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CAPÍTULO I ENQUADRAMENTO GERAL

CONTEXTUALIZAÇÃO REGIONAL, HISTÓRICA E CULTURAL – EMBU DAS ARTES

2.2 Inserção Regional

2.2.1 Aspectos demográficos e geográficos do município de Embu das Artes

No Brasil, o processo de urbanização nos anos de 1950 marca um período de

apogeu industrial, notadamente em São Paulo, Região Sudeste, a mais importante do país do ponto de vista econômico e populacional junto à economia nacional.

O processo migratório pelo qual passou esse Estado no referido período deu-se pelo avanço da mancha urbana sobre as áreas verdes, que com raras exceções ocorreu com o devido planejamento urbano, ocorrendo de forma desordenada, ocasionando inúmeros impactos sobre a paisagem.

Outros fatores fundamentais foram o desenvolvimento de práticas especulativas do solo, tanto por parte do setor privado, quanto pelos setores públicos, que estocaram terras nas áreas periféricas à espera de valorização. Toda a Região Metropolitana de São Paulo nesse período sofreu com o adensamento populacional e a porção Sul, Sudoeste que compõem o município de Embu das Artes se juntaram à metrópole, constituindo a maior Região Metropolitana no conjunto nacional.

Inúmeras periferias eclodiram neste período, através da junção de cidades limítrofes o que ocasionou grandes impactos.

Seguindo a dinâmica de toda a região metropolitana, a população do município de Embu das Artes teve um crescimento significativo desde 1970, ficando entre os cinco primeiros que mais cresceram na década de 70 e 80, atingindo em 2006, segundo estimativas do Censo Demográfico do IBGE, uma população superior a 246 mil habitantes, com uma densidade demográfica de 3,6 hab/km27.

Os dados apresentados no censo do IBGE, através da população recenseada, aponta o índice populacional dos munícipes de Embu das Artes de dez em dez anos: 4.028 (1950); 4.997 (1960); 18.148 (1970); 95.800 (1980); 155.990 (1990); 207.663 (2000); 240.230 (2010)8.

Fica claro através desses dados a explosão da população demográfica entre migrantes e imigrantes que ocorreu entre os anos sessenta e setenta.

O censo demográfico de 2010 aponta a quantidade populacional de homens e mulheres tabulados por idade. Observa-se na tabela a apresentação dos moradores do município de Embu das Artes destacando-se por moradores da área urbana, sendo mais mulheres do que homens, em todas as faixas etárias. Muitas crianças e adolescentes de

7www.agb.org.br/evento/download.php?idTrabalho=2338Acesso em 28/nov./2015.

8 http://infocidade.prefeitura.sp.gov.br/htmls/7_populacao_recenseada_1950_10552.html. Acesso em 28/nov./2015.

ambos os sexos. Mantendo até aos 40 anos a mesma proporção de homens e mulheres, havendo um declínio equiparado entre 40 e 60 anos e pouca população de idosos.

Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.http://www.censo2010.ibge.gov.brAcesso em 28/nov./2015.

O município de Embu por estar próximo à capital de São Paulo passa a receber essas pessoas vindas de outros estados como também os imigrantes chegando de outros países. Um exemplo é a família Kikuti que em 1917 se instala aqui e começa a contribuir para a formação de Cinturão Verde com plantações agrícolas. No período de 1912 a 1937 destaca-se pela chegada de um grande grupo de japoneses que se alojaram em nosso município, trazendo suas culturas influenciando nossa cidade sendo responsáveis pela tradição no cultivo de plantas e flores (Trindade, 2010).

Quanto aos migrantes nordestinos e mineiros instalam-se na periferia da cidade entre os anos 1950 e 1980 atraídos pelo desenvolvimento industrial de São Paulo. Pelo fato dessas pessoas não encontrarem empregos no Embu iam trabalhar na capital e voltavam para suas casas somente para dormir, a cidade então passou a ser chamada de cidade dormitório. (Trindade, 2010).

Um estudo do SEADE aponta a taxa de crescimento demográfico de 28,00% verificada no período 2000/2010, e ainda aponta que são taxas elevadas para as próximas décadas: 16,67% para 2010/2020 e de 9,82% para 2020/2030.

Segundo o Censo, observa-se em 2006 que a distribuição espacial dessa população está́ concentrada, sobretudo, na bacia do Rio, nos bairros de Santa Tereza, Santo Eduardo, Santa Emília e Parque Pirajuçara, e na região central (Bacia do Rio Embu Mirim), locais que sofreram os maiores impactos da ocupação urbana no município.

Figura 4: Número da Região do Orçamento Participativo

O município de Embu das Artes está inserido neste quadro, o crescimento da área leste do município é resultado da expansão populacional da região sul da cidade de São Paulo. A topografia de morros e morrotes desta faixa que forma a sub-bacia do Rio Pirajuçara foi sendo ocupada de forma a atender as necessidades de moradia de uma população de baixa renda que trabalhava, e trabalha, em outros municípios da Região Metropolitana de São Paulo e que precisava de moradia; como não possuía renda passou a ocupar essas áreas seguindo um processo de expansão do sistema de favelamento. Este é um retrato e a consequência de um modelo concentrador de renda e de exclusão social9.

Os movimentos da sociedade, atribuindo novas funções às formas geográficas, transformam a organização do espaço, criam novas situações de equilíbrio e ao mesmo tempo novos pontos de partida para um movimento. “Por adquirirem uma vida, sempre renovada pelo movimento social, as formas - tornadas assim formas-conteúdo - podem participar de uma dialética com a própria sociedade e assim fazer parte da própria evolução do espaço” (Santos, 2008, p.32).

As modificações do espaço decorrentes do processo migratório se devem ao incremento de novas materialidades, modificando as paisagens outrora naturais, onde muitos migrantes foram habitando lugares impróprios, áreas de declividade acentuada, várzeas de córregos, ou seja, lugares não estruturados, o que acabou por ocasionar inúmeros problemas sociais e ambientais.

A migração é um importante elemento da dinâmica populacional. Constitui-se no deslocamento de pessoas entre localidades (cidades, Estados e países). A população de Embu das Artes é originária de processos migratórios desde sua fundação.

No século XX a região sudoeste, especialmente em São Paulo, passa a se destacar por seu desenvolvimento industrial, tornando-se atrativa às pessoas que moram no Nordeste, Norte e Minas Gerais que buscavam melhores condições de vida.

A região nordeste do Brasil foi a grande produtora de açúcar, a sustentação econômica da Coroa Portuguesa nos séculos XVI a XVIII, aonde muitos escravos vindos da África trabalhavam nos engenhos. O início da população brasileira, com miscigenação de índios, brancos e negros também ocorreu nesta região.

9 fundaembudasartes.sp.gov.br/e-gov/public/arquivos/2011/06/04_minuta_drenagem.pdAcesso em 28/nov./2015.

Com o declínio da plantação do açúcar e a ascensão do café na região sudeste começou a migração do povo nordestino, ainda escravo para estas regiões. A Aldeia de M’Boy não recebeu grande fluxo de escravos negros, porque já tinha a mão de obra indígena.

Segundo o Censo populacional do ano 2000, a população migrante residente no município tem origem, principalmente, no próprio Estado de São Paulo, representando 54% da população. Do restante, 32% da população migrante advêm da Região Sudeste, sendo essa população originária, em sua maioria, do Estado de Minas Gerais; a Região Nordeste contribui com 6%, principalmente do Estado da Bahia; a Região Sul representa 3%, com o Paraná; as Regiões Norte e Centro-Oeste, juntas, 4%, com os Estados do Pará e Goiás como os maiores representantes dessas regiões. Os estrangeiros correspondem a pouco menos de 1% da população residente no município.

Migram também pessoas da região sul do país, descendentes de italianos, buscando oportunidade de trabalho. E também influenciam com sua cultura através das danças e com o Centro de Tradições Gaúchas - CTG.

Esses novos moradores começam a influenciar no desenvolvimento do município e alguns deles começam a se dedicar às produções artísticas, por meio de pinturas, esculturas, modelagem, entalhes em madeiras, música, literatura e bordados, demonstrando a capacidade criativa e de adaptação de um povo singular.

Como fruto da migração e imigração, podemos destacar alguns exemplos dessa aliança de diferentes culturas em Embu, como o Grupo Sakai, que realiza arte em cerâmica; as danças brasileiras, representadas pelo Teatro Popular Solano Trindade; o Mineiro Pau, trazido pela família Gama; as músicas regionais do sul, após a instalação no Embu do Centro de Tradições Gaúchas - CTG; um grupo de escultores que seguiam os primeiros passos dos indígenas que esculpiam as obra do Convento de Jesuítas; e dos mestres Cássio M’Boy (após os anos 1920) e Assis do Embu (Trindade, 2010).

Inicia-se juntamente com esse processo de migração e imigração um movimento

hippie na época de 1960, em que a chegada desses artesãos começa a influenciar com

seus trabalhos manuais. Muitos deles chegaram a cidade vindos da capital, São Paulo, onde já apresentavam seus trabalhos na Feira de Artes e Artesanato da Praça da República, sendo o artesão Cristo o pioneiro.

grande medida a esses migrantes e imigrantes pioneiros que, totalmente integrados à cultura local, transformaram Embu em um celeiro de artistas, hoje conhecido em todo país e internacionalmente” (Trindade, 2010, p. 36).