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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA RENATA TONELI TEDESCO

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INSTITUTO FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

RENATA TONELI TEDESCO

UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO COM VISTAS AO CONSUMO CONSCIENTE

Vitória 2019

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RENATA TONELI TEDESCO

UMA PROPOSTA DE EDUCAÇÃO FINANCEIRA PARA ALUNOS DO ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO COM VISTAS AO CONSUMO CONSCIENTE

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Coordenadoria do Curso de Licenciatura em Matemática do Instituto Federal do Espírito Santo como requisito parcial para obtenção do título de Licenciada em Matemática.

Orientador: Dr. Rodolfo Chaves.

Vitória 2019

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Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) (Biblioteca Nilo Peçanha do Instituto Federal do Espírito Santo)

T256p Tedesco, Renata Toneli.

Uma proposta de educação financeira para alunos do ensino

fundamental e médio com vistas ao consumo consciente / Renata Toneli Tedesco. – 2019.

XXX f. : il. ; 30 cm.

Orientador: Rodolfo Chaves.

Monografia (graduação) – Instituto Federal do Espírito Santo, Coordenadoria do Curso Superior de Licenciatura em Matemática.

Vitória, 2019.

1. Finanças pessoais. 2. Educação financeira – Estudo e ensino (Ensino fundamental). 3. Educaçaõ finaneira – Estudo e ensino (Ensino médio). 4. Consumo (Economia) -- Educação. 5. Segurança financeira – Planejamento. 6. Matemátia – Estudo e ensino. I. Chaves, Rodolfo. II.

Instituto Federal do Espírito Santo. III. Título.

CDD 21 – 332.024 Elaborada por Marcileia Seibert de Barcellos – CRB-6/ES - 656

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A todos que direta ou indiretamente ofereceram apoio à concretização do meu ideal.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, o grande criador da perfeita matemática universal.

Aos pais, irmãos e amigos que compreenderam as inevitáveis ausências e se fizeram pilares de sustentação para me manter no caminho traçado.

Aos Mestres, de quem quero seguir os abnegados passos, com muito carinho e reconhecimento.

Aos colegas, pelos momentos de descontração e alegria e pela solidariedade nos momentos de angústia.

A todos, eterna gratidão.

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Investir em conhecimento sempre rende os melhores juros.

Benjamin Franklin

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RESUMO

A instabilidade da economia mundial que é surpreendida, ciclicamente, por crises provocadas por diferentes vetores; a severa crise política instalada no Brasil com reflexo danoso na economia nacional provocando recessão, queda de produtividade, retração nas exportações e aumento do desemprego e a agressiva, atraente e permanente chamada para o consumo, veiculada nas diferentes mídias, induzindo, principalmente, mas não apenas, crianças adolescentes e jovens adultos a consumir sem critério definido, foram as indutoras de se elaborar este trabalho cujo enfoque é:

refletir sobre a importância de trabalhar a Educação Financeira com os alunos do Ensino Fundamental e Médio; demonstrar a necessidade de desenvolver e sedimentar nos alunos desses níveis escolares a compreensão do que seja consumo consciente; identificar os benefícios da educação financeira no âmbito pessoal e familiar; destacar a importância do ensino da Matemática no trato da Educação Financeira; relacionar Educação Financeira com o exercício do consumo consciente; registrar o projeto pedagógico da Estratégia Nacional de Educação Financeira para o Ensino Fundamental e Médio – Enef – e sugerir outras práticas didático-pedagógicas passíveis de serem adotadas nas séries desses períodos letivos. Pretendemos enfatizar assim, a importância da Educação Financeira para alunos do Ensino Fundamental e Médio partindo do pressuposto de que crianças e jovens que tenham a oportunidade de produzir conhecimento relativo ao tema se instrumentalizam melhor para construir, sedimentar e exercer um consumo consciente.

Palavras-chaves: Educação Financeira. Consumo consciente. Planejamento financeiro. Educação Básica.

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ABSTRACT

The instability of the world economy that is cyclically surprised by crises caused by different vectors; the severe political crisis installed in Brazil with damaging effects on the national economy causing recession, falling productivity, shrinking exports and rising unemployment and the aggressive, attractive and permanent call for consumption, conveyed in different media, mainly but not only, adolescent children and young adults to consume without defined criteria, were the inducers of elaborating this work whose focus is: to reflect on the importance of working the Financial Education with the elementary and high school students; demonstrate the need to develop and sediment students in these school levels to understand what is conscious consumption; identify the benefits of personal and family financial education; highlight the importance of mathematics teaching in dealing with Financial Education; relate financial education to the exercise of conscious consumption; to register the pedagogical project of the National Strategy of Financial Education for Elementary and High School - Enef and to suggest other didactic-pedagogical practices that could be adopted in the series of these academic periods. Thus, we are intended to emphasize the importance of Financial Education for Elementary and High School students starting from the assumption that children and young people who have the opportunity to produce knowledge related to the theme are better equipped to build, sediment and exercise a conscious consumption.

Keywords: Financial Education. Conscious consumption. Financial planning. Basic Education.

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LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Diferenças entre Macro e Microeconomia...43 Quadro 2 – Mercadorias-Moedas e respectivas Regiões e períodos...49 Quadro 3 – Situações didáticas abordadas na Educação Financeira para

Ensino Médio...83

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Adam Smith – Escola Clássica...25

Figura 2 – Karl Marx – criador do marxismo...27

Figura 3 – Karl Marx e Friedrich Engels...29

Figura 4 – Alfred Marshall – Escola Econômica Neoclássica...31

Figura 5 – Componentes do Capital – Fator de produção...39

Figura 6 – Determinação de preços – Oferta e Procura...40

Figura 7 – Mapa do PIB de 2013 de todos os países...42

Figura 8 – Mapa da antiga URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas...45

Figura 9 – Escambo – Economia de troca...48

Figura 10 – Outdoors divulgando produtos (post-it)...55

Figura 11 – Panfletagem para supermercado...56

Figura 12 – Cartaz – campanha de conscientização para reutilização...56

Figura 13 – Banner – divulgação de ponto comercial...57

Figura 14 – Marketing de operadora de telefonia celular, via e-mail...58

Figura 15 – Consumismo infantil...59

Figura 16 – Consumidor em Feira livre...60

Figura 17 – Consumo de lazer – na praia...60

Figura 18 – Família...65

Figura 19 – Crianças em sala de aula...66

Figura 20 – Ações recomendadas pela política 5Rs...67

Figura 21 – Livros 1, 2 e 3, de Educação Financeira para alunos do Ensino Médio...81

Figura 22 – Jogo Tá O$$O – Educação Financeira para Ensino Médio...84

Figura 23 – Livros 1, 2, e 3 de Educação Financeira para o Ensino Fundamental...85

Figura 24 - Livros 4, 5, e 6 de Educação Financeira para o Ensino Fundamental...87

Figura 25 - Livros 4, 5, e 6 de Educação Financeira para o Ensino Fundamental...88

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LISTA DE SIGLAS

Abac – Associação Brasileira de Administradoras de Consórcios a.C – Antes da Era Cristã

AEF–Brasil – Associação de Educação Financeira do Brasil Bacen – Banco Central

BBC – British Broadcasting Corporation

BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento

Bird – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (International Bank for Reconstruction and Development – IBRD)

BNCC – Base Nacional Comum Curricular CCE – Comissão das Comunidades Europeias

Cepal – Comissão Econômica para a América Latina e Caribe CMN – Conselho Monetário Nacional

Conar – Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária Conef – Comitê Nacional de Educação Financeira

Consed - Conselho Nacional de Secretários de Educação CSN – Companhia Siderúrgica Nacional

CVM – Comissão de Valores Mobiliários DOL – Derivativo do preço do Dólar

Enef - Estratégia Nacional de Educação Financeira FMI – Fundo Monetário Internacional

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Idec – Instituto de Defesa do Consumidor

Ifes – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo IND – Derivativo do índice Bovespa

Internet – Rede Internacional de Comunicação MCS – Modelo dos Campos Semânticos MEC – Ministério da Educação e Cultura N.A – Nota do autor

OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico ONU – Organização das Nações Unidas

PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais PEI(s) – Prática(s) Educativa(s) Investigativa(s)

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PETRF17– Derivativo das ações da Petrobras Petrobras – Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima PIB – Produto Interno Bruto

PNB – Produto Nacional Bruto s.d – Sem data definida

Selic – Sistema Especial de Liquidação e de Custódia para títulos federais SOJ – Derivativo do preço da soja

TV(s) – Televisão (Emissora(s))

Undime – União Nacional dos Dirigentes Municipais URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO/PROBLEMATIZAÇÃO ... 14

2 JUSTIFICATIVA ... 19

2.1 OBJETIVOS ... 21

2.1.1 Objetivo geral ... 21

2.1.2 Objetivos específicos ... 21

3 METODOLOGIA ... 22

4 REFERENCIAL TEÓRICO ... 23

4.1 ECONOMIA ... 23

4.1.1 Teorias econômicas ... 24

4.1.1.1 Liberalismo econômico ou Escola clássica ... 24

4.1.1.2 Marxismo ... 26

4.1.1.3 Neoclássica ou Marginalista ... 29

4.1.1.4 Keynesianismo ... 32

4.1.1.5 Neoliberalismo ... 34

4.1.2 Microeconomia ... 36

4.1.3 Macroeconomia ... 41

4.1.4 Economia de Mercado e Economia Planificada ... 44

4.2 MERCADO FINANCEIRO ... 46

4.2.1 Produtos do mercado financeiro ... 47

4.2.2 Mercado de câmbio ... 50

4.3 MERCADO DE CONSUMO ... 51

4.3.1 Marketing, consumo e consumismo ... 52

5 EDUCAÇÃO FINANCEIRA ... 63

5.1 CONCEITOS ... 63

5.2 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E CIDADANIA ... 64

5.3 EDUCAÇÃO FINANCEIRA, SUSTENTABILIDADE E MEIO AMBIENTE ... 66

5.4 A EDUCAÇÃO FINANCEIRA E O ENSINO DA MATEMÁTICA ... 71

5.5 EDUCAÇÃO FINANCEIRA E TRANSVERSALIDADE ... 75

6 PEDAGOGIA APLICADA À EDUCAÇÃO FINANCEIRA NAS CLASSES DE ENSINO FUNDAMENTAL E MÉDIO...80

6.1 PRÁTICAS DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS SUGERIDAS... ... 89

7 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 93

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7.1 SUGESTÃO PARA FUTUROS TRABALHOS ... 95

REFERÊNCIAS...96 ANEXO A – Decreto 7.397, de 22 de dezembro de 2010...105

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1 INTRODUÇÃO/PROBLEMATIZAÇÃO

Educação Financeira tem sido tema recorrente em momentos, os mais diversos, de conversas dentro de grupos sociais distintos. Não se trata de preocupação recente, mas, ao que se observa, há, por assim dizer, um adensamento dessa apreensão diante do recrudescimento da crise econômica por que passam as grandes economias mundiais, com reflexos inevitáveis nas economias de países em desenvolvimento, situação em que se encontra o Brasil.

Pais, professores, psicólogos, terapeutas de diversas áreas e escolas, se debruçam sobre as várias teorias de como, em momento tão conturbado da vida humana, orientar crianças e jovens não apenas no que diz respeito às suas vocações profissionais e comportamentos interpessoais no trato social, mas também – e com muita ênfase – em como conduzi-los pelos caminhos da estabilidade econômico- financeira de modo a lhes garantir tranquilidade no futuro. Essa condução perpassa, naturalmente, pela educação financeira através da aplicação de métodos adequados às faixas etárias e aos graus de escolaridade das crianças e dos jovens.

A Educação Financeira, contudo, argumenta Frankenberg (apud DETONI; LIMA, 2011), é ainda pouco difundida no Brasil. Situação que o referido texto atribui a longo período de forte inflação, desinformação popular e erros cometidos pelos governos que redundaram em conceitos financeiros equivocados que a população absorveu sem contestação.

Anuindo ao argumento de Frankenberg, o texto Detoni e Lima (2011) defende que são poucos os métodos ou procedimentos de Educação Financeira vistos no Brasil e que preparar a geração atual e as futuras para enfrentar os novos tempos demanda a reformulação de muitos conceitos obsoletos e a aplicação de métodos que motivem essas gerações a buscarem a capacitação para enfrentarem tempos difíceis e alcançar a independência financeira.

Nessa mesma direção, o texto Silva e Powell (2013) aponta, como um dos pontos relativos aos alunos, sugerido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), a necessidade desses alunos conhecerem a

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existência do crescente número de consumidores, particularmente jovens, estão endividados devido à forma como lidam, por exemplo, com cartões de crédito e contas de telefonia móvel.

Dessas leituras, passamos então a entender o quão importante é discutirmos métodos e procedimentos voltados à Educação Financeira, considerando a característica eminentemente consumista da sociedade brasileira contemporânea, cuja população é submetida o dia todo, todos os dias, a permanente indução ao consumo, principalmente no que se refere aos jovens, conforme apresentado em Silva e Powell (2013).

Crianças e jovens recebem de todos os lados, através das propagandas nas diversas mídias a que têm acesso – emissoras de televisão (TVs) e Rádios, Internet (e suas redes) – o convite a adquirirem produtos “extraordinários”, “miraculosos” que os levarão à mais completa felicidade e que estão ali, ao seu alcance, basta querer e

“acreditar no sonho” conforme apregoam propagandas muito bem embasadas nos princípios da propaganda e da publicidade. A esse respeito, Ferreira (acesso em 12 maio 2019) afirma:

Esse consumismo exacerbado associado à desigualdade social em nosso país e à falta de Educação Financeira leva muitas famílias ao endividamento, o que vai privá-las de bens de consumo essenciais a uma vida digna.

Entendemos que as mídias, principalmente as TVs, têm grande influência sobre a população e especialmente sobre o comportamento de crianças e jovens. Podemos constatar a intensidade dessa influência observando as preferências de vestuário, de adereços e até de itens de decoração doméstica, que se tornam verdadeiras

“febres” durante a apresentação de novelas ou de programas de sucesso em que aparecem destacadamente tais produtos.

Diante desse quadro de influência midiática sobre a formação das personalidades infanto-juvenis, em que a realidade é substituída pelo sonho e a ética cede lugar à necessidade de remuneração do capital, ou seja, ao lucro, é imprescindível a intervenção consciente do educador, principalmente do professor de Matemática, de

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forma a orientar seus pupilos fazendo o contraponto entre o mundo fantasioso apresentado pelos comerciais para seduzir e cativar imediatos e potenciais consumidores e o mundo real, em que é necessário pensar e planejar o futuro de modo a passar com menos dificuldade pelas situações imprevistas e imprevisíveis.

A orientação de crianças e jovens não é responsabilidade exclusiva da escola. Aliás, a Educação, na sua expressão mais ampla, é transmitida primeiramente no âmbito familiar. No entanto, assevera Araújo (2010): “À escola contemporânea foi incumbido o papel de formadora integral dos sujeitos, cabe à escola formar para a cidadania e a ética”. Essa afirmativa conduz ao entendimento de que embora a Educação Financeira esteja teoricamente vinculada a conceitos matemáticos e a cálculos que envolvem recursos monetários, ela não se restringe a esse aspecto e envolve conhecimentos interdisciplinares, a exemplo de: Administração, Ciências Contábeis, Geografia, História, Direito, Estatística, Matemática, Engenharias, Meio Ambiente, Sociologia, Filosofia, Política, Turismo, Finanças Públicas, Educação, Urbanismo, entre outras que, somados, possibilitam o desenvolvimento e a sedimentação da consciência de cidadania.

Silva e Powell (2013) aponta que, na mesma perspectiva da OCDE, por decreto presidencial de 2010, institui-se no Brasil a Estratégia Nacional de Educação Financeira (Enef), “com a finalidade de promover a educação financeira e previdenciária e contribuir para o fortalecimento da cidadania, a eficiência da solidez do sistema financeiro nacional e a tomada de decisões conscientes por parte dos consumidores”. (BRASIL, 2010) e, no que se refere a práticas escolares, “O objetivo é educar as crianças e adolescentes para lidar com o uso do dinheiro de maneira consciente de modo a desenvolver hábitos e comportamentos desejáveis” (SILVA;

POWELL, 2013, p. 10). Para tal, foi produzido o documento intitulado Orientações para Educação Financeira nas Escolas que apresenta um conjunto de princípios norteadores ao ensino da Educação Financeira. (BRASIL, 2011b, p. 56-85).

Essa política contempla apenas ações de interesse público, ainda que fomentada pela iniciativa privada, desde que tenham caráter não comercial e que não se dediquem a recomendar determinados produtos ou serviços financeiros. O conteúdo deve ser imparcial e técnico, sem viés ideológico, religiosos ou de outra natureza (BRASIL, 2011, p. 21).

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Imprescindível para tanto, discutirmos, avaliarmos, planejarmos e repensarmos métodos que motivem os alunos a refletirem a respeito da importância de fazerem uso consciente dos seus próprios recursos financeiros, incorporando hábitos de poupança às suas ações e que os levem, ao mesmo tempo, a perceber que economia não significa apenas guardar dinheiro com vistas ao futuro, mas inclui outros importantes conhecimentos da vida, tais como: utilização consciente dos recursos naturais (água, madeira, solo, alimentos etc.); reaproveitamento de recursos e de materiais; reciclagem de materiais; produção e conservação de alimentos e de objetos; noção de macro e microeconomia, entre outros. Tal perspectiva sintoniza-se com a temática apresentada em um dos quatro eixos norteadores do currículo de Educação Financeira, apresentado em Silva e Powell (2013):

IV – As dimensões sociais, econômicas, políticas, culturais e psicológicas que envolvem a Educação Financeira: Nesse eixo, serão discutidos temas como: consumismo e consumo; as relações entre consumismo, produção de lixo e impacto ambiental; salários, classes sociais e desigualdade social;

necessidade versus desejo; ética e dinheiro. (SILVA; POWELL, 2013, p. 14, grifos do texto).

Além dos pontos destacados nos parágrafos anteriores há outro elemento de suma importância que nem sempre é lembrado com a devida atenção e, não raras vezes, é até mesmo negligenciado por educadores, qual seja: desenvolver nos educandos a capacidade de analisar criticamente de forma a filtrar as informações veiculadas nas diversas mídias facilmente acessadas por esse público ainda tão vulnerável às influências externas e, em consonância ao que é apresentado em Chaves (2004), ao vislumbrar que, um aluno em contato com a realidade de seu ambiente, além de, poder ser incentivado à aprendizagem, também passa a desenvolver atitudes criativas em relação ao mundo à sua volta, cabendo ao professor o papel de incentivador de uma educação que passe a incorporar uma análise socioambiental, opondo-se assim àquela educação onde o aluno é levado a ignorar as consequências de seus atos. (CHAVES, 2004, p. 84).

Com esse escopo elaboramos o trabalho seguindo a seguinte estrutura: No Capítulo 1 apresentamos a Introdução/Problematização; no Capítulo 2 redigimos a justificativa e estabelecemos os objetivos; a Metodologia foco do Capítulo 3 e no

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Capítulo 4 comentamos sobre Economia, Escolas Econômicas e seus representantes, Macro e Microeconomia, Economia de Mercado, Mercado Financeiro e seus produtos, Mercado de Câmbio e de Consumo, Marketing, Consumo e Consumismo; no Capítulo 5 versamos sobre Educação Financeira, conceitos e sua relação com a cidadania, meio ambiente e sustentabilidade e enfatizamos a importância do ensino da Matemática e a transversalidade do ensino da Educação Financeira; aborda-se a pedagogia preconizada pela Enef, apresentando o material desenvolvido e sugerimos outras atividades com materiais diversos, no Capítulo 6. As Considerações Finais e sugestões para pesquisas futuras são tecidas no Capítulo 7. Em seguida apresentamos as Referências das diversas obras e documentos oficiais consultados e, para finalizar, disponibilizamos os anexos.

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2 JUSTIFICATIVA

(Afirmam os entendidos nas questões econômicas mundiais que qualquer economia está sujeita a riscos.) Especialistas consultados pela BBC Mundo (British Broadcasting Corporation), o serviço em espanhol da BBC, argumentam que qualquer economia está sujeita a riscos, conforme exposto em matéria de Economia assinada por Barria (2018). Asseveram que alguns sinais alertam para riscos iminentes enquanto outras situações, entre as quais uma guerra, um desastre natural de grandes proporções ou um colapso repentino dos mercados, é mais difícil de antecipar e, portanto, de prevenir.

Foram listadas no início de 2018, por diversos organismos internacionais, as possíveis ameaças à economia mundial, que permanecem apesar da previsão de crescimento de 3,1% para o exercício 2018, afirma Cecília Barria ( 2018), da British Broadcasting Corporation (BBC Mundo), que relaciona os seguintes economistas e respectivos organismos:

– José Juan Ruiz, economista-chefe do Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID – destaca: riscos geopolíticos e de estabilidade das instituições e das regras globais; queda do crescimento da produtividade; Inflação não prevista e aumento dos níveis de endividamento.

– Alícia Bárcena, secretária-executiva da Comissão Econômica para América Latina e Caribe (Cepal) aponta: mudança climática; aquecimento global; desastres naturais; escassez de água; contaminação; crescente desigualdade; diminuição da confiança na democracia e impacto desigual da revolução tecnológica.

– Carlos Arteta, economista líder do Grupo de Perspectivas Globais de Desenvolvimento do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Bird), uma das cinco instituições integrantes do Banco Mundial, considera ameaças:

endurecimento abrupto das condições internacionais de financiamento; reajuste muito rápido nos mercados de ações; aumento das restrições ao comércio;

crescimento da incerteza na política econômica.

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Essas ameaças pairam sobre todas as nações, quer desfrutem ou não de situação econômica estável, vez que a economia, ainda que não perca totalmente as características locais, há muito está globalizada, alcançando, inclusive, ou principalmente, países em desenvolvimento e até os que conservam raízes culturais primitivas.

O Brasil passa por uma crise econômica bastante severa, não motivada apenas pela crise internacional que vem acontecendo intercalada com pequenos intervalos de ligeira recuperação, mas causada também por alguns dos elementos citados pelos economistas, dentre os quais se observa a queda do crescimento da produtividade, risco da estabilidade das instituições, crescimento da incerteza na política econômica e aumento da desigualdade social. Situação que afeta diretamente o mercado de trabalho com aumento do índice de desemprego e sérias dificuldades financeiras para as famílias das várias classes sociais.

Embora a Enef, segundo o Art. 2o, inciso I (BRASIL, 2010), deva ser implementada em conformidade com a diretriz de que a atuação seja permanente e em âmbito nacional, o momento propicia enfatizar a Educação Financeira com os educandos do Ensino Fundamental e Médio, possibilitando-os a perceberem a importância de utilizarem os recursos financeiros equilibradamente, de forma a passar com menos sobressaltos pelos percalços advindos de situações adversas como a que o país atravessa, assim como desenvolver com eles o sentido de coletividade e consumo consciente, levando-os a se perceberem integrantes do conjunto social e corresponsáveis pelo uso consciente dos recursos naturais, passando assim a desenvolver atitudes criativas em relação ao mundo à sua volta, conforme apontado em Chaves (2004, p.

84), de forma que assumam as consequências de seus atos.

O propósito não é de produzir financistas, mas pessoas que saibam usar o dinheiro planejadamente dosando receita e despesa e saibam, também, a importância de aplicarem a noção de economia a outros aspectos da vida como, por exemplo, ao consumo e à relação com o meio ambiente. Mudança de hábitos em relação a esses pontos é consequência do bom trabalho do educador.

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O objetivo, ao abordar essas questões, é contribuir para uma visão mais abrangente e crítica da sociedade para que autoridades e profissionais de educação e finanças possam, de forma interdisciplinar, dialogar a respeito da importância de acrescentar no currículo do nível fundamental e médio a temática Educação Financeira.

2.1 OBJETIVOS

Traçamos os seguintes objetivos para nortear nossa pesquisa:

2.1.1 Objetivo geral

Analisar a importância de trabalhar a Educação Financeira com os alunos do Ensino Fundamental e Médio com vistas ao desenvolvimento de seu posicionamento na coletividade, como consumidores conscientes.

2.1.2 Objetivos específicos

a) Discutir a relevância de desenvolver nos alunos do Ensino Fundamental e Médio a compreensão do que é planejamento financeiro e consumo consciente;

b) Identificar eventuais benefícios que a promoção da Educação Financeira pode proporcionar no âmbito pessoal e familiar;

c) Relacionar Educação Financeira com o exercício coletivo do consumo consciente;

d) Destacar a contribuição do ensino da Matemática na Educação Financeira.

Assim, pretendemos enfatizar a importância da Educação Financeira para alunos do Ensino Fundamental e Médio partindo do pressuposto de que crianças e jovens que tenham a oportunidade de receber esse conhecimento se instrumentalizam melhor para construir, sedimentar e exercer a cidadania plena.

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3 METODOLOGIA

O embasamento teórico através da bibliografia disponível, ou seja, de livros, artigos veiculados em revistas especializadas e jornais, consultas à Internet e a outras monografias, dissertações e teses que versam sobre o assunto, foi amplamente utilizado neste trabalho, caracterizando, dessa forma, uma pesquisa bibliográfica, conforme explica o texto Martins e Lintz (2000).

No tocante aos objetivos nossa pesquisa tem caráter exploratório, pois, de acordo com Gil (apud RAUPP e BEUREN, 2003), uma das características da pesquisa exploratória é o aprofundamento de conceitos preliminares sobre determinada temática não contemplada de modo satisfatório, anteriormente.

No que tange a abordagem do problema nossa pesquisa é qualitativa, que conforme explica Richardson (apud RAUPP e BEUREN, 2003), é assim classificada quando não emprega instrumento estatístico como base do processo de análise do problema e não se pretende numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas.

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4 REFERENCIAL TEÓRICO 4.1 ECONOMIA

Segundo Alfred Marshall (apud MENDES et al, 2009) o objetivo precípuo da Economia é estudar os negócios comuns da vida da humanidade. Depreende-se, assim, que a Economia sempre esteve presente nos grupamentos humanos, mesmo que não percebida, e que seu estudo não se restringe a simples cotejamento entre receitas e despesas, mas permeia interativamente outras áreas do conhecimento.

Mendes et al (2009, p. 13) afirmam que “a Economia precisa trabalhar interdisciplinarmente para poder enfrentar os desafios postos às análises econômicas, que requerem diagnósticos precisos” e destacam, como elementos presentes nessa interdisciplinaridade, a Administração, Ciências Contábeis, Geografia, História, Direito, Estatística, Matemática, Engenharias, Meio Ambiente, Sociologia, Filosofia, Política, Turismo, Finanças Públicas, Educação e Urbanismo.

Considerando as afirmativas dos textos citados nos dois parágrafos anteriores, infere-se que a Economia é ciência social que tem por objeto de análise a produção, a distribuição e o consumo de bens e serviços, ou, em outros termos, ela indica para a sociedade o que, quanto e para quem produzir, perpassando, praticamente, todos os setores da atividade humana e as necessárias decisões sociais. Está, portanto, ligada às políticas das nações e à vida dos cidadãos, que são afetados positiva ou negativamente por essas decisões. Uma das funções dessa ciência é propor soluções para os problemas advindos desse intrincado processo, explicando a forma de funcionamento dos sistemas econômicos e as relações dos seus agentes.

Heilbroner (1996) afirma que:

Desde que desceu das árvores, o homem encarou o problema da sobrevivência, não como indivíduo, mas como membro de um grupo social.

A continuidade de sua existência é testemunho de que ele conseguiu resolver o problema; mas a continuidade também da carência e da miséria, até mesmo nas mais ricas nações, é evidência de que essa solução foi, no mínimo, parcial. (HEILBRONER, 1996, p. 21)

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A afirmativa de Heilbroner (1996) aponta a continuidade dos problemas relativos às questões de sobrevivência dos grupos sociais que envolvem, a seu turno, a forma possível de manter os indivíduos dentro do grupo, com os recursos, às vezes escassos, disponíveis. Essa questão está presente desde os primórdios da trajetória humana na Terra.

Buscando encontrar soluções para essa milenar inquietação, muitos estudiosos se debruçaram sobre o tema, analisando, pesquisando, observando, perquirindo e esboçando, a partir das suas deduções, sistemas econômicos que defendem diferentes formas de organizar uma sociedade, visando a equacionar a tríade básica: o que, quanto e para quem produzir. Nascem, assim, e se sucedem, as indagações sobre qual seria o melhor sistema e qual a melhor forma de organização social para uma sociedade minimamente equilibrada. Economistas se dividem nesse campo, argumentando em defesa de um ou outro sistema, desenvolvendo teorias e arregimentado seguidores para suas escolas.

Com as transformações impostas às sociedades desde a Primeira Revolução Industrial, traçando novas formas nas relações de trabalho e nas relações internas e externas dos Estados, muitas escolas surgiram sobre a melhor forma de conduzir a economia de um país para obter os “melhores” resultados.

4.1.1 Teorias econômicas

Escola Clássica ou Liberalismo Econômico, Marxismo, Escola Neoclássica, Escola Keynesiana e Neoliberalismo, são as principais teorias econômicas surgidas a partir do século XVIII. Por entendermos ser conveniente tomar com elas maior familiaridade, ainda que sem grande aprofundamento, para melhor compreender a atuação do sistema econômico no cotidiano de cada cidadão, as apresentaremos a seguir.

4.1.1.1 Liberalismo econômico ou Escola clássica

Jiménez (2017) explica que a Escola Clássica, que começou com a publicação do livro “A Riqueza das Nações”, por Adam Smith (Figura 1) em 1776, e é defendida ferrenhamente por muitos economistas, compreende que a economia prescinde de

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regulamentação por parte do Estado; isto é: a livre competição é que define a produção e atende, assim, às necessidades e à distribuição de renda.

Figura 1 – Adam Smith – Escola Clássica

Fonte: História (acesso em: 10 maio 2019)

Economistas clássicos, entre os quais David Ricardo, Thomas Malthus, Jean- Baptiste Say e John Stuart Mill, precursores do Liberalismo Econômico e do Capitalismo, argumentam que “são os agentes privados que buscando seus próprios interesses conseguem incrementar o bem comum, sem pretendê-lo”. Esses agentes, segundo eles, são guiados pela "mão invisível" do mercado, famosa expressão cunhada pelo próprio Adam Smith, afirma Jiménez (2017). Os seguidores da Escola Clássica entendem que o “melhor” governo é aquele que menos se envolve na economia e defendem que a principal fonte de riqueza se origina no comércio. Essa Escola contribuiu com importantes métodos de análise para estudar a economia, tendo Adam Smith, seu criador, deixado por legado para a ciência econômica, dois elementos de grande importância para o crescimento econômico: o princípio da divisão do trabalho e a especialização.

Possível perceber que o referencial econômico e social da corrente clássica baseia- se nos princípios do Liberalismo e do individualismo, preconizando que um sistema de liberdade econômica, por intermédio da propalada e impessoal “Mão Invisível”, seria capaz de harmonizar os interesses individuais. Contudo, ao Estado compete:

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Proteger a sociedade da violência e da invasão de outras sociedades independentes;

proteger, na medida do possível, todo membro da sociedade da injustiça e da opressão de qualquer de seus membros ou oferecer uma perfeita administração da justiça;

fazer e conservar certas obras públicas, e criar e manter certas instituições públicas, cuja criação e manutenção nunca despertariam o interesse de qualquer indivíduo ou de um grupo de indivíduos, porque o lucro nunca cobriria as despesas que teriam esses indivíduos, embora, quase sempre, tais despesas pudessem beneficiar e reembolsar a sociedade como um todo.

Fundamentalmente a contribuição do pensamento smithiano foi “haver indicado quase todos os problemas que viriam a ser objeto de reflexão científica subsequente, principalmente através de Karl Marx e John Maynard Keynes, conforme argumenta Mendes et al (2009).

4.1.1.2 Marxismo

A Escola Marxista surgiu como corrente crítica às ideias do Liberalismo Econômico.

Na definição de Bezerra (2011):

Marxismo é o conjunto de ideias filosóficas, econômicas, políticas e sociais, elaborado pelos alemães Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820- 1895) em meados de 1848. (BEZERRA, 2011).

Essa teoria, explica a referida obra, está centrada na figura de Karl Marx (Figura 2) e sua famosa obra "O Capital", na qual argumenta que os períodos históricos, todos eles, resultam da estrutura produtiva da sociedade e que a história representa uma fase contínua de luta de classes entre exploradores e explorados.

(28)

Figura 2 – Karl Marx – criador do marxismo

Fonte: Karl Marx (2017)

De acordo com a teoria marxista, explica Rodrigues (s.d), o valor do trabalho humano está relacionado à ação de transformar matéria-prima em produto para consumo e que essa ação envolve a aplicação de tempo e experiência adquirida pelo trabalhador, implicando em valor agregado ao produto, ou “valor de uso”, significando que o valor de uso de qualquer mercadoria tem como fator determinante a quantidade de trabalho utilizada em sua produção.

Marx, argumenta Bezerra (2011), ofereceu importante ferramenta ao mundo laboral ao desenvolver a teoria do valor-trabalho, de acordo com a qual o valor dos produtos é determinado pela quantidade de trabalho incorporado à produção e que apenas uma parte desse valor compõe o salário do trabalhador sendo a maior parte destinada à remuneração do capital. À produção que excede o necessário para pagamento do salário e que é recolhida pelo capitalista, Marx denominou de mais- valia, sendo esse conceito um dos pilares do marxismo.

Para Karl Marx o conceito mais-valia compreende duas situações, quais sejam:

mais-valia absoluta e mais-valia relativa. A primeira decorre da produção que excede o necessário para pagamento do trabalho efetuado pelo trabalhador. A segunda é aquela produzida paralelamente ao desenvolvimento tecnológico, isto é, quando a introdução de novas tecnologias propicia diminuição de custos e de tempo de produção, mas não redundam em melhorias para o trabalhador. Assim, a relação de

(29)

exploração entre trabalhador e capitalista que produz a mais-valia é, de acordo com o marxismo, o principal fator da desigualdade nas sociedades capitalistas.

(RODRIGUES, (s.d)).

Para Sanches (2010) a teoria marxista está apoiada nos seguintes pilares:

• Crítica científica ao modo de produção capitalista, fundado na exploração do trabalho assalariado;

• mais-valia;

• teoria do Valor Trabalho formulada de forma mais consistente.

Karl Marx e Friedrich Engels (Figura 3) conceberam o trabalho como o conceito chave da sociedade. Desse modo, a tensão entre o proletariado (classe trabalhadora) e os donos dos meios de produção (capitalistas, ou burgueses), geradora da luta de classes, é a única via pela qual passa a história, constituindo-se a produção de bens materiais em fator condicionante da vida social, intelectual e política, esclarece Bezerra (2011).

As obras de Karl Marx contribuíram efetivamente para a compreensão do sistema capitalista. Em O Capital, Marx aborda o funcionamento das relações econômicas durante a história da humanidade, procurando esclarecer os conceitos universais que orientam a atividade econômica. Essa obra é constituída por três volumes, a saber:

Livro I - o processo de produção do capital (publicado originalmente em 1867);

Livro II - o processo de circulação do capital (publicado originalmente em 1885);

Livro III - o processo global da produção capitalista (publicado originalmente em 1894).

(30)

Os dois últimos volumes foram publicados por Friedrich Engels após a morte de Karl Marx. (BEZERRA, 2011).

Figura 3 – Karl Marx e Friedrich Engels

Fonte: Bezerra (2019)

Ainda no século XIX desponta a Escola Neoclássica, cuja concepção econômica se contrapõe à Escola Clássica. (REZENDE, 2005).

4.1.1.3 Neoclássica ou Marginalista

A Economia Neoclássica, também chamada Marginalista, que começou a surgir no final do século XIX, entende que o valor não é inerente aos bens, mas encontra-se na relação entre o objeto e quem o irá possuir sendo, portanto, de natureza subjetiva, estando incluso nessa subjetividade o valor atribuído ao emprego da força de trabalho. Oferta e procura, segundo essa escola, se comportam de acordo com a capacidade racional de cada agente maximizar os seus interesses fundamentais, ou seja, utilidade (em se tratando das famílias) ou o lucro (no tocante às empresas).

Com base nessa premissa, William Stanley Jevons, Carl Menger e Léon Walras desenvolveram, individualmente e em países diferentes, a estrutura analítica da Economia Moderna ou Neoclássica, conforme Nunes (2019).

(31)

Em 1871 William Stanley Jevons publicou, na Inglaterra, o livro “Teoria da Economia Política”, enquanto, no mesmo ano, na Áustria, Carl Menger publicava a obra

“Princípios de Economia Política”. Ambos abordavam, sob nova ótica, o valor de troca das mercadorias. Quase na mesma época, em 1874, na França, Léon Walras edita “Elementos da Economia Política Pura”, consolidando as ideias de Jevons e Menger. São considerados, assim, os fundadores da Escola Neoclássica, explica Dias (1994).

São pressupostos da Economia Neoclássica, conforme Nunes (2019):

1 Objetivo da procura: consumidores têm por objetivo maximizar ganhos, aumentando as compras até que o ganho de ter uma unidade extra do bem obtido fique equilibrado com o custo da sua obtenção. A medição desse ganho é feita com base na ‘utilidade’, ou seja, a satisfação associada ao consumo de produtos e serviços. Porém, a utilidade advinda da aquisição de uma unidade adicional de um bem está diretamente relacionada à quantidade desse mesmo bem que o consumidor já possua. Quanto maior for a quantidade possuída menor será a utilidade adicional obtida com a nova unidade. A isso denominam utilidade marginal decrescente, explicando que cada unidade adicional (marginal) de um bem é fator decrescente da sua utilidade ao consumidor;

2 fator trabalho: fornecimento da mão-de-obra (trabalho) do trabalhador para as empresas, buscando equilibrar o ganho de oferecer a unidade marginal dos seus serviços (o salário a receber) com a ‘desutilidade’ do trabalho em si, que é a perda de tempo livre ou de descanso;

3 objetivo da oferta (produtores): as empresas ou produtores visam a maximização dos seus lucros, procurando produzir de forma a equilibrar a receita adicionada com a produção de uma unidade extra e respectivo custo associado, bem como contratar funcionários (e adquirir meios de produção) até ao ponto em que o custo de uma contratação adicional (ou de outros meios de produção) se equilibre com o valor da produção que o trabalhador adicional produzirá. Tal procedimento tem

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por base a lei dos rendimentos marginais decrescentes ou lei das proporções variáveis.

Dentre os defensores da Escola Econômica Neoclássica destaca-se o inglês Alfred Marshall, nascido em Londres em 1842, que conforme Bedin (s.d):

foi um dos mais influentes economistas de seu tempo. Seu livro, Princípios de Economia (Principles of Economics) procurou reunir num todo coerente as teorias da oferta e da demanda, da utilidade marginal e dos custos de produção, tornando-se o manual de economia mais adotado na Inglaterra por um longo período. (BEDIN, (s.d)

É Alfred Marshall – Figura 4 – o responsável por introduzir o fator tempo, na distinção entre longos períodos e curtos períodos, conseguindo, assim, determinar a importância do custo de produção (para longos períodos) e a utilidade marginal (para curtos períodos), na formação do valor das mercadorias.

Figura 4 – Alfred Marshall – Escola Econômica Neoclássica

Fonte: Alfred (acesso em 10 maio 2019)

A escola de economistas neoclássicos, também chamada de marginalistas, vigorou no pensamento econômico entre 1870 e 1929. Procurava determinar as causas da riqueza para a alocação de recursos, visando sempre a maximização da utilidade.

(ESCOLA, acesso em 10 jan. 2019)

(33)

Na famosa crise de 1929, um dos períodos mais difíceis da história recente, a teoria da “mão invisível” foi mundialmente questionada quanto à eficiência do capitalismo.

“Após a crise, uma coisa ficou certa: a “mão invisível”, ou seja, os supostos mecanismos autorreguladores do capitalismo não eram suficientes para manter a economia nos trilhos.” (DANTAS, 2019)

Em contraponto à Escola Econômica Neoclássica, do laissez-faire – termo francês que significa deixe fazer - e da “mão invisível” do mercado que resolveria todos os problemas advindos das relações econômicas, surge, na primeira metade do século XX, o keynesianismo.

4.1.1.4Keynesianismo

O economista britânico John Maynard Keynes (1883-1946) desenvolveu, em 1926, a teoria que se contrapunha à ideia liberalista do “deixai fazer”. Afirmava Keynes, que o Estado deveria sim, interferir na sociedade, na economia e em quais áreas considerasse necessário. O modelo do Estado intervencionista (Welfare State) foi adotado por muitos países após o fim da Segunda Guerra Mundial, tendo em vista que a interferência estatal parecia, naquela circunstância, essencial para a recuperação do mundo no pós-guerra, explica Dantas (2019).

Marques (2011) explicita essa divergência ao afirmar:

Enquanto os neoclássicos consideram que, na ausência de obstáculos ao perfeito funcionamento dos mercados, a condição de “pleno” emprego é o estado normal de uma economia, subestimando, de certa forma, o papel das políticas monetária e orçamental, a “teoria geral” de Keynes considera que, mesmo com perfeito funcionamento dos mercados, as economias enfrentam problemas de desemprego involuntário que, não obstante, podem ser atenuados pela política monetária e, sobretudo, pela política orçamental.

(MARQUES, 2011, p.4).

O keynesianismo é completamente explanado no livro de John Maynard Keynes intitulado “A Teoria geral do emprego, do juro e da moeda” publicado em 1936. Nele são ressaltadas as vigas mestras dessa teoria, quais sejam:

(34)

- Defesa da intervenção estatal na economia, principalmente em áreas onde a iniciativa privada não tem capacidade ou não deseja atuar;

- defesa de ações políticas voltadas para o protecionismo econômico;

- contra o liberalismo econômico;

- defesa de medidas econômicas estatais que visem à garantia do pleno emprego.

Este seria alcançado com o equilíbrio entre demanda e capacidade de produção;

- o Estado tem um papel fundamental de estimular as economias em momentos de crise e recessão econômica;

- a intervenção do Estado deve ser feita através do cumprimento de uma política fiscal para que não haja crescimento e descontrole da inflação.

Mesmo não sendo favorável à estatização da economia, Keynes defendia, entretanto, que o Estado deveria promover ações e estabelecer medidas de controle para manter o equilíbrio econômico.

Em alguns momentos cruciais da história econômica global, nas chamadas crises, a teoria keynesiana foi aplicada. Nos Estados Unidos, por exemplo, deu suporte ao plano New Deal do presidente Roosevelt, quando da Grande Depressão causada pela Quebra da Bolsa de Valores de 1929. Também após a Segunda Guerra Mundial, os países da Europa, com suas economias profundamente abaladas em virtude dos conflitos, recorreram aos fundamentos do keynesianismo para saírem da crise. Nesta situação era de fundamental importância a interferência do Estado, como fonte de promoção do desenvolvimento econômico e social. (MARQUES, 2011).

No Brasil, informa Bezerra (2011) a teoria keynesiana foi aplicada durante o governo Juscelino Kubitschek (1956 – 1961), na implantação do Plano de Metas, que previa altos investimentos estatais em diversos setores da economia em um amplo programa de desenvolvimento. Antes disso, continua a autora, as políticas

(35)

econômicas desenvolvidas por Keynes foram utilizadas durante os governos de Getúlio Vargas que aplicou recursos estatais para estimular a industrialização do país. Exemplos desses investimentos foram a criação da Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, inaugurada em 9 de abril de 1941, no primeiro governo de Getúlio (1930 a 1945) e da Petrobras – Petróleo Brasileiro Sociedade Anônima, inaugurada em 3 de outubro de 1953, no segundo governo de Vargas (1950 a 1954).

Dantas (2019) comenta:

A partir dos anos 60, com a crise dos países centrais, ocasionada pela acumulação intensiva e por uma regulação monopolista, o keynesianismo também foi questionado, pois problemas como inflação e instabilidade econômica tornaram-se reais. (DANTAS, 2019).

As críticas à Teoria Keynesiana deram margem ao surgimento do Neoliberalismo, que vem a ser o antigo liberalismo com roupagem contemporânea. Segundo o Neoliberalismo, Estado e Mercado são formas de organizações antagônicas e irreconciliáveis.

4.1.1.5 Neoliberalismo

Neoliberalismo é um novo conceito do liberalismo clássico, afirma Bezerra (2011), que tem por característica principal a defesa de maior autonomia dos cidadãos nos setores político e econômico e, consequentemente, pouca intervenção estatal.

Versão atualizada do Liberalismo surgido no século XVIII em oposição ao Mercantilismo e às imposições da Revolução Industrial aos trabalhadores, o Neoliberalismo Econômico surgiu na década de 70 do século XX, substituindo as medidas do modelo keynesiano e apoiando os princípios capitalistas, enfatizando a não interferência do Estado na economia.

Para os neoliberais, explica Bezerra (2011), o que garante o crescimento econômico e o desenvolvimento social de um país é o livre jogo das forças do mercado. São características do Neoliberalismo:

 Privatização de empresas estatais;

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 Livre circulação de capitais internacionais;

 Abertura econômica para a entrada de empresas multinacionais;

 Adoção de medidas contra o protecionismo econômico;

 Redução de impostos e tributos cobrados indiscriminadamente.

O Neoliberalismo propiciou as relações econômicas internacionais, facilitando sobremodo a globalização.

No Brasil, o Liberalismo foi adotado nos governos do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995 a 1998 e 1999 a 2002), com a implantação de medidas definidas no, assim chamado, Consenso de Washington em 1989, quais sejam:

 Ajuste fiscal – limitação dos gastos do Estado de acordo com a arrecadação, eliminando o déficit público;

 redução do tamanho do Estado – limitação da intervenção do Estado na economia e redefinição do seu papel, com o enxugamento da máquina pública;

 privatização – venda das empresas estatais que não se relacionam com as atividades específicas do Estado;

 abertura comercial – redução das alíquotas de importação e estímulo ao intercâmbio comercial, de forma a ampliar as exportações e impulsionar o processo de globalização da economia;

 abertura financeira – fim das restrições à entrada de capital externo e permissão para que instituições financeiras internacionais possam atuar em igualdade de condições com as do país;

(37)

 fiscalização dos gastos públicos e fim das obras faraônicas;

 investimento em infraestrutura básica;

 terceirização.

Dentre as críticas à implantação das medidas neoliberais no Brasil, a que aparece com maior insistência é que não serviram para resolver os graves problemas sociais do país. (BEZERRA, 2011).

No processo natural de desenvolvimento das ideias, conceitos e atividades das sociedades, a Economia, em meados do século XX, passou a incorporar ao seu painel de assuntos importantes, dois enfoques consistentes: 1) a Microeconomia, que trata da firma e da indústria em particular, do preço e do mercado de um bem ou serviço, bem como do indivíduo, como consumidor que detém poder de compra; 2) a Macroeconomia, que se ocupa dos agregados, como a inflação, a taxa de câmbio, a renda nacional, a poupança, o investimento, a função consumo, o balanço de pagamentos, entre outros assuntos pertinentes à Economia.

4.1.2 Microeconomia

Buscando entender o relacionamento entre consumidores e empresas e as respectivas características desses atores econômicos a microeconomia mostra os fatores que influenciam o modo de consumo, os preços, a relação entre oferta e demanda, as ações de marketing e a forma com que são utilizados os recursos da empresa, explica Mesquita (acesso em 20 maio 2019).

Ao explicitar a forma como são fixados os preços e os fatores de produção, a microeconomia possibilita compreender a causa de valores diferentes dos produtos e a influência que famílias, empresas e governo, exercem no mercado. Mesquita (acesso em 20 maio 2019) relaciona algumas teorias compõem a microeconomia:

(38)

Teoria do consumidor ou Teoria da Escolha

Busca descrever a motivação dos consumidores para a tomada de decisões em relação a aquisição de bens e de como enfrentam as situações em que há conflito de escolha. Analisa a preferência, o comportamento, escolhas e restrições do consumidor, informações usadas para determinar a demanda pelo seu produto ou serviço. Os fatores que influenciam as escolhas dos consumidores estão basicamente ligados à sua restrição orçamentária e preferências.

Para a Teoria do Consumidor, as pessoas escolhem obter um bem em detrimento do outro em virtude da utilidade que ele lhe proporciona.

Teoria da firma

Mostra a reunião do capital e do trabalho em uma empresa para a produção, de acordo com a demanda. Foca nas organizações cujo objetivo seja produzir lucro.

Teoria da produção

Analisa o processo de transformar a matéria-prima em produtos finais para a venda e observa as variáveis que influenciam o produto final, como transportes, por exemplo.

Observamos, assim, que o enfoque da microeconomia são as atitudes individuais dos agentes econômicos, mostrando os problemas que atingem empresas e consumidores.

Outros temas estudados pela microeconomia e de vital importância para as empresas são:

Público-alvo

É preciso entender quem são as pessoas que poderão se tornar clientes, isto é, imprescindível saber para quem produzir. Como pensa, qual é a sua formação e

(39)

suas preferências, são informações básicas para se transformar possíveis interessados em consumidores.

Demanda

Demanda se reporta à quantidade de produtos que os consumidores poderão comprar. É a demanda que define a oferta e, quando bem definida, evita excesso de produção e problemas com gestão de estoques e custos desnecessários.

Precificação

Definida a quantidade a ser produzida é indispensável precificar o produto, considerando a soma do custo de produção, do lucro e do valor agregado. É a partir da precificação que a empresa consegue pagar funcionários, comprar matéria-prima, investir em tecnologia e gerar lucro. A relação oferta/demanda é também determinante na definição de preço.

Fatores de produção

Fatores de produção são elementos fundamentais ao processo produtivo. Embora este seja composto de diversos complementos (custos de matérias-primas, tempo para produzir, armazenagem, gerenciamento, máquinas e mão-de-obra, entre outros), existem três tipos imprescindíveis, sem os quais é quase impossível o andamento de uma escala produtiva, quais sejam: terras, o trabalho e o capital.

Explicando esses fatores, que tem conceitos abrangentes e complementares entre si, afirma Reis (2018a):

– Terra: não são apenas as terras agricultáveis ou terrenos próprios para edificações, mas todo e qualquer recurso que, a partir dela, se pode extrair, a exemplo de minérios, água, florestas, etc.

– Trabalho: inclui as horas dedicadas dos trabalhadores numa produção, somadas às técnicas e conhecimentos empregados dentro do processo produtivo;

(40)

– Capital: Todos os elementos materiais e financeiros que sustentam a produção:

equipamentos de informática, tratores, carros, máquinas industriais e outros, conforme explicitado na Figura 5.

Figura 5 – Componentes do capital – fator de produção

Fonte: Fatores de produção (acesso em 22 março 2019)

Todos os elementos identificados anteriormente são fundamentais para analisar a formação e análise do mercado.

Mercado

Explica Nunes (2006) que em Economia e nas Ciências Econômicas e empresariais em geral, o termo mercado designa um local, físico ou não, em que compradores e vendedores interagem para estabelecer o preço e a quantidade de um determinado bem que pretendem transacionar, constituindo-se o preço o mecanismo regulador dessas transações. Ou seja, se vendedor e comprador entram em acordo quanto ao preço do bem, significa que o valor atribuído a esse bem foi satisfatório para ambos.

Os preços estabelecidos no mercado são também sinalizadores para a Economia, baseados na demanda e na oferta (Figura 6).

(41)

Figura 6 – Determinação de preços – oferta e procura

Fonte: Determinação (acesso em 03 maio 2019)

A análise do mercado mostra a formação de preços e como eles são influenciados pela oferta e demanda. Essa análise instrumentaliza a empresa a acompanhar tendências e perceber como o aquecimento - ou arrefecimento - do setor influencia os custos e os preços dos produtos. (MEDINA, 2012).

De acordo com Medina (2012) a microeconomia também é afetada por fatores externos, tais como: a queda no consumo; o comércio exterior, a inflação; a cotação do dólar e os índices econômicos diversos, entre outros. A empresa, por sua vez, sofre influência direta da microeconomia. Fatores de produção, por exemplo, são altamente impactantes no desempenho de uma empresa. Aumentando, por exemplo, o custo de produção, sem que o mercado absorva a elevação de preço do produto final, a margem de lucro será reduzida. Otimizar recursos, conhecer a demanda, estabelecer preços coerentes e acompanhar fatores internos e externos, são elementos fundamentais para o desenvolvimento de uma empresa.

(42)

A microeconomia tem seu foco principal, mas não exclusivo, no mercado interno.

Desse modo, isso a torna menos abrangente do que a visão da macroeconomia.

4.1.3Macroeconomia

Utilizando em suas análises, indicadores econômicos globais, entre os quais o PIB – Produto Interno Bruto – e o PNB – Produto Nacional Bruto a Macroeconomia se constitui no ramo da teoria econômica que estuda a ação e influência de atores globais como as empresas, conglomerados e países, na economia mundial, informa Bezerra (2011). Importante destacar a diferença entre PIB e PNB, termos que costumam ser confundidos em seus significados:

– PIB – Produto Interno Bruto – calculado a partir da contabilização de bens e serviços, dentro de um período de tempo, é o somatório de tudo o que é produzido em uma cidade, estado ou país, sendo afetado diretamente pelo desempenho de cada setor da economia. São considerados no seu cálculo: o consumo da população; os investimentos empresariais em maquinários e contratação de empregados (influenciados pelo valor dos salários e juros) e os gastos governamentais em infraestrutura. Valores das matérias-primas, mão-de-obra, impostos, energia e demais bens de consumo intermediário não são incluídos nesse cálculo, explica Bezerra (2011).

O PIB pode ser um instrumento de comparação entre as riquezas dos diversos países. A Figura 7 mostra o mapa do PIB de 2013 de todos os países, documento elaborado pela ONU-Organização das Nações Unidas, o Banco Mundial, a CCE- Comissão das Comunidades Europeias, o FMI – Fundo Monetário Internacional e a OCDE.

(43)

Figura 7 - Mapa do PIB de 2013 de todos os países

Fonte: Bezerra (2019a)

No Brasil, o PIB é calculado pelo IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística e os dados são divulgados trimestralmente. Mas é possível acompanhar a evolução do crescimento do PIB, considerando períodos mais longos, conforme demonstrado no Gráfico 1.

Gráfico 1 – Porcentagem de crescimento do PIB brasileiro de 2007 a 2017

Fonte: Bezerra (2019b)

(44)

Os números apresentados neste gráfico demonstram um crescimento tímido da economia brasileira nos últimos anos, analisa Bezerra (2011).

– PNB – Esse indicador se refere ao somatório de todas as riquezas produzidas por uma nação/país durante determinado período, em território nacional ou não. As empresas que possuem filiais no exterior também são consideradas para cálculo desse índice econômico.

Para Nunes (2006):

A macroeconomia pode ser entendida como a ciência que estuda o comportamento da Economia de forma agregada, através da análise de variáveis globais tais como a produção, o rendimento, a procura, o investimento, a poupança, o desemprego, as taxas de juro, as taxas de câmbio ou a inflação. (NUNES, 2006).

Argumenta, ainda, o referido texto que: a produção – para satisfazer necessidades da população; o emprego – adoção de medidas de promoção de emprego e combate ao desemprego voluntário e a estabilidade dos preços são os principais objetivos da Macroeconomia e que, para atingi-los, são utilizadas as políticas monetária e orçamentária. A primeira utiliza instrumentos para controlar a oferta de moeda e, assim, influenciar as taxas de juro praticadas no mercado enquanto o Estado controla a despesa pública e os impostos na definição da política orçamentária.

As diferenças entre Macro e Microeconomia estão resumidas no quadro 1:

Quadro 1 – diferença entre macro e micro economia

Fonte: Macro (acesso em 10 maio 2019)

(45)

Macro e microeconomia são aspectos da economia que estão presentes nos sistemas econômicos seja adotada a Economia de Mercado ou a Economia Planificada.

4.1.4Economia de mercado e economia planificada

Economia de Mercado é um sistema em que a economia é controlada por agentes econômicos de iniciativa privada. Predominância de empresas privadas, lei da oferta e da procura, livre concorrência, pouca intervenção do Estado, incentivo à dinamização e inovação das empresas, oposição ao modelo econômico de economia planificada e pouca intervenção do Estado, são características desse sistema econômico.

Esse modelo esteve acompanhado, primeiramente, pelo liberalismo econômico, que preconizava a mínima intervenção do Estado na economia.

Posteriormente, após a década de 1970, esse modelo foi retomado em associação ao neoliberalismo, que novamente pregava a mínima intervenção do Estado na economia, salvo em tempos de crise e de instabilidades social e econômica. (PENA, 2019)

Nesse sistema a maior parte das empresas é privada e são elas que definem o próprio funcionamento e estratégia financeira. Ao Estado compete a criação de leis e fiscalização do cumprimento das mesmas. Com base nos princípios do liberalismo econômico – propriedade privada, liberdade de comércio e produção e livre concorrência – a economia de mercado obedece à lei da oferta e da procura que consiste na fixação de preços considerando a demanda de determinado produto ou serviço.

No capitalismo, argumenta Pena (2019) o objetivo principal é a geração de lucro e o acúmulo de riquezas e para alcançar esse objetivo a atividade comercial foi iniciada, difundida e dinamizada, desde o século XVI, por meio de trocas monetárias. A economia de mercado compõe a estratégia econômica elaborada para intensificar essa lógica. Percebe-se, assim, que o atendimento das necessidades sociais não é o foco precípuo do país que tenha sua política econômica baseada na Economia de Mercado, mas a maximização do lucro.

(46)

Em contraponto à economia de mercado encontra-se a economia planificada proposta pelas sociedades denominadas socialistas, que defende o controle centralizado da economia, pelo Estado, sendo, por essa característica, conhecida também como economia centralizada planificada. Esse modelo econômico foi adotado pela antiga URSS-União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, constituída, oficialmente, em 1922 reunindo Rússia, Ucrânia, Bielorrússia, Transcaucásia, Estônia, Lituânia, Letônia, Moldávia, Geórgia, Armênia, Azerbaijão, Cazaquistão, Uzbequistão, Turcomenistão, Quirguizão e Tadjiquistão – Figura 9 – por quase 70 anos, sendo desmembrada em vários outros países em 1991, informa Gasparetto Junior (s.da).

Figura 8 – Mapa da antiga -União das Repúblicas Socialistas Soviéticas(URSS)

Fonte: Gasperetto Junior (acesso em 8 maio 2019)

A dissolução da URSS, que fazia forte oposição ao capitalismo, propiciou a predominância do modelo econômico de mercado que é adotado, atualmente, pela maioria dos países. Importante registrar ainda que esse modelo econômico admite e difunde o processo de terceirização que permite a contratação de uma empresa por outra (terceirizada) para cuidar de parte do processo produtivo que pode incluir desde limpeza e segurança até a fabricação de peças e produtos, argumenta Pena (2019).

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