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Fonte: Fecam, 2012.

Em relação à economia de serviços, medida pela variável Evolução do ISS nos

municípios, o cenário é positivo. A média de crescimento anual entre 2008 e 2010 é de

aproximadamente 13,80%135. Enquanto 50 municípios (21%) tiveram decréscimo de arrecadação no triênio, 231 (79%) cresceram positivamente e 166 (57%) cresceram acima da média estadual. O crescimento foi maior no ano de 2010, quando os municípios começarem a se recuperar da crise de 2008.

O crescimento da arrecadação de ISS no estado pode estar demonstrando os seguintes processos136: (1) que os gestores públicos municipais estão exercendo mais efetivamente a sua competência tributária, que envolve a cobrança deste tributo; (2) que os crescimentos exorbitantes apresentados por alguns municípios são decorrentes de obras públicas externas à sua economia, mas que lhe causam grande impacto positivo, como é o caso dos municípios de Sangão, Treze de Maio e Jaguaruna, que possuem economias pouco expressivas, mas estão sendo cortados pelas obras da BR-101 Sul; (3) e que estamos vivendo um processo de transição onde o mercado de serviços passa a ampliar seus

135 Os dados de arrecadação de ISS foram retirados da base de dados da Secretaria do Tesouro Nacional.

No entanto, alguns municípios não responderam à base todos os anos. Quando isso ocorreu foi utilizado o valor arrecadado do último ano disponível. Isso ocorreu com 4 municípios e, por conta disso, não se pode dizer que a média de crescimento está exata.

136 A impossibilidade de calcular esta variável por porte populacional aumenta muito a necessidade de

espaços na matriz econômica do estado, o que, se confirmado, é muito positivo para a sustentabilidade catarinense, tendo em vista que a economia de serviços tende a ser mais limpa e mais abundante em inteligência do quem em recursos naturais e degradação.

A economia de serviços é o cerne da “economia da abundância”, defendida por Deheinzelin (2009) na introdução deste trabalho, e pode ser o caminho para a formação de uma matriz econômica mais sustentável, já que alguns vieses do nosso sistema produtivo como a agroindústria, o extrativismo e as commodities, nos cobram um custo ecológico muito alto, sobre o qual ainda não adquirimos a devida consciência.

Em relação aos municípios que alavancaram suas economias com base em obras públicas, ressaltamos o baixo grau de sustentabilidade destas situações, já que o seu fim gera decréscimos sobre o emprego, a renda, o consumo e diversas outras dimensões. A unidirecionalidade econômica, em nenhum cenário, se configura como estratégia sustentável. A única exceção é quando essas obras trazem continuam rendendo depois, como é caso de uma obra que continue demandando mão de obra no pós-término ou que atraia outros investimentos para o local, por exemplo.

Complementando esta visita à economia de serviços em Santa Catarina, analisamos o ISS per capita dos municípios catarinenses em 2010, de modo a observar esta matriz por outra ótica.

Neste ínterim, percebemos que a média estadual era de R$ 119,00 por habitante, sendo que grande parte desta arrecadação estava concentrada em 55 municípios com mais de R$100,00 per capita. Enquanto municípios como São Francisco do Sul, Imbituba e Florianópolis arrecadam mais de R$ 300,00 por habitante/ano, mais da metade dos municípios catarinenses (60%) não chegava a R$ 50,00 habitante/ano em 2010.

Noventa e dois municípios, um terço do estado, arrecadaram menos de 30,00 habitante/ano. Enquanto o mapa de evolução mostra crescimento nas cidades pequenas, o mapa de arrecadação per capita só está verde nas grandes cidades, evidenciando a concentração deste setor nos centros urbanos e demonstrando que a diversificação da matriz econômica, tão cara à sustentabilidade, ainda restringe-se aos polos regionais, enquanto os municípios menores prosseguem baseados no setor primário (agropecuária) e, algumas vezes, no secundário (indústria).

Quanto aos gráficos relacionados ao PIB, que observa o conjunto da economia, as fotografias são mais otimistas. Há municípios bem classificados em todas as regiões, demonstrando que há produção de riqueza por todo estado (lembrando que produção e distribuição não se confundem). Tanto a Evolução do PIB no último triênio

quanto o PIB per capita têm índices “Alto” distribuídos por todas as regiões, como podemos observar nos Mapas 9 e 10.

No entanto, analisando por outro ângulo, verificamos, a partir do cruzamento dos dados do “PIB per capita” com os dados de “Domicílios em Situação de Pobreza”, que a relação das variáveis é fraca. O coeficiente de correlação foi igual a 0,25. Isso nos mostra que o aumento dos valores do PIB não se reflete, necessariamente, em aumento de renda para a população, já que, nem sempre, as municipalidades com alto PIB estavam livres de pobreza e miséria. Resgatando as palavras de Sachs (1986):

Desse ponto de vista, um elevado índice de crescimento pode coexistir com uma dinâmica “perversa” de desenvolvimento, construído por meio da desigualdade social e da deterioração progressiva do substrato biofísico da vida social e da capacidade de autodeterminação e iniciativa criadora das comunidades. Ao mesmo tempo, a poluição gerada pela miséria exprime uma dimensão particularmente virulenta da degradação do meio ambiente biofísico e construído (Sachs, 1986ª e Sigal, 1977 apud VIEIRA, 2001).

Os dois maiores PIB per capita estão nas cidades portuárias de São Francisco do Sul e Itajaí, com taxas de R$ 82.984,07 e R$ 63.170,75 per capita, respectivamente. Entre os 50 melhores colocados predominam as mesorregiões do Oeste e Vale do Itajaí, que, junto com o Norte, são as regiões mais dinâmicas economicamente no estado. As cadeias produtivas agroindustrial e têxtil, respectivamente, são as principais responsáveis pela produção de riqueza nestas regiões.