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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.5 O Retorno Profissional e a Carreira

3.5.3 Relações entre Conhecimento e Retorno Profissional

Com objetivo de melhor caracterização e descrição dos construtos centrais deste trabalho (Conhecimento e Retorno Profissional – indicativos de impacto na carreira), abordou-se estudos já feitos sobre assuntos correlatos, que são influenciadores dos mesmos, de maneira a reforçar as relações que compõem o modelo estrutural de pesquisa que este estudo apresenta, e que foram abordados separadamente nos tópicos anteriores. Neste tópico analisa-se a relação entre Conhecimento e Retorno Profissional.

Ainsworth e Morley (1995) apud Delaney (2000, p. 140) ofereceram um esquema conceitual com quatro dimensões para medir a efetividade de um curso de pós-

graduação na área de gestão: 1) experiência profissional; 2) conhecimento adquirido durante esse período de experiência; 3) mudança de comportamento como resultado dessa experiência e; 4) resultados atribuídos a essa experiência.

Hilgert (1995) analisou os efeitos de programas de pós-graduação tendo como variáveis de saída os seguintes aspectos do desenvolvimento dos diplomados: pessoal, carreira e relações interpessoais, visando obter como resposta se o programa cursado pelos profissionais afetou sua vida, sua carreira e sua visão de mundo. Este autor sugere relação direta entre investimento realizado e impacto positivo na carreira. Os dados da pesquisa sugeriram que a experiência profissional tinha relação direta com os níveis de satisfação interpessoal e com a carreira, dados classificáveis como Retorno Profissional.

Como justificativa adicional para o relacionamento destes temas, notadamente a mudança de perfil dos gerentes que são demandados nas empresas modernas, e reforçando o que foi dito anteriormente neste trabalho e amparado por outros autores, é relevante observar a síntese proposta por Srour (1998, p.21), afirmando que:

[...] nos últimos tempos, as relações de trabalho nas empresas competitivas passaram por radicais mudanças: os trabalhadores deixaram de ser descartáveis e desqualificados (meras engrenagens das linhas de produção) para tornar-se trabalhadores qualificados e polivalentes (profissionais organizados em linhas de trabalho). (p. 10 da introdução). (...) reformulam por inteiro a organização do trabalho. As atividades, outrora fragmentadas em tarefas simples, rotineiras e estereotipadas, passam a ser agregadas em processos que transferem valor para o cliente. Os trabalhadores reunidos em equipes multifuncionais se responsabilizam por processos, assumindo desde logo algumas funções gerenciais. Sua capacitação demanda anos de estudo e de habilitação técnica, ao contrário do curto tempo de treinamento anterior a que os trabalhadores estavam sujeitos. O controle do processo de trabalho deixa de ser de responsabilidade exclusiva de um staff de especialistas e de uma gerência centralizadora. Intensifica-se e amplia-se o uso da tecnologia de informação, num contexto em que o acesso aos dados é compartilhado. Substituem- se os treinamentos esporádicos por uma educação permanente. Em vez de departamentos funcionais, com estruturas hierárquicas de supervisores e gerentes, têm-se equipes de processo, com estruturação mais nivelada e cuja coordenação é incumbência de mentores (coaches, orientadores, instrutores, treinadores). No mais, usam-se ―gerentes de projetos‖, ou de empreendimentos, em estruturas matriciais, voltadas para contratos ou procedimentos específicos.

Considerando a mudança nas relações de poder e reconhecendo a importância do conhecimento (o saber) como fonte das decisões da organização e reforçando a importância do papel dos gerentes, Srour (1998, p.21), conclui que:

[...] a conversão do layout produtivo nas organizações supõe uma drástica alteração das relações de poder. Ao invés de relações autoritárias, de corte assimétrico e baseadas no temor das sanções, em que os subordinados ficam reduzidos à condição pacífica de súditos e de meros executores de ordens, constroem-se relações liberais. Estas são mais horizontais e se baseiam no respeito à competência técnica; em seu seio, os trabalhadores alcançam co-responsabilidade na geração de produtos e de serviços. Prevalece então a cidadania organizacional, com direitos e deveres assumidos no nível microssocial das organizações à semelhança do que ocorre no

nível maior da sociedade inclusiva. A ―posse‖ ou a ―apropriação real‖ dos

instrumentos de trabalho por parte dos trabalhadores desemboca na partilha das decisões técnicas dos gestores, ou seja, na gestão participativa. De maneira que, a partir da Revolução Digital, o poder deixa de ser a grande força que disciplina os agentes organizacionais para dar lugar ao saber como fonte de coesão, de orientação e de legitimação.

Como se pode observar pelas citações acima, o aumento do Conhecimento representa uma habilidade que os alunos necessitam buscar quando freqüentam um curso de pós- graduação em Administração. O uso apropriado do conhecimento adquirido tem relação direta com os resultados que este aluno, na posição de dirigente, busca obter para a empresa onde trabalha, de forma a conseguir para si um desenvolvimento na carreira que pode ser mensurado por diversos fatores: aumento de seu valor de mercado, aumento de salário, proposta de remuneração variável, promoções, dentre outros benefícios citados anteriormente e caracterizados como impacto na carreira ou Retorno Profissional.

4 METODOLOGIA

4.1 Introdução

Uma vez descritos os objetivos da pesquisa, relacionados aos temas Conhecimento e Retorno Profissional, o estudo prossegue com a apresentação da metodologia empregada. A estratégia metodológica permitiu fazer com que o instrumento de pesquisa, elaborado e aplicado nesta pesquisa, pudesse ser trabalhado dentro dos rigores científicos necessários para que os dados obtidos fossem dignos de confiabilidade. Além disto, visa sustentar, ao final do trabalho, a apresentação das respostas consideradas adequadas para o problema de pesquisa proposto.

Dessa forma, com base no suporte desenvolvido no referencial teórico, deseja-se avaliar a relação entre conhecimentos transmitidos por cursos de especialização lato sensu em Administração e seus impactos na vida profissional na perspectiva dos alunos egressos, fazendo uso do modelo proposto nesta pesquisa e que relaciona os construtos Conhecimento e Retorno Profissional.