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CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO GERAL

CULTURA, ARTE E EDUCAÇÃO EM EMBU DAS ARTES

3.5 Construção histórica da educação e suas legislações

3.5.6 A arte e a educação

Desde cedo a criança começa a se comunicar e a representar seu mundo através de diversas linguagens. Nesse momento ela aprende as primeiras formas de representação do desenho, devendo ser estimulada. A criança que conhece a arte tem a possibilidade de fazer ligações entre as diversas áreas do conhecimento, relacionando-as com o seu cotidiano. O estudo da arte irá aguçar na criança a dimensão do sonho, da força de comunicação dos objetos que o rodeiam da sonoridade da poesia, das criações musicais, das cores, formas, gestos e luzes. Através dessas percepções, a arte possibilita à criança o desenvolvimento de seu modo próprio de ver o mundo ou dar sentido, a desenvolver estratégias pessoais para resolução de problemas e habilidades para construção de textos (Brasil, 1997).

A criatividade é considerada como parte essencial do homem, a qual dá equilíbrio à vida, auxiliando-o em seu cotidiano, nas resoluções de problemas e tornando o homem um ser mais criativo. A arte deve ser inserida na educação como forma de estimular o pensamento criador, para que a imaginação da criança e seu intelecto não se separem (Sans, 2001).

Segundo Buoro (2003, p. 25) a arte é “[...] um produto de embate homem/mundo, consideramos que ela é vida e, por meio dela, o homem interpreta sua própria natureza, construindo formas ao mesmo tempo em que (se) descobre, inventa, figura e conhece”. Através da arte que a criança irá realizar sua leitura de mundo, entender o contexto em que vive e relacionar-se com ele, sendo de suma importância que sua imaginação flua

naturalmente. Muitas vezes o adulto, na angústia de ensinar, causa bloqueios, os quais prejudicam a evolução natural da criatividade. A arte-educação é um alicerce para desenvolver a criatividade.

A criança como um ser em profunda aprendizagem, tem mais facilidade para o senso de observação e em diversas ocasiões, chama atenção de pormenores observados pelos adultos, portanto usando sua liberdade de expressão e de indagação, conclui com ajuda dos adultos suas aprendizagens e desenvolve sua expressão ao ver o mundo (Sans, 2001).

Conforme os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), a criança de alguma forma expressa o que sente ou o que vê através do desenho, da música, da dança ou do teatro. A arte tem como objetivo ajudar a criança a se desenvolver livremente, a estimular a criatividade e a expressão. A arte desenvolve o pensamento artístico, deixando o particular dar sentido às experiências do exterior, onde a criança aumenta a sensibilidade, a percepção, a reflexão e a imaginação. A criança sem o conhecimento das artes tem uma aprendizagem limitada, escapando o faz-de-conta, as cores do seu mundo, os gestos e as luzes (Brasil, 1997).

Com a utilização da arte no cotidiano escolar, o aluno poderá aprender de forma lúdica, tornando o ambiente escolar mais agradável, sendo que o educando terá a possibilidade de contribuir afetiva e cognitivamente para o desenvolvimento da expressão da criança. A criança, através da arte, representa seus desejos, expressa seus sentimentos e coloca em evidência sua personalidade. Nesse contexto, o educador pode conhecer melhor o educando e, até mesmo, identificar suas dificuldades.

No cotidiano escolar, a arte deve ser vista como criação individual, não havendo julgamento de certo ou errado, o que interfere em muitos momentos na expressão da criança, tornando-as inseguras ao soltar sua imaginação e criar (Buoro, 2003).

A criança desenvolve sua obra de arte dependendo de sua cultura ou a época que está vivenciando, ela traz seu cotidiano para dentro da sala de aula, enriquecendo a sala de diversos pensamentos, dando ênfase ao momento atual (Buoro, 2001). No entanto, mesmo que a arte auxilie na liberdade da criança, ela exige alguns limites importantes, espaço adequado. A criança tendo seu espaço reservado e respeitado pelo adulto também saber á respeitar o nosso espaço. Assim a arte ajudando a desenvolver seu cognitivo também ajuda a auxiliar no seu limite, sem interferir no ato expressivo da mesma (Craidy& Kaercher, 2001).

Se a criança quando se expressa devolve ao exterior a mesma estimulação que recebe, mesmo que ela represente o desenho por imitação, cabem aos educadores deixar livres suas emoções sem influenciar nos sentimentos, emoções e ideias das mesmas. E sim, fazer com que cada vez mais ela se apaixone e desenvolva sua criatividade pela arte. A atividade artística em todas suas vertentes faz parte da educação da maioria dos sistemas acadêmicos. Isto significa que ao longo da formação de um indivíduo em sua fase escolar terá contato com uma série de atividades artísticas: desenho, pintura, música, dança, cinema, teatro, entre outras.

A formação de um indivíduo é completa quando abrange diversas áreas: línguas, história, ciências e arte. Todas essas áreas do conhecimento são necessárias e por isso estão integradas nos diversos sistemas educativos. Em relação à arte, podemos falar de duas dimensões: uma teórica e outra prática. Deve-se conhecer a história da arte e suas características, mas também sua dimensão prática. Neste sentido, é preciso recordar uma evidência: que a aprendizagem se assimila praticando e no caso da educação artística o estudante aprende exercitando suas destrezas musicais, de desenho e dança.

Resumo

Desde o período colonial, passando pelo Império e o início da República, a legislação educacional avançou muito. Porém, não só de rupturas foi feita a legislação, também tivemos continuidade que influenciaram as práticas educativas. Embora tenhamos uma legislação extremamente avançada no Brasil, existe grande disparidade entre a forma da lei e a prática real.

Um grande destaque deste avanço foi a Constituição de 1934, aprovando os seguintes princípios, entre outros: O direito de todos à educação, com a determinação de que esta desenvolvesse a consciência da solidariedade humana; A obrigatoriedade e gratuidade do ensino primário, inclusive para os adultos, e intenção à gratuidade do ensino imediato ao primário. O ensino religioso facultativo, respeitando a crença do aluno. A liberdade de ensinar e garantia da cátedra.

As constituições brasileiras já traziam referência à educação e sua forma de aplicação. Mas é apenas no final dos anos 1940 que se inicia uma discussão mais centrada em uma legislação. Era preciso uma lei que fixasse diretrizes e bases para uma educação nacional.

Vale ressaltar que depois da queda do estado novo de Getulio Vargas houve uma restauração da sociedade brasileira em relação aos ideais democráticos que tinham sido suprimidos. A batalha entre o público e o privado, entre a vanguarda escolanovista e o segmento católico-privatista culminou com o texto aprovado em 2 de dezembro de 1961, como a Lei nº 4.024.

A Lei nº 024/61 determinava que a estrutura da educação brasileira fosse composta por: Educação pré-primária, Ensino primário, Ensino médio e Ensino superior.

Com essas mudanças permitiu-se a equivalência dos cursos entre as unidades federativas, possibilitando a mobilidade dos alunos e quebrando a rigidez dos sistemas estaduais de ensino. Também foi possível que cada estado tivesse sua própria proposta de educação local ampliando a pluralidade de experiências curriculares no país.

Academia Imperial de Belas-Artes (criada pelo Decreto - Lei datado de 1816, e que só começaria a funcionar em 1826). A Academia constituiu-se numa das primeiras instituições de ensino superior no Brasil, junto com as escolas militares e os cursos médicos. O ensino das artes na educação básica só se tornou obrigatório com a Lei nº

5.692/71, que instituiu a disciplina Educação Artística nos currículos de 1º e 2º Graus. Tal obrigatoriedade fez crescer a oferta de graduações (sobretudo licenciatura) com habilitações em Artes Plásticas, Artes Cênicas, Música e Desenho, descentralizando a oferta de cursos na área, antes praticamente restrita aos centros tradicionais. Entretanto, aquela Lei também instituiu a polivalência, sob o princípio de que o professor de artes deveria ser um generalista e não um especialista em cada linguagem artística.

A criação das associações estaduais de arte-educadores e sua consequente reunião em torno da Federação de Arte - Educadores do Brasil (FAEB) teve como consequência a ampliação e o aprofundamento do debate, em congressos e seminários realizados em todo o país, sobre a especificidade da formação do profissional da arte (bacharel e licenciado), culminando com uma intensa mobilização quando das discussões em torno da LDB/96.

Tal debate arregimentou também profissionais organizados em outras associações, como a Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas (ANPAP), Associação Brasileira de Educação Musical (ABEM), Associação Brasileira de Artes Cênicas (ABRACE) entre outros, em consonância com as discussões contemporâneas desenvolvidas pelas associações internacionais, tais como a International Society for

Education trough Art (INSEA).

Foi dessa maneira que os profissionais da área de Artes construíram um referencial considerável sobre o ensino da arte e a formação de profissionais na área. Toda essa intensa mobilização redundou num outro perfil para o ensino da arte na educação básica e, consequentemente, para os cursos superiores de arte, consagrado na Lei nº 9.394/96 (nova LDB).

Ao nos referirmos sobre cultura, entendemos que é uma forma dinâmica que passa de geração em geração na vida da humanidade sofrendo mudanças e adaptações ao longo de sua História. Na presença de uma comunidade, pode-se identificar sua cultura por várias manifestações, como: religião, música, comida típica, danças, lendas, pinturas, artesanato, crenças, entre outras.

No Brasil, o direito à Cultura foi reafirmado na Constituição de 1988 em Embu das Artes, a Lei Orgânica Municipal consagra aos direitos dos cidadãos embuenses das artes à cultura. O Município garantirá a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes da cultura, apoiando e incentivando a valorização e difusão das manifestações culturais.

O marco inicial para a Gestão Cultural da cidade de Embu das Artes ocorreu na 1ª Conferência Municipal de Cultura realizada em 2007, o evento foi a primeira grande mobilização artística e cultural ocorrida desde a criação do movimento cultural dos anos 1960 com a criação da Feira de Artesanato e do Salão de Artes Plásticas.

CAPÍTULO IV