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Índices de níveis de maturidade de governo eletrônico

CAPÍTULO 2 REVISÃO DA LITERATURA

2.3 Modelos de medição e indicadores de desempenho

2.3.4 Índices de níveis de maturidade de governo eletrônico

O nível de maturidade de um programa de governo eletrônico reflete o estágio de desenvolvimento dessas aplicações. Para Diniz e Barbosa (2004), as aplicações de e-gov disponíveis nos websites governamentais na Internet representam importante manifestação

das políticas de governo eletrônico. Pode-se dizer que o nível de oferta de serviços públicos eletrônicos voltados para os cidadãos e para as empresas nesses websites é um forte indicador do grau de aderência das políticas, com a capacidade de implementação de soluções de e-gov em um dado país. O nível de desenvolvimento dessas aplicações torna- se, portanto, importante elemento para o entendimento do foco das políticas de governo eletrônico e do estágio de evolução em que estão os governos.

Em pesquisa conduzida pelo United Nations Development Programme – UNDP em 2004, dos 191 países monitorados, 178 haviam empreendido iniciativas de governo eletrônico sob a forma de presença na Internet por meio de websites governamentais, mesmo que somente no provimento de informações institucionais (UNDP, 2004).

A taxa de adoção e de crescimento dos programas de governo eletrônico, segundo a ONU, é acelerada, todavia com resultados extremamente heterogêneos, revelando níveis de maturidade ou estágios evolutivos muito distintos. Ainda que adotem critérios, definições e premissas de indicadores muito diferentes para o estabelecimento do nível de maturidade em um país ou região, existem, atualmente, índices universalmente aceitos para medir o nível de maturidade de programas de governo eletrônico dos países. Desde 2001, organizações internacionais os têm utilizado com o objetivo de avaliar e comparar seu progresso no mundo, sendo os mais comuns os índices divulgados pela ONU (cobrindo 191 países), os da Brown University (cobrindo 198 países), e o da Accenture (cobrindo 22 paises). Elaboraram-se esses índices com o objetivo de classificar os países ou regiões em estágios evolutivos e de criar uma escala de benchmarking que possibilitasse comparar a posição de um pais em relação a outros: sintetizam-se os critérios gerais de avaliação no

Quadro 7, a seguir.

Embora West (2005) afirme que não exista na literatura uma definição homogênea sobre o conjunto de indicadores ideal para medir o desempenho de um programa de governo eletrônico, a decomposição em sub-indicadores dos índices divulgados pela Accenture, ONU e Brown University convergem-se em muitas dimensões. Alguns desses índices adequam-se mais à realidade de países social e tecnologicamente desenvolvidos, outros para países em estágio sócio-econômico menos favorecido.

Nações Unidas (ONU)

A ONU criou um relatório chamado “The Global E-Government Readiness Report” – Relatório de Prontidão para o e-gov, que avalia todos os seus 191 países membros a partir de um conjunto de indicadores que analisam os portais governamentais na Internet, a infra-estrutura de telecomunicações, e as capacidades dos recursos humanos disponíveis em cada país. Utiliza também um índice de participação eletrônica do cidadão, capaz de medir o modo que os cidadãos estão engajados no uso de serviços públicos eletrônicos e no processo de construção de políticas públicas.

Brown University

O relatório anual de políticas públicas da Brown University mede e compara os programas de governo eletrônico e a entrega de serviços públicos eletrônicos em 198 países, em 10 regiões do mundo. Foca as funções cruciais dos governo,s como: saúde, recursos humanos, finanças e educação, a fim de avaliar a disponibilidade de informações, a entrega de serviços eletrônicos e sua acessibilidade pela sociedade.

Accenture A pesquisa da Accenture foca a liderança em e-gov e utiliza metodologia própria para avaliar o progresso dos programas de governo eletrônico em 22 países. A partir de uma análise voltada para a presença on-line dos governos na Internet, a Accenture avalia critérios que vão desde a simples presença na Internet para prover informações, passando pela oferta de serviços públicos eletrônicos interativos, até um modelo de transformação de serviços multicanais focados no cidadão. Avaliam-se a extensão e profundidade dos serviços eletrônicos, a integração multi-agências, e os serviços de relacionamento com o cidadão visando customização e personalização de serviços.

Quadro 7 – Comparação dos critérios dos índices de maturidade.

Fonte: GOL (2006).

O índice de nível de maturidade criado pela ONU é o mais referenciado na literatura. Segundo ele, o estágio de presença do governo na web define o nível de maturidade da presença on-line das agências governamentais, podendo variar de 1 a 5. O nível de maturidade 1 representa presença emergente do governo na web, para fornecimento de informações para o público usuário geral, para publicidade e para promoção do governo e seus serviços. O nível 2 representa uma presença avançada, já que serviços on-line são providos, informações e documentos armazenados em bases de dados governamentais acessíveis por mecanismos de busca. O nível 3 representa uma presença interativa do governo na Internet, que possibilita às agências governamentais oferecerem serviços on- line interativos, caracterizados pela possibilidade de comunicação com o governo por meio de canais virtuais na Internet e de troca de informações entre o governo e o usuário, tais como download de documentos, formulários eletrônicos etc. O nível 4 representa uma presença transacional do governo, possibilitando que os usuários realizem transações on- line, como pagamentos de impostos, solicitação de declarações etc. O nível 5 representa a presença virtual do governo e suas agências interligadas em rede; os serviços são identificados pela sua orientação à coleta de informações dos usuários e são desenvolvidos para ajudar o governo a conhecer mais suas necessidades, suas expectativas e seus interesses, e para dimensionar adequadamente os serviços.

Schedler et al. (2004) consolida esses cinco níveis de maturidade em apenas três níveis: informação (englobando o nível 1), comunicação (englobando os níveis 2 e 3) e transação (englobando o nível 4), desprezando o nível 5 do modelo apresentado pela ONU (2003). O conjunto de indicadores de desempenho do modelo proposto por esses autores é puramente quantitativo e mede a existência de funcionalidades nas diversas aplicações, conforme o

Quadro 6, não capturando a percepção dos cidadãos em relação ao desempenho do

governo eletrônico.

De uma forma geral, há uma convergência conceitual quanto à definição de nível de maturidade, visto que este se relaciona ao estágio de integração e níveis de desenvolvimento da oferta on-line de informações e serviços públicos eletrônicos pelos quais o e-gov manifesta-se. O nível de maturidade de um programa de governo eletrônico em determinado país é considerado baixo quando o governo possui apenas uma presença no ambiente virtual; médio, quando oferece serviços interativos; ou alto, quando oferece serviços transacionais ou em rede. Para Fountain (2001), um programa de governo eletrônico pode ser avançado, com alto nível de maturidade, quando conseguir materializar o conceito de estado virtual, situação em que o governo é organizado por meio de agências virtuais, por serviços integrados e interativos, e em que relacionamentos inter-agências e entre governo e sociedade são apoiados por redes público-privadas, cujas estruturas e capacidades dependem da Internet e de aplicações web específicas.

Para Heeks (2002) e Fountain (2001), o nível de maturidade é resultado de forças que atuam sobre o setor público, levando-o à implementação de estratégias de governo eletrônico, as quais provêm de pressões do ambiente externo, para que o governo realize cada vez mais transações no ambiente virtual, para promover reformas da gestão pública e para o aumento da sua eficiência. Para Pavlichev e Garson (2004) e UNDP (2004), essas forças pressionam os governos a fim de que aumentem sua accountability, transparência, capacidade de gestão financeira e mecanismos de participação democrática e de controle social.

2.3.5 Oportunidades para incorporar a perspectiva do cidadão nos modelos