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“ A PRI ORI , O POVO NÃO TEM VI SÃO POLÍ TI CA”

Esses m odos de usar a expressão a priori ( com o sinônim o de do princípio) acabam sendo proibições inquest ionáveis, im ponderáveis, t ot alit árias, as quais não vão perm it ir m esm o nenhum a experiência. Dizer corpos dessa form a, ou sej a, por um a razão universal (a priori) , que independe de um corpopessoa é não est ar cient e da inadequação dos enunciados das m ídias e da educação que com et em esses

absurdos convencionais, no dizer de PI NKER ( 2004) : fat os negam os

princípios nos quais se paut am seus respect ivos discursos; cont udo, estes loci cont inuam a solapar o corpo.

“ Em prim eiro lugar, conhecer significa quant ificar. O rigor cient ífico afere- se pelo rigor das m edições. As qualidades int rínsecas do obj et o são por assim dizer, desqualificadas e em seu lugar passam a im perar as quant idades em que event ualm ent e se podem t raduzir. O que não é quant ificável é cient ificam ent e irrelevant e, Em segundo lugar, o m ét odo cient ífico assent a na redução da com plexidade, o m undo é com plicado e a m ent e hum ana não o pode com preender

com plet am ent e. Conhecer significa dividir e classificar para depois poder determ inar relações sist em át icas ent re o que se separou”

Boavent ura Souza Sant os ( 2005: 27, 28).

Vale ressalt ar a crít ica de Boavent ura Souza Sant os à desat enção para a redução de com plexidade39 que se est á com et endo, ao quest ionar o cient ificism o m oderno, cuj o pensam ent o é com provadam ent e dissem inado no que est am os est udando.

CLARK ( 1997)40 t raz um a m et áfora para m ent e ( e, enfat izando,

ent endam os m ent ecorpo, ou sej a, corponect iva) com o front eira líquida, vazant e e plást ica com / no m undo. Plast icidade no sent ido de m ult idirecionalidades e m ult ilocações dist endidas no dent rofora ( de corponect ivo e m undo) . A corponect ividade é, t am bém , com o m undo ( ou am bient e ou cont ext o) .

Vamos! Mais uma alongada ou... Bocejo largo, expandindo vocêcorpo tridimensionalmente. Ou... Am bient e é um conj unto de condições sociais,

físicas, m at eriais, cult urais, m orais, no ent orno de um a pessoa, ou coisa ou da cadeia falada ou das linguagens, recint o, espaço em que se está ou se vive ( HOUAI SS 2001: 183) . St even Rose ( 2005: 75) pensa “ am bient e” ( com aspas) , pois am bient e e gene (v. determinismos, p. 113) são sim plificações falsas. Segundo ROSE, exist em am bient es

em níveis variados. Um pedaço de DNA, por exem plo, t em com o am bient e, o rest o do DNA no genom a e o m et abolism o celular, água, enzim as, por exem plo. Um a célula t em com o am bient e out ras células. “ Para os organism os, o “ am biente” é const it uído pelo m undo

biológico e físico não qual se m ove – e, para os seres hum anos, t am bém o m undo social, cult ural, t ecnológico” ( ROSE 2005: 75) .

39 Vale se beneficiar da im portância elucidat iva que DAWKI NS ( 2001) oferece ao conceito de com plexidade: “ coisas” ( ou obj etos biológicos) com plexas têm het erogeneidade, m ult ipart ibilidade, qualidade ou proficiência em algo específico ( com o voar, ou inform ar as horas, por exem plo) . A aquisição destas qualidades seria, de acordo com DAWKI NS, altam ente im provável por m ero acaso. Os seres vivos que t êm m uit as part es const it ut ivas t êm proficiência, num nível bem geral, em m anterem - se vivos, o que é m uito trabalhoso.

40 Andy Clark é neurocientista, professor de Filosofia, dirige a cadeira de Lógica e Metafísica na Universidade de Edinburgo na Escócia. Foi diretor do Program a de Filosofia da Mente e deu aulas em universidades nos Estados Unidos.

Pinker ( 2002) am plia o t em a e t raz a noção de am bient e com part ilhado e am bient e único ou não com part ilhado. O prim eiro acont ece na fam ília e o segundo, onde cada m em bro da fam ília com part ilha out ros am bient es não com part ilhados por ela. Junt o a nos conhecerm os com o seres corponect ivos, est á nos conhecerm os com o sendo e est ando corponect ivos com o ent orno que, não est á só em volt a, nos perpassa com plet am ent e, m ult idim ensionalm ent e. Nossa corponect ividade é part e da corponect ividade do m undo.

(

Foto Gustavo Arraes ( 1986) .

www.prela.nexus.ao( 2007) .

( 2007) .

Corponect ivo t raça m apeam ent os ( com fronteiras que oferecem acesso) at ravés de seus próprios territórios/ textos/ sistem as e am biências. Necessário se faz refletir m ais as im plicações do conceit o m et afórico de m apeam ent o, para revisit ar e expandir nossa com preensão dos processos corporais. DAMÁSI O ( 2003) , LAKOFF e JOHNSON ( 2002) ent endem m apeam ent o com o um procedim ent o não passivo, feit o por est rut uras e sinais de várias partes do corpo, incluso o cérebro, porém , não som ent e por ele. A est rut ura de um

m apeam ent o se m ant ém dinâm ica, m esm o que um dado m apa se repit a, ou m elhor, sej a refeit o, ou reensaiado. Ele é sem pre alt erado num out ro, no t em po e no com port am ent o da cont ínua at ividade m otora do corpo ( inserido na front eira plástica com o ent orno) . Mapeam ent o t am bém t em um sent ido m at em át ico, no sent ido de um t raçado ent re espaços que preservam ângulos de intersecção. Um espaço entretecido no outro, assim são os ângulos corponect ivos, m at em át icas de front eiras plást icas, perm eáveis e com uns.

Com preender crianças, j ovens e adult os com o “ conhecim ent o

agora est ável” ( LAKOFF e JOHNSON 1999: 89, 90) sobre

m ent ecorpocérebro, poderá fazê- los perceber seu “ engaj am ent o físico

com o ent orno e um a cont ínua série de int erações” de raciocínio

im aginat ivo, inferent e e abst rat o. Dest e m odo, é possível dem onst rar a capacidade de responsabilidade, im provisação/ criat ividade que as pessoascorpos têm / são. As crianças, os j ovens e os adult os t êm o direit o à m obilidade, corpórea e espacial. A m obilidade para pensar, para saber, para conhecer- se e reflet ir, sem m edo de um a “ alm a penada” , de um a m ent e que com anda ou, o cérebro senhor do escravo corpo. Dela ( a m obilidade de pensam ent oação) nos fala o professor e sociólogo Zigm unt BAUMAN ( 1998: 94) em um a perspicaz e t rist e const at ação sobre a pouca liberdade de m uit os de poder escolher onde est ar, onde se m over: “ Todos nós est am os condenados

à vida de opções, m as nem t odos t em os os m eios de ser optantes” .

COMO MOVERMO- N OS CORPON ECTI VAMEN TE