “sua” refere-se a (A) pergunta. (C) caricato.

(B) resposta. (D) comédia.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Retire do primeiro parágrafo do texto três palavras que pertençam ao campo lexical de cinema. 2.2. Identifique a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada em “somos apresen­ tados à simpática Família Ribeiro, que vive, há cerca de trinta anos, na portaria de um prédio de luxo" (ll. 7-8).

2.3. Explique o significado literal do vocábulo “capitaL" (l. 8), sabendo que a palavra latina c a p i t i a

significa 'cabeça'.

GRUPO III

Escreva um texto expositivo, com um mínimo de 120 e um máximo de 150 palavras, no qual apresente as principais diferenças entre as cantigas de amigo e as cantigas de amor.

O seu texto deve incluir uma parte introdutória, uma de desenvolvimento e uma conclusão e incluir os aspetos abaixo apresentados.

• Origem. • Objeto.

• Sujeito de enunciação.

• Características da figura feminina. • Características da figura masculina. • Ambiente.

E D I T A V E l SENTIDOS 10 ■ Livro de Testes • A S A

(20)

03. TESTES DE AVALIAÇÃO

A Leia com atenção a cantiga de escárnio que se segue.

De vós, senhor, quer’eu dizer verdade e nom ja sobr’ [o] amor que vos ei1: senhor, bem [moor]* 1 2 á vossa torpidade3 de quantas outras eno mundo sei; s assi de fea come de maldade

nom vos vence oje senom filha dum rei. [Eu] nom vos amo nem me perderei, u4 vos nom vir, por vós de soidade. E se eu vosco na casa sevesse5 10 e visse vós e a vossa color,

se eu o mundo em poder tevesse, nom vos faria de todos senhor, nem dtoutra coisa onde sabor ouvesse. E d'ua rem seede sabedor:

is que nunca foi filha d’emperador que de beldade peor estevesse.

Todos vos dizem, senhor, com enveja, que desamades eles e mi nom. por Deus, vos rogo que esto nom seja 20 nem façades cousa tam sem razom:

amade vós [o] que vos mais desseja, e bem creede que eles todos som; e se vos eu quero bem de coraçom, leve-me Deus a terra u vos nom veja.

Pero Larouco, B 612 /V 214, B 784/V 368, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos,

A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 182.

1 tenho; 2 maior; 3 estupidez; 4 onde; 5 estivesse

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1. Identifique o alvo de sátira visado nesta cantiga.

2. Explicite 0 pedido que 0 sujeito Lírico dirige à dama no final da cantiga.

3. Demonstre de que forma esta cantiga se constitui, em termos temáticos, como uma antítese das cantigas de amor.

E D I T A V E L

(21)

03. TESTES DE AVALIAÇÃO

B

Leia a cantiga apresentada,

Proençaes1 soem mui bem trobar

e dizem eles que é com amor; mais os que trobam no tempo da frol e nom em outro, sei eu bem que nom 5 am tam gram coita no seu coraçom

qual m’eu por mia senhor vejo levar. Pero que2 trobam e sabem loar

sas senhores o mais e o melhor que eles podem, sõo sabedor

io que os que trobam quand’a frol sazom3

á, e nom ante, se Deus mi perdom, nom am tal coita qual eu ei sem par. Ca os que trobam e que s’alegrar vam eno tempo que tem a color is a frol consigu’e, tanto que se for

aquel tempo, logu’em trobar razom nom am, nom vivem em qual perdiçom oj’eu vivo, que pois m'á de matar.

Dom Dinis, B 524 [ter]/V 127, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos,

A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 286.

1 Provençais; 2 Pero que: embora; 3 quand'afrol sazom: na estação das flores

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

4. Explique o paralelismo que o sujeito Lírico estabelece entre si e os trovadores provençais.

5. Identifique o recurso expressivo presente em “mais os que trobam no tempo da frol" e comente o seu valor.

GR UPOU

Leia atentamente o texto.

Renováveis garantiram 63% do consumo elétrico em Portugal em 2014

Quase dois terços de toda a eletricidade consumida em Portugal em 2014 foram produzidos a partir da água, do vento e do sol. O saldo do ano aponta para 62,7% de eletricidade de origem reno­ vável, um valor inédito pelo menos nos últimos 15 anos e possivelmente sem paralelo desde a dé­ cada de 1960.

5 A maior fatia da produção elétrica veio das grandes barragens, que supriram 29,4% do consumo,

segundo as contas da APREN-Associação de Energias Renováveis.

A seguir vêm os parques eólicos, com 23,7%. Ou seja, hoje em Portugal praticamente uma em cada quatro lâmpadas elétricas é acesa com a energia do vento.

EDI TAVEL SENTIDOS 10 • Livro de Testes • A S A

(22)

03. TESTES DE AVALIAÇÃO

A terceira fonte para a eletricidade em 2014 foi 0 carvão - a antítese das renováveis. Dos com- 10 bustíveis utilizados nas centrais térmicas do país, é 0 mais sujo e o que mais liberta dióxido de car­

bono, 0 principal gás que está a aquecer o planeta. Mas com 0 valor do CO2 em baixa no mercado europeu de licenças de emissões, tem sido o preço do carvão em si - e não a sua fatura ambiental - o determinante para a sua utilização para produzir eletricidade em Portugal. Em 2014, a fatia que lhe coube foi de 22,2%.

is O país também registou uma dependência menor da eletricidade importada. Na verdade, Portu­ gal exportou mais 30% e importou menos 22 % de energia elétrica. O saldo ainda foi negativo, mas representou apenas 1,8% do consumo total - um terço do valor de 2013.

O valor absoluto do peso das renováveis é o maior desde pelo menos 1999. António Sá da Costa, presidente da APREN, refere mesmo que só quando Portugal dependia essencialmente das barra- 20 gens, nos anos 1960, é que a proporção de eletricidade renovável terá sido superior.

A meteorologia conta muito para a produção das renováveis, dada a variação do nível das barra­ gens ano a ano. Descontado este fator - que é corrigido por um índice de produtibilidade hidroelé­ trica - a parcela das renováveis chegou em 2014 a 55,4%, contra 53,1% em 2013.

A meta do Governo é que haja 60% de eletricidade renovável em 2020. “Só precisamos de cres-

25 cer 1% por ano. É possível”, avalia António Sá da Costa. Ainda este ano a barragem do Baixo Sabor

deverá começar a produzir eletricidade e há mais projetos em curso.

As eólicas, que tiveram um crescimento de apenas 0,5% no ano passado, também ainda poderão subir nos próximos anos. Mas um novo salto grande, como foi dado nos últimos dez anos, está mais comprometido com a intenção do Governo de não garantir tarifas especiais para a eletricidade 30 produzida pelos parques eólicos. “Potencial para crescer existe. O problema é como será a remune­

ração”, resume o presidente da APREN.

Público, edição Online, 6 de janeiro de 2015 (consultado em janeiro de 2015).

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta.

1.1. O consumo de energias renováveis em Portugal, em 2014,

(A) só tem paralelo com o ocorrido na década de 1960. (B) triplicou face aos últimos anos.

( 0 apresentou o maior aumento dos últimos anos.

(D) continua a ser inferior comparativamente ao consumo de energias não renováveis.

1.2. Da análise dos dados conclui-se que

(A) o carvão foi a terceira fonte de energia renovável mais utilizada em 2014. (B) se verificou, no país, um aumento na importação de energia elétrica.

(C) apesar de não se ter verificado um crescimento do seu consumo, as eólicas são a segunda fonte de energia renovável mais utilizada em 2014.

(D) a produção de energia elétrica proveniente das barragens aumentou em 2014.

1.3. Na frase "A maior fatia da produção elétrica veio das grandes barragens" (l. 5), a expressão sublinhada desempenha a função sintática de

(A) complemento direto.

(B) modificador.

(C) complemento oblíquo. (D) predicativo do sujeito.

E D I T A V E l

(23)

03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1.4. Quanto ao processo de formação, o termo "APREN" (l. 6) cLassifica-se como

(A) sigla, ÍB) amálgama. ( 0 acrónimo.

(D) empréstimo.

1.5. Na fra s e "... dióxido de carbono, o principal gás que está a aquecer o planeta" (u. 10-11), a oração sublinhada classifica-se como

(A) subordinada substantiva completiva. (B) subordinada substantiva relativa.

(C) subordinada adjetiva relativa explicativa.

(D) subordinada adjetiva relativa restritiva.

1.6. A forma verbal “tem sido” (l. 12) encontra-se no

(A) pretérito perfeito composto do indicativo. (B) pretérito perfeito composto do conjuntivo.

(C) pretérito mais-que-perfeito composto do indicativo.

(D) pretérito mais-que-perfeito composto do conjuntivo. 1.7. 0 termo "terço" (l. 17) classifica-se como

(A) quantificador numeral. ÍB) quantificador universal.

(C) adjetivo numeral. (D) adjetivo qualificativo.

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Identifique a relação semântica que se pode estabelecer entre os termos 'energias renováveis’ e “água", "vento” e “sol" (l. 2).

2.2. Na frase "A seguir vêm os parques eólicos" (l. 7), identifique a função sintática desempenhada pela expressão sublinhada.

2.3. Indique uma palavra que integre o mesmo constituinte etimológico que "meteorologia" (l. 21).

GRUPO III

Redija a síntese (entre 100 a 120 palavras) do texto apresentado no grupo II.

£ 0 1 TÁVEl

(24)

a TESTES DE AVALIAÇÃO

Â

Leia o seguinte excerto do capítulo 115 da Crónica de D. João I.

Per que guisa estava a cidade corregida pera se defender, quando el-Rei de Castela pôs cerco sobr’ela.

Nem uu falamento1 deve mais vizinho seer deste capitulo que havees ouvido2, que poermos

logo aqui brevemente de que guisa estava a cidade, jazendo el-Rei de Castela sobr’ela; e per que modo poinha em si guarda o Meestre, e as gentes que dentro eram, por nom receber dano de seus êmigos3; e o esforço e fouteza4 que contra eles mostravom, em quanto assi esteve cercada.

5 Onde sabee que como5 o Meestre e os da cidade souberom a viinda del-Rei de Castela, e esperarom

seu grande e poderoso cerco, logo foi ordenado de recolherem pera a cidade os mais mantiimentos que haver podessem, assi de pam e carnes, come quaes quer outras cousas. E iam-se muitos aas liziras6 em barças e batees, depois que Santarém esteve por Castela, e dali tragiam muitos gaados

mortos que salgavom em tinas, e outras cousas de que fezerom grande açalmamento7; e colherom- io -se8 dentro aa cidade muitos lavradores com as molheres e filhos, e cousas que tiinham; e doutras

pessoas da comarca d’arredor, aqueles a que prougue9 de o fazer; e deles10 passarom o Tejo com

seus gaados e bestas e o que levar poderom, e se forom contra11 Setuval, e pera Palmeia; outros

ficarom na cidade e nom quiserom dali partir; e taes i12 houve, que poserom todo o seu13, e ficarom

nas vilas que por Castela tomarom voz.

is Os muros todos da cidade nom haviam mingua14 de boom repairamento15; e em seteenta e sete

torres que ela teem a redor de si, forom feitos fortes caramanchões de madeira, os quaes eram bem fornecidos d’escudos e lanças e dardos e beestas de torno16, e doutras maneiras com grande avon- dança17 de muitos viratões18. [...]

E ordenou o Meestre com as gentes da cidade que fosse repartida a guarda dos muros pelos fidal- 20 gos e cidadãos honrados19, aos quaes derom certas quadrilhas20 e beesteiros e homêes d’armas pera

ajuda de cada uu guardar bem a sua. Em cada quadrilha havia uu sino pera repicar quando tal cousa vissem, e como21 cada uu ouvia o sino da sua quadrilha, logo todos rijamente22 corriam pera ela [...]

E nom soomente os que eram assiinados23 em cada logar pera defensom, mas ainda as outras

gentes da cidade, ouvindo repicar na See, e nas outras torres, avivavom-se os corações deles24; e 25 os mesteiraes25 dando folgança26 a seus oficios, logo todos com armas corriam rijamente pera u27

diziam que os Castelãos mostravom de viinr. Ali viriees os muros cheos de gentes, com muitas trombetas e braados e apupos esgremindo espadas e lanças e semelhantes armas, mostrando fou­ teza contra seus êmigos.

Fem ão Lopes, in Teresa Amado (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária),

Crónica de D. João I de Femão Lopes (textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, pp. 170-172.

1 palavras, ditos; 2 alusão ao capítulo anterior, onde se descreve o soberbo acampamento do rei de Castela, que se estendia de Santos até Campolide e outros lugares em volta; 3 inimigos; 4 coragem; 5 logo que; 6 lezírias (terras que ficam na margem do rio); 7 abastecimento; 8 refugiaram-se; 9 aprouve, agradou;10 e algu ns;11 em direção a ; 12 a í;13 que poserom todo o seu: que puseram em segurança os seus haveres;14 necessidade;15 reparação, fortificação;16 armas que disparavam setas a grandes distâncias 17 abundância;18 setas grandes; 19 de boa categoria social, burgueses; 20 quadrelas, lanços de muralha onde se colocavam os vigias; 21 quando; 22 apressadamente; 23 designados; 24 avivavom-se os corações deles: sentiam-se mais corajosos; 25 operários; 26 folga; 27 onde

E D I T Á V E L

(25)

03. TESTES DE AVALIAÇÃO

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

1. Justifique a importância do primeiro parágrafo do excerto, tendo em conta a globalidade do texto. 2. Indique as medidas tomadas pelo povo e pelo Mestre, assim que souberam que o cerco à cidade

estava iminente.

3. Releia o último parágrafo do excerto.

Demonstre que o povo estava todo unido na defesa da cidade.

B Leia a cantiga abaixo apresentada.

Vedes, amigo, [o] que oj’oí1

dizer de vós, assi Deus me perdom, que amades ja outra e mi nom; mais, s’é verdade, vingar-m'ei assi: 5 punharei2 * 4 5 ja de vos nom querer bem

e pesar-mi-á ém mais que outra rem. Oí dizer, por me fazer pesar,

amades vós outra, meu traedor; e, s’é verdade, par Nostro Senhor, io direi-vos como me cuid’a vingar:

punharei ja de vos nom querer bem e pesar-mi-á ém mais que outra rem. E se eu esto por verdade sei

que mi dizem, meu amigo, par Deus, is chorarei muito d’estes olhos meus

e direi-vos como me vingarei:

punharei ja de vos nom querer bem e pesar-mi-á ém mais que outra rem.

Fem am Velho, B 819/V 403, in Bisa Gonçalves e Maria Ana Ramos,

A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 178. 1 ouvi; 2 esforçar-m e-ei

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem.

4, Descreva a atitude do sujeito lírico em relação ao objeto do seu amor, apresentando as respetivas

razões.

5. Justifique 0 emprego do futuro do indicativo no refrão.

EDI TAVEL

(26)

03. T ES T ES D E A V ALIAÇ ÃO

GRUPOU

Leia atentamente o texto.

O autocarro desde Joanesburgo sai às 8 da manhã para Maputo - entre tempos de paragem nou­

tras cidades ao longo do percurso e a travessia da fronteira de Ressano Garcia, chego a Maputo já de noite. Fico plantado numa esquina à espera de um amigo de amigo de outros amigos. Não sei sequer se existe, mas se existir, chama-se Henrique.

O que ficou combinado foi uma boleia com o Henrique até um promontório mítico para pratican­ tes de surf, onde quebra uma onda secreta, de qualidade mundial e de difícil acesso para viajantes so­ litários, daí melhor apoiar-me na experiência e na viatura de quem sabe. O Henrique, se existe, sabe. Por ironia do destino ou, quem sabe, por malícia das sinergias que a História tece, tanto Portugal como as suas ex-colónias são excelentes destinos para o surf. A diferença é que na (ex) metrópole

10 as ondas estão à distância de um parque de estacionamento.

Já em Angola e Moçambique, a logística de chegar à praia envolve guias locais, veículos todo- -terreno, provisões, equipamentos de outdoor e um espírito desinibido e aventureiro. Tal como fiz há uns anos em Angola, socorro-me agora da ajuda de um português expatriado para chegar até às ondas. Henrique, se existe, imigrou para Moçambique não apenas pelo trabalho mas também pelo

'5 surf. Provavelmente até na ordem contrária de prioridades.

A noite cai suavemente sobre esta cidade que me faz pensar no Portugal que eu nunca tive, no português que nunca fui.

É uma cidade bonita, apesar do degrado e da incúria e da miséria. Uma cidade que desce para o mar, que permite sempre um tom de azul no fundo do olhar, um pouco como Lisboa com o Tejo. 20 No entanto, de todas as cidades coloniais portuguesas que visitei, é aquela que menos me recorda

Portugal.

Maputo é demasiado recente e demasiado airosa, demasiado planificada e escorreita para recor­ dar uma cidade portuguesa.

O que o caráter e a fisionomia urbana de Maputo me recorda, na brisa suave do fim da tarde, é 25 um Portugal que ficou por acontecer, uma possibilidade de evolução paralela que se perdeu nas ra­

mificações do destino. Tento imaginar uma outra História pátria que teria resultado de uma aproxi­ mação mais humilde, menos aguerrida, às culturas do índico, uma outra miscigenação, uma outra abertura de espírito aos povos e às religiões que íamos encontrando.

Só Moçambique poderia evocar esta dimensão paralela e perdida da História de Portugal, só aqui só tivemos a porta aberta para esse oceano índico que durante séculos promoveu comércio, provocou diásporas, acomodou a diferença, ensinou a Humanidade a lidar com o Outro. Só aqui poderíamos ter sido Outros, diferentes.

Angola, pelo contrário, que portas nos teria jamais aberto? Em que mundos nos teria introdu­ zido? O mesmo Atlântico cinzento e tenebroso que já conhecíamos; um planalto esquecido pelos

35 fluxos da História; uma cultura tribal e fratricida que se fechava em si própria e que do exterior só

conheceu agressões e esclavagismo.

Não é por acaso que Moçambique é solar e colorida e mediterrânica como só a orla do índico o consegue ser; enquanto que Angola é atlântica e sombria, envolta em brumas matinais que não conseguem dar alegria a um litoral árido e estéril. Não é por acaso que Moçambique é banhada por «o uma corrente tépida, transparente e tropical; enquanto que em Angola passa uma das correntes mais gélidas, escuras e densas do mundo. Não é por acaso que a navegação do oceano índico é previsível, suave e de monção; enquanto que a do Atlântico é turbulenta, irregular e traiçoeira. E o estado do mar não será alheio à perceção que o resto do mundo tem destes dois países - benevo­ lência para com o primeiro, comiseração para com o segundo.

45 Ou talvez esta seja apenas a opinião de quem olhou para os dois países a partir da cristã de uma onda, deslizando sobre uma prancha no meio do mar, em solidão serena e refletiva, ao largo.

Gonçalo Cadilhe, in Visão, edição Online, 30 de março de 2014 (consultado em janeiro de 2015).

E 0 1 T Á V E L

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03. TESTES DE AVALIAÇÃO

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1. a 1.7., selecione a opção correta.

1.1. O autor serve-se da ironia quando afirma "O Henrique, se existe, sabe" (l. 7), porque

(A) não lhe reconhece autoridade como guia.

(B) está cansado de esperar por ele.

( 0 não quer ir ao promontório aconselhado por ele.

(D) prefere prescindir da sua companhia. 1.2. Para Gonçalo Cadilhe,

(A) o Portugal de hoje assemelha-se ao Moçambique do passado,

(B) Angola e Moçambique são dois locais igualmente representativos da cultura portuguesa. (C) Moçambique espelha um Portugal que podia ter sido diferente do que o que foi.

(D) Angola em nada se assemelha com Portugal. 1.3. A palavra "até” (1.5) classifica-se como

(A) preposição.

(B) conjunção. ( 0 advérbio.

(D) pronome.

1.4. Na frase "onde quebra uma onda secreta" (1.6), a palavra sublinhada introduz uma oração

(A) subordinada substantiva completiva.

(B) subordinada substantiva relativa. (C) subordinada adjetiva relativa restritiva. (D) subordinada adjetiva relativa explicativa.

1.5. Na frase "A noite cai suavemente sobre esta cidade" (l. 16), o termo sublinhado desempenha a função de

(A) modificador.

(B) complemento oblíquo.

( 0 modificador apositivo do nome.

(D) modificador restritivo do nome. 1.6. A palavra "incúria" (l. 18) significa

(A) doença.

(B) desleixo. (C) incoerência. (D) incompatibilidade.

1.7. Na frase "de todas as cidades coloniais portuguesas que visitei, é aquela que menos me recorda Portugal”, (ll. 20-21), o verbo “recordar” classifica-se como

(A) in tra n sitivo .

(B) transitivo direto.

(C) transitivo indireto.

(D) transitivo direto e indireto.

mm

SENTIDOS 10 • Livro de Testes • A S A

(28)

03. T ES T ES D E A V ALIAÇ ÃO

2. Responda de forma correta aos itens apresentados.

2.1. Tendo em conta a palavra sublinhada em "Fico plantado numa esquina" (i. 3), escreva uma outra frase que com ela se possa constituir como um campo semântico do vocábulo.

2.2. Explique o significado da palavra “fratricida" (i. 35), sabendo que em latim f r a t r e- significa ‘irmão’.

2.3. Classifique a palavra “fratricida" (l. 35), quanto ao processo de formação.

GRUPO III

Observe a pintura de Cândido Portinari.

Os Retirantes (1994), Cândido Portinari (1903-1962), M useu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand.

Faça uma apreciação crítica desta pintura, num texto de 120 a 150 palavras, considerando, entre ou­ tros que julgue pertinentes, os seguintes aspetos:

• apresentação dos elementos que integram a imagem; • sentimentos transmitidos;

• impacto;

• pertinência da imagem em relação ao capítulo 148 da Crónica de D. João I de Fernão Lopes.

Deverá exprimir a sua opinião (positiva ou negativa) na introdução do texto. A fundamentação da opinião e x p re ssa deverá o c o rre r a sso c ia d a à e x p lo ra ç ã o dos e le m e n to s constantes da pintura.

E D I T A V E l

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03. T E S T E S D E A V ALIAÇ ÃO

A

Leia o seguinte excerto do capítulo 148 da Crónica de D. João I.

Ó quantas vezes encomendavom nas missas e preegações que rogassem a Deos devotamente por o estado da cidade! E ficados os geolhos1, beijando a terra, braadavom a Deos que lhes acorres­ se, e suas prezes nom eram compridas! Uus choravom antre si, mal-dizendo seus dias, queixando- -se por que tanto viviam, como se dissessem com o Profeta: “Ora veesse a morte ante do tempo, 5 e a terra cobrisse nossas faces, pera nom veermos tantos males!” Assi que rogavom a morte que os levasse, dizendo que melhor lhe fora morrer, que lhe seerem cada dia renovados desvairados padecimentos. Outros se querelavom2 a seus amigos, dizendo que forom desaventuirada gente, que

se ante nom derom a el-Rei de Castela que cada dia padecer novas mizquiindades3, firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar4.

10 Sabia porem isto o Meestre e os de seu Conselho, e eram-lhe doorosas d’ouvir taes novas; e veendo estes males a que acorrer nom podiam, çarravom suas orelhas do rumor do poboo.

Como nom querees que maldissessem sa vida e desejassem morrer alguus homêes e molheres, que tanta deferença há d’ouvir estas cousas aaqueles que as entom passarom5, como há da vida aa morte? Os padres e madres viiam estalar de fame os filhos que muito amavom, rompiam6 as faces

is e peitos sobr’eles, nom tendo com que lhe acorrer, senom planto7 e espargimento de lagrimas; e

sobre todo isto, medo grande da cruel vingança que entendiam que el-Rei de Castela deles havia de tomar; assi que eles padeciam duas grandes guerras, ua dos êmigos que os cercados tiinham, e outra dos mantiimentos que lhes minguavom, de guisa que eram postos em cuidado de se defen­ der da morte per duas guisas8.

20 Pera que é dizer mais de taes falecimentos9? Foi tamanho o gasto das cousas que mester haviam que soou uu dia pela cidade que o Meestre mandava deitar fora todolos que nom tevessem pam que comer, e que soomente os que o tevessem ficassem em ela; mas quem poderia ouvir sem ge­ midos e sem choro tal ordenança de mandado aaqueles que o nom tiinham? Porem sabendo que non era assi, foi-lhe já quanto10 de conforto. Onde sabee que esta fame e falecimento que as gentes

25 assi padeciam, nom era por seer o cerco perlongado, ca nom havia tanto tempo que Lixboa era cer­ cada; mas era per aazo das muitas gentes que se a ela colherom de todo o termo; e isso meesmo da frota do Porto quando veo, e os mantiimentos seerem muito poucos.

Ora esguardae11 como se fossees presente, ua tal cidade assi desconfortada e sem neua certa

feúza de seu livramento12, como veviriam em desvairados cuidados quem sofria ondas de taes

3o aflições? Ó geeraçom que depois veo, poboo bem aventuirado, que nom soube parte de tantos m a­

les, nem foi quinhoeiro13 de taes padecimentos! Os quaes a Deos por Sua mercee prougue de cedo

abreviar doutra guisa, como acerca14 ouvirees.

Fem ão Lopes, in Teresa Am ado (apresentação crítica, seleção, notas e sugestões para análise literária),

Crónica de D. João I de Femão Lopes (textos escolhidos), ed. revista, Lisboa, Editorial Comunicação, 1992, pp. 197-199.

1 ajoelhados; 2 queixavam; 3 misérias; 4 firmando-se de todo nas peores cousas que fortuna em esto podia obrar: só pensando nos maiores m ales que naquelas circunstâncias lhes podiam acontecer; 5 dbuvir estas cousas aaqueles que as entom passarom: entre ouvir estas coisas e passá-las; 6 feriam; 7 pranto; 8 maneiras; 9 m isérias; 10 um pouco; 11 olhai; 12 sem neua certa feúza de seu livramento: sem certeza da libertação;13 participou; 14 daqui a pouco.

E D I T A V E L SENTIDOS 10 • Livro de Testes • A S A

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03. T E S T E S D E A V ALIAÇ ÃO

Apresente, de forma bem estruturada, as suas respostas aos itens que se seguem. 1. Refira as diferentes reações do povo face às privações que enfrentava.

2. Identifique as duas situações que, segundo o cronista, mais preocupavam as pessoas que estavam cercadas.

3. Releia o último parágrafo do excerto.

Explique a intenção de Fernão Lopes ao comparar duas gerações distintas. B

Leia a cantiga de escárnio a seguir apresentada.

Vem um ricome1 das truitas, que compra duas por muitas,2

e coz’end’a ua.3

Por quanto xi querem chêas,4 s compra ém duas pequenas,

e coz’end’a ua.

Vendem cem truitas vivas, e compra ém duas cativas,

e coz'end’a ua.

>° E, u as vendem bolindo5, vai-se’ém com duas friindo6,

e coz’end’a ua.

Roi Paes de Ribela, V 1027, in Elsa Gonçalves e Maria Ana Ramos,

A lírica galego-portuguesa, Lisboa, Editorial Comunicação, 1983, p. 276

____________ c

1 hom em rico (pertencente à nobreza); 2 duas por muitas: duas como se fossem muitas; 3 e coz‘end'a ua: e coze um a delas; 4 Por quanto xi querem chêas: apesar de se quererem grandes (grossas);5 fresquinhas, a saltar; 6 como se estivessem a frigir, isto é, não frescas, por oposição a bolindo (v. 10)

Apresente, de forma bem estruturada, as respostas aos itens que se seguem. 4. Identifique 0 alvo de sátira desta cantiga, apresentando as razões para tal. 5. Justifique a importância da antítese nesta composição lírica.

EDI TAVEL

Referências

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