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1.3. O poder do Estado no Brasil

1.3.2. Os pressupostos teóricos para análise

Osàt i osàope a a àe àu àespaçoàso ialà ueàde o i eiàdeà a poàdaàI fo ti a .à Pa aàPie eàBou dieu,àoà o eitoàdeà a poàt ataàdeà e o he e àasà est utu asàdeàdife e ças à eàpe e e à ueà

Essaà est utu aà oà à i ut elà eà aà topologiaà ueà des e eà u à estadoà deà posiç esàso iaisàpe iteàfu da àu aàa liseàdi i aàdaà o se aç oàeàdaà t a sfo aç oàdaàest utu aàdaàdist i uiç oàdasàp op iedadesàati as,àe,àassi ,à doàespaçoàso ial.àÉàissoà ueàa editoàe p essa à ua doàdes e oàoàespaçoà so ialàglo al,à o oàu à a po,àistoà ,àaoà es oàte po,à o oàu à a poàdeà fo ças,à ujaà e essidadeà seà i p eà aosà age tesà ueà eleà seà e o t a à e ol idos,àeà o oàu à a poàdeàlutas,à oài te io àdoà ualàosàage tesàseà e f e ta ,à o à eiosà eà fi sà dife e iadosà o fo eà suaà posiç oà aà est utu aàdoà a poàdeàfo ças,à o t i ui doàassi àpa aàaà o se aç oàouàaà t a sfo aç oàdeàsuaàest utu aà BOU‘DIEU,à ,àp. ,àg ifoà eu .

Nesseàse tido,àoà a poàdaàI fo ti aà asilei aàseà efe eàaàu àespaçoàso ialà oà ualà seusà age tesà u o atasà t i os,à o u idadeà t i o- ie tífi a,à fa i a tes,à jo alistasà espe ializados,à e t eà out os ,à asà t i asà eà osà p odutosà te ol gi osà li guage sà deà p og a aç o,à a uitetu asà eà odelosà deà o putado esà eà pe if i os,à p og a as à eà asà

38 i stituiç esà e p esas,à i p e sa,à asso iaç es,à g osà go e a e tais à ela io a -seà eà i aliza -seàpa aàal a ça àposiç esàdeàp i azia.à“eusàage tesàeài stituiç esà o pete àso àleisà eà o asàfo aisà esoluç es,àpo àe e plo ,à asàp i ipal e teàpelaàillusio,àfaze àe te de à asà eg asài plí itasàdesseà a poàeàosàfaze à ulti a àu àethos o u o oàoàdis u soàdeà auto o iaàte ol gi aàouàaà e essidadeàdoà o putado àpa aàaàso iedade .

T ata-seà deà u à a poà di i o,à o deà osà apitaisà e à jogoà alte a -seà o sta te e te:à oà apitalà ie tífi oà podeà se à e p egadoà pa aà ge a à u aà te ologiaà o puta io alà ueà seà to eà pad oà aà so iedade,à e ua toà oà apitalà deà elaç esà podeà p o o e à fa ilidadesà deà t sitoà oà apa atoà u o ti o-ad i ist ati oà ap o aç oà deà p ojetos,à po à e e plo àeà osà eiosà deàdi ulgaç oà p opaga daà deà o putado es,à otí iasà so eàde is esàgo e a e tais .àT ata-seàdeàu àespaçoàso ialàe à o i e toàeà o oàtal,àe à i te aç oà o àout osàespaçosàso iais,à o oàoàpolíti o,àe o i oàeàoàjo alísti o.àPo àfi ,àoà a poà daà I fo ti aà asilei aà e aà asta teà sus etí elà à i flu iaà est a gei a,à à p p iaà e oluç oà te ol gi aà eà o e ialà doà a poà osà Estadosà U idosà eà de aisà aç esà dese ol idas:à o asàte ologiasàl àge adasàpode ia ào ie ta àage tesàeài stituiç esàa uiàaà i o po -las,àalte a doàosàpode esàe àdisputaà oàespaçoàso ialàdaàI fo ti aà asilei a.à

O próprio Estado Desenvolvimentista traz, em razão de suas opções, as contradições que alimentam a luta no campo da Informática. Nesse sentido, o foco de conflitos apontado por Peter Evans (1981) relaciona-se ao processo de atração multinacionais nos anos 1950 a 1970:

Uma das principais áreas de tensão no contexto do desenvolvimento dependente é a tecnologia, o que não constitui surpresa. A tecnologia é algo que as multinacionais têm, e que os países da periferia, especialmente os países em desenvolvimento dependente da semiperiferia, desejam. Superficialmente, os nacionalistas e as multinacionais parecem estar de acordo. As multinacionais desejam levar sua tecnologia para o Brasil, e os brasileiros querem vê-la implantada em seu país. Mas sob esse evidente interesse comum estão dois interesses totalmente contraditórios. Ambos os lados reconhecem que o controle proprietário do conhecimento cria o potencial para rendas monopolistas. As multinacionais querem ser capazes de exercer esse potencial da maneira mais ampla possível. Sentem-se satisfeitas de levar sua tecnologia ao Brasil, desde que isso não prejudique seu monopólio. Os brasileiros querem exatamente o oposto. Querem ver a utilização local da tecnologia das multinacionais precisamente porque consideram essa utilização local como o primeiro passo para o controle local. Em última análise, os nacionalistas gostariam de ser capazes de colher seus

39 próprios rendimentos monopolistas oriundos do conhecimento gerado localmente (EVANS, 1981, p.150).

Essasà disto ç esà doà odelo,à uitasà ezesà i e ti adaà peloà Estado,à pode à se à e e plifi adasà peloà asoà doà a poà fa a uti o:à oà i í ioà dosà a osà ,à ha iaà sidoà ei i di adaà aà a io alizaç oàdaài dúst ia àfa a uti aà EVáN“,à ,àp. ,àso àaàalegaç oà doà ueàoà o t oleàe te oàso eàte ologias,ài pu haàaltosàp eçosà àso iedadeà asilei a.àásà ulti a io aisà ueà seà e o t a a à so à p ess oà oà ‘egi eà Milita ,à dadoà oà o t oleà go e a e talà so eà osà lu osà deà pate tesà ealizadasà oà E te io ,à fo a à o ie tadasà aà dese ol e àpes uisasà oàpaís.àáà iaç oàdaàCe t alàdeàMedi a e tosà CEME ,àe à ,àeàaà alo aç oàdeà e u sosàfi a ei osàat a sàdoàFUNTECàpa aàpes uisasàu i e sit ias,àfezà o à ueà asàe p esasà ulti a io aisàseào igasse àaàdese ol e àu à aio à ú e oàdeàpes uisasà oà país.à Issoà seà deuà g açasà aà u à ge e osoà apoioà doà go e o,à po à eioà deà i e ti osà fis ais,à eduzi doà osà alo esà dosà i su osà i po tadosà eà possi ilita doà o à ueà asà ulti a io aisà o solidasse àseuàpode à oà a poàfa a uti o.àásàe p esasà a io aisàeàaàCEMEàa a a a à est a guladas,à e ua toà ueà osà t i osà a io aisà eà suasà e pertisesà olta a -seà aosà i te essesà ulti a io ais.

áuto esà o oàCelsoàFu tadoà ,àF a esà“te a tà ,àPauloàTig eà àeàF ioà E e à àapo ta a àoàp o le aàdaàdepe d iaàte ol gi a,àdadoàoàflu oàdessasàaàpa ti à doàest a gei o.àNas idaàdoàp o essoàdeài dust ializaç oàsu stituti aàdeài po taç esà I“I ,àaà depe d iaà te ol gi aà o t i uià aà lo goà p azoà pa aà dete io a à osà siste asà deà t o as,à o igi a doàu à o oàtipoàdeàdepe d ia,à aà edidaàe à ue,àpa aàsupo ta àaài dust ializaç o,à foià e ess ioà i po ta à a ui ios,à t i asà eà li e ia e tos.à U aà dasà aízesà desseà p o le aà esta aà aà i apa idadeà dosà g uposà t i osà lo aisà e à des ela à oà la k o te ol gi oà doà a tefato,à oà ueà fezà o à ueà e e a à se à sa e à oà ueà est oà e ata e teà

o p a do à “TEWá‘T,à ,àp. ,àge a doàdepe d ia.à

Um elemento importante nessa dinâmica no espaço social é perceber o que ela a tecnologia em si envolve. Aqui utilizo uma percepção presente nos estudos STS (Science Technology Studies), pois em que pese suas divergências teóricas – partindo de Thomas Hughes e os grandes sistemas tecnológicos (1983), a ligação com político (Langdon Winner, 1985) até Bruno Latour e o conceito de rede sociotécnica ou ator-rede (2000) – todos

40 apresentam como ponto comum um elemento imprescindível nos estudos que envolvem tecnologia: o seu vínculo com a sociedade. Independentemente de se tratar um processo técnico ou um artefato propriamente dito, a tecnologia não se encontra isolada da sociedade, p o o a doàu à i pa to àso ialàeàta pou oà à eut a.àElaàest àe oltaàe àu àp o essoàdeà elaboração social entre os agentes, que disputam entre si e se apoiam para fazê-la chegar à sociedade.

De grandes sistemas de eletrificação nos países ocidentais (Thomas Hughes, 1983, 1999) às bicicletas na Europa (Wiebe Bijker, 1999), passando por perfuradoras (James Cortada, 1993), fogões e aquecedores nos Estados Unidos (Ruth Cowan, 1999) e microcomputadores na Inglaterra (James Sumner, 2008; Thomas Lean, 2004, 2008), todas as tecnologias trazem consigo negociações, adaptações e controvérsias envolvendo desde seus criadores até os seus usuários ao longo de sua existência. Alguns produtos alcançaram o fechamento (BIJKER, 1999) ou momentum (HUGHES, 1983), ou seja, se tornam objetos de consenso, aceitos e padronizados pela sociedade (como trens elétricos, motor a explosão, caneta esferográfica). Isso as faz serem naturalizadas, como resultado de um longo processo so ialàdeà te izaç o ,à incorporando-se no habitus social, adquirindo um caráter essencial para o desempenho da vida em sociedade (ELIAS, 2006).

O computador foi se incorporando na sociedade a partir do final dos anos 1950, tendo desde então sofrido intensas transformações ao longo do tempo, relacionados aos agentes envolvidos nessas tecnologias. Ainda que seu conceito básico não tenha se alterado (arquitetura Von Neumann), o processo de miniaturização de componentes eletrônicos – com a invenção do transistor e do circuito integrado – e a criação de novos usos sociais podiam subverter as regras estabelecidas no campo tecnológico. Assim, os capitais financeiros e científicos têm papéis importantes na escolha e no desenvolvimento das tecnologias, definindo a ascendência e decadência de grupos no campo, a própria tecnologia é um recurso utilizado pelos agentes para obter tais efeitos.

Um dos grandes operadores desses capitais científicos era a comunidade técnico- científica. Uso o termo para designar os agentes do campo da Informática que possuem

expertise adquirida nas universidades e/ou pelas suas experiências de trabalho na área em

41 desenvolvem tecnologias em Informática. Eles ocupam assim os espaços das universidades e das empresas envolvidas em processamento de dados. Faço-o inspirado pelo trabalho de Tjerk Franken (1976), que usa o termo para designá-losà o oà g uposàt i o- ie tífi os àouà o u idade ,à oà ualà eú e àa ad i osàeà pa a-a ad i os .àQua toàaoàusoàdoàte oà o u idade ,àpo à suaà ez,àfaçoà t i ut ioàe àVe aà Da tasà ,à ueà pe e eà aà g a deà a ti ulaç oàdessesàage tes,à ueà o e eà o oàu aà o u idade ,àfo tale idaàpo àp ti asàeà saberes reforçadas nos eventos que organiza.

I age à àaà à–àE oluç oàte ol gi aàdoà o putado à - ,àaàpa ti àdosà ai f a esà supe io à à es ue da àpassa doàpelosà i i o putado esà i fe io à àes ue da àeàal a ça doàosà i o o putado esà i fe io à àdi eita àat a sàdaà i iatu izaç oàdeà o po e tesà i uitoà o àt a sisto esàutilizadosà oàIBMà / ,àa oà .àFo tes:àCo pute àHisto àMuseu àeàá ui oàIBM.

Busco examinar ainda a composição e atuação dos técnicos do GTAC/GEACE e da CAPRE que ocuparam as instituições que tomavam as decisões governamentais. A respeito da ascensão do técnico, os engenheiros ganharam grande espaço nas malhas governamentais pós-1930, não só como forma de sobrevivência e oferta de serviços com o excesso de diplomados (MICELI, 2001), mas também pela percepção do especialista como figura necessária para administração científica dos problemas socioeconômicos que passam a ser objeto de preocupação estatal (DIAS, 1994). Devidamente incorporados à burocracia, os engenheiros portavam-se como indivíduos idealizados capazes de manipular a tecnologia tão necessária para modernização do país, à semelhança do modelo sonhado na França pelos jovens engenheiros franceses do X-Crise nos anos 1920, vistos por Maria Malatesta (2011), ou

42 pelos engenheiros alemães em prol do desenvolvimento do III Reich, estudados por Konrad Jarausch (1986). Não por acaso, técnica, progresso, modernidade, planejamento e desenvolvimento eram termos recorrentes entre esse grupo profissional (SOUZA, 2006); e a força desse grupo lançaria base para a ascensão dos economistas, originado a partir dele, com valores similares e igualmente alocados nas instâncias governamentais (LOUREIRO, 1992).

É indispensável perceber que a força do técnico se encontra pautada nos critérios de profissionalização centrados na expertise, propostos por Eliot Freidson (1998). Expertise é uma espécie de capital cultural acumulado pela aquisição de saberes acadêmicos/intelectuais (credenciados pelo diploma) e/ou pelas experiências práticas. A soma essa expertise à posição desfrutada por esses agentes na estrutura do Estado, os torna capazes de tomar decisões e estabelecer uma fala autorizada sobre o campo tecnológico em formação, bem como de tentar influenciar politicamente os rumos desse campo. A fala autorizada funciona como uma opinião de indivíduos, que, chancelados pelos seus saberes e com recursos, colocam-se como apazesàdeàfaze à ale àsuaàopi i oà auto izada àso eàu àte aà– que os demais grupos sociais, mesmo os integrados ao Estado, não se sentem seguros a fazer (BOURDIEU, 2003, p. 83).

Há uma interpenetração entre expertise e política nas ações e falas autorizadas dos burocratas técnicos, como pode ser visto pela fala de Ricardo Saur, Secretário-Executivo da CAPRE aos congressistas em 1977 abaixo:

O imenso benefício social que o computador pode trazer para nós ainda não foi bem entendido, pois são máquinas recentes e aparentemente complicadas; mas é mister despi-lo de sua imagem de instrumento a serviço de uma tecnocracia fria, fechada e distante, para que essa ferramenta seja socialmente bem utilizada. Para isso, cremos ser preciso acabar com preconceitos vários, e hoje, aqui, gostaríamos de tentar contribuir para a eliminação de mais um: referimo-nos à pretensa separação estanque e dicotômica entre a técnica e a política.

Aqui estamos como técnicos, profissionais, na presença dos senhores deputados, políticos por definição; mas não devemos esquecer que o político precisa da técnica, e o técnico precisa da política. Consideramos absurdo, o s u a tista,à falsoà eà epug a teà oà o eitoà deà ueà sejaà itoà oà e te de àdeàpolíti a ,àpoisà àtalà o eitoà ueàfazà o à ueàsejaàge adaàaàfigu aà do tecnocrata, insensível ao problema social do ser humano como indivíduo. Igualmente falsa é a noção de que o político não deve ou não pode entender o conceito técnico, pois nada é tão complicado na prática que não possa ser devidamente explicado e entendido em suas consequências sociais. Pobre e

43 inseguro é o técnico que precisa se refugiar na técnica para não ter de explicar suas ações.6

Gabrielle Hecht, ao estudar o desenvolvimento do projeto nuclear francês entre os anos 1950 e 1960, concebeu o conceito tecnopolítica para explicar essa relação entre técnica e política. Para autora, não há como propor uma política tecnológica sem levar em conta os limites e possibilidades que a tecnologia estabelece, sendo indispensável o técnico que a conhece (a materialidade da tecnologia define a materialidade da política na área). Da mesma forma, os técnicos participam da política sem que tenham de aderir a partidos, mas necessitam do político para fazer ver suas tecnologias se tornarem atraentes ao Estado. Esses t i osàouà te ologistas à ia a àu à egi eàte opolíti oàaoà eu i àt i osàeàpolíticos, artefatos tecnológicos, programas políticos e ideologias para definir as ações tecnopolíticas em busca da autonomia tecnológica nuclear da França (HECHT, 2001, p.257).

Assim, decisões aparentemente técnicas, como a escolha de um tipo de reator e do combustível, revelavam as opções políticas das agências envolvidas, de acordo com a posição do Estado, sobre questões como a questão da autossuficiência enérgica e a capacidade de produzir bombas nucleares. Ambas tinham suas significações e consequências políticas, como retomar o poder da França no cenário mundial, reforçar o orgulho nacionalista e a garantir a todos os franceses a participação da modernização da Nação. Gabrielle Hecht destaca que é importante perceber que a ação tecnopolítica dos agentes está na manipulação de questões deà fle i ilidadeàeài e teza à ,àp. .àFle i ilidade,à oà aso,ài pli a aàaàadaptaç oàdasà

expertises, das tecnologias, das relações sociais e dos discursos conforme as circunstâncias

impostas aos agentes e das posições; incertezas, sobre justamente o sucesso ou não da decisão que envolvia a tecnologia.

Voltando ao caso brasileiro, necessário ter presente ter as ambivalências, o que explica adesões entre os agentes a um contexto de autoritarismo, como integrantes da estrutura burocrática do Regime Militar. Ser ambivalente é um traço da cultura política brasileira, como Rodrigo Patto Sá Motta percebeu ao estudar as relações do Regime Militar com a comunidade

6 Depoimento de Ricardo Adolfo de Campos Saur, secretário-executivo da CAPRE, na sessão Comissão de Ciência

44 universitária (2013), apontando que, entre a adesão e a resistência à Ditadura, existe um intervalo a ser preenchido, no qual se dá uma acomodação de interesses entre as partes, o que sugere uma espécie de duplo pensar dos agentes sociais (LABORIE, 2010). Nesse sentido, reforçamos que o interesse do Estado na área de tecnologia pode funcionar como uma espécie de proteção relacionada à expertise desses agentes. O que não ocorreu no caso da comunidade técnico-científica da Argentina ligada à Informática, que foi perseguida e desmantelada pelos militares sempre que estes assumiam o poder, como em 1966 e 1976 BáBINI,à ;àdaà es aàfo a,àaàe pe i iaàdosàt i osàdoàP ojetoà C e s à oàChileàeà sua ambição de aliar cibernética e computadores para suportar o projeto socialista de Salvador Allende, sendo destruído pelo Golpe Militar de 1973 (MEDINA, 2014).

Paul Edwards assinalou outro componente que acreditamos integrar a tecnopolítica e reforçar o caráter ambivalente e contraditório dos agentes envolvidos no processo. Como de o st ouà oàt a alhoà TheàClosedàWo ld ,àdeà , o desenvolvimento da Informática nos EstadosàU idosàeste eàpautadoàpelaà o st uç oàdeàu àdis u soàdeà u doàfe hado à o t aà o comunismo. Para o autor, o discurso é

a self-ela o ati gà hete oge eousàe se le àthatà o i esàte h i uesàa dà technologies, metaphors, language, practices, and fragments of other discourses around a support or supports. It produces both power and knowledge: individual and institutional behavior, facts, logic, and the authority that reinforces it. It does this in part by continually maintaining and ela o ati gà suppo ts ,à de elopi gà hatà a ou tsà toà aà dis u si eà infrastructure. It also continually expands its own scope, occupying and integrating conceptual space in a kind of discursive imperialism. Like a paradigm, much of knowledge generated by a discourse comes to form

o o àse se à EDWá‘D“,à ,àp. àà

Neste sentido, sob o pretexto da Guerra Fria, novas tecnologias computacionais foram incentivadas pelo Estado como uma estratégia para assegurar a supremacia norte-americana e capitalista no mundo. Essa estratégia consistiu na constituição de um imaginário e metáforas aàgue aà o oàfo çaà iado a ,à ueàseà eali e ta a àpeloàp p ioàp o esso, justificando as necessidades contínuas de investimentos do Estado em tecnologias.

N oà àdifí ilài agi a à ueàosàpaísesà ueà us a a àalte ati asàaoà desafioàa e i a o à ta à us asse à o st ui à seusà u dosà fe hados ,à deà a ei aà aà i spi a ,à defe de à e fomentar suas tecnologias. O apelo nacionalista em torno da tecnologia no caso da França foi

45 exemplar: entre os vários fatores citados por Richard Coopey (2004), Kenneth Flamm (1987) e Pierre Mounier-Kuhn (1995), dois tinham esse componente que justificava a intervenção estatal: a aquisição da pioneira empresa nacional Machines Bull pela norte-americana General Electric e o veto do governo norte-americano à venda de supercomputadores para o Programa Nuclear Francês em 1966. Sem surpresa, foi o próprio presidente da França Charles de Gaulle que se empenhou para estabelecer o ambicioso plano computacional do país, o Plan Calcul lançado em 1966. Certamente o trabalho do jornalista Jean-Jacques Servan-Schreiber serviu, posteriormente, para inflamar mais os ânimos, com seu autor percorrendo o país para despe ta àaàF a ça,àale ta do-o para a necessidade de uma rápida modernização (BONIN, 2009, p.582-583).

M iaàdeàOli ei aàCa doso,àe àseuàt a alhoà “OX:àu àUNIX-compatível brasileiro a serviço do discurso de auto o iaàte ol gi aà aàd adaàdeà à ,à ost ouà o oàosà fragmentos do discurso nacionalista e desenvolvimentista foram fortes suficiente para dar suporte ao trabalho dos técnicos da COBRA Computadores nos anos 1980. Esse discurso mobilizava os técnicos, bem como articulava uma rede de apoiadores ao desenvolvimento e para incentivar a aceitação do sistema operacional SOX, uma alternativa nacional ao sistema UNIX. Porém, o nível de excelência técnica do produto SOX (que chegou a obter certificação internacional como UNIX-compatível) e a mobilização dos técnicos não foram capazes de fazer frente a uma nova rede de atores que defendeu o sistema UNIX licenciado às fabricantes nacionais, valendo-se do discurso liberal que desqualificava os técnicos. Em síntese, quando um dos elementos constituidores da rede se decompõe (no caso o discurso), novos atores e produtos assumem os espaços possíveis.

Essas combinações entre expertise,àa i al iasàeàdis u soàdeà u do-fe hado às oà recursos dos agentes sociais no campo que dão suporte às suas ações tecnopolíticas, tratando- se de fatores que estiveram presentes em tantas outras experiências que envolveram Estado e Informática. Inicialmente insolados na estrutura estatal, então buscam a autonomia inserida de Peter Evans. Sua eficiência, para o autor:

The question of how autonomy and embeddedness might be effectively