• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO GERAL

QUADRO METODOLÓGICO

4.2. Entendendo os conceitos

Metodologia é uma palavra derivada de “método”, do Latim “methodus” cujo significado é “caminho ou a via para a realização de algo”. Método é o processo para se atingir um determinado fim ou para se chegar ao conhecimento. Metodologia é o campo em que se estudam os melhores métodos praticados em determinada área para a produção do conhecimento.

A metodologia consiste em uma meditação em relação aos métodos lógicos e científicos. Inicialmente era descrita como parte integrante da lógica que se focava nas diversas modalidades de pensamento e a sua aplicação. Posteriormente, a noção de que a metodologia era algo exclusivo do campo da lógica foi abandonada, uma vez que os métodos podem ser aplicados a várias áreas do saber52.

Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos, em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são ciências. A utilização de métodos científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego de métodos científicos (Marconi & Lakatos, 2010).

Para as autoras, “método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e verdadeiros - traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista” (Marconi & Lakatos, 2010, p. 65).

Segundo Gil (2017) pesquisa é um procedimento racional sistemático que tem como objetivo proporcionar repostas aos problemas que são propostos. Uma pesquisa é realizada quando não se dispõe de informação suficiente para responder ao problema, ou então quando a informação disponível se encontra em tal estado de desordem que não possa ser adequadamente relacionada ao problema.

A pesquisa é desenvolvida mediante o concurso dos conhecimentos disponíveis e a utilização cuidadosa de métodos, técnicas e outros procedimentos científicos. Na verdade a pesquisa desenvolve-se ao longo de um processo que envolve inúmeras fases, desde a adequada formulação do problema até a satisfatória apresentação dos resultados (Gil, 2017).

Rudio (2012, p. 9), define pesquisa como um conjunto de atividades orientadas

para busca de um determinado conhecimento “a fim de receber o qualitativo de científica, a pesquisa deve ser feita de modo sistematizado, utilizando para isto método próprio, técnicas específicas e procurando um conhecimento que se refira à realidade empírica”.

Desta maneira, a pesquisa científica se distingue de outra modalidade qualquer de pesquisa pelo método, pelas técnicas, por estar voltada para a realidade empírica e pela forma de comunicar o conhecimento obtido.

Há muitas razões que determinam a realização de uma pesquisa, as quais podem ser classificadas em dois grupos: de ordem intelectual, o desejo de conhecer pela própria satisfação de conhecer e razões de ordem prática o desejo de conhecer com vistas a fazer algo de maneira mais eficiente e eficaz (Gil, 2008, p. 17).

A forma mais usual que o homem utiliza para conhecer a si mesmo, ou seu mundo e universo como um todo, produzindo interpretações significativas, isto é, conhecimento, é a do senso comum, também chamado de conhecimento ordinário, comum ou empírico (Koche, 2009).

Conhecimento empírico é aquele conhecimento que se adquire no dia a dia, com base na tentativa e erro, ou seja, o conhecimento adquirido através da observação, da experiência, do senso comum, dispensando a necessidade de comprovação científica. Pelo conhecimento empírico pode-se afirmar que as ações geram algum tipo de reação, porém não se é capaz de determinar o que levou àquela ação ou reação53.

As autoras Marconi e Lakatos (2010, p. 59) trazem as características do conhecimento popular apontadas por Ander-Egg (2003, pp.13-14) como sendo:

Superficial, isto é, conforma-se com a aparência, com aquilo que se pode comprovar simplesmente estando junto das coisas. Exemplo, “porque todo mundo diz” (sic).

Sensitivo, ou seja, referente à vivência, estado de ânimo e emoções da vida diária.

Subjetivo, pois é o próprio sujeito que organiza suas experiências e conhecimentos, tanto que adquire por vivência própria quanto os “por ouvir falar”.

Assistemático, a organização das experiências não visa a uma sistematização das ideias, nem na forma de adquiri-las, nem na tentativa de validá-las.

Acrítico, pois verdadeiros ou não, a pretensão de que esses conhecimentos não se

manifestam sempre de forma crítica.

Para o autor Koche (2009), o conhecimento empírico ou popular é tratado como o comum, o que tem origem no povo, que pode ser adquirido com o passar do tempo e no convívio com as coisas e os seres humanos. Pode-se dizer que é adquirido por tradição, com certa ingenuidade, uma vez que no conhecimento empírico não é necessário entender a fundo determinado assunto, apenas observar. Por ser uma forma de conhecimento passiva, onde não se busca o conhecimento, é comum que ocorram erros no que se é aprendido, pois não existe questionamento.

Já o conhecimento científico é a informação e o saber que parte do princípio das análises dos fatos reais e cientificamente comprovados. Para ser reconhecido como um conhecimento científico, este deve ser baseado em observações e experimentações, que servem para atestar a veracidade ou falsidade de determinada teoria54.

O conhecimento científico surge da necessidade do homem em não assumir uma posição meramente passiva, de testemunha dos fenômenos, sem poder de ação ou controle dos mesmos. O homem através de sua nacionalidade deve propor uma forma sistemática, metódica e crítica da sua função de desvelar o mundo, compreendê-lo, explicá-lo e dominá-lo (Koche, 2009. p.29).

Segundo Marconi e Lakatos (2010, p.62), o conhecimento científico é:

Contingente, pois suas proposições ou hipóteses têm sua veracidade ou falsidade conhecida através da experiência e não apenas pela razão.

Sistemático já que se trata de um saber ordenado por um sistema de ideias (teoria) e não conhecimentos desconexos.

Possui a característica de verificabilidade (hipóteses), pois o que não puder ser confirmado não pode fazer parte da ciência.

Constitui-se em conhecimento falível, em virtude de não ser: definitivo, absoluto ou final e, por esse motivo, é aproximadamente exato.

Para Koche (2009), o que impulsiona o homem em direção à ciência é a “necessidade de compreender a cadeia de relações que se esconde por trás das aparências sensíveis dos objetos, factos ou fenômenos, captadas pela percepção sensorial e analisadas de forma superficial, subjetiva e a crítica pelo senso comum” (Koche, 2009.

p.29). O homem quer descobrir princípios explicativos, que servem de base para a compreensão da organização, classificação e ordenação da natureza em que está inserido.

Através desses princípios, a realidade passa a ser percebida pelos olhos da ciência e não de forma desordenada esfacelada, fragmentada, como ocorre na visão subjetiva e acrítica do senso comum, mas sob o enfoque de um critério orientador, de um princípio explicativo que esclarece e proporciona a compreensão do tipo de relação que se estabelece entre os fatos, coisas e fenômenos, unificando a visão de mundo (Koche, 2009, p. 29).

O conhecimento científico é expresso sob a forma de enunciados que explicam as condições que determinam a ocorrência dos fatos e dos fenômenos relacionados a um problema, tornando-os claros aos esquemas e sistemas de dependência que existem entre suas propriedades. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática do dia a dia da vida das pessoas, característica essa do senso comum, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas pelas provas empíricas e da discussão intersubjetiva (Koche, 2009).

Koche (2009) aponta que a investigação científica busca a construção de um saber que acontece no momento em que se reconhece a ineficiência dos conhecimentos existentes, incapazes de responder de forma eficiente e plausível as perguntas e dúvidas levantadas. Frente a essa situação ocorre o início de uma investigação científica, buscando um novo que venha responder o questionamento existente.

Ao contrário do senso comum, o conhecimento científico, não aceita a opinião ou o sentimento de convicção como fundamento para justificar a aceitação de uma afirmação. É necessária a aplicação de testes experimentais e da avaliação de seus resultados de forma intersubjetiva. “Se o conhecimento permanecesse somente no plano horizontal, avaliado apenas no nível da coerência lógica dos seus enunciados (plano sintático), estaria sujeito a se tornar alienado, marginalizado de uma realidade capaz de lhe proporcionar testes empíricos para correção, e distante da revisão crítica e da experiência intersubjetiva” (Koche, 2009, p.33).

A diferença entre o conhecimento científico e o senso comum, não é o assunto, o tema ou o problema e sim a forma especial que adota para investigar os problemas.

Portanto, conclui-se por ciência uma sistematização de conhecimento, um conjunto de proposições logicamente correlacionado sobre o comportamento de certos

fenômenos que se deseja estudar.

Existem várias classificações para as pesquisas e esta classificação depende da visão de diferentes autores. Elas podem ser classificadas quanto à finalidade, ao local onde são realizadas, à abordagem e quanto à teoria filosófica que a fundamenta. A classificação das pesquisas e os tipos de pesquisa podem variar dependendo da visão de cada área do conhecimento.

Pode-se perceber uma diferença de como as pesquisas podem ser classificadas ou estereotipadas, segundo alguns autores a seguir.

Ander –Egg (2003), divide a pesquisa em fundamental, por aquela que possui caráter científico e a aplicada, que é feita na prática sem preocupação junto à ciência.

Hymann (1967) indica pesquisa como descritiva, na qual descreve um fenômeno e registra a maneira que ocorre e, também como experimental, quando há interpretações e avaliações na aplicação de determinados fatores ou simplesmente dos resultados já existentes dos fenômenos.

Além destes tipos, Best (1977), acrescenta nos tipos de pesquisa, a histórica, na qual pode-se enquadrar dentro dos moldes da revisão de literatura.

Há outras abordagens de classificações da pesquisa. Alguns pesquisadores dividem em monodisciplinares, interdisciplinares e multidisciplinares. É o caso de Pardinas (1977), Abramo (1979).

Dalfovo, Lana e Silveira (2008) comentam que vários autores classificaram como partes de uma pesquisa a população, como o conjunto a que se pretende estudar e o indivíduo, uma peça deste conjunto. Apesar ainda de alguns autores classificarem amostra também como população; a amostra tem como corpo uma fração da população delineada na pesquisa.

Outra parte da pesquisa foram as características como sendo aspectos específicos de uma população e variáveis como sendo a apresentação destes aspectos dentro de um contexto. Os valores ou modalidades é a explicitação das peculiaridades da amostra que se enquadram dentro das variáveis. Boente; Braga (2014), classifica a pesquisa em acadêmica quando possui fins científicos e pesquisa de ponta, a qual é considerada pelo autor como científico, mas com enfoque ao mercado e não ao conhecimento.