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CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO GERAL

CULTURA, ARTE E EDUCAÇÃO EM EMBU DAS ARTES

3.3 Construção histórica das artes e suas definições

A presença da arte na história pode ser identificada, nas manifestações de conhecimento, onde o homem utilizava o desenho como forma de linguagem. Já no tempo das cavernas os primatas desenhavam como caçavam, quantas pessoas tinham na caverna, representavam o que viviam. Desde o começo da humanidade o ser humano era e é um ser criativo, nascendo com essa habilidade, a qual pode ser desenvolvida através do meio em que vive, independente da cultura e do desenvolvimento interno de seu ser, assim explorando e estimulando sua criatividade em seu cotidiano (Sans, 2001).

A arte deve ser entendida como essencial para a completude humana, permitindo que o ser humano possa se desenvolver e evoluir, fazendo uso dessa Ciência possuidora de características potencialmente ilimitadas, tendo em vista também sua imensurável capacidade criativa.

O traço primordial da arte é sua natureza complexa, o que colabora para a inexistência de consenso sobre o que deve ser entendido como tal. Essa ausência de concordância sobre como se deve analisar “a arte”e o que ela comporta contribui para a manutenção da sensibilidade na sociedade. O processo de formação e evolução histórica do que hoje em dia se entende como arte, enfrentando os principais diálogos sociológicos e antropológicos acerca de sua definição, sua inserção na cultura e na educação, seu papel no despertar da criatividade, liberdade de expressão se mostra indispensável e essencial à construção do conhecimento, a expressão das emoções, percepções e sensações do mundo que nos rodeia.

O homem nasce com especificidades culturais, psicológicas e sociais, o que permite fazer ligações com a natureza e com o mundo. Sendo a arte parte integrante desse movimento, possibilita a representação e interpretação do mundo, onde são desenvolvidas habilidades de seleção, classificação, identificação, entre outros, indispensáveis para organização humana (Buoro, 2001).

A Arte primeiramente, antes de ser definida, deveria ser apreciada, admirada sem tentar compreendê-la ou explicá-la. Arte é uma palavra que chega ao português derivada do latim ars. A princípio, a palavra ars era utilizada com o significado de “capacidade de fazer algo”. Com o passar do tempo, seu significado mudou e passou a significar arte. É considerada como uma atividade humana que acontece por meio de manifestação estética. Quem produz arte é chamado de artista e tem o objetivo de afetar a percepção, as emoções e as ideias daqueles que entram em contato com sua arte. Cada obra de arte possui um sentido para o artista e é produzida com a intenção de despertar alguma sensação ou emoção em quem a vê, ouve ou sente47.

É o conceito que engloba todas as criações realizadas pelo ser humano para expressar uma visão sensível do mundo, seja este real ou fruto da imaginação. Através de recursos plásticos, linguísticos ou sonoros, a arte permite expressar ideias, emoções, percepções e sensações. A definição de arte varia de acordo com a época e a cultura, por ser arte rupestre, artesanato, arte da ciência, da religião e da tecnologia. Atualmente, arte é usada como a atividade artística ou o produto da atividade artística. A arte é uma criação humana com valores estéticos, como beleza, equilíbrio, harmonia, que representam um conjunto de procedimentos utilizados para realizar obras.

Para os povos primitivos, a arte, a religião e a ciência andavam juntas na figura, e originalmente a arte poderia ser entendida como o produto ou processo em que o conhecimento é usado para realizar determinadas habilidades. A história indica que, com o aparecimento do Homo Sapiens, a arte teve uma função ritual e mágico-religiosa, que foi sofrendo alterações ao longo do tempo. Seja como for, a definição do termo “arte” varia consoante a época e a cultura48.

A História da Arte é muito vasta e complexa, pois acompanha todo o desenvolvimento do ser humano. Sendo assim, ela está dividida em vários períodos, nos quais se verificam as variadas formas de produção artística de inúmeras civilizações ao longo da história humana. Alguns historiadores entendem que a História da Arte, desde a Pré-História até os nossos dias, traduz a própria história da humanidade, isto é, revela o processo de auto compreensão humana.

47 http://conceito.de/arte /. Acesso em: 29/ nov./ 2016. 48 http://conceito.de/arte /. Acesso em: 29/ nov./ 2016.

Durante a Pré-História a arte se manifestava como uma tentativa do homem captar a natureza a sua volta da forma mais fiel e exata possível vinculando seus trabalhos às forças da natureza.

A Arte na Pré-História é período no qual podem ser colhidas informações sobre os sistemas simbólicos desenvolvidos pelos homens primitivos, suas técnicas como a arte rupestre e os principais lugares do mundo onde esse tipo de arte pode ser encontrado atualmente.

A arte rupestre é compreendida como o amplo conjunto de desenhos, pinturas e inscrições realizadas pelo homem pré-histórico.

A arte desenvolvida pelas grandes civilizações da Antiguidade no Ocidente e no Oriente Médio, como a arte da Mesopotâmia, (em palácios) no Egito Antigo (tumbas, estatuetas), na Persa (grandes estatuas, decorações), a Arte Grega (representação do corpo com riquezas de detalhes), a Arte Romana (arquitetura, grandes edificações), a Arte Bizantina (igrejas monumentais) e a Arte Cristã Primitiva (basílicas).

Seguindo cronologicamente, temos a arte no período da Idade Média, com temas como a Arte Gótica que pode ser esmiuçada no estudo dos vitrais góticos e na especificidade, gótico alemão além das catedrais medievais e as técnicas de pinturas que estabeleceram as bases para os artistas do Renascimento. Entre os artistas do Renascimento, destacam-se os italianos, como Michelangelo. Além disso, temos ainda a fase pós-renascentista, destacando-se a arte barroca com destaque especial, a pintura barroca em que foram empregadas as técnicas de luz e sombra e a variação do mesmo período, conhecida como Rococó49.

No período da “antiguidade tardia”, ou simplesmente “época medieval”, experimentou-se grave momento de crise histórica, em especial frente ao desenvolvimento e solidificação alcançado pelo Cristianismo, o que influenciou diretamente as artes, fazendo com que muitas das obras artísticas produzidas fossem vinculadas a aspectos de natureza religiosa.

Ao se prosseguir na jornada cultural das artes, inclui-se no Período Romântico, durante o qual elas são fortemente influenciadas pela nova situação histórica e política

existente, em especial no que se refere à cisão do Oriente. A partir desse momento, “qualquer obra sobre o período deverá partir de investigações sobre a realidade econômica, política e social que dominava o período.” (Argan; Fagiolo, 1992. p. 59) A arte se vinculava aos factos que se manifestavam na sociedade.

Durante o Renascimento, a arte experimenta a passagem por um processo de reconstrução, tendo em vista se tratar de um momento histórico marcado pela busca de certezas e racionalidade, quando todos os critérios de qualidade artística se encontravam vinculados à racionalização, caindo em desprestígio quaisquer visões irreais e irracionais.

Hausser esclarece:

Todo desenvolvimento artístico passa a ser parte do processo total de racionalização. O irracional deixa de causar qualquer impressão mais profunda. As coisas que são agora sentidas como “belas” são a conformidade lógica das partes individuais de um todo, a harmonia aritmeticamente definível das relações e o ritmo calculável de uma composição, a exclusão de discordâncias na relação das figuras com o espaço que ocupam e o relacionamento mútuo das várias partes do próprio espaço. (2000, pp. 284-285).

No Período Neoclássico, a arte se insere nesse processo de elevada complexidade em que ainda se encontra, tornando-se passível de visões e conceitos cada vez mais amplos e articulados, englobando o surgimento de novas expressões artísticas que, apesar de muitas vezes impopulares eram reconhecidas como arte.

A Arte Moderna tem seu surgimento no Século XIX, início do Século XX, quando há uma completa ruptura das formas clássicas e tradicionais, comumente marcadas por padrões bem definidos, introduzindo novos temas, inexplorados pelas expressões artísticas antigas e vistas como uma nova forma de expressão, contrária a conceitos idealizados até o momento conhecidos.

Essa multiplicidade de correntes em artes contribuiu para o processo de difusão e diferenciação de trabalhos artísticos, considerando-se as distinções presentes entre cada nova produção realizada. Às artes, portanto, apega-se ao lúdico, ao belo, ao agradável, entrega-se à fantasia como mecanismo de superação das barreiras impostas pelo cotidiano que lhe permite alcançar um estado de equilíbrio e de paz com a realidade que a circunda.