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O modelo econômico atual: uma barreira a ser rompida em defesa dos animais

CAPÍTULO I: CONSIDERAÇÃO MORAL DA FAUNA: EVOLUÇÃO

CAPÍTULO 3: A CONSTITUIÇÃO FEDERAL E OS ANIMAIS

4.4. O modelo econômico atual: uma barreira a ser rompida em defesa dos animais

Apesar de os recursos naturais disponíveis terem uma utilidade praticamente vital para os agentes econômicos, e de estarem cada vez mais escassos, eles estão sujeitos a uma tal intensidade de exploração pelo Homem que se aproximam a passos largos da extinção. Esta situação absurda reflete uma miopia dos agentes econômicos, que, incapazes de ver ao longe, não se apercebem de que, tomando decisões económicas com base em dados de curto prazo, estão a cavar a sua própria sepultura alheios às consequências futuras que, a médio ou longo prazo, decorrerão das suas decisões de hoje.

Enrique Rojas ressalta que ao viver numa cultura hedonista e individualista em que reina o consumismo, “o homem moderno não tem referenciais, vive num grande vazio moral, não é feliz, embora tenha materialmente quase tudo, e isto é o mais grave”535.

Viver bem a qualquer custo é o código de comportamento daqueles que rompem com os ideais e se encontram no vazio e na ausência de sentidos. Com efeito, o mercado rejeita qualquer consideração capaz de evitar a livre circulação da mercadoria e procura fabricar o ser humano despojado de seu poder julgador, instigado a usufruir o máximo possível dos bens de consumo e disposto às dependências comerciais.

O enfoque do homo economicus na proteção do meio ambiente enfatiza o modelo econômico em que vivemos. Para essa corrente de pensamento, integrada fundamentalmente por economistas, tudo o que fazemos, e toda a organização da sociedade moderna, tem uma orientação econômica. Assim, se queremos preservar nossas florestas e ecossistemas é preciso, antes de tudo, tornar isso economicamente interessante536.

Passíveis de monetarização (são atributos econômicos, afinal de contas), os danos ambientais e o ataque aos animais ensejariam apenas responsabilidade civil.

535 ROJAS, Enrique. O homem moderno. São Paulo: Mandarim, 1996, p.11.

188 A ética ambiental, veio aproximar a sociedade de uma visão biocentrica, preocupada com a vida em todas as suas formas, mesmo no atual cenário, onde a homogeneização cultural força um consumo desenfreado, como se os bens fossem infinitos, e seu consumo desmensurado não gerasse nenhum impacto ambiental.

Assim, surgirá um conflito de interesses, pois se de um lado, a ética existe para fixar limites à nossa liberdade e desejo, por outro, é evidente que o uso dos animais nos dá um padrão de vida bem mais alto daquele que teríamos sem esse uso537. Romper com o modelo ético e

econômico atual irá gerar uma preocupação com o que esta por vir, e é normal que a sociedade leve tempo para evoluir, assim como demorou milênios para abolir a escravidão.

A transformação do atual cenário em prol dos animais pode ser analisada através da produção de chinchilas no país. O Brasil é o segundo maior produtor do animal, atrás apenas da Argentina. Além de ser um animal de estimação, a chinchila também é usada para a produção de peles. Uma chinchila pode ser morta aos 10 meses, ao custo de US$ 20. Sua pele é vendida para a exportação, em média, por US$ 40. As peles consideras excelentes, no entanto, podem chegar ao valor de US$ 100538.

Em 2011 a Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável aprovou, por unanimidade, o projeto de lei 5956/09 que proíbe o abate da chinchila para o comércio de sua pele no Brasil. No Estado de São Paulo, o projeto de lei 616 proíbe a manutenção e criação de animais para a venda de peles. Apesar dos projetos ainda não terem sidos aprovados, muitos criadores estão abatendo os animais e estocando suas peles, como ocorreu em Sorocaba quando foram mortas 1.500 fêmeas539. Observa-se que a criação chinchila objetiva unicamente a pele,

pois não a outro uso humano para o animal.

Tal atitude mostra o pensamento mercantilista em relação aos animais. Os proprietários em vez de doarem os animais para pessoas que os protegessem, preferiram abater

537 NACONECY, Carlos Michelon. Ética & animais: um guia de argumentação filosófica. Porto Alegre:

EDIPUCRS, 2006, p. 16.

538 Brasil é 2º criador de chinchilas, diz veterinário na Expointer no RS. G1, 03 set. 2014.

Disponível em: <http://g1.globo.com/rs/rio-grande-do-sul/campo-e-lavoura/noticia/2014/09/brasil-e-2-criador- de-chinchilas-diz-veterinario-na-expointer-no-rs.html>. Data de acesso: 19 out. 2014.

539 Criadores dizem que matarão 30 mil chinchilas por causa da lei contra pele. Folha UOL, 14 out. 2014.

Disponível em: < http://www1.folha.uol.com.br/colunas/cidadona/2014/10/1530445-criadores-dizem-que- matarao-30-mil-chinchilas-por-causa-de-lei-contra-pele.shtml>. Data de acesso: 19 out. 2014.

189 o maior número possível, pensando na elevação do preço das peles, já que a proibição levará a escassez do produto e consequentemente a alta dos preços.

Para Fritjof Capra “a meta central da teoria e da prática econômicas atuais - a busca de um crescimento econômico contínuo e indiferenciado - é claramente insustentável, pois a expansão ilimitada num planeta finito só pode levar à catástrofe”540. Com efeito, as atividades

econômicas estão prejudicando a biosfera e a vida humana de tal modo que, em pouco tempo, os danos poderão tornar-se irreversíveis. Nessa precária situação, é essencial que a humanidade reduza sistematicamente o impacto das suas atividades sobre o meio ambiente natural. Como declarou o senador americano Al Gore em 1992, “Precisamos fazer do resgate do meio ambiente o princípio organizador central da civilização”.

Outro caso que ilustra o embate entre o modelo econômico atual e a proteção da fauna ocorreu no Rio Grande do Sul. O Ministério Público ajuizou ação civil pública em face de um avicultor especializado na produção de ovos de galinha, do município de Pelotas, Rio Grande do Sul. A ação foi tombada sob o nº 022/1.08.0006517-5. Nos termos do relatório do juiz prolator da sentença de primeira instância, as pretensões do Ministério Público foram:

Alega que o ciclo de vida dos animais criados pelo método do réu otimiza os lucros, mantendo as galinhas vivas apenas para produção. Diz que as aves são mantidas aglomeradas dentro de pequenas gaiolas, onde são submetidas a tratamentos cruéis como mutilação e “muda forçada”, procedimento que, segundo o autor, consiste em manter as aves sem alimentação para que a produção de ovos aumente. Afirma que os animais são privados daquilo que seria o seu comportamento natural. Aduz inconstitucionalidade, imoralidade e ilegalidade neste sistema produtivo. Invoca o Decreto nº 24.645/34, a Declaração Universal dos Direitos dos Animais, a Lei Federal nº 9.605/98 e a Constituição Federal. Pede a procedência da ação, com a condenação do réu à obrigação de não fazer, consistindo na não utilização deste método de criação. Juntou documentos (fls. 21/128).

A ação, todavia, foi julgada improcedente, nos dois graus de jurisdição. Decidiu‑se pela inaplicabilidade de toda esta legislação protetiva às galinhas poedeiras. A argumentação utilizada pelo relator do acórdão é crucial para se entender o motivo da ineficácia das leis protetivas aos animais no Brasil:

190 A ação tem por objeto a condenação do demandado às obrigações de “não submeter as aves de postura ao sistema de criação em baterias de gaiolas, ou a qualquer outro que lhes impeça o exercício de seu comportamento natural, bem como a não realizar debicagem e muda forçada.” (fls. 20). A concepção antropocêntrica fez ou faz do homem o centro do universo, referência máxima e absoluta de valores de sorte que a seu redor gravitem todos os demais seres. Afinal, “crescei e multiplicaivos e enchei a Terra, e subjugai, e dominai”, a missão que lhe foi dada por Deus (Versículo 28 do capítulo 2º do Gênesis). Para Aristóteles (348-322 a.C), encampado por Santo Tomas de Aquino (1225--‑‑1274), o homem está no vértice de uma pirâmide natural, em que os minerais (na base) servem aos vegetais, os vegetais servem aos animais que, por sua vez, e em conjunto com os demais seres, servem ao homem. Verdade, de tempos para cá a visão monista vem cedendo espaço para a proteção do ecossistema e, ficando no caso, para o reconhecimento da dignidade dos animais, com exageros, por suposto. A

presente demanda pública se volta para uma das atividades da maior importância – a produção de aves –, posto figure entre os itens de relevo na balança comercial brasileira. Critica e condena métodos e práticas criativas e de exploração da atividade avícola que diz cruéis, o que não se compraz com a prova. (...) Importante salientar, ainda, que, no caso, tem-se produção agroindustrial de aves, a qual segue métodos para melhorar a produtividade e, como colocou a sentença, trazer alimento à mesa da população. Os métodos utilizados pelo requerido, saliente-se, mais uma vez, não são ilegais e nem abusivos. O demandado realiza, sim, o confinamento de aves, mas não permite, como frisado nos autos, que as aves biquem umas às outras até a morte por mero deleite (como é o caso daqueles que criavam galos de rinha). O confinamento, saliente-se, mostra-se necessário, tendo em vista os altos índices populacionais. Ademais, como coloca a decisão recorrida, embora haja estudos sobre outros métodos de debicagem menos agressivos, o autor da ação não logrou demonstrar qual é aquele efetivamente utilizado pelo requerido. No mais, a produção em larga escala do alimento, através de métodos indolores aos animais, mostra-se, ainda, um desafio tecnológico. Frise- se que a legislação ambiental surgiu para proteger os animais e impedir abusos praticados pelo ser humano. Contudo, tal legislação não diferencia casos, como o da produção agroindustrial em análise. Verifica-se, da leitura do acórdão de nº 70039307459, julgado pela 21ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, que a legislação que objetiva resguardar os animais de abusos e maus tratos não pode ser aplicada no caso de ‘produção agroindustrial’ porque se choca com interesses econômicos do explorador da atividade. Ou seja, o Direito pode proteger os animais não-humanos, desde que não atrapalhe os interesses capitalistas do animal

191 humano: os interesses – vida e integridade – da galinha perdem para o interesse – lucro – do homem541.

O aumento da destruição ambiental na esteira do crescimento econômico é ilustrado pelos exemplos da Coréia do Sul e de Taiwan. Na década de 1990, ambos os países alcançaram taxas impressionantes de crescimento e foram apresentados pelo Banco Mundial como modelos a serem seguidos pelos países do Terceiro Mundo.

Ao mesmo tempo, os danos ambientais por eles sofridos foram devastadores. Em Taiwan, por exemplo, os venenos usados na agricultura e na indústria poluíram gravemente quase todos os grandes rios. Em alguns lugares, a água, além de não ter peixes e não servir para beber, chega a pegar fogo. O nível de poluição do ar é o dobro do considerado inadmissível nos Estados Unidos; o número de casos de câncer por segmento de população dobrou desde 1965, e o país apresenta a maior incidência de hepatite do mundo. Em princípio, Taiwan poderia usar a sua nova riqueza para limpar o seu meio ambiente, mas a competitividade da economia global é tão grande que a 157.a fim de fazer baixar os custos da produção industrial542.

À medida que os programas da televisão e as agências multinacionais de propaganda veiculam imagens glamorosas de modernidade para bilhões de pessoas em todo o mundo, sem deixar claro que esse estilo de vida do consumo material infinito é totalmente insustentável, aumenta a escassez dos recursos naturais, como a falta de água, por exemplo. Esgotando os recursos naturais e reduzindo a biodiversidade do planeta, rompe-se a própria teia da vida da qual depende o bem-estar do planeta; prejudicamos, entre outras coisas, os serviços ecossistêmicos como o processamento de resíduos, a regulação do clima e a regeneração da atmosfera, entre tantos outros543.

Tudo isso deixa claro que há uma diferença crucial entre as redes ecológicas da natureza e as redes empresariais da sociedade humana.

541 CARDOSO, Waleska Mendes e TRINDADE, Gabriel Garmendia da. Por que os animais não são efetivamente

protegidos: estudo sobre o antropocentrismo vigente a partir de um julgado emblemático. Revista Brasileira de

Direito Animal, Salvador, v 18, n.13, p. 201-214, jan. – dez. 2013.

542 CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável, p. 157. 543 CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável, p. 217.

192 Num ecossistema, nenhum ser é excluído da rede. Todas as espécies, até mesmo as menores dentre as bactérias, contribuem para a sustentabilidade do todo. Já no mundo humano da riqueza e do poder, grandes segmentos da população são excluídos das redes globais e se tornam insignificantes do ponto de vista econômico544.

Com o exemplo da natureza, podemos aprender a cooperar e viver em harmonia dentro da casa compartilhada por todos os seres vivos, o Planeta Terra. Pose-se assim, evoluir de forma sustentável, juntamente com todos os outros animais e formas de vida do Planeta.

O homem e a natureza tem um vinculo que não se pode ser negado. Faz-se necessário não apenas um direito ambiental, mas a ecologização do direito545. Com o

reconhecimento da importância da natureza para o ser humano, o Direito dos animais terá uma chance de ser incorporado ao sistema jurídico atual. Os animais tem o direito de ter seu estatuto moral reconhecido, tem o direito de não ser tratado como propriedade, tem direito ao respeito.

Com a progressiva transformação da moral coletiva, e a preocupação cada vez mais intensa com os animais, vários municípios criaram Secretarias especiais dos Direitos Animais (SEDA), com o objetivo de estabelecer e executar políticas públicas destinadas à saúde, proteção, defesa e bem-estar animal. Entre as cidades que criaram esse órgão de defesa animal encontram-se, Porto Alegre, Recife e Franca. Em outros municípios também existem secretarias, mas com outro nome como no Rio de Janeiro, no qual foi criada a Secretaria Especial de Promoção e Defesa dos Animais, possibilitando que a causa animal ganhasse destaque junto às Políticas de Governo.

Mesmo que o direito mostre-se como um instrumento de dominação do homem sobre os demais seres vivos, existem oportunidades em que as normas legais reconhecem o valor inerente dos animais e sua dignidade, trazendo a esperança que a sociedade possa evoluir para um Estado de Direito Ecológico, em que a vida será amplamente defendida.

Vamos aplicar os conceitos estudados até o momento em dois casos peculiares trazidos por Michael Sandel em seu livro “O que o dinheiro não compra: os limites morais do

544 CAPRA, Fritjof. As conexões ocultas: ciência para uma vida sustentável, p. 163. 545 OST, François. A natureza à margem da lei: A ecologia à prova do Direito, p. 19.

193 mercado”. Sandel546 conta inicialmente que entre 1970 e 1992, a população de rinocerontes

negros na África caiu de 65.000 para menos de 2.500, embora a caça dessa espécie seja ilegal. Mas a proteção desses animais é difícil, pois seus chifres são vendidos a autos valores na Ásia e no Oriente Médio, uma vez que existe uma cultura local de que esses animais possuem propriedades medicinais, e afrodisíacas.

Na década de 1990 e início dos anos 2000, grupos ambientalistas pensaram em uma forma de incentivo para proteger esses animais. Assim pensaram que se os caçadores tivessem o direito de abater uma quantidade determinada de animais, os fazendeiros, ao lucrar com a venda da caça teriam um incentivo para cria-los, cuidar deles e afastar os caçadores ilegais.

Em 2004 o governo sul africano autorizou a caça dos rinocerontes negros, pela quantia de US$ 150.000 dólares, este safari seria uma versão capitalista do ecoturismo. Esta solução utilitarista parece estar funcionando, pois no Quênia, onde a caça é proibida, a população de rinocerontes negros caiu de 20.000 para seiscentos, mas na África do Sul a população de rinocerontes começou a se recompor547.

Outro exemplo trazido por Sandel é a caça da morsa no Ártico. Este mamífero vive na região ártica do Canadá, e é apreciado por sua carne, pele, gordura e presas de marfim. No entanto, é um animal indefeso, de grande tamanho, presa fácil para os caçadores.

Em 1928 o Canadá proibiu a caça da morsa, com exceção dos indígenas locais que poderiam matá-la para sobreviver, como faziam por mais de 4 mil anos. Diante das dificuldades da tribo, foi proposto ao governo canadense a possibilidade de vender o direito de abate local a caçadores, porém a população indígena ficaria com a carne e com a pele. Assim foi feito e hoje o abate da morsa custa US$ 6. 500 dólares548.

O interesse neste tipo de caça é estranho, pois a morsa não oferece nenhuma resistência. Os caçadores param a uma distância de 15 metros do animal, e atiram com seu rifle. A morsa morre sem saber do perigo que corria, e o caçador vai embora orgulhoso de ter matado

546 SANDEL, Michael J. O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado. 5 ed. Rio de Janeiro:

Civilização Brasileira, 2013, p. 80.

547 SANDEL, Michael J. O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado, p. 81. 548 SANDEL, Michael J. O que o dinheiro não compra: os limites morais do mercado, p. 83.

194 um animal indefeso. Tal espetáculo sempre me pareceu muito degradável, subjugar um animal apenas pelo prazer do esporte é cruel.

Do ponto de vista da lógica de mercado a solução foi vitoriosa, mas e do ponto de vista moral? Quem sabe, pode depender do prestígio moral da caça esportiva. Seria condenável matar animais selvagens por esporte? Seria imoral matar rinocerontes, leões, veados, onças para sentir aquele momento de adrenalina, momento em que se observa a vida se esvaindo de um grande mamífero que tenta sobreviver em seu habitat cada vez mais reduzido pelas grandes cidades?

Ficou provado que a lógica de mercado fica incompleta sem uma perspectiva moral. É se analisando as perspectivas existentes, e os argumentos ambientais e econômicos, que a população poderá se decidir, e assumir as consequências de seu posicionamento.

Este trabalho quis deixar claro que o homem não é o senhor absoluto da Terra, e que já existem diversas teorias preocupadas em respaldar o direito fundamental a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, mesmo com os obstáculos impostos pela política econômica atual que visa apenas o lucro, sem se preocupar com a teia da vida existente no planeta.

O homem já tratou o próprio homem como hoje trata os chimpanzés, gorilas, orangotangos, e outros animais não-humanos. Escravizamos nossos congêneres. Lotamos porões de milhares de navios-negreiros para fornecer gente para as plantations. Criamos senzalas, pelourinhos e açoites. Não se quer ou pretende contrariar primados da biologia para defender a ideia de que somos todos iguais aos animais. Há muitas diferenças entre nós e os grandes primatas, como existem entre babuínos e micos, lêmures e gibões. Mas, somos todos primatas, nessa condição partilhamos, não se pode negar, de muitas similitudes, inclusive, segundo Charles Darwin, as nossas próprias origens...

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