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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.3 A formação dos profissionais da Administração

3.3.4 A Graduação e a Pós-graduação em Administração no Brasil: histórico, modalidades e análises.

3.3.4.8 A avaliação das Instituições de Ensino Superior em Administração

Uma vez diferenciada as modalidades de cursos de pós-graduação em Administração em vigor no Brasil, esta seção tem por objetivo explorar as vertentes que estudam o fenômeno destes cursos através da avaliação dos seus alunos egressos. Mostra-se a seguir um resumo do que existe na literatura acadêmica discorrendo sobre este assunto, mesmo que alguns destes trabalhos analisem um tema análogo, mas tendo como enfoque um resultado diverso do que se propõe nesta pesquisa. Algumas destas citações justificam posições afirmadas acima pelo autor deste trabalho e que justificam esta pesquisa, embora se tenha optado por coletar nesta parte do mesmo os referenciais importantes em ordem cronológica.

Forrester (1986) realizou um estudo com 1.127 alunos egressos do MBA da London Business School e observou substancial aumento salarial dos respondentes após a conclusão do curso (entre 24 e 54%). Levantamentos da UK Association of MBAs (Schofield, 1996), sobretudo em programas de tempo parcial, concluíram que, em 18 meses, 50% dos egressos haviam sido promovidos e, dentre estes, 50% haviam evoluído mais de um nível na carreira.

Espey e Batchelor (1987) e Kane (1993) em seus estudos mostram que egressos de programas de pós-graduação em Administração ocupando cargos de níveis gerenciais são mais envolvidos e comprometidos com as organizações que os empregam, na medida em que suas formações lhes asseguram maior capacidade de desenvolvimento

em suas funções, resultante do fato de que muitas vezes seus projetos, dissertações e teses, estão mais alinhados com as necessidades reais das empresas.

Baruch e Peiperl (2000) e Heaton, Ackah e Mcwhinney (2000), como citado na introdução deste trabalho por Teixeira et al. (2007), apontam o desejo de mudança dos participantes de cursos de pós-graduação em Administração em suas carreiras profissionais, como motivo para ter cursado tais programas. Os participantes consideram, como decorrência deste aprendizado, uma maior possibilidade de surgirem oportunidades de crescimento decorrentes do seu aumento de conhecimentos, o que poderia propiciar maior expertise em gestão de problemas, aumentando auto-estima, contribuindo para melhorias salariais e proporcionando ascensão mais rápida na carreira.

Continuando sua análise, Baruch e Peiperl (2000), apontam benefícios para as empresas que contratam profissionais oriundos de programas de pós-graduação em Administração por serem estes mais bem preparados para desempenhar os cargos de gerência, onde o conhecimento adquirido lhes traz mais segurança para assumir responsabilidades e estabelecer metas sem necessidade de interferência dos shareholders. Estes autores também consideram que a contratação deste tipo de profissional proporciona um crescimento no status da organização, evidenciando a importância dada a estes programas.

Os referidos autores também analisam grupos de executivos egressos de programas de MBA comparando-os a outros que não o haviam feito em 4 empresas inglesas. Através de questionários, pesquisaram uma amostra de 186 executivos, onde 57 haviam cursado MBA (30%). Dentre os pesquisados, 77% eram homens, o que reflete a participação em MBA por gênero e a idade média era de 35,2 anos. A conclusão principal do estudo indica que todos os elementos analisados relacionados à competência, foram encontrados níveis mais altos dentre os egressos de MBA.

Já Baruch e Leeming (2001), mostram os desejos latentes daqueles que se candidatam a um programa de especialização em Administração, que incluem desenvolver a competência conceitual, técnica e humana para aumentar suas habilidades no

desempenho de suas funções profissionais com vistas a uma carreira com maiores possibilidades de crescimento profissional.

Outros estudiosos como Mintzberg e Lampel (2001) criticam os tão propalados efeitos do MBA para a carreira, mencionando que, dentre os mais bem sucedidos executivos americanos, como Bob Galvin da Motorola, Bill Gates da Microsoft, Andy Grove da Intel e Jack Welch da General Motors, os dois primeiros nunca concluíram seus estudos universitários e os dois últimos obtiveram o Ph.D. em Engenharia Química. Com visão análoga pode ser citado o artigo da Fortune (1999), Por que os CEOs falham onde, das 33 empresas listadas no artigo, 40% dos CEOs tinham MBA.

Contribuindo para a análise do tema, Frezatti e Kassai (2002) examinaram o impacto de um curso MBA em Controladoria na evolução da carreira de seus egressos. O resultado da pesquisa apontou alguns fatores como tendo impacto na evolução profissional destes egressos, como a idade do aluno ao iniciar o programa, o tempo de formado, a dedicação às disciplinas no sentido de obtenção de bons resultados.

No caso dos alunos brasileiros, De Paula e Wood Jr. (2004), apontam os mesmos interesses, em comparação com estudos oriundos da literatura estrangeira. Eles seriam a busca de reciclagem profissional, maior possibilidade de ascensão na carreira, e ao mesmo tempo a possibilidade de empreender por conta própria ou atuar na docência.

Já Ruas (2003), afirma que o perfil pretendido pelas empresas brasileiras é de buscar profissionais que exerçam cargos de executivos com características de suportar a pressão do mesmo, estando aptos a enfrentar situações de estresse e mudanças constantes, o que envolve um perfil de adaptação e agilidade para encontrar caminhos que levem a empresa a uma posição de prosperidade no mercado.

Nesta direção, Fisher (2003), Ruas (2003) e De Paula e Wood Jr. (2004) analisam a disseminação dos programas de especialização no Brasil, procurando compreender o fenômeno. Para Ruas (2003, pág. 60) apud Teixeira et al. (2007):

[...] as contribuições dos MPA para a formação gerencial no atual ambiente de negócios estão relacionadas com a intensificação da concorrência, pressão por resultados, expectativas sobre o desempenho de empresas e gestores, foco na

competitividade e diferenciação, além da necessidade de desenvolvimento de competências específicas.

Em consonância como o que foi citado anteriormente, Pappas et al. (2004) consideram a avaliação dos programas de pós-graduação em Administração através da própria avaliação dos alunos egressos destes cursos em detrimento de avaliação dos alunos durante o período que a cursam. Afirmam que uma avaliação favorável por parte de alunos egressos sinaliza que este foi capaz de transmitir os conhecimentos necessários para desempenhar suas funções profissionais na empresa. Para estes autores, pesquisas quantitativas e qualitativas realizadas com alunos egressos de cursos de especialização com esta finalidade de avaliação dos mesmos constituem um dos instrumentos mais úteis no processo de avaliação dos mesmos.

Já outros autores como Davidson-Shivers, Inpornjivit e Sellers (2004), validam o monitoramento de qualidade de um curso e/ou programa mediante análise de percepções de seus alunos egressos.

Bacellar e Ikeda (2005, p.6) aprofundam o tema com seu artigo que investiga os objetivos e expectativas dos alunos que cursam MBA Executivos. Estas autoras apontam que:

[...] a busca de formação continuada por executivos de fato vem crescendo consideravelmente nos últimos anos, chegando a taxas de 20 a 25% ao ano (PANORAMA..., 2001, p. 4). Isso também pode ser evidenciado pelo fato de terem surgido livros que abordam especificamente essa questão como, por exemplo, o livro de Gasalla (2004) que, após ressaltar a importância da formação continuada para executivos de Marketing, enumera cursos e sugere estratégias de ação. No entanto, poucos estudos estão relacionados especificamente ao que motiva os alunos a fazerem um curso de MBA.

Como resultado deste trabalho, as autoras encontram uma variedade de objetivos declarados pelos alunos, destacando-se, aprender coisas novas para aplicar no trabalho, fazer um network interessante e ter aulas estimulantes. Os objetivos menos valorizados foram ter aula com um professor de renome e sobre a infra-estrutura da universidade.

Teixeira et al. (2007) analisam o perfil dos alunos egressos do Programa de Mestrado Profissional em Administração da PUC Minas/FDC no período de 2000 a 2005 com objetivo de fazer uma aferição de qualidade e cumprimento da meta de formação de alunos preparados para atuar em suas funções. Outro objetivo é o de analisar a trajetória

destes alunos observando se houve desenvolvimento de atividades científicas e acadêmicas.

A contribuição de Takahashi (2007, p.21) para o estudo do assunto relaciona os processos da aprendizagem organizacional para o desenvolvimento de competências em instituições de ensino. Segundo a autora:

[...] o centro do debate da aprendizagem, está a discussão sobre o conhecimento. A aprendizagem organizacional, como uma lente (PRANGE, 2001) permite abordar a apropriação do conhecimento pela organização. Mas a aprendizagem envolve mais do que a criação do conhecimento individual, abrangendo sua utilização e institucionalização na organização. O resultado da aprendizagem organizacional é a aquisição de uma nova competência: uma habilidade de aplicar novos conhecimentos para melhorar a performance de uma atividade presente ou futura.

Rondon (2008) propõe a partir da análise das definições de Marketing, o modelo dos ―7Ps‖ do Marketing de Serviços descritos para os Serviços Educacionais. Caracteriza-se marketing de serviços educacionais como o processo de troca de serviços de indivíduos com Instituições de Ensino Superior (IES), no qual os indivíduos buscam atender suas necessidades por meio dos cursos e aulas oferecidos.

O estudo confirmou a relevância das universidades como um valioso recurso para o desenvolvimento social e econômico do país, o que foi verificado através do crescimento que o ramo testemunhou nas últimas décadas. Por outro lado, observou-se que as universidades precisam se posicionar como instituições de prestígio, de forma a valorizar quem é possuidor de seu título, reforçando o interesse do mercado interessado em estudar na instituição.

Outra contribuição importante para o estudo do tema foi fornecida por Vieira (2009), realiza avaliação de programas de educação continuada com ênfase na análise da percepção do aluno e do seu modelo de decisão para escolha de qual programa de especialização cursar, realizado dentre executivos que exercem sua profissão no país.

No Brasil, pesquisa efetuada em 2002 pela Datafolha entrevistou 264 executivos que já haviam cursado ou estavam cursando pós-graduação. Deste universo, 74% tiveram mudanças na vida profissional, 50% conseguiram aumento de salário e 44% foram

promovidos. A pós-graduação incluiu, na pesquisa, cursos de mestrado (34%), doutorado (13%) e especialização (52%). Dados da Coordenação para o Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes) indicam ainda um aumento de 229% do número de estudantes com título de mestrado e de 279% no total de doutores formados, entre 1999 e 2000 (Folha de São Paulo, 2002). Os dados não existem para os cursos de MBA, mas percebe-se um grande aumento do oferecimento de programas.

Como ficou evidenciado, até aqui, o tema de pesquisa sobre o impacto dos cursos de pós-graduação, incluindo-se o MBA na vida e na carreira de seus alunos está longe de se esgotar. Pretendeu-se com este estudo acrescentar dados e análises no sentido de complementar o conteúdo deste tema e, ao mesmo tempo, incentivar novas abordagens e análises críticas que possam ensejar novos estudos e pesquisas sobre o assunto.

Uma vez conhecido todo o universo do ramo de educação que se pretende explorar, pois o Conhecimento para efeitos desta pesquisa vai ser buscado pelos profissionais e empresas nas diferentes modalidades de cursos de pós-graduação em Administração, este trabalho agora vai buscar fundamentação em outros aspectos também relevantes. A seguir pretende-se desenvolver os temas que são de fundamental importância para o relacionamento entre Conhecimento e Retorno Profissional, tais como conhecimento, aprendizagem, carreira.