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“ Educação de Artes com o passatem po e/ ou entretenim ento”

DA MÍ DI A

Est a t ese t raz um ent endim ent o de inform ação e m ídia enquanto corponectivas e m et afóricas. Nesse sent ido, inform ação não é um a coisa, é um a relação ( de t roca) .

Respire, toque seu pulmão e, sinta, pense, raciocine: ele sobe – desce, vai para cada lado, para frente e para trás. A respiração é um movimento tridimensional61. Est a m ensagem – e t udo o que est am os est udando

nest a t eseaula – só será m ensagem se você processá- la, elaborá- la, criar deduções, fizer induções... E... Respirar.

“ Mensagem é aquilo que o recept or devolve para o em issor”

( KATZ, Helena 2006, em sala de aula) .

Com unicação é aqui ent endida com o t roca de inform ação e, port ant o, se faz necessária a com preensão de est abilidade62,

parâm etro básico necessário para que haj a coerência63 nesse

61 Est a experiência cognit iva da t ridim ensionalidade da respiração foi corponect ada em curso de Linguagem não- verbal, São Paulo, ( 1993) , m inistrado por Monica Allende Serra, psicóloga, foi professora da Universidade Estadual de Cam pinas, é coordenadora pedagógica das Faculdades Metropolitanas Unidas de São Paulo. 62 Estabilidade ou perm anência é um dos parâm etros da Teoria Geral dos Sistem as, ciência do século XX que trata dos conhecim entos de cam pos do saber diversificados e suas relações com o am biente. O parâm etro de perm anência aplica- se a qualquer sistem a, por exem plo, ao sistem a educacional vigente ou a um a at ividade não com pet it iva de ensino. Qualquer sistem a no universo visa a perm anecer e/ ou a ser estável e, para tal, tenta diversas estratégias na coexist ência com o ent orno.

63 Coerência ( LAKOFF e JOHNSON 1984) é um a conexão que com bina, j unto com outra, algo que corresponde a outro algo.

processo, e, acuidade no em prego de m etáforas. O vínculo da pesquisa com um a propost a corponect iva e m et afórica de m ídia se dá com a de corpom ídia de GREI NER64 e KATZ ( 2005, 2003, 2002, 2001) . A corponect ividade e o procedim ento m etafórico se colocam com o hipót eses de am pliação do conhecim ent o de est ados e sit uações65 de um corpo para colaborar com a replicação do m em e corpom ídia. Essas autoras pensam o corpo com o m ídia de si m esm o e do am bient e no qual ele se insere, ist o é, descrevem os processos com unicativos que o corpo est abelece com seus próprios sistem as e com o am bient e. A corponect ividade ( em bodim ent) do corpom ídia é m ais do que receber inform ação/ sinal do am bient e e m odificar o am bient e. Acont ece um engaj am ent o t ransform ador com as organizações do corpo e essas ( re) organizações se refazem , ( re) organizando, t ransit ória e const ant em ent e, o am bient e. Corpom ídia cont a, com unica e se insere em discussões que se proj et am na própria dim ensão hist órica sobre corpo político, biopoder, bioética, corpo divino, corpo do rei, zoe (vida nua), bios (um modo de vida) corpo morto, corpo do louco, corpo selvagem, corpo sem órgãos, corpo virtual, corpo prótese, corpo extensão... Corpo. Entre outros corpos que som os, que m odelam os, que buscam os. Corpom ídia é m et áfora ( faz com unidade entre m ídiacorpocorpom ídia) . Out ra, que não é a de canal ( de t ransm issão de inform ação) . Nele, a inform ação é corpo.“ I nform ações passam a fazer part e do corpo de um a m aneira

bast ant e singular: são t ransform adas em corpo” ( GREI NER e KATZ

2005: 130) . Est a propost a é de um a beleza preciosa e libert adora: de que a inform ação não est á fixa em nenhum lugar, ela é relação de corpos, de obj et os, de m undos, de pensam ent os, em perm anent e estado de transform ação.

64 Christine Greiner é professora da Faculdade de Com unicação e Artes do Corpo e do Program a de Pós- Graduação de Com unicação e Sem iótica da Universidade Pont ifícia Universidade Cat ólica de São Paulo.

65 Estado e situação com o sinônim os de processo, com o m aneira para criar distinção de produto, de canal e de veículo.

Ret om em os a m et áfora da t ábula rasa... Corpom ídia propõe e efet iva out ra m et áfora. Não som os depósit os de inform ações, com o com part im ent os que as guardam . A art e, a com unicação, a hist ória, a vida se expõem nos corposm ídia. Olhem os para nossos alunos, para as pessoas, elas são corposm ídia com suas am biências, em bairros, desej os, angúst ias e reivindicações. São corposm ídia com livros que lêem , com m ídias que assist em e ouvem .

A singularidade das pesquisas de Greiner e Katz est á em proporem o est udo da cult ura/ nat ureza com o corpo. Com o um processo com plexo, dist int o da divisão que se faz ent re am bas. Nat ureza/ cult ura são ent endidas não com o algo que se transm ite ou se herda, m as sim com o sendo sist em as vivos que são acionados e acionam a cada m om ent o para dar sent ido às próprias vidas, ao corpo e ao m undo. As aut oras t ransit am com saberes da cult ura, das ciências cognit ivas e das art es e se j unt am a aut ores ( com o DAWKI NS, LAKOFF e JOHNSON, DENNETT, DAMÁSI O e BHABHA, ent re out ros,) que evidenciam a dist orção prej udicial que se faz ent re nat ureza e cult ura e que obviam ent e se reflet em nas m ídias e na educação.

DA MÍ DI A H Í BRI DA

Propom os m ais outra reflexão para corpom ídia enquant o híbrido das inform ações que se m ist uram nele.

“ Tais processos se const it uem especialm ent e a part ir de t rês cat egorias ant ropossociais fundant es e int erdependent es: o m igrant e, o m est iço e o abert o. A prim eira det erm ina a m obilidade e a m ont agem produt ivas ent re códigos e linguagens inim igas ou het erogêneas; a segunda t rat a de engast ar m osaicos de alt a com plexidade, oriundos das m ais diversas e divergent es cult uras, indo além de ident idades; a t erceira exacerba as relações entre

nat ureza e cult ura, ent re o dent ro e o fora, ent re a casa e a rua”

( PI NHEI RO in Húm us 2, 2007: 69)66.

Você consegue configurar sua árvore genealógica um pouco mais atrás que seus bisavôs? Você consegue saber a cor que corre no seu sangue?

CANCLI NI reflet e que hibridação é um nom e am plo, no qual cabe m est içagem , sincret ism o, crioulização, processos sociocult urais e genét icos, corpos, cult uras, t radições, t em po social, t em po cronológico ( nesse sentido, t em po real é híbrido) nos quais est rut uras ou prát icas discret as ( ou específicas) , em form as separadas, se com binam e geram out ras est rut uras. A noção de ident idade com o t raços fixos se m odifica; assim , de acordo com o ant ropólogo, é m elhor pensar/ agir em het erogeneidade. Hibridação t rat a de experiências e disposit ivos het erogêneos, díspares, da coexist ência deles. E precisam os, ent ão, saber e ent ender os processos de m ist ura int erpret á- los, dar- lhes sent ido.

A hibridação ( = hibridism o = m est içagem ) não é um processo de liberdade irrest rit a ou de indet erm inação. Nem t udo m igra ou se m est iça ou é abert o. Por isso devem os considerar um a das condições- chave de m onopólio da m ídia e da educação: a t ão propalada “ int egração das diversidades” (v. nota de rodapé 18, p. 22) com

seus eufem ism os polit icam ent e corret os de cor, credo, condição social, port adores de necessidades especiais, asiát icos ou afros- descendent es, por exem plo. Se m ant iverm os a analogia “ int egração das diversidades” com o sent ido de hom ogeneidade, de fusão, podem os considerar, com m uit a ênfase, que colaborarem os, agindo irresponsavelm ent e no m undo, no sent ido de prom over m uit o m ais exclusão. Cam ufla- se, nessa “ integração” , as singularidades e necessidades de cada aluno, seus processos cognit ivos corponect ivos,

66 José Am alio de Branco Pinheiro é professor com interesse nas linguagens das artes, da com unicação e da cultura na Am érica Latina. Dá aulas no Program a de Com unicação e Sem iótica da PUC/ SP e é professor- visitante na Universidade Federal da Bahia.

o híbrido, o corpom ídia, pois “ TODO MUNDO É DI FERENTE, MAS NÃO

MUI TO” . “ TODO MUNDO É DI FERENTE, MAS TOLERÂNCI A TEM

LI MI TES” . “ TODO MUNDO É DI FERENTE, MAS TEM QUE SE ADAPTAR

A UMA SÓ NORMA” .

“ Disciplinado num a sínt ese, o het erogêneo recai na universalidade hom ogênea, que t udo reconvert e à dim ensão do m esm o: o suj eit o soberano. Não se t rat a, pois, de “ int egrar” o est rangeiro, e ainda m enos, perseguí- lo, m as de acolhê- lo nest e inquiet ant e est ranham ent o que é t ant o o seu quant o o nosso” MATOS ( 2006) .