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A perfumaria não tem nada de futil. .Trata-se de um grande fenómeno de sociedade que, associando perfu­ maria e maquilhagem, ao longo de milénios indiferente às mutações políticas, sociais ou religiosas, tem estado presente em todas as civilizações e associado a todas as culturas. No entanto, em nenhum lugar do mundo, a perfumaria terá constituído, como aconteceu no Ocidente, um fenómeno técnico e económico de tal amplitude, s A evolução da perfumaria deve ser abordada, tendo sempre em conta quatro elementos variáveis: a evolu­ ção das sociedades, as estruturas económicas, a evolução das técnicas, o hedonismo1. Ignorar qualquer destes elementos é perder a sequência de uma história particularmente complexa, já por si perturbada pelos nossos hábitos e pelos nossos preconceitos.

Existem grandes áreas geográficas, cada uma das quais corresponde a um comportamento relativamente aos io perfumes. A zona que nos é mais facilmente percetível é, evidentemente, a? que corresponde ao conjunto do mundo ocidental, onde os símbolos, as modas e as práticas comerciais são semelhantes durante dois milénios distintos, o anterior à Idade Média e o que lhe sucede. (...)

A antiguidade conhecia o alambique2 mas ignorava o fabrico do álcool, contentando-se com matérias gordas aromatizadas, águas, pós, essências obtidas por pressão. O álcool é mencionado pela primeira vez em Itália no is século VIII. No século XIV, surge um alcoolato3 de rosmaninho4 e de essência de terebintina5, utilizado mais como um remédio universal do que como um perfume, a que se deu - primeiro exemplo de estratégia publicitária moderna - o nome de Água da Rainha da Hungria, mítica soberana a quem esta água teria restituído e conservado uma juventude resplandecente.

A perfumaria medieval, com a predominância de notas suaves, parece ter bastado a uma sociedade à qual as 20 Cruzadas trouxeram o hábito de banhos públicos, das bolas de sabão (o verdadeiro sabão) e da água-de-rosas. Podemos aqui acrescentar o esboço de uma nova arte de viver, descoberta pelos cruzados na mais sumptuosa e elegante das cidades, Constantinopla. A perda de Constantinopla, conquistada pelos otomanos em 1453, acaba por determinar o poderio de Veneza. É aqui que nasce a perfumaria moderna, no início do século XVI. As obras dos botânicos alemães e dos engenheiros venezianos aperfeiçoam o alambique, aumenta o número de óleos es- 25 senciais extraídos por destilação, permitindo o nascimento da perfumaria alcoólica que, em pouco tempo dei­ xará de ser italiana para se tomar francesa. Durante mais de três séculos, apesar do aparecimento de algumas. fragrâncias6, esta perfumaria pouco evoluiu, contentando-se com perfumes florais. (...)

Será necessária a chegada de um autodidata genial, François Coty, para que nasça a perfumaria tal como a conhecemos hoje, fundada numa arquitetura olfativa muito subtil, onde vegetais e corpos sintéticos se articulam 30 para criar fragrâncias totalmente novas.

AA. VV., A B C edário do perfum e, Lisboa, Público, 2003, pp. 1 1 - 1 5 .

V o c a b u lá r io

1 a b u s c a d o p r a z e r ; 2 a p a r e lh o p r ó p r io p a r a r e a liz a r a d e s t ila ç ã o d e m a t é r i a s v e g e t a is , p a r a p r o d u z ir á lc o o is o u p e r f u m e s ; 3 s u b s t â n c i a d e r iv a d a d o á lc o o l ; 4 p la n t a a r o m á t ic a ; 5 t ip o d e r e s in a e x t r a íd a d e u m a r b u s t o d e s ig n a d o t e r e b in t o ; 6 a r o m a s , p e r f u m e s

m m

T e s t e s - m o d e lo I A V E

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta, 1.1 De acordo com o primeiro parágrafo do texto, o uso de perfumes

□ (A) acompanha as variações sociais, políticas e outras. □ (B) não acompanha as variações sociais, políticas e outras, □ (C) não é indiferente às variações sociais, políticas e outras, CD (D) está ligado às variações sociais, políticas e outras.

1.2 A relação entre áreas geográficas e uso de perfumes

CD (A) é uniforme: todas apresentam a mesma reLação com os perfumes. O (B) é variada: cada uma apresenta uma relação diferente com os perfumes, CD (c ) é ambígua: não é clara a relação de cada uma com os perfumes, CD

(D)

é intensa: todas apresentam uma forte relação com os perfumes.

1.3 O perfume que surgiu no sécuLo XIV com a designação Água da Rainha da Hungria é ainda hoje, por causa desse

nome, um exemplo de CD (A) perfume moderno.

O (B) perfume com poderes curativos.

□ (C) técnica de marketing.

□ (D) técnica curativa através de um perfume.

1.4 O nascimento da «perfumaria moderna» em Veneza, no começo do século XVI, não está ligado ao CD (A) desenvolvimento de estudos botânicos.

CD (B) melhoramento do alambique.

□ (C) desenvolvimento de técnicas de destilação. CD (D) aparecimento de novos aromas.

1.5 O último parágrafo do texto refere a perfumaria contemporânea através de uma □ (A) metáfora,

□ (B) comparação. □ (C) personificação. □ (D) hipérbole.

2. Responde, de forma correta, aos itens apresentados.

2.1 Elabora duas frases em que a palavra «água», 1.17, apresente significados inequivocamente diferentes. 2.2 Indica a função sintática da palavra destacada na frase «Trata-se de um grande fenómeno de sociedade (...)

indiferente às mutações políticas», ll. 1-2.

2.3 Classifica a oração destacada na frase «A antiguidade conhecia o alambique mas ignorava o fabrico do álcool,..», 1,13.

GRUPO I I I

Escreve uma síntese do texto «Breve história do perfume» que tenha cerca de um quarto da sua dimensão. EDITÁm

T e s t e d e a v a lia ç ã o 1 1 S e q u ê n c i a 6

GRUPO I

A

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.

4

*

E vós, Tágides1 minhas, pois criado Tendes em mi um novo engenho ardente, Se sempre em verso humilde2, celebrado Foi de3 mi vosso rio alegremente,

Dai-me agora um som alto e sublimado, Um estilo grandíloco4 e corrente5,

Por que6 de vossas águas Febo ordene

Que não tenham enveja às de Hipocrene7.

5

Dai-me hua fúria8 grande e sonorosa, E não de agreste avena ou frauta rudas, Mas de tuba canora e belicosa10,

Que o peito acende e a cor ao gesto muda. Dai-me igual canto aos feitos da famosa Gente vossa, que a Marte tanto ajuda11; Que12 se espalhe e se cante no Universo, Se tão sublime preço cabe em verso.

Vocabulário e notas

1 Nipfas do Tejo; 2 referência à poesia líri­ ca de caráter bucóLico; 3 por; 4 grandioso; 5 impetuoso; 8 para que; 7 vv. 7-8: para que Apoio, deus da Poesia, ordene que as águas do Tejo não tenham inveja das águas de Hipocrene, fonte na qual, acreditava-se, os poetas encontravam, «bebiam», inspiração, na Grécia antiga; 8 exaltação; 0 a «avena» e a «frauta» são símbolos da poesia lírica de caráter pastoril; 10 a «tuba», trombeta de guerra, associa-se à poesia epica;11 vv. 5-6: os Portugueses, favorecidos por Marte, isto é, bons guerreiros;12 para que

Luís de Camões, Os Lusíadas, «Canto I, estâncias 4-5», 3.a edição, Porto, Porto Editora, 1987. (Edição organizada por Emanuel Paulo Ramos)

Apresenta, de forma cLara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem. 1. Identifica o texto, justificando.

2. Explicita o contraste entre dois tipos de poesia nele presente. 3. Caracteriza o «canto», v. 5 da estância 5, solicitado pelo autor.

4. Identifica, justificando, os dois versos seguidos nos quais Camões, tal como fez na Proposição, aponta no sentido de os feitos dos Portugueses serem superiores aos dos Antigos.

EOiTÁVEl

T e s t e s - m o d e lo I A V E

B

Na Dedicatória de Os Lusíadas, Camões apresenta a D. Sebastião as características do seu Poema.

Escreve um texto no qual comproves esta afirmação, apresentando exemplos pertinentes, com base na tua expe­ riência de leitura.

O teu texto deve ter entre 120 e 150 palavras.

GRUPO I I

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário.

Séeulo XVI: s. deeadênôa.

Em meados do século XVI, produz-se uma série de acontecimentos que ensombram o ambiente nacional: são abandonadas algumas das praças do Norte de África que exigiam um enorme esforço financeiro, Sanfim e Azamor em 1541; Arzila em 1549; Alcácer Ceguer em 1550. Conservam-se apenas Ceuta, Tânger e Mazagão. O debate que precede esta decisão leva a tomar consciência de que muita coisa mudara relativamente aos ideais de cruzada contra o islão 5 formulados no início das descobertas e põe a nu as dificuldades para manter um império disseminado por espaços tão

vastos, tanto mais que no Brasil começam a surgir os franceses, procurando substituir-se aos portugueses. (...)

Vive-se então uma «hora depressiva e amarga» [palavras de Hemâni Cidade], que Camões tem ocasião de experienciar na própria índia para onde tinha partido pouco antes. A fase da descoberta e da consolidação do Império dera lugar à exploração comercial, em que os interesses económicos se sobrepunham ao espírito de ser­ io viço, e escasseavam os gestos de dedicação e de nobreza, uma vez que os pequenos aprendem com os grandes a

ambição e a ganância do lucro.

Diogo do Couto - 0 continuador de João de Barros, nas Décadas da Ásia, e amigo de Camões - traça no Soldado

prático uma visão da índia que é um quadro de decadência deplorável, de indisciplina e de corrupção: abusos de

toda a ordem dos governadores, dos capitães, dos vedores da fazenda; as armadas são preparadas com desleixo; 15 domina o desperdício na gestão dos dinheiros públicos; o suborno, 0 roubo e a venalidade1 são moeda corrente;

ninguém está disposto a sacrificar o seu interesse pelo do reino; os criminosos e toda a espécie de burlões ficam impunes; não se faz justiça porque os cargos são vendidos; e os obscuros soldados sobre os quais assenta a cons­ trução do Império, no regresso ao reino, em vez do justo pagamento, encontram desprezo e abandono.

Camões não foi indiferente a esta visão sombria; no poema encontramos entusiasmo, mas também deceção. 20 A epopeia quer exaltar os «lusíadas», os portugueses. Mas sem perder de vista os seus erros e defeitos, por vezes graves. (...) [Camões] denuncia o desprezo do bem comum, a ambição ilegítima, o exercício viciado do poder, a hipocrisia dos que pretendem agradar ao povo escondendo interesses inconfessáveis, a exploração dos pobres feita pelos ministros apenas desejosos de cumprir formalmente os preceitos legais, sem atenderem à lei moral que obriga a pagar com justiça a quem trabalha.

25 Dir-se-ia que a deceção vai subindo de tom, progredindo em desassombro2 e na coragem de visar ffontalmen-

te ou com pouca dissimulação até figuras régias. Veja-se a áspera censura a D. Manuel (X, 22-25) e as críticas a D. Sebastião (IX, 25-29) lembrando-lhe a responsabilidade da soberania e advertindo-o quanto aos perigos da adulação de privados que desviam a autoridade dos seus objetivos - o serviço do povo - para fazer dela um ins­ trumento de tirania e opressão, apenas em benefício do egoísmo e das ambições pessoais.

Maria Vitalina Leal de Matos, Tópicos p ara a leitura de Os Lusíadas, Lisboa, Verbo, 2003, pp. 22 a 24. (Texto adaptado) Vocabulário

1 corrupção dos funcionários públicos; 2 determinação

E DI TAV E l

T e s t e d e a v a lia ç ã o 1 1 S e q u ê n c i a 6

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta, 1.1 0 recurso expressivo presente no início do primeiro parágrafo que sugere bem o estado depressivo do país «em

meados do século XVI» é a □ (A) personificação. O (B) metáfora. □ (C) comparação. □ (D) antítese.

1.2 O «debate» referido na L. 3 foi

O (A) consequência do abandono de algumas praças no Norte de África. □ (B) posterior ao abandono de algumas praças no Norte de África. O (C) causado pelo abandono de algumas praças no Norte de África.

O (D) contributo decisivo para o abandono de algumas praças no Norte de África.

1.3 Com a frase «uma vez que os pequenos aprendem com os grandes a ambição e a ganância do lucro.», U. 10-11, a autora apresenta

O (A) uma consequência dos factos negativos anteriormente apresentados. O ( B ) um contraste com os factos negativos anteriormente apresentados, □ (C) uma explicação dos factos negativos anteriormente apresentados. O (D) uma causa para os factos negativos anteriormente apresentados.

1.4 A função dos dois pontos presentes na 1.13 é de □ (A) introduzir uma enumeração.

O (B) enfatizar a informação que se segue.(C) introduzir uma explicação.

□ (D) iniciar um esclarecimento.

1.5 Para a autora, o «desassombro» e a «coragem» de Camões, referidos no último parágrafo, justificam-se porque

(A) foi capaz de criticar os aduladores de D. Sebastião.

□ (B) centrou a crítica em censuras a D. Manuel. □ (C) lembrou a □. Sebastião os seus deveres.

□ (D) não hesitou em criticar representantes máximos do Estado.

2. Responde de forma correta aos itens apresentados.

2.1 Indica a palavra divergente de «feito (s)», v. 5 da estância 5, e cujo étimo latino é f a c t u (texto de Grupo I).

2.2 Indica a função sintática da expressão destacada na frase Camões mostra-se descontente com os governantes.

2.3 Classifica a oração iniciada por «que» em «produz-se uma série de acontecimentos que ensombram o ambiente nacional», L. 1, (texto de Grupo II).

GRUPO I I I

Escreve uma síntese do texto do Grupo I I que tenha cerca de um quarto da sua dimensão.

EDI TAVEL

T e s t e s - m o d e lo I A V E

GRUPO I

A

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.

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Mas eu que falo, humilde, buxo e rudo1,