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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.5 COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO E A BIBLIOTECA UNIVERSITARIA

das informações. (VERGUEIRO, 1995).

Neste sentido, Dudziak (2003) entende que a competência em informação tem objetivos que permite formar indivíduos para que eles possam determinar sua necessidade de informação, identificar fontes, avaliar e usar de forma lógica as informações, permitindo, assim, um processo cíclico de geração de novas informações e de novos conhecimentos. Para Hatschbach (2002), é necessário se desenvolver iniciativas as que venham estimular o uso da biblioteca universitária como unidade de integração, geração e difusão de ações de competência em informação.

2.5 COMPETÊNCIAS EM INFORMAÇÃO E A BIBLIOTECA UNIVERSITARIA

O potencial da biblioteca universitária, enquanto um lócus importante para o desenvolvimento de práticas informacionais associadas ao ensino-aprendizagem, foi destacado por Caregnato (2000) que enfatizou que essas práticas podem ocorrer no ambiente de ensino e refletir-se em outras situações da vida dos estudantes. Ao afirmar que

Bibliotecas acadêmicas desempenham um papel central no processo educacional; além de apoiar a pesquisa, o ensino e o aprendizado através da provisão do acesso à informação, elas também devem oferecer serviços voltados para o aprendizado de métodos e técnicas de busca e uso da informação e exploração dos recursos informacionais, tanto para atividades realcionadas ao curso imediato de estudo quanto para as necessidades da vida profissional futura. (CAREGNATO, 2000, p. 48).

Outras pesquisadoras como Dudziak (2001), Gomes (2000, 2006) e Hatschbach (2002) têm apontado para a biblioteca universitária como um dos contextos mais importantes para o desenvolvimento da competência em informação. Enquanto outros estudos, entre os quais o de Campello (2002), focaliza a temática no contexto da biblioteca escolar, mas também reconhecendo à função educativa da biblioteca escolar

Ao focalizarem a necessidade desse aprendizado no ensino superior, essas autoras identificam a ausência de políticas, neste sentido (DUDZIAK, 2003). Talausência configura- se como deficiência de ações que priorizem a cooperação dos vários setores da universidade que ensejam os mesmos objetivos, ou seja, o ensino-aprendizagem. Contraditoriamente, para o desenvolvimento da competência em informação não se pode isolar a biblioteca do contexto da sala de aula. Como alerta Gomes (2006, p. 15),

[...] as práticas acadêmicas não podem se desenvolver em direção à criatividade e ao prazer pela descoberta, pelo pensar e repensar o [conhecimento] já construído, apenas por meio da atividade docente, mas muito mais pela capacidade de integrar e ampliar o ambiente acadêmico para além de suas salas de aula, envolvendo os seus diversos ambientes no compromisso dessa formação. (GOMES, 2006, p. 15).

No Brasil, a discussão sobre o aprendizado da competência em informação no ensino superior vem sendo debatida de forma ainda tímida pela comunidade científica. Porém, a própria comunidade científica considera que o contexto educacional enseja ações que possibilitem novos aprendizados e conhecimentos, associados às práticas de informação. Sem uma política dirigida a isso, o ensino superior tem buscado enfrentar as lacunas trazidas pelos estudantes desde o ensino fundamental e médio, embora, como ressaltou Pasquarelli (1996), fosse mais adequado que essa competência se desenvolvesse no transcorrer do 1º e 2º graus. Como destaca essa autora, a população de estudantes universitários,

[...] salvo honrosas exceções, não adquire no ensino de 1º e 2º grau a necessária habilidade no uso dos recursos informacionais presentes nas bibliotecas. Chega, dessa forma, ao 3º grau desprovida de uma bússola para enfrentar o desafio navegacional, expondo-se a naufrágios estrondosos que só não são mais espetaculares porque o ensino universitário de certa forma adaptou-se a esta triste realidade. (PASQUARELLI, 1996, p. 9).

Trabalhos mais recentes também discutem o problema informacional, relacionado aos estudantes universitários e suas dificuldades no desenvolvimento das práticas de informação, justamente porque cada vez mais cresce a consciência de que os estudantes universitários apresentam limites importantes neste sentido. Segundo Gomes (2006, p. 131), “Grandes contingentes de estudantes universitários ingressam na vida acadêmica sem uma experiência acumulada e representativa do uso das bibliotecas, uso de fontes especializadas e até mesmo sem hábitos importantes como os de leitura.”

A ausência dessa experiência pode interferir diretamente no desenvolvimento das atividades acadêmicas dos estudantes universitários. O uso adequado da biblioteca pelos estudantes permite o acesso a uma variedade de fontes e recursos informacionais que possibilitam o bom desenvolvimento das práticas de leitura e de pesquisa. Conforme Pasquarelli (1996), a biblioteca universitária é importante para o desenvolvimento do processo de ensino-aprendizagem, que no ensino superior se realiza também através das práticas de leitura e pesquisa.

Nessa experiência, o estudante tem a oportunidade de adquirir conhecimentos os quais contribuirão para sua intervenção prática no cotidiano, ou seja, o indivíduo poderá agir no meio social no qual está inserido de forma mais consciente e crítica. (DEMO, 2003). Pode-se, inclusive, defender que esse estudante poderá desenvolver uma capacidade mais consistente para o exercício da cidadania pleno.

A competência em informação pode contribuir na preparação do estudante para as atividades educacionais e/ou profissionais, como também para atuar nos processos históricos e políticos da sociedade, de forma autônoma e consciente do seu papel social. Desta forma, Melo e Araújo (2007) afirmam que

[...] o conceito de competência informacional ultrapassa a noção de simples aquisição de mais um conjunto de habilidades e chega a se caracterizar como um requisito para a participação social ética e eficaz dos indivíduos neste novo contexto social, baseado no uso intensivo de informação e conhecimentos. (MELO; ARAÚJO, 2007, p. 188).

Observa-se que a competência em informação está associada a um processo que integra várias formas de conhecimento que sustentam a atuação dos sujeitos na sociedade da informação. Partindo desse pressuposto, pode-se deduzir, que hoje, não basta mais ter acesso a informações simplesmente, é preciso também saber utilizar essa informação, de tal maneira, que o resultado desse acesso possa, de fato, permitir mudança no estado de conhecimento do indivíduo e, que este possa utilizar esse conhecimento para solucionar problemas, associados ao contexto social.

Neste sentido, é importante ressaltar o potencial da biblioteca universitária para subsidiar as práticas da leitura, pesquisa e outras práticas ligadas à informação, como defende Gomes (2006). Porém, é necessário estimular os estudantes a frequentar esse contexto, bem como desenvolver um aprendizado baseado no conhecimento dos recursos e fontes informacionais, favorecendo o desenvolvimento da competência em informação.

Desta forma, sugere-se que as competências em informação sejam trabalhadas associadas às atividades de ensino-aprendizagem, permitindo que, enquanto um lócus importante para a realização de práticas informacionas, a biblioteca desenvolva junto aos estudantes atividades relacionada à leitura e às práticas de pesquisa, pois assim estes poderão aprender como buscar e utilizar as informações e, consequentemente o lugar que a leitura ocupa no processo de construção do conhecimento do científico como ressaltam Granja

(1985), Gomes (2000, 2006), Campello (2003) e Demo (2000, 2003) e assim, compreender a importância de se ter um domínio sobre os processos informacionais.

Segundo Hatschbach (2008), as experiências sobre o desenvolvimento da competência em informação que se tem registro em outros países foram positivas, ao ponto de terem alcançado reconhecimento da comunidade educacional, que acabou por implantar programas institucionais de iniciativas políticas de ensino superior, principalmente nos Estados Unidos, Canadá, Inglaterra e Austrália.

Para a autora, “Esses programas são estabelecidos e administrados de formas variadas, de acordo com a estrutura organizacional da instituição, e visam atender às necessidades dos alunos e professores. Além de estarem integrados, de alguma maneira, às bibliotecas.” (HATSCHBACH, 2008, p. 25, grifo nosso). Neste sentido, entende-se que são iniciativas as quais buscam a interação do ensino-aprendizagem e os demais setores acadêmicos para o desenvolvimento do aprendizado, acerca da competência em informação.

Entretanto, de acordo com os resultados obtidos em uma pesquisa realizada por Gomes (2006), sobre as práticas pedagógicas e espaços informacionais da universidade no Brasil, verificou-se que no ensino-aprendizagem, que se realiza no ensino superior, como a sala de aula e a biblioteca têm atuado sem uma articulação de suas ações, restringindo o espaço do debate, da troca de idéias e de contato com as fontes de informação ao ambiente da sala de aula.

Pode-se dizer que muitas das atividades inerentes à biblioteca e que podem sustentar o processo de desenvolvimento da competência em informação se realiza no setor de referência que tem como função atuar na educação dos usuários. Como assinala Gomes (2006, p. 27), “O cerne da criação dos serviços de referência consiste na construção da autonomia do usuário, na identificação, na avaliação, na seleção e no acesso aos recursos serviços.”

Ao analisar outros estudos sobre o serviço de referência como o de Macedo (1984), nota-se que a finalidade desse serviço é definida ainda como uma assistência pessoal, dada aos usuários que buscam a informação para algum fim, entre os quais os estudos e a pesquisa, acrescentando-se a essa finalidade da prática de leitura que, conforme ressaltou Gomes (2006), é uma prática fundamental para qualquer nível da educação formal.

Nesta perspectiva, considera-se que a prática de informação a qual se desenvolve na biblioteca requer dos estudantes um processo de aprendizado, associado à leitura. Entretanto, não se pode esquecer que existem obstáculos para a realização plena das práticas de informação, especialmente, a prática da leitura. Gomes (2008, p. 04) registra que o outro fator que interfere na intensificação e eficiência das práticas de leitura, como também na realização

de atividades de mediação para a leitura na universidade, “[...] consiste da ausência de inclusão destas [ações] nos próprios projetos pedagógicos dos cursos, como também da implantação de produtos e serviços da biblioteca universitária voltadas às práticas de leitura.”

Assim, os programas educacionais devem ser criados, a partir das decisões e das obrigações constituídas entre sua comunidade, para que haja sempre uma cooperação entre os atores que a compõe. Associar o aprendizado da competência em informação ao ambiente da biblioteca é um caminho que poderá trazer bons resultados, entre os quais o desenvolvimento da autonomia dos estudantes no acesso e construção dos conhecimentos, o que estimulará atitudes mais críticas frente aos saberes e uma postura mais ativa no processo de construção do conhecimento científico e, até mesmo, na atuação social.

Portanto, estudos no segmento do ensino superior poderão apontar caminhos a serem percorridos para a criação de propostas pedagógicas que favoreçam a formação dos estudantes de graduação para busca e uso da informação, repercutindo mais positivamente na sua produção acadêmica. Certamente, tais caminhos exigirão ações integradas, as quais possam ser desenvolvidas e aplicadas aos ambientes da sala de aula e da biblioteca na universidade. Neste cenário, então, acredita-se que um passo inicial para se estabelecer um programa de ações por parte da biblioteca universitária em direção ao desenvolvimento da competência em informação, seria buscar compreender qual o nível de conhecimento dos estudantes, em relação à biblioteca e suas dificuldades quanto ao seu uso. Desse modo, se definiu como questão desta pesquisa, o conhecimento limitado dos estudantes universitários, acerca do papel e da lógica de funcionamento da biblioteca influencia no surgimento de dificuldades no processo de elaboração de seus trabalhos de conclusão de curso.

É importante ressaltar que os objetivos das instituições de ensino superior são o ensino, a pesquisa e as atividades de extensão. Partindo desse pressuposto, pode-se afirmar que na universidade os estudantes têm a oportunidade de ampliar suas experiências acerca do processo de construção do conhecimento, exercitando a pesquisa e a comunicação científica, experiências que são ainda mais significativas na iniciação científica.

Entretanto, o acesso aos programas voltados à iniciação científica é muito limitado em termos de bolsas, ou seja, há uma demanda muito maior de estudantes universitários em relação às vagas oferecidas por esses programas, o que contribui para que um número significativo de estudantes seja excluído dessa prática, o que de certo modo dificulta o aprendizado quanto ao exercício da pesquisa e da construção científica dos graduandos.

Neste sentido, justifica-se com maior destaque a necessidade da atuação da biblioteca universitária em apoio ao desenvolvimento do trabalho acadêmico dos estudantes de

graduação que, nesta situação restritiva de acesso à iniciação científica, representa uma oportunidade de aquisição de uma experiência de pesquisa e produção científica. Por outro lado, grande parte dos estudantes, em decorrência da fragilidade do sistema educacional brasileiro no qual o ensino fundamental e médio não oferece oportunidades para o desenvolvimento de práticas voltadas à pesquisa, os estudantes ingressam no ensino superior apresentando inúmeras dificuldades que comprometem o processo de elaboração de seus trabalhos acadêmicos, dificuldades que também foram registradas por Medeiros (2004).

Frente ao que se expõe a literatura estudada na elaboração deste trabalho, do que aponta o referencial teórico adotado.