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5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS À LUZ DA LITERATURA

5.1 A BIBLIOTECA UNIVERSITÁRIA E SUA UTILIZAÇÃO PELOS

Ao analisar a utilização da biblioteca universitária pelos estudantes, os resultados

mostraram que quase a totalidade dos estudantes pesquisados utiliza a biblioteca, dado esse que foi também corroborado pelos bibliotecários das Unidades de Ensino selecionadas para esse estudo. Entretanto, quando se buscou levantar os dados referentes à frequência de utilização da biblioteca pelos acadêmicos, observa-se que mais de 50% deles somente a visitam semanalmente, esse resultado foi também constatado por Caregnato (2005) em pesquisa desenvolvida, junto aos estudantes de Biblioteconomia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, indicando que essa prática provavelmente se reproduza em outras regiões do país.

O que chama atenção, nessa frequência de uso, é que ela confirma os resultados obtidos por Caregnato (2005), embora a pesquisa desenvolvida por essa autora tenha se realizado junto aos estudantes calouros da Universidade. Os resultados obtidos, neste estudo, apontam um comportamento idêntico aos identificados naquela pesquisa, ainda que os estudantes participantes deste estudo de caso estivessem em fase de conclusão de curso. Logo, os resultados aqui apresentados e comparados aos apresentados por Caregnato (2005) parecem indicar que a frequência de uso da biblioteca pelos estudantes independe do período e/ou semestres cursados.

Embora os dados apresentados indiquem que um número considerado de estudantes (53,3%) conheça os serviços oferecidos pela biblioteca, observa-se, no entanto, que o serviço mais conhecido e mais utilizado é o empréstimo de materiais em domicílio. Se associarmos esse resultado ao uso semanal da biblioteca, pode-se inferir que o estudante visita este ambiente apenas para cumprir o prazo de devolução dos materiais, renovação ou realização de outros empréstimos. No caso Sistema de Bibliotecas da UFBA, o prazo de empréstimo é de 08 dias, conforme registrado no regulamento dos serviços de empréstimos desse Sistema. (ver

Anexo B). A baixa frequência de utilização e o desconhecimento de parte considerável dos serviços da biblioteca pelos acadêmicos limitam a capacidade do estudante desenvolver suas práticas em informação, como de pesquisa, leitura e construção textual, o que reforça a constatação de (GOMES, 2000, 2006) em suas pesquisas, cujos resultados indicaram a subutilização dos recursos informacionais oferecidos pela biblioteca, como também a conclusão a que chegou Pasquarelli (1996). Sua pesquisa apontou não haver o hábito de frequentar a biblioteca entre os estudantes universitários.

O desenvolvimento das práticas informacionais exige que se considerem as necessidades dos estudantes para a realização de suas atividades acadêmico-científicas. No entanto, o que se verifica é a ausência de práticas que encorajam os alunos a explorar o conhecimento, a buscar informações que, conforme Dudziak (2001) estão disponíveis na grande variedade de fontes e serviços existentes na biblioteca. Tal situação promove a formação de sujeitos com sérias lacunas referentes ao aprendizado das competências em informação, situação que trará reflexos negativos tanto na vida acadêmica quanto na vida profissional ou cotidiana, limitando a capacidade desses sujeitos de lidar com o processo informacional.

Por outro lado, um fator importante que normalmente se acredita como uma barreira do uso da biblioteca é o horário de funcionamento desta. Porém, constatou-se que o horário de funcionamento da biblioteca parece ser satisfatório, segundo a percepção dos bibliotecários das Unidades de Ensino selecionadas para esse estudo, tendo sido indicado como um problema apenas por 12 estudantes em suas considerações livres a respeito do uso da biblioteca.Neste sentido, pode-se inferir que o horário de funcionamento não parece ser um fator tão importante à utilização da biblioteca pelos estudantes.

Assim, essa discussão nos autoriza a dizer que um aspecto a ser considerado para baixa freqüência de utilização da biblioteca é que os estudantes, ao ingressarem no ensino superior não trazem consigo à experiência do uso desse ambiente, prática que não foi desenvolvida a partir de ações integradoras que possibilitassem a eles uma aproximação mais efetiva entre as atividades de ensino, de estudo e pesquisa e aquelas práticas de informação que acontecem no contexto da biblioteca, como constataram Pasquarelli, (1996); Demo (2000, 2003); Gomes (2000, 2006) e Dudziak (2001). Se essas ações tivessem sido desenvolvidas nas bibliotecas dos ambientes escolares frequentados por esses estudantes, poderiam ter ampliado o papel educativo da biblioteca, como destacou Campello (2003) e, poderiam ter desenvolvido, nesses estudantes, as competências que os tornassem usuários mais assíduos da biblioteca

universitária. Essa dificuldade permanece na experiência universitária, reafirmando os limites no desenvolvimento das experiências em informação.

A falta de integração entre as atividades, realizadas na sala de aula e na biblioteca, foi constatada também por Gomes (2006), em uma pesquisa realizada na universidade, o que nos leva a concluir que essa lacuna identificada por essa autora, também, prolonga uma deficiência que se inicia ainda no segmento dos ensinos fundamental e médio, que perpassa o próprio contexto do ensino superior, como também destacou Pasquarelli (1996). Em 1989, a ALA já defendia uma aproximação mais estreita entre os ambientes da sala de aula e da biblioteca, por compreender a importância dessa aproximação para o desenvolvimento da competência em informação. Como ressaltou Gomes (2000, 2006), restringir o ensino- aprendizagem ao ambiente da sala de aula promove a passividade e o isolamento do estudante em relação aos espaços formalmente constituídos para promover o processo de construção do conhecimento.

Apesar de reconhecer que nos últimos anos, há esforços importantes para melhoria do sistema educacional, os dados apresentados neste trabalho evidenciam que os estudantes, ao ingressarem na universidade, ainda trazem deficiências com relação a busca e o uso da informação para o desenvolvimento de seus trabalhos acadêmicos, como destacou Medeiros (2004). Assim, acaba ficando sob a responsabilidade da universidade estimular e intensificar as práticas de pesquisa e leitura, práticas as quais se realizam através da busca e do uso da informação e, portanto, deveriam ser consideradas como o processo de ensino-aprendizagem e para a produção acadêmica dos estudantes, que se constituem na base para o processo de construção do conhecimento científico que se realiza na universidade. (GOMES, 2000, 2006; PASQUARELLI, 1996; DEMO, 2000, 2003).

Campello (2002) ressalta que há muito tempo a biblioteca deixou de ser considerada apenas local de preservação e guarda livros e informações e passou a ser entendida, a partir de uma perspectiva educativa. Hoje, temos de pensar na biblioteca como um espaço flexível que oferece várias possibilidades para os estudantes desenvolverem o ensino-aprendizagem através de práticas sociais de ensino (SOARES, 2003), práticas estas que encontram na bibliotecaum lócus importante que, além de favorecer o acesso a informações, contribui para o processo ensino-aprendizagem e produção do conhecimento.

Neste sentido, o uso da biblioteca pelos estudantes é uma ação que requer competências associadas ao conhecimento de identificação, localização, busca e avaliação das informações que eles procuram. Entretanto, esse uso é um resultado de uma necessidade informacional de que eles têm para realizar seus estudos, como ressalta Miranda (2006).

O ato de buscar informações para depois usá-la é também um exercício que habilita os estudantes a desenvolverem as demais práticas informacionais, que parte de uma necessidade que os instiga a conhecer mais sobre o desconhecido, quando os mesmos “[...] reconhecem a existência de uma lacuna no conhecimento e na capacidade de dar sentido a sua vivência.” (GASQUE, 2008b, p. 190). Essa necessidade não ocorre por acaso, é preciso uma motivação momentânea de insuficiência informacional, cuja origem parte de um impulso de ordem cognitiva, entendimento também que é corroborado por Miranda (2006). Esse processo se dá, através da busca de significados e compreensões para responder e/ou preencher alguma lacuna no estado de conhecimento dos sujeitos, como ressaltou Le Coadic (2004).

Assim, fica clara a ligação entre as atividades acadêmicas desenvolvidas pelos estudantes, durante a vivência acadêmica e o ato de busca e uso de informações. O desenvolvimento das atividades acadêmicas não prescinde das atividades desenvolvidas no ambiente informacional da biblioteca. De qualquer modo, os resultados desta pesquisa confirmaram isso, já que mesmo enfrentando barreiras, os estudantes afirmaram utilizar a biblioteca. Os aspectos a serem considerados, na verdade, são a periodicidade com que visitam esse ambiente e os objetivos com os quais fazem tais visitas.

A primeira e principal finalidade indicada pelos estudantes foi a busca das informações necessárias ao desenvolvimento de suas atividades acadêmico-científicas, resultado também constatado nos estudos realizados por Caregnato (2005). Porém, ao se cruzar esses dados com os da frequência de uso e dos serviços mais utilizados pelos estudantes, observa-se que este uso não corresponde à velocidade e constância do exercício da produção acadêmico- científica, uma vez que esse processo exige uma demanda maior de atividades de identificação, busca, avaliação e uso da informação, não correspondendo também ao tempo necessário para a pesquisa bibliográfica, leituras e produção textual.

A segunda finalidade de uso da biblioteca mais indicada está associada ao empréstimo de materiais, os quais correspondem em maior grau àquelas fontes indicadas pelos professores, critério de seleção das leituras que também foi identificado em pesquisas, realizadas por Gomes (2000, 2006), o que levou essa autora a ressaltar que o professor permanece desempenhando um papel importante no que se refere ao estimulo e à indicação das leituras. Assim, a finalidade de uso da biblioteca acaba muito condicionada à indicação de materiais de leitura pelos professores, o que pode limitar o desenvolvimento da capacidade do estudante de identificar e selecionar as informações com autonomia e que pode se dar com o apoio da biblioteca.

Por outro lado, a terceira finalidade de uso da biblioteca pelos estudantes épara fazer consultas às obras de referências como os dicionários, enciclopédias, boletins e anuários, que poderia representar uma abertura para o processo de intensificação de uso da biblioteca e de uma aproximação, a partir da qual os bibliotecários poderiam realizar atividades para o desenvolvimento de competências em informação, exige a adequação e/ou inclusão do serviço de referência na biblioteca. Ao contrário, o que se observa atualmente no caso estudado é um processo de enfraquecimento do serviço de referência, associado às dificuldades de atualização constante desse tipo de coleção, que requer altos investimentos.

Entretanto, em tempo que se conta com recursos do ambiente virtual, as bibliotecas universitárias poderiam explorar as fontes de referências disponíveis, adequar suas atividades no serviço de referência, fortalecendo essas ações e buscando mediar tanto o acesso e a busca de informações nesse ambiente quanto explorar tais recursos para um trabalho de desenvolvimento das competências em informação de seus usuários. Como alertam Hatschbach (2002) e Campello (2003), frente aos avanços das tecnologias da comunicação e informação, as áreas do conhecimento e, como também os processos, serviços e produtos por elas gerados, necessitam de adaptações.

Ao explorar essas possibilidades, a biblioteca universitária também poderia associar o treinamento desses estudantes na sua lógica de funcionamento, introduzindo esses usuários em procedimentos de busca no interior do acervo físico de que dispõe, já que os procedimentos mais adotados por eles, conforme os resultados obtidos nesta pesquisa; ao mesmo tempo, revelam preferências quanto às estratégias de identificação e busca dos materiais na própria coleção da biblioteca.

Os procedimentos de busca para o uso dos recursos e fontes de informação na biblioteca, mais empregados pelos estudantes para encontrar o que procuram, também confirmados pelos bibliotecários, são os que se dirigirem diretamente às estantes (51,4%), o que oferece ao estudante uma sensação de conforto, de maior liberdade e de independência na realização de seus estudos e pesquisas. Por outro lado, o desenvolvimento de lógica de organização e de funcionamento da biblioteca parece tornar pouco eficiente tal procedimento, levando esses estudantes a buscarem também com intensidade a orientação do bibliotecário ou do atendente (46,7%) e somente como suas últimas opções, consultar os catálogos online (38,1%) ou impressos (26,7%).

Tais procedimentos adotados pelos estudantes indicam a necessidade de, ao mesmo tempo, se estabelecer um conjunto de ações que introduzam os alunos de graduação no uso eficiente da biblioteca, apresentando as funções e os caminhos de busca da informação, a

relação entre os catálogos e a organização do acervo para focalização dos materiais, como também preparar e qualificar o corpo funcional da biblioteca, de modo que este possa dirimir possíveis dúvidas e apoiar os estudantes, quando eles utilizam os produtos e serviços da biblioteca.

Entretanto, quando se observa a distribuição percentual de bibliotecários, por Unidade de Ensino na UFBA, verifica-se que esta é de 02 bibliotecários por Unidade, quantidade que parece ser insuficiente para atender às demandas de atividades que se apresenta à biblioteca. Como ressalta Gomes (2006), a redução do quadro qualificado de profissionais na biblioteca universitária pode resultar no comprometimento da qualidade dos serviços prestados pelas bibliotecas, isso também se confirma pelos resultados obtidos neste estudo, que apontam o descontentamento e a preocupação dos bibliotecários com o número reduzido de pessoal lotado nas bibliotecas

A preocupação com o desenvolvimento tanto do acervo quanto dos serviços, produtos e do seu corpo funcional é que poderá colocar a biblioteca nas condições de um organismo em crescimento, como defende Ranganathan (1963) e, que pode mantê-la como ambiente essencial ao processo de construção do conhecimento.

Quanto ao conhecimento dos serviços oferecidos pela biblioteca e as fontes de informações mais utilizados entre os alunos, não se verificou diferenças significativas entre os cursos freqüentados. A principal fonte informacional utilizada pelos estudantes quando visitam a biblioteca são os livros (ver Tabela 18)independentemente da área do conhecimento a qual o curso pertença. Gomes (2000), em sua pesquisa realizada junto aos cursos de graduação da Escola Politécnica e da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, constatou que no ensino de graduação os livros representam parte significativa do referencial indicado nas bibliografias básicas. Resultado também confirmado em outro estudo que realizou posteriormente com os alunos do Curso de Psicologia da UFBA (GOMES, 2006).

Tal preferência deve ser compreendida também pela tradição do registro do conhecimento científico consolidado nesse tipo de fonte, que se caracteriza como um canal formal de comunicação da ciência, por meio do qual as teorias científicas estão documentadas. (GOMES, 2006).

É compreensível que as bibliografias básicas sejam integradas em grande parte por livros, já que os mesmos registram e apresentam os clássicos, as teorias e os princípios de cada área, enfim apresentam os conhecimentos básicos para que se dê a iniciação dos estudantes no campo específico da ciência. Porém, também é preciso que os estudantes desenvolvam o espírito investigativo e ampliem suas leituras, através do uso de outras fontes

de informações como aquelas que contêm resultados parciais de pesquisas em andamento, resultados de estudos recentes, como alerta Campello (2000). Esse tipo de informação, essencialmente, está registrado em periódicos e anais de eventos científicos, que também deveriam ser objeto de leituras desses estudantes. A prática de leitura entre os estudantes da graduação deveria dar-se também nessas outras fontes, para que pudessem ter acesso às questões constantes que são levantadas por pesquisadores da sua área.

Acredita-se que isso favoreceria o desenvolvimento da visão crítica desses estudantes para que possam futuramente, como defende Demo (2002), se tornarem profissionais críticos e pró-ativos e, não sujeitos que se limitam a reproduz e aplicar o conhecimento já estabelecido.

Por outro lado, embora ainda numa escala menor que o uso do livro, os estudantes já indicam alguma utilização das fontes disponíveis na web, provavelmente pela facilidade e comodidade de acesso. Esse resultado indica que os estudantes os quais participaram desta pesquisa vêm incorporando o uso não orientado que poderia atender a uma demanda da sociedade contemporânea do desenvolvimento de competências, associadas às tecnologias de informação para a busca e uso de informações de qualidade. (ZURKOWSKI, 1974; DUDZIAK, 2001; HASTCBACH, 2002; MIRANDA, 2006).

A mediação da biblioteca no desenvolvimento dessas competências é muito importante pelo domínio que os bibliotecários têm no uso das fontes de referência que ampliam o grau de confiabilidade no conteúdo. O uso de materiais da internet exige a própria compreensão do aluno em saber avaliar com critérios esse tipo de fontes, pois, segundo Targino (2002), as informações disponibilizadas na web podem apresentar alguns aspectos negativos no que se refere à inconsistência, instantaneidade e efemeridade das informações, como também pode levar a banalização da autoria e ao desrespeito quanto à propriedade intelectual, aspectos que podem interferir negativamente na formação dos estudantes e no próprio desenvolvimento de suas práticas de informação.

Entretanto, uma ação nesse sentido exige mudanças de políticas relacionadas à infraestrutura informacional adotada pela universidade, equipando e adequando suas bibliotecas, ampliando e qualificando seu pessoal, o acervo e os equipamentos; como: computadores, softwares adequados ao trabalho com a informação e a bases de dados especializadas que apóiem o serviço de referência. A carência desses recursos humanos e materiais, assim como a inexistência de uma política voltada a isso acabam interferindo no uso adequado da biblioteca e das fontes de informação.

Adquirir competências em informação para utilizar os serviços e fontes informacionais é um processo importante na vida dos estudantes, entretanto, os resultados apontam que o processo de pesquisa na graduação parece ainda bastante limitado, caracterizando-se como uma prática que precisa ser intensificada e mais qualificada na graduação. Esse resultado vai ao encontro de evidências encontradas em estudos como o de Gasque (2008b, p.188) de que as pesquisas as quais acontecem na graduação são ainda “[...] superficiais e pouco orientadas.” Esse processo deve ser visto como uma experiência essencial que se realiza na universidade, cuja finalidade central está em possibilitar aos estudantes aquisição de novas informações, desenvolvimento da capacidade de articular e criar novas conexões. (GOMES, 2003).

Esse problema poderia ser minimizado se na universidade se conjugasse a tais práticas realizadas na biblioteca, outras ações na direção de se aumentar as vagas dos programas de iniciação científica, pois há estudos que evidenciam que as pesquisas desenvolvidas através desse tipo de programa na graduação são muito significativas e colocam os estudantes em um processo constante de busca de informações, possibilitando que estes transcendam às rotinas de aprendizagem e às estruturas curriculares. (FAVA-DE-MORAES E FAVA, 2000).

Essa realidade acerca do uso da biblioteca, das fontes de informação e da pesquisa na graduação é um reflexo de um entendimento que ainda é presente na universidade de que a produção do conhecimento está estritamente ligada a níveis mais elevados da formação. Como alertam Carvalho e Pontes (2003, p. 341) “[...] persiste nas universidades, o preceito educativo de que somente a Pós-Graduação é produtora de conhecimento, ficando para a Graduação a porção consumidora do mesmo, desprezando, assim, o princípio do fazer educativo cuja essência completa-se com a prática da pesquisa.”

Isso também se reflete na utilização menos intensa do ambiente da biblioteca como espaço de leitura, estudo, discussão em grupo, que se daria, a partir da realização de consultas às fontes no local da biblioteca ou levaria a tais consultas. Os resultados obtidos nesta investigação apontaram que, até mesmo durante a elaboração do TCC, esse serviço da biblioteca é utilizado, limitadamente, fato que pode estar contribuindo para uma prática superficial da pesquisa.

O resultado acima retoma a discussão relacionada à importância da biblioteca, enquanto contexto que proporciona aos estudantes inserção no processo de pesquisa, que na opinião de Pasquarelli (2006), é condição fundamental para a construção do conhecimento científico e uma prática importante na educação que, segundo Demo (2000), se dá através da pesquisa; para esse autor, os processos de educação e de pesquisa não devem ser excludentes

e sim integrados. Educar pela pesquisa é um processo que contribui para que o estudante crie, por meios próprios e, não apenas repita conhecimentos, repassados pelo professor na sala de aula. (DEMO, 2003).

Porém, a pesquisa do qual trata Demo depende daquela desenvolvida na biblioteca para busca e uso de informações, que estão na base da geração do conhecimento. Para que ocorra o processo de construção do conhecimento, é necessário que os estudantes saibam, em primeiro lugar, como e onde encontrar a informação para depois selecioná-la para leitura e uso em suas atividades acadêmicas. Enfim, isso se traduz em um processo que exige competências em informações, principalmente, porque hoje a variedade de fontes e recursos associados à tecnologia da informação é muito grande, ocasionando o que Hancock (1993), Ray (1994), Laverty, (1997) e Melo e Araujo (2007) denominam de uma aprendizagem baseada em