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CAPÍTULO II FUNDAMENTOS TEÓRICOS: FACILIDADES E DIFICULDADES

2.5 A APRENDIZAGEM DA LEITURA SIGNIFICATIVA DO TEXTO ESCRITO

A aprendizagem, concebida de forma genérica, compreende uma modalidade ou tipo de ação que, no fluxo do seu desenvolvimento, implica mudança de modos de agir, de proceder ou de estar no mundo consigo mesmo ou em companhia de outro(s), pois esta é a função representada pelos verbos de ação: mudar a condição, a posição ou o estado do homem no mundo. Trata-se, portanto, de agir para alcançar um propósito: fazer algo que antes não era feito e, muitas vezes, que antes não podíamos fazer, por não ser ainda possível ou viável. Assim, um resultado insatisfatório é produto de uma ação não realizada a contento ou de forma eficaz, inadequada e, geralmente, implica um estado de insatisfação. Nesse caso, torna-se indispensável modificar a forma de agir, proceder ou de atuar e, para tanto, o agente deve se propor a se esforçar a rever o seu plano de ação, suas estratégias sobre os modos de proceder para obter o sucesso almejado.

Nesse contexto de buscas sobre os modos de aprender outras formas, ou modalidades para agir, segundo Echeverría (in Rafael. 2010; p.39 a 45),

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recorremos a três tipos de procedimentos implicadas em ações de aprendizagem: um primeiro tipo implica a revisão das próprias ações do plano preestabelecido, ou do modelo de organização e ordenação das mesmas. Nesse caso, pode-se inserir outras novas ações, substituir uma ou algumas delas por outras, ou mudar a ordem usada para ordenar e organizá-las. Esse trabalho de revisão do plano é orientado por questões como: O que deveria ter sido feito, mas não foi; o que devo deixar de fazer; que outros repertórios deve incorporar; acaso devo fazer o que fiz, mas de modo diferente porque faltou X ou Y, para proceder de modo diferente ou mais adequado; estou em condições de fazer o que foi previsto ou ainda preciso fazer ou alcançar X1; x2, etc..

As respostas a essas e outras questões podem incidir sobre: a) ações que desvelam resultados que ainda não se pode fazer ou realizar devido à idade biológica, ao grau de desenvolvimento mental, ou a questões de caráter ético para não invadir ou violar as ações que competem a outros realizar(em); b) ações que se remetem a observações sobre quem é o panificador das mesmas e cujas respostas implicam na consciência de que as mudanças necessárias dele exigem a construção ou a ampliação de conhecimentos prévios que ele ainda não domina. Nesse caso, surge a necessidade de replanificação voltada para ações dirigidas com vistas a ampliar esses conhecimentos prévios para aprimorar ou trocar o foco do olhar do próprio aprendiz ou panificador, antes de colocar em ação seu plano original. Esse movimento de retroações exige que a aprendizagem seja, implicada na mudança de comportamento, nos modos de agir ou de proceder, seja orientada, para romper os limites que o impedem de alcançar os propósitos dos seus planos de ações.

Echeverría considera que, em se tratando de respostas que identificam as segundas observações que exigem ampliação e mudanças de modelos organizados e ordenados por conhecimentos prévios que exigem ampliação ou mudanças desses modelos de organização e de ordenação do ponto de vista traçado pelo olhar observador, os limites a serem superados ultrapassa o simples uso de estratégias de complementação de informações. Trata-se, nesse caso, de uma aprendizagem de segunda ordem ou dimensão que implica a troca, a substituição do modelo de organização ou de ordenação de

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conhecimentos sedimentados que operam sobre os indivíduos e restringem seu campo de ação. Assim, as estratégias de intervenções se tornam insuficientes para realizar esse trabalho de forma satisfatória, visto que a aprendizagem deve implicar mudança significativa de posição do aprendiz, ou seja, para mudar o foco do seu olhar, ele precisa se deslocar do lugar por/de onde observa as ações inscritas no seu plano de ações. São intervenções referentes ao a consciência de que, embora se façam as substituições necessárias, ele não se julga capaz de que poderá realizá-las, visto implicam ou exigem mudanças, substituições dos modos de agir para desencadear os movimentos necessários de aprendizagem

“núcleo básico o el corazión Del observador . Nos referimos a aspectos de um determinado observador que han devenide recorrientes em el y que se manifiestam independentiemente del troca del cambio de circunstancias (...) Dado su carater recurrente, e Independiente de circunstancias específicas , tal modalidade de observación se nos presenta como própria de la manera de ser de esa persoana, como um rasgo, diríamos, de su alma”.

Nesse caso, não se pode ignorar a possibilidade de essa pessoa considerar o fato de a nova-outra aprendizagem modificará o seu modo de ser e de agir no mundo e optar que não estar predisposta a tal mudança. Entretanto, por se tratar de mudanças que implicam experiências difíceis de serem vivenciadas, não exclui o fato de ser possível que ela venha a optar por se modificar, ou seja modificada; mas, geralmente, apresenta razões bastante convincentes para justificar sua atitude de rejeição ao empenho despendido pelo orientador da sua aprendizagem, principalmente quando ela reduz o campo de liberdade de suas ações diárias. São experiências difíceis de aprendizagem, visto alterar hábitos que o acompanham por muito tempo e, assim sendo, trata-se de uma “aprendizagem transformadora”.

Segundo o autor, alguns educadores entendem ser essa modalidade de aprendizagem exigem mudanças radicais de comportamentos e atitudes do aprendente, ela é bastante complexa ou perigora. Todavia, o que está em jogo, nesse caso, são os sentidos que se atribui aos significados da palavra “radical”: se tais sentidos têm por referência significados por meio dos quais eles se

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referem à totalidade dos comportamentos e atitudes do indivíduo, ou se tal referência aponta para uma modalidade de aprendizagem totalmente diferente daquela que estava em curso e visa a contribuir de forma mais adequada com a formação da sua personalidade em fase de desenvolvimento. Ressalta, ainda que, em toda experiência de aprendizagem, a pessoa mais conserva do que modifica, transforma suas ações habituais; assim, nos outros novos modos de agir ou de proceder, sempre é possível reconhecer, traços ou significados que se referem àqueles do passado.

Nesse sentido, qualquer tipo ou modalidade de aprendizagem nunca foi ou será “total” no sentido de “absoluta”, mas ela sempre faculta identificar rupturas com certos padrões comportamentais, inadequados para agir em uma sociedade que transformou as relações sociais entre os humanos. O objetivo, nesse caso, é a adequação qualitativa a esses outros padrões que foram reinterpretados e exigem mudanças de atitudes, de procedimentos para realizar associações que visam a aprimorar os processos de socialização e sociabilidade por outro novo ponto de vista. É fato, que a aprendizagem transformadora responde por

“nuevas modalidades de acción (...) emergen (...) em el tipo de resultados que ese indivíduopuede alcançar (...ela) disuelve el muro de imposibilidade com o que el individuo antes chocava. Lo que previamente Le hacía sospechar que, quizás se había encontrado com uma barrera asociada a su particular forma de ser, ahora paraciera haberse esfumado. (...) La trasformación es el rasgo inherente de toda aprendizaje, tanto que aprendizaje e transformación muchas veces puedem der usados como sinónimos.

Nesse contexto em que a aprendizagem implica e supera atividades sistemáticas, concebida como um meio para alcançar atitudes e aptidões específicas centradas numa modalidade de ensino específico ou raro, circunscrita a alguns poucos, não se pode negar que a escola tradicional cumpriu essa sua função social. Tal função estava voltada para uma sociedade orientada pela divisão entre os campos educacional e o trabalhista; mas, hoje, os conhecimentos do mundo do trabalho estão subsumidos por aqueles do mundo da aprendizagem. Essa mudança de organização e ordenação do

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modelo social exige que os aprendentes sejam iniciados e desenvolvam outras novas competências que extrapolam os limites daquelas que serão aprendidas nos bancos escolares, ou seja, os aprendentes também precisam “aprender a aprender” mesmo quando não dispõem da presença de um professor – orientador. Para tanto, devem identificar todas as oportunidades de ensino, estarem voltados para aprender a inovar e se renovar por si próprio: desenvolver sua meta competência ou meta-aprendizagem.