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O procedim ent o m et afórico t em um a caract eríst ica global, enquanto processo cognit ivo e com unicacional do corpo. Não obst ant e, as m et áforas e out ras figuras de linguagem t êm um carát er local. Variam em diferent es culturas, ou ( em out ras escalas) , em escolas, em bairros, et c. Esse at ribut o local nos cham a a at enção para a parcialidade da m et áfora. O significado de local não se rest ringe a ser de um lugar, m as diz respeit o t am bém às escolhas, ent re out ras, ideológicas. Ela é usada para est rut urar e focar apenas um a part e de um det erm inado conceit o. Com o signo, const it uído de m ediação, sem pre incom plet o, assim é a m et áfora (v. mediação, p. 64) .

Com o exem plo de m et áfora parcial, invest iguem os TEMPO É DI NHEI RO ( LAKOFF & JOHNSON 2002, 1999) . Os autores m ost ram que em nossa cult ura ( dit a ocident al) , o t em po é um bem valioso, um recurso lim it ado. Por isso, nosso m odo de proceder m et afórico faz

com que usem os verbosat it udes ( no t rabalho, no lazer, na vida) que se referem a dinheiro e/ ou às finanças, para falar dele ( de tem po) : – poupar t em po; ganhar t em po; perder t em po; desperdiçar t em po;

ter tem po de sobra;

dar o seu t em po; gast ar t em po; lucrar t em po; em prest ar t em po; aproveit ar ( lucrat ivam ent e) t em po.

At ent em os para out ro aspect o da m et aforização parcial de t em po, que se dá em relação a espaço. Tem po t am bém é ent endido/ sent ido com o algo que se m ove no espaço:

– a linha do t em po; o fluxo do t em po; a passagem do t em po; o t em po desse percurso das pesquisas; em algum lugar do passado;

olhe para frent e, para o seu fut uro; esqueça t udo que ficou para t rás;

o tem po voa.

Met afórico não é ser out rem , é est ar no lugar de, refere- se ao em prego de algo em t erm os de out ro algo ( LAKOFF e JOHNSON 2002 e 1984) . Por est a razão, devem os t er consciência que o procedim ent o m et afórico não é um ornam ent o da linguagem verbal, m as sim um aparat o cognit ivo independent e da nossa escolha, fat o que não nos redim e da responsabilidade para com as m et áforas que colocam os no m undo. Elas não são inevitáveis, com o é o procedim ent o m et afórico do corpo, e podem im plicar em m ascaram ent os e desent endim ent os dos sist em as corponect ivos com o, por exem plo, a m et áfora do fant asm a na m áquina (p. 48) , a da t ábula rasa, a da adult ização da

criança, ou, t am bém , a aquiescência ao designado de darwinism o social (v. competição, p. 138) e a cum plicidade com o “ t udo é assim

m esm o” (v. determinismos, p. 113), por exem plo. A quest ão que se im põe

é a de que é im possível deixar de usar oxím oros58, personificações ou m etáforas. O problem a é com o usá- las, quais usar.

estudam os.

58 Um oxím oro “ Trata de um a figura concentrada em que se relacionam duas

palavras antônim as, com a finalidade de tentar conciliar conceitos contraditórios, pensam entos que se excluem m utuam ente” ( FARACO e MOURA 2003: 584) . Na

DA EDUCAÇÃO E DA M Í DI A

A t eseaula t em dit o que, quando se pensa nos am bient es m idiát icos e educacionais com o part e im port ant e no processo de aquisição de conhecim ent o, educação e em ancipação, fica claro que os com unicadores desses am bient es poderiam auxiliar a alt erar com port am ent os obsolet os, inadequados, ditatoriais. O processo com unicat ivo no ensino perm anece com prom et ido, ineficaz e m assacrant e, no que diz respeit o ao corpo que aparece em program as de TV, panflet os, outdoors, revist as, et c. Por conseguint e, precisam os abordar duas m et áforas ont ológicas abrangent em ent e dissem inadas: a m et áfora do canal ( Michael Reddy in ORTONY 1995,

The conduit m et aphor) e a m et áfora de corpo com o recipient e

( LAKOFF e JOHNSON 2003, 1984) .

É com a m et áfora do canal que a m aioria da m ídia e educação ent endem e fazem com unicação. Com a idéia de ENVI AR por um canal, palavras, e, dent ro delas, coisas, sabonet es, m odos de vest ir, m em es, corpos, violência, períodos art íst icos, bacia hidrográfica, com pet ição fé, cartão de crédit o, globalização – sem , freqüent em ent e, at ent ar para o corpocont ext o. Michael Reddy ( 165 – 189) diz que a linguagem ( verbal) funciona com o um condut o, t ransferindo pensam ent os de um a pessoa a out ra. Corpospessoas escrevendo ou falando inserem cont eúdos ou sent im ent os nas palavras e essas ( as palavras) executam a t ransferência por cont ê- los

perceber o procedim ento m etafórico do oxím oro: “incêndio nos m ares de água disfarça do, rio de neve em fogo convert ido”. O poet a descreve seu prant o ao estar distante da am ada. I m portante aqui relem brar as figuras de linguagem :

ALI TERAÇÃO, AMBI GÜI DADE, ANACOLUTO, ANADI PLOSE, ANÁFORA, ANÁSTROFE OU I NVERSÃO, ANTÍ TESE, ANTONOMÁSI A, APÓSTROFE OU I NVOCAÇÃO, ASSÍ NDETO, CATACRESE, CLÍ MAX OU GRADAÇÃO, COMPARAÇÃO OU SÍ MI LE, ECO, ELI PSE, EUFEMI SMO, HI PÁLAGE, HI PÉRBATO, HI PÉRBOLE, I RONI A, METÁFORA, METONÍ MI A, ONOMATOPÉI A, PARADOXO OU OXÍ MORO, PARONOMÁSI A, PERÍ FRASE, PLEONASMO OU REDUNDÂNCI A, POLI SSÍ NDETO, PROSOPOPÉI A ou PERSONI FI CAÇÃO OU ANI MI SMO, REPETI ÇÃO OU REDUPLI CAÇÃO, SI LEPSE, SI NÉDOQUE, SI NESTESI A, TROCADI LHO, ZEUGMA.

( os pensam ent os e sent im ent os) e carregá- los para outras pessoas. As pessoas que as recebem , ext raem , ent ão, delas, os cont eúdos e/ ou sent im ent os. Tal const at ação im plica, de acordo com REDDY, em : “ 1– pensam ent os e sent im ent os são ej et ados pela fala ou pela

escrita num espaço idéia externo; 2– pensam ent os e sent im ent os são reificados ( coisificados) nesse espaço ext erno, ent ão eles exist em independent es de qualquer necessidade de seres vivos hum anos de pensá- los ou sent i- los: 3– esses pensam ent os e sent im ent os reificados podem ou não podem , encont rar seu cam inho de volt a dent ro da cabeça de seres hum anos” ( 170 – 171) . Já que pensam os

que capt uram os idéias dent ro das palavras... E se não houver idéias

nesse fluxo sem fim das palavras? REDDY reflet e que: “ o que est am os refazendo é o m it o de Babel” ( 188) .

A m et áfora do canal t raz com ela um a posição, vigent e, de dom inação hierárquica, pois alguém que dom ina o saber, o t ransm it e, e/ ou o transfere para out rem , escolhido para ser receptor. Gera a noção de que a com unicação é aut om át ica, ao invés de um conj unt o de inform ações que se t ransform am , que são elaboradas em sem ioses de transform ação. “ Saber que ensinar não é t ransferir conhecim ent o, m as criar possibilidades para a sua própria produção ou a sua const rução” ( FREI RE 2005: 49) .

A m et áfora do corpo recipient e aparece de vários m odos. I nclusive j unt o à m et áfora de canal e à m et áfora espacial ( ou orient acional) .

“ A idéia que a m em ória é um lugar, que conceitos são coisas,

locadas em algum lugar, ou que conhecim ent o é capt urado, arm azenado e dissem inado” ( CLANCEY 1995: 344)59.

Essa qualidade m et afórica ( dissem inada com o se fosse por um canal) de ent endim ent o de corporecipient e im põe um a com preensão univet orial de corpo, com o o que recebe t udo pacificam ent e, que

59 William J, Clancey é cientista da com putação, especializado em int eligência

artificial e preocupado em distinguir pessoas de program as de com putador. Faz trabalhos de sim ulações no Centro Espacial de Houston/ EUA.

pode ser consum ido e consum ir, const ruído, t rocado, m udar “ com plet am ent e” . O cham ado m it o ( m et afórico) da t ábula rasa ( PI NKER 2004, 2002) expressa o corpo com o sendo recept áculo. O autor esclarece que a expressão é at ribuída a John Locke, filósofo em pirist a ( 1632 – 1704) , em bora ele usasse “ papel em branco” . John Locke quest ionava a t eoria das idéias inat as e foi bast ant e radical ao propor que reis ou senhores de escravos, por exem plo, não eram inat am ent e “ m ais providos” que out ros indivíduos. Ent ret ant o, Pinker alerta para a repercussão secular dest e m it o m et afórico e é possível inferir seus danos ao replicar, via am bient es m idiát icos e educacionais, que um corpo é “ em branco” , que pode ser “ preenchido” e ser anexado com discursos e em blem as.

Com o se conform ar com corpos dóceis que possam ser circunscrit os, com o apont ou Foucault ? Com o, ent ão, se sabem os corpoprocesso corporelação, corpoestado, corponect ivo, aceitar, Preste bem atenção que tudo é

para o bem de vocês. Vou ensinar tudo o que vocês precisam. Assim será o caminho, numa doutrina única que marcará as suas vidas.

Ser um bom aluno é prestar bem atenção e guardar bem guardadinho na memória. Muito bem!

Professora em aula de História. Anápolis/ GO, ( 2002) .

“ receber” a ut ilização polít ica- ideológica dest as noções est át icas, aparent em ent e im ut áveis? (v. temas essencialistas, p. 121) . Essas

proposições daninhas fazem do corpo um a ent idade abst rat a60, dependent e de um recheio de “ cont eúdos” ( pat ernalism o, rest rição de m ovim ent os, padronização de com port am ent os sociais, ent re out ros) , que se expressam em “ form as” ( operações de m odificação do corpo, ginást icas e m odos de vest ir- se) . I m possível aceit ar que corpo é t ábula rasa! De fat o, vivenciam os as experiências sensório- m ot oras de engolir, de receber, desde nossos desenvolvim entos em brionários. Porém , corporecpt áculo t em um a parcialidade incorret a, pois ele, além de engolir, m am ar, chupar e sorver ( ações que “ t razem ” para o corpo, no ent endim ent o de alguns) , ele expele. E, para não acent uar apenas um a inversão, o corpo operacionaliza o processo de m et abolização, o qual é am plam ent e com plexo, com seus sist em ascorpo que m ant êm funções vit ais se int er- t ransrelacionando em inform ações e t ransform ações m ut áveis, flexíveis, const ant es, em um ent re m am aengoleexpeleexpira.

Em m últ iplas vet orialidades de saberes, professores e profissionais das m ídias exercem um a falt a de post ura e educação crít icas, ( des) ensinando aos alunos, via canal e recept áculo, de um m odo tristem ente desassociado ent re ação e pensam ent o, o que é im próprio ao corpo:

“ influência absoluta” ; “ teoria aplicada” ;

“ razão universal” ; “ história com o m em ória” ;

60 Em diversos relat os de j ovens, de crianças e de adult os, em revist as, j ornais televisivos, podem os constatar expressões com o: “ Eles decidem ” ( talvez os polít icos, os professores, alguém ) , “ Descobriram ” , “ Fazem ” , “ Abusaram ” , “ I nvadiram ” . O suj eito indeterm inado é presente no cotidiano do aluno de m aneira a não auxiliá- lo no desenvolvim ent o de um a responsabilidade filosófica, polít ica e social. Essa lacuna, quando adulto, praticam ente o exim e de atitudes assertivas.

“ agora é hora de pensar” ; “ agora é hora de

brincar” ;

“ aula teórica” , “ aula prática” ;

“ Educação de Artes com o passatem po e/ ou