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( Estela Lapponi, artista, intérprete e atendente de telem arket ing da Cia. Port o Seguro) .

Todavia, criar prot ót ipos, cat egorias e conceitos é próprio dos corpos, pelo fat o de serem feit os com corpo. Este com corpo quer dizer que – por m eio das vibrant es est rut urais neurais, o coração a pulsar, ao queim ar o est ôm ago, ao arrepiar a pele, com o tórax a arfar, os protótipos, as categorias, os conceitos – inseparáveis da experiência, coem ergem . Reflit am os se a cada vez que víssem os um prot ót ipo de plant a – da cat egoria flor, por exem plo – fosse necessário descobrir que se t rat a de um a. Podem os não saber que t ipo de flor ela sej a ou, para cada pessoa, o signo plant a ou o signo flor possa variar de experiência e significado, m as sabem os: t rat a- se de plant a ( ou, obviam ent e um sinônim o com o m esm o sent ido) . I m aginem os aluno. Rapidam ent e nos vem um a sort e de prot ót ipos e cat egorias de aluno: um aluno ideal, um aluno da escola pública, da escola part icular, que est uda no período m at ut ino, int egral... Gost a de Hum anas, gost a de Exat as, et c., é da t urm a de dança de rua, et c. I m agine t am bém , m ar, cidade, am or, com pet it ividade, j ulgam ent o... Todos os t erm os

precisam de um lugar no rol das cat egorias conceit uais, por sobrevivência m esm o, no sent ido de poderm os nos com unicar com os out ros, com a am biência. Segundo LAKOFF e JOHNSON ( 1999) , em bora cat egorizem os (v. p. 65) de m odo inconscient e e aut om át ico

( com o resultado de est arm os no m undo) , as experiências vividas possibilit am um a recat egorização e um a m udança parcial nelas. Bem ... com o educadores é o que devem os buscar.

COGN I ÇÃO

Vamos lá! Que tal movimentar os ombros, girar um pouco pescoço e cabeça. Espreguice. Cognição não est á fora da corponect ividade!

“ O desenvolvim ento infantil, segundo Maranhão

( 2003) , precisa acontecer de form a global, nas

diferentes áreas: cognitiva, psicom otora e afetiva,

para que possa ocorrer equilíbrio entre elas.

Portanto, é necessário que observem os se os

aspectos psicom otores e afetivos estão sendo

deixados de lado em favor do aspecto cognitivo,

porque sendo um a área m ais desenvolvida em

detrim ento de outra, haverá um desequilíbrio,

um a desorganização para o bom desenvolvim ento

do indivíduo em sua dim ensão global” .

Trabalho de professora, em curso de pós- graduação. Rio Janeiro/ RJ, ( 2007) .

O exem plo é um diagnóst ico do que a pesquisa const at a ao longo de m uit os anos: Cognição é ent endida com o “ racional” ,

“ conscient e” , “ bast ant e evoluída” na hierarquia da aquisição dos “ cont eúdos” escolares. A Educação de Art e, por exem plo, na am pla

m aioria dos am bient es não chega “ nem pert o” de cognição, é

“ im aginação” . Cognição é ignorada enquant o processo que se

acont ece, sim plesm ent e, sem m uit as explicações. Nos dicionários ( consult e- os) é definida com o “ conhecer” , “ conhecim ent o” e esses com pêndios das palavras significadas, fazem , sem dúvida, m enção à percepção com o sendo processos m ent ais, et apas m ent ais. Ent enda- se o em prego de m ent al, com o “ puram ent e” m ent al, ao invés de m ent al corponect ivo ou m ente corponectiva. Esses processos seriam , na área da psicologia, cognição, volição e afet o, ou sej a, a cognição cont inua a ser, dent ro de sua própria definição, algo separado das próprias operacionalidades que a configuram .

O pólo ou m it o do absolut ism o ( ou obj et ivism o) dissem ina a convicção de que a cognição é fundada na represent ação de um m undo pré- dado por um suj eit o pré- dado. Ocorre que um processo com o o da cognição é corpo, é um a em bodied act ion/ ação corponectiva ( VARELA, THOMPSON e ROSCH 1993 e THOMPSON 1996) . O t erm o corponect iva enfat iza que há um corpo com capacidades sensório- m ot oras e, m uit o im port ant e, essas capacidades englobam e fazem part e de um cont ext o biológico, psicológico e cultural. O term o ação enfat iza que os processos sensórios- m otores, percepção e ação são inseparáveis da experiência da consciência49 e, em um sent ido m ais am plo, dos processos da cognição.

Na t raj et ória da filosofia na carne com LAKOFF e JOHNSON ( 1999: 9 – 15) aprendem os que a m aior parte dos nossos pensam ent os são inconscient es, não no sent ido freudiano, enquant o reprim idos, m as com o inacessível à consciência e agindo t ão rapidam ent e que se t orna m uit o difícil focá- los. Reflit a a quant idade

49 I m portante frisar, pois é sabido, por m eio de estudos atuais, que consciência não

é a m esm a operacionalidade à qual cham am os m ente: “ A consciência é o processo que enriquece a m ente com a possibilidade de saber de sua própria existência – a referência a que cham am os de self – e saber da existência dos obj etos que a rodeiam ” ( DAMÁSI O 2004: 194) . Em seu outro livro, O m istério da consciência ( 2000) , o autor explica que em certos estados neurológicos, verifica- se que a m ente se m antém ativa, m as a consciência desaparece. Ainda segundo Dam ásio, devem ser consideradas sinônim os apenas as denom inações m ente consciente e consciência.

de operacionalidades que est ão em curso, j ust am ent e agora, nest a t eseaula:

– essas palavras escrit as, são let ras unidas por você;

– você lem bra- se de algum out ro assunt o, a part ir do que lê; – planej a o que vai responder;

– pensa na sintaxe dest e t exto;

– faz relações destas palavras com outras;

– a luz lhe incom oda e você rapidam ent e se aj eit a em um a posição favorável;

– et c, et c, et c...

I m agine os alunos, eles são assim t am bém !

É enorm em ent e vast a a possibilidade da consciência, quando descobrim os e ent endem os ( o que nos é possível) com o ela é const it uída. Os aut ores usam a m et áfora de um a “ m ão ocult a que

form at a nosso pensam ent o conscient e” ( LAKOFF e JOHNSON 1999:

12) . Essa m ão ocult a é por eles nom eada de “ inconscient e cognit ivo” .

“Nas ciências cognitivas, o termo cognitivo é usado para qualquer operação mental ou estrutura que pode ser estudada em termos precisos. A maioria destas estruturas e operações têm sido descobertas como inconscientes. Então, processamento visual inclui o cognitivo, bem como o auditivo. Obviamente, nenhum dos dois é consciente já que nós não temos nem poderíamos ter ciência de cada processo neural envolvido no total e vastamente complicado processo que dá surgimento às experiências visual e auditiva conscientes. Memória e atenção estão incluídas no cognitivo, Todos os aspectos de pensamento e linguagem, conscientes ou inconscientes, são, portanto, cognitivos. Isto inclui a fonologia, gramática, sistemas conceituais, o léxico mental, e todas as inferências de qualquer sorte. Imaginação mental, emoções, e a concepção das operações motoras têm sido também estudadas de tal perspectiva” ( LAKOFF e JOHNSON 1999: 11) .

A m et áfora de “ abism o t eórico” é bast ant e pert inent e para dar cont a do que ocorre nesses cam pos invest igados: grande part e dos est udiosos da com unicação e da educação prat ica um ent endim ent o da cognição que não auxilia seus int erlocut ores a vivenciá- la com o um a ação corponect iva. Com o podem os t ornar irrelevant e o t at o que faz com que o aluno ent enda um t oque com o um a negação? Ou o olfat o que t raz o cheiro da t erra m olhada e a poluição da queim a da cana, ou da fum aça que sai dos carros, pela j anela da sala de aula? Com o achar que a cognição não engloba o pé que est á ‘dorm ent e’ enquanto o professor est á explicando o que vai ‘cair’ na prova de Quím ica, quase no final da aula? Claro, há inúm eros processos na cognição, com o o próprio conceit o de inconscient e cognit ivo: percepçãoim aginaçãoinferênciasetc. Sabem os que a im aginação é racionalm ent e engaj ada. A percepção ( por m ais que não t enham os consciência de t udo que percebem os) é vinculada ao am bient e, ao que nos ensinam , aos cart azes que vem os, ao program as de TV que assist im os, às diferentes vivências ao longo da vida.

A cognição é um est andosendo esses processos apont ados pelo inconscient e cognit ivo. Assim , precisam os m esm o criar neologism os (v. p. 1) , pois não há com o separar os processos t odos e, os que não

se conhecem ainda, do processo da cognição. Por m ais que possam os invest igar e nom ear percepção, razão, sent im ent o, sensação, t ais processos não são m ut uam ente exclusivos.

Out ro aspect o a ent enderm os em cognição corponect iva é que est e processo não é algo que vai acont ecer “ lá no final” e, só ent ão, o aluno vai poder ent ender. Quant o a est a frase, precisam os de m ais explicação para com preendê- la. Assim , dest e m odo isolada, est á inadequada e errada. Sabem os que o aluno ( e nós t am bém , pois a educação é um processo perm anent e, não nos esqueçam os) t em um t em po, qualquer que sej a, at é ent ender um det erm inado pont o, assunt o, t em a, sej a um m ovim ent o de dança, ou um m odo de t raçar

o pincel com a t int a acrílica, por exem plo. E, m uit as vezes, olham os para suas tentativas ( e as nossas) , apenas esperando o final ( que às vezes não chega da m aneira que esperam os) . E aí t em os:

NÃO

CONSI GO

,

NÃO ENTENDO,

e at é enfat izam os o

VAI

CONSEGUI R!

A propost a que, de acordo com os processos cognit ivos de um corpo, seria m ais adequada é dar at enção ao

CONSI GO I STO AGORA

,

ENTENDO I STO AGORA

e, port ant o, não ficar insist indo no vai conseguir, apenas (v. crianças, p. 25).