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O índice econômico geral do estado corresponde a 0,643, o que lhe atribui classificação Média, porém chegando muito próximo à faixa Média Baixa (que começa em 0,624). Com 0,019 pontos a menos, o estado entraria na faixa alaranjada, o que traduziria uma situação preocupante. Isso ocorre porque, embora tenhamos 79 municípios com classificação Média Alta ou Alta, temos, de outro lado, 61 municípios com índice econômico Baixo, 62 com índice Médio Baixo e 91 com índice Médio, de modo que a média geral tende mais ao vermelho que ao verde.

Em relação às mesorregiões, podemos perceber no Mapa 6 que as melhores colocações continuam sendo das tradicionais líderes no campo econômico: Vale do Itajaí e Norte Catarinense. Além destas, a Região Sul, com exceção da microrregião do Extremo Sul, também apresenta número significativo de municípios com elevado grau de desenvolvimento econômico. Em termos de microrregiões, as mais prósperas são Blumenau, Itajaí e Joinville, respectivamente.

Afora isto, o que percebemos no Mapa 6 são algumas ilhas de prosperidade econômica ao longo da mesorregião Oeste, que correspondem, sobretudo, aos polos regionais, como é o caso de Chapecó, Campos Novos, Joaçaba, Concórdia, entre outros. Também temos algumas raras exceções de prosperidade nos Planaltos Norte e Serrano, como é o caso de Lages, Mafra e Itaiópolis. Destacam-se, ainda, alguns pequenos municípios de característica monoindustrial, a exemplo de Otacílio Costa ou, ainda, pequenas municipalidades sem expressão econômica, mas que receberam grandes obras públicas como barragens e rodovias, que alavancaram suas economias, ao menos temporariamente.

Já no polo econômico mais deprimido, é dramática a situação dos Planaltos Norte e Serrano e do Extremo Oeste Catarinense, além da região da Encosta da Serra Geral. Dos 61 municípios mais deprimidos economicamente, 33 (54%) estão no Oeste e 16 (26%), na mesorregião Serrana. No entanto, se considerarmos que a Mesorregião Serrana tem apenas um quinto do número128 de municípios do Oeste, saberemos que a Serra está muito pior colocada que o Oeste tendo em vista que o baixo dinamismo econômico aí é praticamente generalizado.

Alguns estudos produzidos por outros autores relatam a crise das bases econômicas dessas regiões e explicam, ao menos em parte, os baixos índices encontrados:

• O Planalto Norte, que tem sua economia baseada na indústria moveleira, sobretudo, para exportação129, vem sofrendo, desde 2005, com a valorização do real frente ao dólar. A influência cambial trouxe enormes prejuízos à cadeia moveleira resultando em drástica redução das horas trabalhadas e demissões em massa130. (VERAS, 2012). A crise moveleira somada à fraca diversidade econômica da região e a inexistência de grandes centros dinamizadores (já que as principais cidades são de pequeno porte) contribuem para um baixo grau de sustentabilidade econômica na região;

• A Região Serrana, caracterizada pela média e grande propriedade pecuária e extrativista (Costa, 1982), sofre as tendências da concentração da produção e da renda, típicas de territórios latifundiários. Como consequência, o Planalto acabou se configurando como uma região de baixa diversidade de atividades comerciais (que só existem nas cidades-polo de Lages, São Joaquim e Curitibanos) (Mattei, 2012). A região viveu, ainda, a crise do ciclo pecuário e da madeira e seus derivados nas décadas de 1970 e 1980, retomando este último, mais recentemente, por meio da indústria de papel e celulose (Mattei, 2012), que, embora seja muito competitiva nacionalmente, preserva a característica de concentração do capital nas poucas indústrias e latifúndios que produzem e transformam a madeira. Os índices de pobreza, demonstrados a seguir, denunciam que a riqueza produzida pelo setor secundário, de fato, permanece concentrada;

• Quanto aos pequenos municípios de base rural da Encosta da Serra Geral (que abrangem partes das mesorregiões Sul e Grande Florianópolis), percebemos as consequências deixadas pela crise do cultivo verticalizado do fumo, ao qual grande parte das famílias foram integradas durante o processo de modernização agrícola ao final da década de 1960 (ANDION, 2007). Além disso, percebemos o “isolamento relativo” dos municípios que estão “fora de qualquer eixo viário importante, além de contar com estradas precárias e com deficitária estrutura de comunicação”. (SCHMIDT; SCHMIDT; TURNES, 2003 apud ANDION, 2007, p. 287);

• No Extremo Oeste, o ciclo agroindustrial com a produção de suínos casada com a produção de milho demonstrava boas perspectivas para o agricultor. Porém, essa atividade deixou de ser promissora em anos recentes. A redução do número de

129 Cerca de 80% da produção moveleira é escoada para o exterior. (VERAS, 2012).

130 Foram 2.000 demissões apenas entre os anos de 2005 e 2006, passando de 9.000 para 7.000o número

produtores e a concentração de empresas com o fechamento das pequenas unidades industriais, sem capital para acompanhar o processo de modernização, contribuíram para o aumento de desempregados e para o êxodo rural. As condições estruturais precárias de ligação do Extremo Oeste com o restante do estado também são vistas como gargalos do seu desenvolvimento econômico. (BAVARESCO, 2003).

Assim, apesar de algumas ilhas de maior prosperidade econômica, o mapa da economia catarinense não se mostra tão animador quanto se faz parecer em determinados discursos políticos, de modo que se reforça a noção de crise do modelo catarinense de desenvolvimento abordada no capítulo inicial deste trabalho por autores como VIEIRA, 2002; VIEIRA et al., 2009; VIEIRA et al., 2010; VIEIRA; CUNHA, 2002; CUNHA, 1999; MICHELS, 2001; MATTOS, 1973;1986; LISBOA, 1985; MUSSOI, 2002; LINS, 2000; MONTIBELLER, 1991.

As propriedades latifundiárias e a tendência de concentração e sucessivas incorporações, sobretudo das pequenas unidades produtivas, têm se tornado comuns na maior parte das regiões apontadas como economicamente deprimidas pelo IDMS. Esse processo emite fortes sinais de que o idealizado modelo de desenvolvimento catarinense, baseado na pequena produção, vem se assemelhando, crescentemente, ao modelo de desenvolvimento brasileiro. Conforme destaque Andion (2007, p.169):

Observa-se, nas duas últimas décadas, uma transição na trajetória de desenvolvimento do Estado. [...] Vários estudos têm sido feitos, visando compreender melhor essa mudança que reflete certa convergência [do modelo catarinense] com o modelo brasileiro de desenvolvimento. (ANDION, 2007, p.169).

A análise do mapa do “Dinamismo Econômico” (Mapa 6) no estado se mostrou bastante coerente em relação ao mapa da pobreza (Mapa 7), expressa pela variável “Percentual de Domicílios em Situação de Pobreza”, que é composto pelo percentual dos domicílios onde a renda mensal, seja formal ou informal, não passa de R$ 140,00 per capita. Sendo assim, observa-se que, as regiões mais pobres são aquelas menos dinâmicas economicamente. Apesar de os índices de pobreza não serem exorbitantes no estado quando comparados ao restante do país (comparação que não é o propósito desta análise), este indicador é capaz de mostrar com muita clareza onde estão os focos de pobreza em nosso estado, oferecendo um indicativo muito importante ao objetivo de desenvolvimento regional equilibrado presente no Plano Catarinense de Desenvolvimento, citado na introdução deste trabalho.