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A última ação do GEACE: I Simpósio Nacional para Computadores Eletrônicos

238 Ne hu àdosàe ge hei osàse eà aisàaoàIBGE,àe o aàTODO“à o ti ue àaàe e e àfu ç esà ela io adasà

com a manutenção de equipamentos eletrônicos, em companhias particulares. A conservação dos equipamentos, hoje em dia, é realizada por técnicos de nível médio, formados pelo antigo CPD, através de cursos ministrados em 1961 e 1962 no Brasil. Tais técnicos deveriam tão somente executar tarefas auxiliares, segundo o esquema traçado àquela época. (...) alguns desses técnicos abandonaram o Serviço Nacional de Recenseamento, deslocando-se para companhias particulares. (FLANZER, 1968, p.98)

166 Co oào se ouàu à e oàai daàe àoutu oàdeà ,à seàoàp ojetoàatualàdoàIBGEà falhar por falta de um correto planejamento, o fracasso do sistema comprometeria fu da e tal e teàosàp p iosào jeti osàdoàGEáCE. 239 Com os problemas públicos, a atuação do GEACE esvaziou-se, ao ponto de seus membros procurarem a imprensa para se queixarem sobre as dificuldades. Enquanto o Jornal do Brasil lamentava o país possuir apenas dois e osà elet i os à dosà i oà ilà e iste tesà oà u do,à poisà pode iaà i o po a à imediatamente 14 dessas máquinas de médio porte240, o Correio da Manhã, em uma matéria i tituladaà Faltaà ai daà aoà B asilà u aà e talidadeà deà auto aç o ,à desta a aà oà pou oà conhecimento que o comércio e a indústria demonstravam sobre o GEACE, assim como que o g oà a e eà deà apoioà pa aà o te à ju toà sà auto idadesà asà e ess iasà fa ilidadesà pa aà i po taç oàdoàe uipa e to .241

Apesar dos esforços em divulgar as atividades do órgão, que incluíram a presença de José Cruz Santos, Theodoro Oniga e Geraldo Maia em um programa da TV Tupi em 07.04.1960242, foi perceptível o processo de desarticulação do GEACE. Havia por parte do grupo o reconhecimento de que suaàe ist iaàde e iaàse à u ta ,àpassa doàsuasàat i uiç esà ao CPD de Governo e ao Conselho de Desenvolvimento.243 Porém, a questão não ficou clara sobre até quando o GEACE deveria ser mantido em funcionamento. Após junho de 1960, apenas cinco reuniões ocorreriam, sendo que a última em 17.02.1961.

Ainda assim, em meio a incertezas, o GEACE ainda foi capaz de articular a organização do primeiro evento de Informática no país, o I Simpósio Nacional de Computadores Eletrônicos. A proposta surgiu em agosto de 1960, quando os membros do GEACE debatiam a ideia de realizar um grande evento com conferências e exposições de equipamentos de computação244, de maneira a aproximar o público especializado e permitir que as empresas pudessem exercer sua propaganda, através de demonstrações dos computadores ao público em geral. Tratava-se de uma ambiciosa tentativa de constituir um espaço de debate de

239 16.ª Sessão do GEACE em 02.10.1959. 240 Jornal do Brasil 23.03.1960.

241 Correio da Manhã 06.03.1960.

242 Relatório do GEACE ao Conselho de Desenvolvimento em junho de 1960. Arquivo Nacional. 243 Relatório do GEACE ao Conselho de Desenvolvimento em junho de 1960. Arquivo Nacional. 244 38º Reunião do GEACE em 12.08.1960.

167 experiências e saberes em âmbito nacional, além de obviamente dar visibilidade às atividades do GEACE. O local e data escolhidos para sediar o evento foi o Ministério da Educação, que cedeu seu auditório e o saguão principal, entre os dias 02 e 09 de abril de 1961. A expectativa doàGEáCEàe aàat ai àespe ialistasàest a gei os,àp o u a doà o tata àasàe ai adasà so eàaà possível vi daàdeà ele e tosàdeà e o eàpa aàpa ti ipa à doà“i p sio ,àoà ueà passouà aà se à divulgado pela imprensa como um grande atrativo ao evento.

Não há muitos detalhes sobre a organização do evento, já que as reuniões do GEACE se mostravam irregulares, se comparadas às do primeiro semestre de 1960. O que foi possível apurar é que Geraldo Maia, na qualidade de secretário-executivo do GEACE (José Cruz Santos havia sido reformado ao final do governo JK), foi o principal entusiasta e se tornou o presidente do Simpósio. Embora contasse com o co-patrocínio do CNPq, as contribuições de empresas, tanto fabricantes quanto usuárias de computadores, demonstraram ser essenciais para o sucesso do empreendimento. Cada empresa participante contribuiu com Cr$100.000,00 – em contrapartida, o GEACE agilizaria os trâmites de importação de máquinas a serem trazidas para demonstração no evento (o que gerou atritos com a CACEX). Certamente para IBM, Burroughs e demais firmas, a atração estava em apresentar seus produtos ao público, especialmente clientes em potencial. Embora o evento fosse aberto para apresentações de trabalho, que poderiam ser inscritos até 01 de janeiro de 1961, a incipiência de instituições e especialistas em computadores naturalmente levou o foco das atividades do evento em apresentações das fabricantes e seus especialistas, como é possível perceber no programa do evento:

Dia 04 Dia 05 Dia 06 Dia 07

10h - Uma nova linguagem para computadores MICR – Georg Herz (Burroughs) 11h – Integração de equações diferenciais – Fernando Venâncio Filho (ITA)

10h – Resolução de problemas por meio de computadores – Theodoro Oniga (GEACE, PUCRIO, INT) 11h – Ajustamento por mínimos quadrados da função velocidade (...) – 10h – Implantação de um sistema de computação eletrônica em firma comercial – Agrícola Bethlem (Listas Telefônicas) 11h – Desenvolvimento de computadores 10h – Aplications des Calculateurs – Philippe Dreyfus (Bull) 11h – A design method for digital circuit of ultipleà outputs à – Tienwei Chu (ITA)

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14h – Considerações sobre alguns métodos da teoria de representação conforme – J. F. Valverde e J. J. Serra (PUCRIO) 15h – Equipaments Electroniques – Philippe Dreyfus (Bull) 16h – Simulação de uma operação de reservatório de água – Carlos Alberto do Rego Barros e Carlos Augusto Guimarães Cordovil (IBM) Fernando Rodriguez (IBM) 14h – Processo de codificação de palavras e ideias para fins de tradução mecânica simultânea de várias línguas – Rudolf Bolting (PUCRIO)

15h – Os cérebros – Jean Pierre Frankehuls (IBM) 16h – Considerações sobre processos analíticos e ajustamentos – J. J. Serra (PUCRIO) eletrônicos na Alemanha – Helmut Schreyer (ETE) 14h – Planejamento de instalações físicas de computadores – Eduardo C. Silva (IBM) 15h – Aplicação de computadores digitais em empresas de energia elétrica – Jerzy Zepecki (CEMIG)

14h – Cálculo de uma estrutura de ponte – Gilberto do Vale (PUCRIO, INT)

Tabela 14 – programação I Simpósio Computadores Eletrônicos

As conferências giraram em torno de quatro grandes temas – e uipa e tos ,à p og a aç o ,à apli aç es à eà p o le asà deà i pla taç o ,à se à sà g a desà p ese çasà estrangeiras alardeadas nos convites iniciais. De fato, o único representante estrangeiro (ou melhor, vindo do exterior) foi Philippe Dreyfus, do Censo de Cálculo da Bull da França.245 Através do programa do evento, é possível perceber a exclusão dos técnicos do CPD do IBGE – oà ueà ost aàoà opo tu o àafasta e toàe t eàesteà g oàeàoàGEáCE,à ueàseàe o t a aà desgastado com os problemas da implantação do UNIVAC do IBGE.

Por sua vez, o programa espelhou o campo da Informática que estava em formação. Algumas conclusões parecem óbvias: PUCRIO era a única universidade com CPD estabelecido (a USP recém havia adotado seu IBM1401) e acabava por representar a Burroughs, enquanto a IBM, em ascensão, além de quatro palestrantes, participou da própria organização do evento através de Jean Pierre Frankehuls.246 ITA e Bull chamam a atenção. O primeiro

245 que, no ano seguinte, cunharia o termo Informática para designar a ciência em torno dos computadores 246 Diário de Notícias, 14.03.1961.

169 começava a notabilizar-se como um centro de formação em Eletrônica, e a presença do professor Tien Wie Chu foi significativa: um dos raros professores de teoria da computação no país, foi ele responsável por orientar os alunos na elaboração da parte lógica do computador Zezinho em 1961. Já a empresa francesa mostrou-se rapidamente interessada em trazer equipamentos para o Simpósio, além de apresentar a experiência de introduzir o computador Bull no comércio em geral – é possível sugerir a presença de César Castanhede, na dupla representação do GEACE e da Bull, na obtenção de mais espaço para sua representada.247 A Rand não indicou conferencistas na programação, embora tenha participado das conferências ao grande público e ter sido, na luta por espaços na Imprensa, melhor sucedida, com um flagrante do ministro da Educação Brígido Tinoco em seu estande.248

A curiosidade do evento foi o trabalho do inventor Rudolf Bolting e sua máquina de tradução mecânica para quatro idiomas (português, alemão, inglês e francês), que simplificava a linguagem a números e algumas regras comuns.249 Sem aspirar ser um tradutor efetivo, mas prático para servir como ponto de partida a novas traduções, o invento atraiu a ira do intelectual católico Gustavo Corção. Este lamentava a pobreza do experimento, pretendendo simplificar a tradução sem levar em conta o pensamento, já que mesmo as literaturas técnicas tinham muito de pensamento não técnico.250

Apesar de alguns contratempos na organização, o evento conseguiu reunir 180 inscrições, com um público médio de 45 pessoas nas 20 conferências especializadas. Além de conferências, houve visitas guiadas a CPDs instalados no Rio de Janeiro, como a PUCRIO. A baixa cobertura da imprensa dificulta a avaliação do impacto do evento nas empresas interessadas em ter computadores em seus serviços, mas é possível estimar que a presença do Ministro da Educação na abertura e encerramento do evento indicasse algum grau de sucesso. Embora possa não ter obtido uma forte repercussão em termos de divulgação dos computadores à sociedade, esteve presente a preocupação em ofertar conferências abertas

247 Vale apontar que José Ripper Filho observou que a visita à Bull na França, quando em férias, trouxe a

pe epç oàdeà ueà “eàaàF a çaàpodiaàfaze à[ o putado es],àpo à ueà oàoàB asil? à ‘IPPE‘,à 77, p.59).

248 O Globo 06.04.1961 p.2 249 Diário de Notícias 25.08.1960. 250 Diário de Notícias 14.05.1961.

170 ao público ent eàasà hàeà hàeàdei a àosà e osàelet i os àe postosà à u iosidadeàge alà dos visitantes no saguão do Ministério da Educação durante os dias do simpósio. Por fim, o evento ainda viu surgir em seu final a Associação Brasileira de Computadores Eletrônicos (ABRACE), congregando burocratas do GEACE, usuários e fabricantes.