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CAPÍTULO I: CONSIDERAÇÃO MORAL DA FAUNA: EVOLUÇÃO

CAPÍTULO 3: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS ANIMAIS

3.6. A crueldade contra animais

Mas o que significa a crueldade? É bom lembrar que ao longo dos anos várias legislações tentaram definir ou proibir as práticas cruéis contra a fauna, antes que o tema ganhasse fundamentação constitucional, como será visto.

No Brasil, a primeira tentativa legislativa para proteger os animais contra a crueldade e os maus-tratos, foram as Ordenações Manoelinas, em 1521, com a proibição da caça a perdizes, lebres e coelhos, com fios, redes ou quaisquer outros instrumentos que causassem sofrimento na morte dos animais404.

Posteriormente ocorreu a promulgação do Decreto n° 14.529, de 9 de dezembro de 1920, que deu origem à primeira lei de âmbito nacional de proteção aos animais no Brasil. Nela, regulava-se o funcionamento das “casas de diversões públicas”. O texto dessa determinação seguia o modelo norte-americano do século anterior, proibindo os combates de animais como forma de divertimento, afirmando: “Art. 5° Não será concedida licença para corridas de touros, garraios [bezerros] e novilhos, nem briga de galos e canários ou quaisquer outras diversões desse gênero que causem sofrimentos aos animais”.

Em 10 de julho de 1934, deu-se um grande passo em defesa dos animais com o decreto-lei nº. 24.645, que estabeleceu medidas de proteção ao animais, impondo pena restritiva de liberdade a quem lhes impingisse maus-tratos. O artigo 3º, do referido decreto, trouxe um rol exemplificativo de condutas que eram consideradas causadoras de sofrimento aos animais:

Art. 3º - Consideram-se maus tratos:

I - praticar ato de abuso ou crueldade em qualquer animal;

II - manter animais em lugares anti-higiênicos ou que lhes impeçam a respiração, o movimento ou o descanso, ou os privem de ar ou luz;

404 NOGUEIRA, Alzira Papadimacopoulos. Direito ambiental, direito agrário e gestão ambiental. In:

133 III - obrigar animais a trabalhos excessivos ou superiores às suas forças e a todo ato que resulte em sofrimento para deles obter esforços que, razoavelmente, não se lhes possam exigir senão com castigo;

IV - golpear, ferir ou mutilar, voluntariamente, qualquer órgão ou tecido de economia, exceto a castração, só para animais domésticos, ou operações outras praticadas em benefício exclusivo do animal e as exigidas para defesa do homem, ou interesse da ciência;

V - abandonar animal doente, ferido, extenuado ou mutilado, bem como deixar de ministrar-lhe tudo que humanitariamente se lhe possa prover, inclusive assistência veterinária;

VI - não dar morte rápida, livre de sofrimento prolongados, a todo animal cujo extermínio seja necessário para consumo ou não;

VII - abater para o consumo ou fazer trabalhar os animais em período adiantado de gestação;

VIII - atrelar, no mesmo veículo, instrumento agrícola ou industrial, bovinos com eqüinos, com muares ou com asininos, sendo somente permitido o trabalho em conjunto a animais da mesma espécie;

IX - atrelar animais a veículos sem os apetrechos indispensáveis, como sejam balancins, ganchos e lanças ou com arreios incompletos, incômodos ou em mau estado, ou com acréscimo de acessórios que os molestem ou lhes perturbem o funcionamento do organismo;

X - utilizar, em serviço, animal cego, ferido, enfermo, fraco, extenuado ou desferrado, sendo que este último caso somente se aplica a localidades com ruas calçadas;

XI - açoitar, golpear ou castigar por qualquer forma a um animal caído sob o veículo, ou com ele, devendo o condutor desprendê-lo do tiro para levantar- se;

XII - descer ladeiras com veículos de tração animal sem utilização das respectivas travas, cujo uso é obrigatório;

XIII - deixar de revestir com o couro ou material com idêntica qualidade de proteção, as correntes atreladas aos animais de tiro;

XIV - conduzir veículo de tração animal, dirigido por condutor sentado, sem que o mesmo tenha boléia fixa e arreios apropriados, com tesouras, pontas de guia e retranca;

XV - prender animais atrás dos veículos ou atados às caudas de outros; XVI - fazer viajar um animal a pé, mais de 10 quilômetros, sem lhe dar descanso, ou trabalhar mais de 6 horas contínuas sem lhe dar água e alimento; XVII - conservar animais embarcados por mais de 12 horas, sem água e alimento, devendo as empresas de transportes providenciar, sobre as necessárias modificações no seu material, dentro de 12 meses a partir da publicação desta Lei;

134 XVIII - conduzir animais, por qualquer meio de locomoção, colocados de cabeça para baixo, de mãos ou pés atados, ou de qualquer modo que lhes produza sofrimento;

XIX - transportar animais em cestos, gaiolas ou veículos sem as proporções necessárias ao seu tamanho e números de cabeças, e sem que o meio de condução em que estão encerrados esteja protegido por uma rede metálica ou idêntica, que impeça a saída de qualquer membro animal;

XX - encerrar em curral ou outros lugares animais em número tal que não lhes seja possível moverem-se livremente, ou deixá-los sem água e alimento por mais de 12 horas;

XXI - deixar sem ordenhar as vacas por mais de 24 horas, quando utilizadas na exploração do leite;

XXII - ter animais encerrados juntamente com outros que os aterrorizem ou molestem;

XXIII - ter animais destinados à venda em locais que não reúnam as condições de higiene e comodidades relativas;

XXIV - expor, nos mercados e outros locais de venda, por mais de 12 horas, aves em gaiolas, sem que se faça nestas a devida limpeza e renovação de água e alimento;

XXV - engordar aves mecanicamente;

XXVI - despelar ou depenar animais vivos ou entregá-los vivos a alimentação de outros;

XXVII - ministrar ensino a animais com maus tratos físicos;

XXVIII - exercitar tiro ao alvo sobre patos ou qualquer animal selvagem ou sobre pombos, nas sociedades, clubes de caça, inscritos no Serviço deCaça e Pesca;

XXIX - realizar ou promover lutas entre animais da mesma espécies ou de espécie diferente, touradas e simulacros de touradas, ainda mesmo em lugar privado;

XXX - arrojar aves e outros animais nas casas de espetáculos e exibi-los, para tirar sortes ou realizar acrobacias;

XXXI - transportar, negociar ou caçar, em qualquer época do ano, aves insetívoras, pássaros canoros, beija-flores, e outras aves de pequeno porte, exceção feita das autorizações para fins científicos, consignadas em lei anterior.

Posteriormente, em 1941, o Decreto Lei nº 3.688, Lei de Contravenções Penais, proibiu a crueldade contra animais:

135

Art. 64. Tratar animal com crueldade ou submetê-lo a trabalho excessivo:

Pena - prisão simples, de dez dias a um mês, ou multa, de cem a quinhentos mil réis.

§ 1º Na mesma pena incorre aquele que, embora para fins didáticos ou

científicos, realiza em lugar público ou exposto ao público, experiência dolorosa ou cruel em animal vivo.

§ 2º Aplica-se a pena com aumento de metade, se o animal é submetido a

trabalho excessivo ou tratado com crueldade, em exibição ou espetáculo público.

Em 1988, o Brasil se tornou um dos poucos países do mundo a vedar, na própria Constituição Federal, a prática de atividades que submetam os animais a crueldade. O artigo 225, § 1º, inciso VII, da Constituição inspirou o legislador ambiental a criminalizar, no artigo 32, caput da lei nº 9.605/98 os atos cruéis contra os animais. Diante desta lei, e da Constituição, o repertório legislativo brasileiro é mais do que suficiente para, em tese, proteger os animais contra a crueldade.

A Lei de Crimes Ambientais nº 9.605/98 tornou crime os atos que submetam os animais a maus-tratos, logo a crueldade deixou de ser uma mera contravenção penal. No entanto, a lei não trouxe um definição exata do que seria um ato cruel:

Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres,

domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.

§ 1º Incorre nas mesmas penas quem realiza experiência dolorosa ou cruel em animal

vivo, ainda que para fins didáticos ou científicos, quando existirem recursos alternativos.

136 Assim, independentemente da discussão a respeito da revogação ou não do Decreto nº. 24.645/34, nenhuma das legislações que trataram ou tratam deste tema trouxeram uma conceituação para crueldade, sendo este, portanto, um conceito aberto ou indeterminado405.

Mas, o que é ser cruel com os animais? Para Buarque de Holanda cruel é aquele: “1. Que se compraz em fazer mal, em atormentar ou prejudicar; cruento [...]. 2. Duro, insensível, desumano, cruento [...]. 3. Severo, rigoroso, tirano [...]. 4. Que denota crueldade [...]. 5. Pungente, doloroso”406.

Rorty considera a crueldade como a pior coisa que podemos praticar407, estabelece,

assim, um critério com enorme espaço para a interpretação. Montaigne afirmou que entre os vícios, o que mais detestava era a crueldade408. Esclarece o filósofo que os sanguinários com os

animais revelem uma natureza propensa à crueldade, “quando se acostumaram em Roma com os espetáculos de matanças de animais, passaram aos homens e aos gladiadores”409.

Os conceitos acima servem de plano de fundo para a construção jurídica do termo crueldade. O aplicador do Direito deve se basear em vários aspectos para interpretar tal termo, sendo que não há uma doutrina preponderante. Fiorillo salienta “que crueldade é um termo jurídico indeterminado, reclamando do intérprete o preenchimento de seu conteúdo”410. Diante

de tamanha amplitude, surge um leque de interpretações possíveis, mas aqui queremos ressaltar uma filosofia biocêntrica, mais aberta ao entendimento de respeito à vida em todas as suas formas, mesmo que não tenha plena aceitação por parte de alguns doutrinadores411.

405 BECHARA, Érika. A proteção da fauna sob a ótica constitucional. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2003. p. 69.

406 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Minidicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. p. 155.

407 RORTY, Richard. Contingência, ironia e solidariedade. Tradução Nuno Ferreira da Fonseca. Lisboa: Presença, 1994, p. 17.

408 MONTAIGNE, Michel. Ensaios. Tradução de Sérgio Milliet. 1 ed. São Paulo: Abril S.A. Cultural e Industrial, 1972, p. 205.

409 MONTAIGNE, Michel. Ensaios, p. 207.

410 FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 12. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 70.

411 Esse é o entendimento de Fiorillo: “a Constituição Federal busca proteger a pessoa humana e não o animal. Isso porque a saúde psíquica da pessoa humana não lhe permite ver, em decorrência de práticas cruéis, um animal sofrendo. Com isso, a tutela da crueldade contra animais fundamenta-se no sentimento humano, sendo esta- a pessoa humana- o sujeito de direitos. Para o autor, “ser cruel significa submeter o animal a um mal além do

137 Aqueles que sustentam a visão antropocêntrica do direito constitucional, que veem o homem como único destinatário das normas legais, que acreditam ser a crueldade um termo jurídico indeterminado, que defendem a função recreativa da fauna e que põem o ser humano como usufrutuário da natureza, rendem assim uma infeliz homenagem à intolerância, ao egoísmo e à insensatez.412

Neste trabalho utilizaremos um conceito abrangente de crueldade, o qual abarca uma gama de ações que podem causar dor ou sofrimento aos animais, mesmo que psicológica, conforme o entendimento de Helita Barreira Custódio:

Crueldade contra animais vivos é, em geral, toda ação ou omissão, dolosa ou culposa (ato ilícito), em locais públicos ou privados, mediante matança cruel pela caça abusiva ou turística), por desmatamentos ou incêndios criminosos, por poluição ambiental, mediante dolorosas experiências diversas (didáticas, científicas, laboratoriais, genéticas, mecânicas, tecnológicas, dentre outras), amargurentas práticas diversas (econômicas, sociais, populares, esportivas como o tiro ao vôo, tiro ao alvo, de trabalhos excessivos ou forçados além dos limites normais, [...] abates atrozes, castigos violentos e tiranos, adestramentos por meios e instrumentos torturantes para fins domésticos, agrícolas ou para exposição, ou quaisquer outras condutas impiedosas resultantes em maus- tratos contra animais vivos413.

A questão mais tormentosa para os cientistas do Direito diz respeito ao discernimento entre atividades praticadas contra os animais considerados cruéis, dentro do conceito jurídico indeterminado de ‘crueldade’ utilizado pela Constituição, e as demais atividades praticadas contra a fauna, mas em nome da sadia qualidade de vida do homem, e que, justamente por isso, não são tomadas por cruéis no sentido que a Lei Maior empresta ao termo414. Dentro desta perspectiva, Bechara traz a seguinte definição:

Crueldade, para a Constituição, não é qualquer ato atentatório da integridade físico-psíquica do animal, eis que atosatentatórios de sua integridade físico- psíquica haverão em perfeita consonância com a Lei Maior, quando e desde que eles se façam imprescindíveis para a obtenção e manutenção dos direitos

absolutamente necessário”. FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. 14. ed. atual. e ampl. São Paulo: Saraiva, 2013, p. 309 – 313.

412 LEVAI, Laerte Fernando. Crueldade consentida: crítica à razão antropocêntrica. Revista Brasileira De

Direito Animal, Salvador, v. 1, ano 1, jan./dez. 2006, p. 171-190, p. 175.

413 CUSTÓDIO, Helita Barreira. Direito Ambiental e Questões Jurídicas Relevantes. Campinas: Millennium editora, 2005, p. 580.

414 BECHARA, Erika. A proteção da fauna sob a ótica constitucional. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2003, p. 70.

138 fundamentais da pessoa humana. Tendo em vista que o ato ‘materialmente’ cruel que se ponha (realmente) indispensável para a saúde, bem-estar, dignidade devida – só para citar alguns dos principais direitos humanos – será tolerado pelo ordenamento jurídico, podemos dizer que a “crueldade” a que se refere o art. 225, § 1º, inciso VII do Texto Maior há de ser entendida como a submissão do animal a um mal ALÉM DO ABSOLUTAMENTE NECESSÁRIO. Contrário sensu, submeter o animal a um mal nos estreitos limites do “necessário”, não implicará infração ao citado dispositivo constitucional. (grifo do original)415.

Com isso, conclui-se que crueldades fáticas contra animais serão constitucionalmente permitidas quando absolutamente necessárias para a preservação da vida humana. Assim, tratar um animal não-humano de forma cruel quando não se tenha outra opção para salvaguardar a integridade de um homem, não seria uma prática inconstitucional.

O problema maior é o abismo jurídico que separa a teoria da prática. Se determinadas condutas humanas não forem questionadas, alertadas, perante o poder Judiciário e a sociedade em geral, dificilmente o estado atual dos fatos será modificado. Nesse sentido, Levai416 defende que no Brasil, em diversos setores (agronegócio, científico e sanitário), a

crueldade se torna consentida, ou seja, aceita pelo poder público como “mal necessário”. É penoso constatar que o uso econômico do animal e a chamada finalidade recreativa da fauna, como por exemplo, a pesca esportiva, conta com respaldos permissivos de comportamentos cruéis.

Condicionar a crueldade à submissão dos animais ao sofrimento inútil ou desnecessário é, de certa forma, negar à natureza um valor em si, como se tudo o que existe no mundo gravitasse em função do interesse humano. Estar-se-ia, assim, separando o homem da natureza, para torná-lo espécie desfrutadora e consumidora do mundo natural. A noção de crueldade, nesse contexto, acaba se submetendo às regras do utilitarismo, de modo que a conduta cruenta somente se caracterizaria como tal se o homem assim o dispusesse417.

415 BECHARA, Érika. A proteção da fauna sob a ótica constitucional. São Paulo: Editora Juarez de Oliveira, 2003. p. 82-83.

416 LEVAI, Laerte Fernando. Crueldade consentida: crítica à razão antropocêntrica. Revista Brasileira De

Direito Animal, p. 175.

417 LEVAI, Laerte Fernando. Crueldade consentida: crítica à razão antropocêntrica. Revista Brasileira De

139 No entanto, acima de todas as leis ordinárias, vige a Carta da República, cujo artigo 225 § 1º, VII, obriga o poder público a coibir a submissão de animais a atos de crueldade418. A

Constituição Federal é dotada de supremacia material e axiológica, é norma fundamental do Estado e possui intensa carga valorativa. Por essa razão, os princípios e comandos contidos na Lei Maior não só deverão prevalecer e orientar a elaboração e aplicação das demais normas, como também obriga que todas as normas infraconstitucionais sejam interpretadas em conformidade com os preceitos constitucionais. Trata-se de um princípio que, longe de vincular a proteção à fauna apenas enquanto bem ambiental, estende sua tutela a todos os animais, indiscriminadamente e individualmente, sejam eles silvestres, nativos ou exóticos, domésticos ou domesticados, terrestres ou aquáticos.

Ora, pode-se dizer que a Constituição Brasileira de 1988 atribui aos animais um mínimo direito: o de não os submeter à crueldade. Ou, em outras palavras, o estado brasileiro, em todas as suas dimensões –executivo, legislativo e judiciário- tem a obrigação de impedir as práticas que submetam os animais a crueldade.

Para Heron Santana Gordilho, estaria, na Constituição Brasileira de 1988, o fundamento constitucional para a teoria dos direitos animais, no instante em que se reconhece em seu art. 225, §1º, VII, que os animais são dotados de sensibilidade, impõe-se a todos o dever de respeitar a vida, liberdade corporal e integridade física do animal, proibindo expressamente as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provocando a sua extinção ou os submetendo à crueldade.

Na defesa dos não-humanos, esta proteção pode acontecer de duas formas, através: 1) da abstenção de comportamento lesivo próprio, ou seja, refere-se à obrigação de não intervenção nas esferas individuais protegidas, e 2) da ação do Estado no intuito de preservar ativamente os direitos fundamentais em face das possíveis inobservâncias de particulares419.

418 A obrigação constitucional do Estado de assegurar a todos os cidadãos o pleno exercício de direitos culturais, promovendo a apreciação e difusão de manifestações culturais, não exime o Estado de observar o dispositivo constitucional que proíbe o tratamento cruel de animais. Recurso Extraordinário nº 153.53, DJ: 13/03/1998.

419 SILVA, Targore Trajano de Almeida. Direito animal e ensino jurídico: formação e autonomia de um

140 Fundamentar o direito animal constitucional é dever então dos operadores do direito (juízes, promotores, doutrinadores, advogados e estudantes), para que se a ultrapasse este momento de abstração formal do ordenamento constitucional brasileiro, com vistas a uma real fundamentação de um direito inter-espécies420.