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A vista vossa tema o monte Atknte12,

Ou rompendo nos campos deAmpelusa Os muros de Marrocos e Trudante13. A minha já estimada e leda Musa

Fico que em todo o mundo de vós cante14, De sorte queAlexandro em vós se veja, Sem à dita de Aquiles ter enveja15.

155

Pera servir-vos, braço às armas feito; Pera cantar-vos, mente às Musas dada;

Só me falece4 ser a5 vós aceito6, De7 quem virtude8 deve ser prezada. Se me isto9 o Céu concede, e o vosso peito

Dina empresa tomar de ser cantada10,

Como a pressaga mente vaticina Olhando a vossa inclinação divina11,

Luís de Camões, Os Lusíadas, (X, 154-156) 3.3 edição. Porto. Porto Editora, 1987. (Edição organizada por Emanuel Paulo Ramos)

V o c a b u lá r io e n o t a s

1 Camões exibe a sua origem social, o povo; 2 de pessoas do povo; 3 vv. 5-8: Camões apresenta várias qualidades suas - o conhecimento baseado nos livros, o «estudo», o conhecimento facultado pela «experiência» da vida, o «engenho», isto é, a capacidade poética, «aqui» - em O s L u s ía d a s - concretizada; 4 só me falta; 5 por; 6 conhecido; 7 por; 8 a capacidade engenhosa que lhe permitiu cons­ truir O s L u s í a d a s; 9 ser reconhecido pelo rei; 10 w. 5-6: e o rei decidir empreen­ der façanhas dignas de serem epicamente cantadas;11 vv. 7-8: como se adivinha que sucederá, dada a intenção do rei;12 Atlas ficou petrificado ao ver a Medusa, ser horripilante; o sentido destes dois primeiros versos é que o Norte de África, isto é, os Mouros, fiquem ainda mais petrificados ao verem D. Sebastião do que ficou Atlas ao ver a Medusa; o Monte Atlante fica em Marrocos;13 Ampelusa e Trudante são terras de Marrocos; por estes versos e pelos dois últimos da estân­ cia anterior se verifica que a intenção de atacar Marrocos era do conhecimento geral no reinado de D. Sebastião; a tentativa levará pouco depois ao desastre de Alcácer Quibir;14 Camões oferece-se para cantar epicamente os futuros feitos de D. Sebastião;15 Alexandre Magno foi o maior general da Antiguidade Clássica; dizia lamentar não ter um Homero que lhe cantasse os feitos - como Aquiles teve; tinha inveja de Aquiles por isso; Camões promete, jura, («Fico») que cantará epicamente os feitos de D. Sebastião.

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Indica o destinatário das palavras de Camões. Na tua resposta, deves referir, justificadamente, se esta é ou não a primeira vez que Camões se lhe dirige em Os Lusíadas.

2. E x p l i c i t a o s p r o j e t o s a p r e s e n t a d o s p o r C a m õ e s n a s d u a s ú l t i m a s e s t r o f e s .

3. Identifica, justificando, a personificação presente na última estrofe.

4. Relaciona, justificadamente, os dois últimos versos da terceira estrofe com a Proposição de Os Lusíadas.

E D I T Á V E L

5 6 FQIÇCQPiÀ.l! Entre Palavras 10 ■ Livro de Testes • ^

T e s t e d e a v a lia ç ã o 2 | S e q u ê n c i a 6

B

0 plano das considerações do Poeta foi, no decurso do estudo de Os Lusíadas, o mais trabalhado nas tuas aulas,

Escreve um texto que tenha entre 120 e 150 palavras no qual, apelando à tua experiência de leitura, apresentes os principais temas nele tratados.

GRUPO I I

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário e as notas apresentados.

O Creoula

O NTM Creoula celebrou em 2012 duas importantes efemérides: a 10 de maio 0 75° aniversário do seu lança­ mento à água e a 1 de junho os vinte e cinco anos que leva como Navio de Treino de Mar [NTM] que na tutela do Ministério da Defesa Nacional, é mantido e operado pela Marinha. Trata-se, em ambas as situações, de números inusitados1 em certa medida corroborados pelo facto de em todo o mundo não subsistirem muitos navios que 5 ostentem pergaminhos com esta relevância.

O NTM Creoula foi construído em 1937 nos estaleiros da Companhia União Fabril (CUF) em Lisboa para a Parce­ ria Geral de Pescarias, tendo em vista reforçar a respetiva frota na pesca do bacalhau à linha. Pelo facto de a sua cons­ trução ter contado com o apoio do Estado, cujo intuito era dinamizar a pesca do bacalhau e, sobretudo, a indústria da construção naval nacional, o Presidente da República, general Óscar Carmona, marcou presença na cerimónia 10 de lançamento à água dos dois navios-irmãos - Creoula e Santa Maria Manuela - construídos lado a lado e em simul­

tâneo nos mesmos estaleiros. Constituindo, ainda hoj e, os melhores veleiros alguma vez construídos em Portugal, o regime2 aproveitou a ocasião para enaltecer o facto de os estaleiros, propriedade do industrial Alfredo da Silva, terem levado a cabo tamanha tarefa em somente sessenta e dois dias de trabalho. Concluído o seu aprontamento, 0 Creoula iniciou ainda esse ano a sua primeira campanha da pesca do bacalhau, nos longínquos bancos da Terra 15 Nova e da Gronelândia. Em virtude da evolução tecnológica, mas também como reflexo da definição das zonas eco­

nómicas exclusivas (ZEE) por parte dos países ribeirinhos3, a pesca do bacalhau à linha deixou, entretanto, de ser rentável. Quando todos os demais veleiros tinham j á sido encostados por inviabilidade económica, a história reser­ vava ao Creoula o protagonismo de efetuar em 1973, nas vésperas da Revolução de Abril, a última das suas 37 cam­ panhas de pesca, durante as quais capturou cerca de 23 mil toneladas de bacalhau. Após cessar a atividade de pesca 20 de bacalhau como veleiro, em 1975 a Parceria Geral da Pescarias ainda colocou a hipótese de converter o Creoula em

navio-motor, a exemplo do que sucedera anteriormente com o navio-irmão Santa Maria Manuela. No entanto, por essa altura começaram também a surgir propostas de armadores4 estrangeiros interessados na sua aquisição, facto que terá obstado à sua reconversão. Atendendo à conjuntura que então se vivia, aliada ao facto de se tratar do der­ radeiro exemplar da famosa White Fleet5 em condições de preservar, o Estado também demonstrou interesse na sua 25 aquisição, começando por colocar entraves6 à sua venda para o estrangeiro. Em virtude das dificuldades financeiras

que o país então atravessava, a aquisição do Creoula só se viria a concretizar em 1979. (...)

A principal missão do NTM Creoula é proporcionar treino de mar aos jovens portugueses, razão pela qual par­ ticipa regularmente em regatas e em concentrações de veleiros internacionais de elevado prestígio, em expedi­ ções científicas e em missões de difusão da imagem de Portugal, da sua cultura e das suas tradições.

António Manuel Gonçalves, C reo ula - tradição e juventude, Lisboa, CTT, 2014, pp. 6-9. (Texto adaptado)

Vocabulário e notas

1 invulgares; 2 o regime político do Estado Novo (1928-1974);3 países que, como a Islândia ou o Canadá, têm mares onde os portugueses pes­ cavam o bacalhau; 4 industriais da pesca e/ou transporte marítimo; 5 a frota portuguesa de pesca de bacalhau; 6 obstáculos

EDI TÁVEL

T e s t e s - m o d e lo I A V E

1. Para responder a cada um dos itens de 1.1 a 1.5, seleciona a opção que permite obter uma afirmação correta. 1.1 0 facto de o NTM Creoula ser um navio invulgar quando comparado com outros congéneres é destacado no

primeiro parágrafo através de uma O (A) comparação.

O (B) metáfora. □ (C) personificação. O (D) anáfora.

1.2 0 objetivo principal da construção do navio Creoula teve origem no facto de se pretender

O (A) fazer propaganda ao regime político vigente. ( ) (B) dinamizar a economia do país.

O (C) aumentar a pesca do bacalhau. □ (D) fomentar a construção naval.

1.3 A falta de rentabilidade da pesca do bacalhau à linha derivou O (A) exclusivamente de inovações tecnológicas.

O (B) principalmente de opções políticas.

( ) (C) tanto de inovações tecnológicas como de opções políticas. ( ) (D) mais da evolução da tecnologia do que de decisões políticas. 1.4 A «reconversão» referida na l. 23 trata-se

O (Â) da passagem do Creoula de veleiro a navio-motor.

O (B) da venda do Creoula a armadores estrangeiros.

O (C) da venda do Creoula para ser navio-motor.

Q (D) da passagem do Creoula de navio-motor a veleiro.

1.5 A compra do Creoula pelo Estado só se concretizou em 1979 devido a fatores

□ (A) políticos e sociais. □ (B) meramente financeiros. CD (C) principalmente financeiros. CD (D) financeiros e sociais.

2. Responde, de forma correta aos itens apresentados.

2.1 Identifica, justificando, o processo de formação irregular de palavras presente em «CUF», 1. 6, (texto do Grupo II).

2.2 Indica qual o primeiro modificador de grupo verbal presente no texto do Grupo II.

2.3 Refere a função sintática da expressão destacada na frase «durante as quais capturou cerca de 23 mil tonela­ das de bacalhau.», 1.19, (texto do Grupo II).

GRUPO I I I

Escreve uma síntese do texto do Grupo I I que tenha cerca de um quarto da sua dimensão.

EDI TÁVEL

T e s t e d e a v a lia ç ã o 1 1 S e q u ê n c i a 7 Teste de avaliação

! F

T u r m a D a t a _______________________________________ _______________________________ '

GRUPO I

A

Lê o texto seguinte. Em caso de necessidade, consulta o vocabulário apresentado.

Depois da tem pestade

Passados três dias, em que continuamente se deu à bomba, começou enfim a abonançar a procela1.

Dos pedaços da ponte que o mar abatera, e de três remos do batel que escaparam do estrago, trataram logo de improvisar um mastro e armaram nele uma velazinha.

Os nossos, então, pensaram em dar cabo dos estrangeiros. Jorge de Albuquerque dissuadiu-os disso. No esta- s do em que estavam, o único remédio era a nau dos corsários. Se ela escapara, trataria decerto de demandar a nos­

sa, por causa dos Franceses que nela iam; e vindo-os buscar, e não os achando, decerto matariam os Portugueses todos. Lembrou-lhes também que já não tinham água, nem vinho, nem mantimento algum, e só podiam esperar o que os Franceses lhes dessem.

Assim discutiam, travando razões, quando deram vista da nau francesa. Fizeram-lhes fogos. Ela acudiu, desba- io ratada também, mas não destroçada como estava a nossa.

Tendo sabido que a nossa gente se quisera levantar contra os Franceses, e que Jorge de Albuquerque se opu­ sera a tal, mostraram-se gratos os compatriotas daqueles. Ofereceram-se para o levar consigo, e mais três portu­ gueses que ele indicasse; deixá-los-iam desembarcar na primeira terra que tomassem, se assim desejava. Jorge de Albuquerque agradeceu-lhes muito: mas que muito mais lhes agradeceria se quisessem levá-los a todos eles, pois is jamais desampararia a sua gente, e em tal transe. O destino dos outros seria o seu. Responderam os Franceses que

não podiam.

Dois dias depois, aquietava o tempo. Os corsários, aproveitando abonança, trataram de descarregar a «Santo António» das muitas mercadorias que nela vinham, e que haviam escapado do furacão ou do alijar de carga que se havia feito. Até despoj aram alguns portugueses dos próprios fatos que traziam vestidos.

20 Outros, porém, mais humanos, andavam curando os que estavam doentes e lhes davam de comer e de beber. Negaram-se a prover os desgraçados de algumas coisas que precisavam, como enxárcias, antenas, velas; a mui­ to rogo, deram-lhes dois sacos de biscoito podre; e na segunda-feira, 17 de setembro, afastou-se a nau deles a todo o pano, e foi-se esbatendo na atmosfera turva. (...)

Então, vendo-se desamparados na vastidão oceânica, sem nenhuns recursos, sem um livor2 de esperança, caí-

25 ram de joelhos no convés da nau, puseram-se a rezar 0 Miserere3.

Rezado o Miserere e as ladainhas4, Jorge de Albuquerque começou a mandar, a tomar providências para a sal­ vação de todos. Só se encontraram em todo 0 navio: numa botija, duas canadas de vinho; uma pequena quan­ tidade de cocos; alguns poucos punhados de farinha-de-pau: e meia dúzia, ao todo, de tassalhos5 de carne e de peixe-cavalo. Isto para quarenta pessoas que abordo havia.

«As terríveis aventuras de Jo ro 6 de Albupuercjue Coelho (1565)», in H istório trogico-m ontim onorrotivos dB noufrágios do époco dos conguistos

Adaptação de António Sérgio, Lisboa, Sá da Costa Editora, 2009, pp. 126-129.

Vocabulário

1 tempestade;2 sinal; 3 oração a pedir misericórdia a Deus; 4 orações; 5 pedaços

E DI T A V E l

T e s t e s - m o d e lo I A V E

Apresenta, de forma clara e bem estruturada, as tuas respostas aos itens que se seguem.

1. Elabora uma caracterização psicológica de Jorge de Albuquerque CoeLho com base nas suas atitudes referidas no texto.

2. Explicita em que consistiu a humanidade, l. 20, de alguns inimigos dos portugueses.

3. Explica, justificando, o sentido da expressão «a todo o pano», ll. 22-23.

4. Refere o que esteve na causa de os portugueses terem rezado o «Miserere» e várias «ladainhas», ll. 25-26.

B

Os naufrágios relatados na História Trágico-Marítima eram, como sucede no relato das aventuras de Jorge de Albuquerque Coelho que leste, frequentemente originados na ganância e na imprevidência.

Recorrendo a tua experiência de leitura, escreve um texto que tenha entre 120 e 150 palavras no qual mostres a veracidade desta afirmação.

GRUPO I I