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2 REVISÃO DA LITERATURA

2.4 A COMPETÊNCIA EM INFORMAÇÃO NO CONTEXTO DA UNIVERSIDADE

Sem a pretensão de tratar com profundidade as questões histórico-filosóficas e religiosas associadas à origem da universidade, apresenta-se aqui uma breve descrição desse segmento educacional, de forma a situar o tema no universo deste estudo. A universidade, ao longo de sua existência, passou por mudanças devido às exigências da sociedade em cada época. Essas mudanças estiveram associadas tanto a questões de cunho religioso quanto ideológicas.

Nessa perspectiva, Buarque (1994, p. 19) registra que “A universidade surgiu como contemporânea de uma transição, no momento em que a Europa dos dogmas e do feudalismo iniciava seu rumo ao renascimento do conhecimento e à racionalidade científica, do feudalismo ao capitalismo.” Para o autor, a universidade foi um meio de produção de novos saberes para um mundo que estava chegando. Nesse novo mundo, já não havia espaço para os debates dogmáticos da igreja, tidos como únicos e inquestionáveis. Entretanto, o que prevalecia era a interpretação dos fatos de acordo a com verdade religiosa. (BUARQUE, 1994).

A história da universidade iniciou-se com o aparecimento das corporações legais constituídas de estudantes e professores que vinham de todas as partes da Europa, formando as studia generalia20, cujo objetivo era o de aprofundar os estudos sobre o conhecimento do mundo. A partir delas, surgiram as universitas que buscavam desenvolver estudos livres e formar grupos de estudos. Mais tarde, as universitas deram origem ao que hoje se chama universidade. A universidade surge, então, com um objetivo: fazer avançar o conhecimento, sem pregar o ateísmo e as heresias. (BUARQUE, 1994).

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A universidade moderna originou-se das escolas medievais conhecidas como as studia generalia, organismos de ensino criados para suprir as deficiências das escolas catedrais e monásticas, que só preparavam os alunos para a carreira religiosa.

Durante séculos, a universidade foi o centro da geração do pensamento novo, avançou na produção do conhecimento, entretanto, observa-se, que nem sempre a universidade ficou a frente desse avanço, nota-se uma acomodação. “A Renascença se origina nas universidades, mas ocorre fora delas [...]” (BUARQUE, 1994, p. 21). Isso indica uma timidez da universidade em relação ao que ela produziu, é como se ela não soubesse o que fazer com os conhecimentos que ela mesma gerou. Desta forma, Buarque (1994, p. 20) registra que “A universidade, que foi criada para se pensar livre dos dogmas, avançou nos métodos interpretativos, no conhecimento filosófico, pensamento científico inicial, mas estancou quando este pensamento precisou ir além do que os gregos tinham criados.”

Assim, em alguns séculos XVI, XVII e XVIII, a universidade permaneceu à margem da sociedade. (PAVIANI, 1984). Essa dissociação da universidade indica que ela, por determinados períodos, não acompanhou o processo natural de evolução social imposta pelos fatores inerentes ao desenvolvimento de uma sociedade. Nesses períodos, a ciência não teve lugar na universidade, permanecendo atrelada a procedimentos ‘escolásticos de investigação’21 (PAVIANI, 1984). Essa conjuntura contribuiu para que os fatos continuassem sendo explicados de acordo com a visão dogmática da Igreja, que ainda influenciava na interpretação dos dados dos estudos.

Somente a partir do século XIX, a universidade assumiu o papel de centro de pesquisa, graças ao modelo clássico alemão, com a fundação da Universidade de Berlin22 em 1810. (GOMES, 2006). Esse modelo associava o processo do ensino-aprendizagem às atividades de pesquisa científica, adotando uma abordagem inovadora de valorização do espírito científico que se consolidava naquele século. Naquela época, já existia uma preocupação com o saber-fazer ciência, o que comprova que, desde os primórdios de sua existência, a universidade representou um espaço social importante para o processo de construção do conhecimento científico.

Contudo, esse processo somente se realiza em função da relação entre os princípios do ensino e da pesquisa que conduzem a vida da universidade, os quais permitem o fazer científico e contribuem para o desenvolvimento das ciências. Os resultados desse processo é que fazem da universidade um contexto imprescindível para a geração de novos conhecimentos.

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Escolástica (ou Escolasticismo) pertence à filosofia medieval, surgida da necessidade de responder às exigências da fé, ensinada pela Igreja. Surgiu no séc. IX e perdurando até a Idade Média. A questão básica do pensamento escolástico é a harmonização entre a fé e a razão.

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A Universidade de Berlin foi idealizada e fundada em 1810 pelo lingüista e educador liberal prussiano, Wilhelm Von Humboltd e é a mais antiga universidade da Alemanha, cujo modelo influenciou várias outras universidades na Europa e no Ocidente.

Instituições como a UNESCO que têm como missão a cultura da paz, do respeito aos direitos fundamentais humanos e da melhoria da qualidade de vida dos países mais pobres vem realizando uma aproximação permanente com as universidades com o objetivo de ampliar o intercâmbio e abrir espaços para o fortalecimento da educação superior, da cultura e da pesquisa científica e tecnológica, estimulando e favorecendo a geração de conhecimentos para o desenvolvimento mundial e, ao mesmo tempo, auxiliando os países na busca de soluções para os problemas que desafiam as sociedades. O fortalecimento da universidade torna-se importante para o desenvolvimento da sociedade.

A Conferência Mundial sobre Ensino Superior realizada pela UNESCO em Paris, em 1998, e que teve a co-participação da Associação Internacional de Universidades conseguiu agregar mais 3.000 pessoas. Uma das conclusões dessa conferência pode ser resumida numa frase: “Não há condições de uma Nação querer ser moderna com desenvolvimento social e econômico se não tiver base científica e tecnológica.” (FAVA-DE-MORAES, 2000, p.73)

Criada para acompanhar o desenvolvimento social e humano, desde a sua fundação em 1946, a UNESCO tem procurado contribuir para a melhoria da qualidade vida das pessoas. Essa contribuição materializa-se em forma de ações, a exemplo dessa Conferência, realizada em 1998, que buscou mostrar a importância da ciência para o desenvolvimento das nações. Para a UNESCO, os países que trabalham para a evolução da ciência terão melhores condições de construir sociedades mais justas, com a promoção da inclusão das minorias e dos excluídos. A UNESCO procura, no âmbito da educação, a base para a concretização de seu objetivo, que é a construção de um mundo melhor.

Os trabalhos desenvolvidos pela UNESCO, nessa direção, começaram a se delinear com o processo de globalização, iniciado a partir dos anos 90, que impôs mudanças em quase todos os setores da sociedade, principalmente, nas áreas associadas às tecnologias da comunicação e informação. A UNESCO, percebendo o impacto dessa nova realidade, deflagrou uma discussão mundial sobre o papel das universidades e da educação superior no século XXI. O resultado desse esforço permitiu transformações globais, no que se refere às atitudes e discussões acerca dessa nova realidade, especialmente em questões referentes à inclusão social e a melhoria da qualidade de vida das pessoas dos países mais pobres.

Essa parceria entre a UNESCO e a universidade vem se fortalecendo, o que é visível através das experiências compartilhadas no enfretamento dos problemas sociais. Essa parceria se realiza porque ambas caminham em busca dos mesmos objetivos. Desta forma, enquanto a UNESCO procura desenvolver ações, através de cooperação entre os países para promoção da

ciência, a universidade é o próprio espaço social que possibilita o acesso ao ensino e a produção científica.

O avanço da ciência e da tecnologia para o desenvolvimento das nações está intimamente relacionado ao processo de construção do conhecimento realizado no contexto da educação superior. Esse processo se consolida porque há uma aproximação entre a educação e a pesquisa, cujo resultado está relacionado, principalmente, no impulso emancipatório entre elas,

[...] já que se alimentam da consciência crítica, questionamento, capacidade de intervenção alternativa, ligação de teoria e prática, e assim por diante; assim educar pela pesquisa significa trabalhar acuradamente a competência emancipatória da pessoa e da sociedade, estabelecendo a relação de sujeitos como dinâmica essencial. (DEMO, 2000, p. 86).

O entendimento do autor nos leva de volta a fundação da Universidade de Berlim, em 1810, quando o processo de pesquisa relacionado ao ensino foi condição fundamental para a formação da educação superior. (GOMES, 2006). Pode-se inferir que o ensino e a pesquisa são princípios indissociáveis e fundamentais que, integrados, contribuem para a produção do conhecimento e promovem as mudanças necessárias ao desenvolvimento social e humano. Neste sentido, não se deve priorizar e/ou excluir um princípio em detrimento do outro, mas estabelecer uma relação de aproximação permanente entre eles, promovendo assim o que considera Demo (2000, p. 87), o processo de educar pela pesquisa, associado “[...] ao desafio de construir a capacidade de re(reconstruir) na educação [...] superior, qualidade formal e política.”

Na verdade, a universidade, além de permitir o acesso ao ensino de qualidade, deve buscar servir às diferentes camadas sociais, através de incentivo ao compromisso e à responsabilidade dos profissionais que ela forma em relação à sociedade.

Seguindo esse raciocínio, Barros (2000) entende que a universidade foi criada para dar impulso ao desenvolvimento e também para constituir “as elites dirigentes” e, que “[...] a função mais genérica de uma universidade é a de contribuir, através da execução de seu papel específico de instituição de ensino superior, para os requisitos de transformação da sociedade global.” (BARROS, 2000, p. 9).

O cenário que deu origem ao ensino superior no Brasil levou à sua criação sem a existência de pressupostos legais claros que firmassem seu papel social, o que contribuiu para o aparecimento de entraves histórico-sociais que se contrapuseram aos processos de transformação e reformas educacionais. (BARROS, 2000). Neste sentido, a existência de

organismo como a UNESCO é fundamental para o fortalecimento da educação, da ciência e da cultura, visando o respeito aos direitos humanos e melhoria da qualidade de vida da sociedade.

A missão da universidade é a de formar cidadãos comprometidos com o projeto social e de desenvolvimento do País. Essa questão é tão importante que a LDB, em um de seus artigos, ressalta que a finalidade do ensino superior é a de “[...] incentivar o trabalho de pesquisa e investigação científica, visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia e da criação e difusão da cultura, e, desse modo, desenvolver o entendimento do homem e do meio em que vive [...]” (BRASIL, 1996,p. 13).

A universidade, então, deve ser compreendida como um contexto imprescindível para a formação de profissionais que atuam no processo de transformação da sociedade. Essa transformação só ocorrerá, a partir de uma aproximação mais estreita entre a universidade e a sociedade. A questão central é que a universidade, não apenas deve formar lideranças intelectuais e políticas, mas também deve permitir que o acesso a ela se dê de modo democrático, sem prejuízos da qualidade do processo de ensino-aprendizagem e dos resultados, gerados desse processo, como foi ressaltado pelas conclusões do Seminário Internacional Universidade XXI23, de que “A massificação da educação superior não deve comprometer a qualidade dos processos de criação e transmissão do conhecimento. A massificação do acesso não deve ser confundida com democratização [...]”, acrescentando ainda que “A democratização compreende pelo menos duas outras dimensões: do processo de ensino de qualidade e relevância social do que é produzido.” (BRASIL, 2003, p. 4).

A universidade é um dos principais contextos que contribui para a produção científica da sociedade e, portanto, deve promover um ensino democrático, mas por outro lado, como alerta Saravali, (2005, p. 100),

[...] é importante considerar que o verdadeiro ensino democrático é aquele que não somente garante acesso, mas sobretudo a permanência do aluno, enfocando a formação integral e não somente o preparo profissional. Portanto, quando esse aluno chega à instituição superior e não consegue usufruir do ensino que ela e seus mestres promovem, acompanhar suas leituras e exercícios, desenvolver habilidades, aprender a acessar o conhecimento, a educação está longe de atingir seu ideal democrático.

O acesso democrático ao ensino superior é aquele que, além de permitir o ingresso, também proporciona aos estudantes condições de aprendizagem compatíveis com o nível de

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Seminário Internacional Universidade XXI – Novos caminhos para a Educação Superior: o futuro em debate, realizado pelo MEC, em 2003.

ensino que a própria universidade defende. Neste sentido, a função da universidade é a de preparar os estudantes para a pesquisa e atuação nos processos de desenvolvimento social. Assim, observa-se que pesquisa está diretamente associada aos processos de desenvolvimento de um país e, conforme ressaltam Fava-de-Moraes e Fava (2000), esses processos somente são possíveis quando o país faz pesquisas. Para os autores, “[...] estimulando a iniciação científica, que é um excelente referencial, temos uma boa probabilidade de identificar uma juventude bastante criativa e, com isso, conquistamos um melhor desenvolvimento social [...]” (FAVA-DE-MORAES; FAVA, 2000, p. 77).

Entretanto, nessa instituição, o acesso aos programas, voltados para a iniciação à pesquisa científica é muito limitado, ou seja, há uma demanda muito maior de estudantes universitários em relação às vagas oferecidas por esses programas, o que contribui para que um número significativo de estudantes seja excluído dessa prática, o que de certo modo dificulta o aprendizado quanto ao exercício da pesquisa e construção científica dos graduandos. Mas, na verdade o que se observa nestas instituições de ensino superior é ainda a continuidade de um preceito de que somente a pós-graduação produz conhecimento, deixando a graduação como consumidora desse conhecimento. (CARVALHO; PONTES, 2003).

Diante dessas considerações, pode-se dizer que o acesso ao ensino superior não pode excluir os estudantes da possibilidade de um aprendizado da pesquisa em função dos limites que estes apresentam, ao contrário, deve proporcionar meios para que as deficiências existentes sejam solucionadas. Dentre esses meios, as experiências da iniciação científica são as consideradas mais significativas ao possibilitar aos estudantes a oportunidade de ampliar suas experiências, acerca do processo de construção do conhecimento e da comunicação científica.

Atualmente, a universidade brasileira vem passando por processo de transformação importante e essencial para que de fato alcancem seus objetivos junto à sociedade. Esse esforço é muito importante porque “A educação universitária ocupa uma posição fundamental no desenvolvimento da pesquisa e na geração de novos conhecimentos na sociedade brasileira, tendo a grande responsabilidade de preparar os futuros profissionais e pesquisadores.” (GOMES, 2006, p. 15).

Os conhecimentos produzidos nas universidades são aplicados no desenvolvimento do país, representando um contexto que contribui para promover a qualidade de vida dos indivíduos. Isso se dá através dos conhecimentos ali gerados e que são repassados a sociedade, através dos profissionais os quais se formam nela e que adquirem conhecimentos e os transformam em ações práticas. Desta forma, ela não somente produz conhecimentos,

contudo também “[...] possui uma dívida social para com o povo: deve trabalhar para a melhoria dos padrões de saúde, educação, e cultura, tratando de combinar os direitos dos indivíduos com os direitos da coletividade.” (BARROS, 2000, p. 9).

Porém, não se deve esquecer que a educação hoje passa por grandes desafios no que se refere a solucionar as dificuldades de ensino-aprendizagem, pois a realidade que se tem, atualmente, pode ser vista, segundo Saravali (2005, p.100) na deficiência de “[...] alunos com sérias lacunas nos seus conhecimentos e grandes dificuldades para a aprendizagem, fatos que acabam ficando evidenciados quando esses alunos atingem o ensino superior.” Tal realidade contribui para que o aluno tenha dificuldades em “[...] dominar conceitos e conteúdos básicos que o impedem de acompanhar as solicitações do meio universitário.” (SARAVALI, 2005, p. 100). Entre essas solicitações citam-se a produção acadêmico/científica dos estudantes, que é um resultado das práticas informacionais; como a leitura, a pesquisa e a produção textual que acontecem nesse contexto.

Essa discussão indica que a universidade é espaço fundamental para o processo de ensino-aprendizagem e construção do conhecimento, bem como para o desenvolvimento de um país, lembrando, entretanto, que esse processo e desenvolvimento não se configuram de forma isolada, ou seja, é preciso que os seus princípios de ensino, pesquisa e extensão sejam realizados conjuntamente, eles não devem ser excludentes e sim integrados em todas as etapas de formação educacional, de modo que um complemente o outro, promovendo a excelência do ensino para todos que nela ingressam.

Por outro lado, a melhoria do processo de ensino no ambiente das universidades exige a própria melhoria dos setores que integram a universidade e subsidiam o ensino e a pesquisa, como também o ajuste dos currículos, visando sua adequação à realidade e a interlocução entre as disciplinas. Desde 1810, quando a universidade associou o processo de ensino às atividades de pesquisa “[...] a questão do diálogo e da cooperação entre as disciplinas foi colocada como central para formação em nível superior.” (GOMES, 2006, p. 108).

Esse processo deve ser realizado, a partir da integração e trocas entre os integrantes da sua comunidade, os diversos setores da universidade e o conteúdo curricular. A comunidade universitária, então, deve ser representada por dois grupos distintos, porém com os mesmos objetivos. O primeiro grupo formado de professores, pesquisadores e funcionários comprometidos que, juntos, trabalham em busca de um ensino de qualidade, direcionando os resultados desse ensino para o desenvolvimento da ciência e, consequentemente, para o desenvolvimento do país. Por sua vez, o outro grupo, formado pelos estudantes, deve desenvolver uma postura consciente e crítica sobre a importância de seu papel no processo

educacional, que visa à construção e à reconstrução dos conhecimentos os quais serão aplicados e utilizados, na sua realidade social.

Cada um desses grupos que compõem a universidade temum papel definido. Assim, a cooperação harmônica desses grupos é fundamental para o processo de ensino-aprendizagem com qualidade. O principal fim da universidade é a educação, uma educação voltada à busca do saber que “[...] envolve conhecimentos teóricos e práticos, filosóficos e científicos, éticos e estéticos etc. Em seus vários graus e sob diversas formas, ele procura preservar, organizar, desenvolver e transmitir conhecimentos. O saber significa capacidade de compreensão, poder aprender.” (PAVIANI, 1984, p. 23).

Esse saber é que nos instiga a conhecer cada vez mais. A saber mais sobre o desconhecido. Desta forma, o ser humano está sempre buscando desvendar e aprender algo que para ele representa uma lacuna, uma inquietação. Essa lacuna e inquietação muitas vezes é fruto de uma necessidade momentânea de conhecer mais sobre um determinado objeto, uma situação, uma questão ou um processo, o que provoca a necessidade de busca de informações. Conforme Le Coadic (2004, p. 8), “Quando constatamos uma deficiência ou anomalia desse(s) estado(s) de conhecimento, encontramo-nos em um estado anômalo de conhecimento. Tentamos obter uma informação ou informações que corrigirão essa anomalia. Disso resultará um novo estado de conhecimento.”

Neste sentido, a busca constante por informações é inerente ao indivíduo que busca o saber independente de sua vontade, pois “[...] o ato de buscar informações é um processo natural da espécie humana. Qualquer ação realizada por um ser humano é fruto da obtenção de uma informação ou de um conjunto de informações [...]” (LECARDELLI, 2006, p. 24). Esse processo de busca de informações constante pode-se dizer, que é uma necessidade básica inerente aos indivíduos.

Entretanto, é importante registrar que essas informações podem ou não favorecer a produção de conhecimentos, dependendo para isto do estado do receptor. Para Barreto (2002, p. 49), há “[...] uma relação entre informação e o conhecimento, que só se realiza se a informação for percebida e aceita como tal, colocando o indivíduo em um estágio melhor de desenvolvimento, consciente de si mesmo dentro do mundo onde se realiza [...]” Desta forma, acessar (adquirir) informações somente não é o suficiente para gerar conhecimentos.

Seguindo essa mesma linha de pensamento, Araújo (1998, p. 16) entende a informação como fator de mudança capaz de transformar estruturas cognitivas individuais e coletivas. Pois, embora o conhecimento aconteça no interior das pessoas e se ligue a um conjunto determinado de valores, o conhecimento só é avaliado por suas expressões exteriores, a partir

do momento em que suas ações possam ser vistas e sentidas, tanto pelo indivíduo quanto pelo contexto social.

O conhecimento, então, pode-se dizer que surge das experiências vivenciadas e compartilhadas pelas pessoas. Segundo defende Gasque (2008b, p. 94), “O sentido das coisas surge das atividades permanentes de intercâmbio de uma mente com um corpo que vive em um ambiente. Assim, as ideias e o conhecimento resultam de esquemas de pensamentos preliminares e de interação atenta entre o sujeito e o mundo [...]” Essa interação, associada aos conhecimentos que os sujeitos já possuem, é que permite a geração de novos conhecimentos.

Entretanto, quando se aborda o assunto sobre o processo de construção do conhecimento pelos estudantes no ambiente de ensino superior surgem discussões, acerca das competências que os graduandos devem adquirir para buscar e usar informações tanto para a resolução dos problemas quanto para o desenvolvimento das atividades acadêmico/científicas. Conforme Dudziak (2001, p. 43),

[...] O processo de busca de informação para a resolução de problemas ou produção de trabalhos científicos é essencialmente um processo de construção de conhecimento. O processo se inicia com questionamentos que levam à busca de respostas, através de determinadas estratégias, análises e tomadas de decisão [...].

Esse processo é importante porque pode ampliar o processo de aprendizagem ao exigir outras habilidades associadas ao processo informacional, entre as quais a compreensão de