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Visando respostas para a interrogação “Quais reflexões e compreensões sobre o processo de apropriação de conhecimentos pedagógico-tecnológicos em matemática são mobilizadas por uma experiência formativa semipresencial realizada com professores na rede pública de ensino do RS?”, busquei olhar o objeto de estudo da pesquisa a partir de múltiplos focos, adotando, para tanto, diversas técnicas e procedimentos de coleta de dados.

4.7.1. Ficha de inscrição, entrevistas e questionários

O primeiro instrumento de coleta de dados utilizado foi a ficha de inscrição para o Curso. Esse documento constituiu-se em fonte de dados, pois continha informações sobre a prática formativa sugerida e esclarecimentos sobre o compromisso que cada um estava assumindo, ao mesmo tempo em que colheu dados profissionais dos professores. Junto à ficha de inscrição, os professores responderam o primeiro questionário33, que buscava informações específicas de cada docente. As questões dessa ficha requeriam informações acerca da situação funcional de cada professor (escola de origem, nível e série de atuação), disponibilidade de tempo para participar da investigação, menção às experiências acadêmicas e formativas envolvendo o uso de tecnologias, bem como às concepções sobre o papel desses recursos nos processos de ensino e aprendizagem da matemática.

Previamente ao início do Curso, na reunião realizada em 21 de julho de 2007, os professores foram entrevistados coletivamente. Nessa primeira entrevista buscava apreender suas concepções, crenças e inseguranças com relação ao uso das tecnologias na prática de sala de aula e identificar as necessidades desses profissionais no que se refere aos conteúdos curriculares da disciplina de matemática. Nessa reunião entreguei a cada professor outro questionário para ser respondido e devolvido previamente ao início do Curso.

Esse segundo questionário34 priorizava evidenciar o modo como os professores percebem as implicações sociais e educacionais das tecnologias, assim como o interesse e compromisso do professor com a necessidade de mudança da prática, devido à presença desses recursos. Outras questões, ainda, buscavam fazer emergir as concepções desses profissionais com relação à necessidade e abrangência da formação continuada docente, bem como sua compreensão acerca da dimensão política e social da atividade docente.

33 Ver anexo 1: Questionário Temático I – Informações Gerais.

No último encontro, realizado no dia 22 de dezembro de 2007, os professores receberam um terceiro questionário35, que buscava depoimentos que permitissem o desvelar das concepções dos sujeitos com relação à incorporação das tecnologias na prática docente e o modo como encaravam a possibilidade de utilizar esses recursos na prática de sala de aula. Esses questionários foram respondidos e enviados em janeiro de 2008.

Os questionários foram elaborados por temas, de modo que os objetivos de cada um foram distintos. De acordo com Goldenberg (2003), os questionários são adequados a estudos qualitativos, pois os pesquisados dispõem de liberdade para expressar suas concepções e pontos de vista, podem refletir antes de elaborar uma resposta, assim como as respostas facilitam a generalização, pois tendem a um ponto comum.

Realizei, também, no segundo semestre de 2009, uma segunda entrevista com os professores, na qual dialogamos sobre os ecos da experiência vivida na cultura e prática docente desses docentes. Tais entrevistas foram gravadas em áudio e transcritas, sendo integradas ao conjunto dos dados colhidos ao longo de todo o processo de investigação.

4.7.2. Gravação em vídeo e áudio e arquivamento de dados no TelEduc Os encontros presenciais, assim como as dinâmicas de cada sessão e as discussões coletivas em torno de temas matemáticos foram filmados. Para realizar as gravações, convidei uma pessoa que não estava envolvida com as atividades do Curso.

As conversas dos participantes, quando trabalharam em duplas e em grupos foram gravadas em áudio, no intuito de registrar as discussões e reflexões dos professores no desenvolvimento das atividades matemáticas pautadas no uso de tecnologias. Para cada grupo ou dupla foi disponibilizado um gravador de áudio, que era verificado de tempo em tempo pelo monitor ou pela pessoa que filmava, para que as gravações não fossem interrompidas com o término das fitas. Tal procedimento foi adotado em função de que, geralmente, quando se trabalha com grupos de pessoas, as gravações em vídeo ficam inviabilizadas com o excesso de ruídos produzido nesse espaço comunicativo. Os dados registrados em áudio e algumas gravações em vídeo foram transcritas, transformadas em texto.

Do mesmo modo, o material desenvolvido pelos professores – atividades pedagógicas, atividades matemáticas, relatos de experiências etc. –, assim como as conversas dos encontros

online e as discussões promovidas em fóruns de discussão foram armazenadas integralmente e, posteriormente, analisadas.

O armazenamento de dados em áudio e vídeo, o arquivamento de discussões realizadas em salas de bate-papo ou fóruns de discussão e o acesso aos materiais postados nos portfólios, permitem que o investigador visite esse material sempre e quantas vezes for necessário. Essa facilidade de acesso e manipulação dos dados favorece estudos qualitativos, pois a possibilidade do pesquisador acessar livremente esses arquivos, refletindo sobre o conteúdo desses, amplia o olhar do pesquisador sobre esses dados.

4.7.3. Diário de Campo

Ao encerrar cada encontro presencial, eu elaborava um minucioso e extenso relatório, contendo uma descrição detalhada dos momentos da sessão, incluindo atrasos, saídas antecipadas, problemas de ordem técnica, imprevistos, discussões matemáticas que emergiram das atividades, nível de envolvimento dos professores nas atividades do curso, reflexões dos professores sobre o papel das tecnologias na abordagem de conteúdos matemáticos, relatos sobre situações vivenciadas em sala de aula, dúvidas manifestadas pelos alunos, opiniões sobre os recursos que estavam sendo apresentados e explorados nos encontros, etc. Esse registro detalhado foi produzido, também, para as observações realizadas no contexto da prática de sala de aula dos professores, realizadas previamente ao início das atividades, conforme comentado anteriormente.