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3 A EDUCAÇÃO JURÍDICA E A ABORDAGEM DAS RELAÇÕES HUMANAS

5.1 O Curso de Direito da FURG

5.1.8 A dimensão atribuída ao componente curricular Direito Internacional no currículo do

Como, nesta tese, objetivamos averiguar a forma como o curso de Direito da FURG aborda o Direito Internacional e as Relações Humanas Transnacionalizadas, resolvemos fazer um recorte temporal, a partir da Portaria de 1994. A normativa, ao instituir DCNs para aos cursos de Direito, reinseriu o Direito Internacional como componente curricular obrigatório (no Capítulo 3 analisamos as modificações que se operaram no campo recontextualizador oficial).

Verificamos, no item 5.1.1, que as DCNs de 1994 e 2004, bem como as regras de 200757 influenciaram três importantes mudanças curriculares no curso de Direito da FURG. Estas desencadearam tratamentos bem diferenciados no que concerne às Relações Humanas Transnacionalizadas em geral e ao Direito Internacional em particular.

O tratamento reservado ao Direito Internacional nos três currículos referidos e nas modificações/ alterações, encontra-se sistematizada na Tabela Nº 26.

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Tabela 26 - FURG - Inserção do Direito Internacional nos PPPs

INSERÇÃO DO DIREITO INTERNACIONAL NOS PPPs

1995 PPP 2006 PPP 2012

Componentes Curriculares

Direito Internacional Público e Privado

Direito Internacional Público

+

Direito Internacional Privado

Direito Internacional

Carga horária 120h/a 60 h/a 72 h/a58

+ 60 h/a 72 h/a59 72 h/a Ementas Noção de Direito Internacional Público: teorias e histórico - Estado: elementos, classificação, transformações, direitos e deveres, jurisdição, órgãos de relações, compromissos, intervenção, servidões e neutralidade, Santa Sé - Organismos Internacionais - O homem nas relações

Internacionais - Território: Domínios, espaço exterior e telecomunicações - Navios e Aeronaves - Litígios Internacionais - A guerra - Noções de Direito Internacional Privado - As pessoas físicas e jurídicas - Os bens - Normas e Funcionamento - Elementos de conexão Aplicação da Lei Estrangeira - Contratos e Obrigações. Noção de Direito Internacional Público: teorias

e histórico – estado: elementos, classificação, transformações, direitos e deveres, jurisdição, órgãos de

relações, compromissos, intervenção, servidões e neutralidade. Santa sé e organismos internacionais. O

homem nas relações internacionais. Territórios: domínios, espaço exterior e telecomunicações. Navios e aeronaves. Litígios internacionais: guerra e solução de conflitos. Fundamentos do Direito Internacional Público contemporâneos: teorias e histórico – inserção, direitos e deveres do estado na ordem internacional. Tratados internacionais e atos unilaterais. Fontes do direito Internacional. Sujeitos do direito internacional. O homem nas relações internacionais. Domínio internacional, Conflitos internacionais e meios de solução. Jurisdição internacional, principais organismos internacionais e suas funções. As relações internacionais e o Direito Internacional Privado – as pessoas privadas físicas e jurídicas na ordem internacional. Estatuto do estrangeiro. Noções de Direito Internacional Privado – as pessoas físicas e jurídicas –

os bens – normas e funcionamento – elementos de conexão. Aplicação da lei

estrangeira – contratos e obrigações – sucessões –

direito processual internacional.

Fonte: Corrêa (2018). Com base em FURG, Deliberação 051/95 do COEPE; FURG, Deliberação 032/2006 do COEPE e FURG, ATA 038/2012 COEPEA.

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Conforme exposto no item 5.1.1, com a modificação do número de semanas letivas houve um aumento na carga horária das disciplinas

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Conforme exposto no item5.1.1, com a modificação do número de semanas letivas houve um aumento na carga horária das disciplinas

Conforme se pode observar da Tabela Nº 26 existem três importantes aspectos a serem analisados, acerca do tratamento reservado ao Direito Internacional no currículo do curso em estudo: a denominação do(s) componente(s) curricular(es); a carga horária destinada a este(s); a(s) ementa(s) e o enfoque destas ao Direito Internacional Privado.

Quanto à denominação, verificamos no Capítulo 2 as distinções entre o que tecnicamente é compreendido como Direito Internacional Público e como Direito Internacional Privado.

Constatamos no Capítulo 3 que as Diretrizes Curriculares Nacionais contemplam a exigência de Direito Internacional em geral, sem especificação entre Direto Internacional Público e Direito Internacional Privado, tal posição diverge do que estabeleciam as regras definidoras do campo recontextualizador oficial, em 1962.

No Capítulo 3, também constatamos que os cursos de Direito das Universidades Federais do Brasil, na definição de seus currículos, orbitam entre três conformações principais quanto ao Direito Internacional: os que trabalham com um componente curricular e o denominam Direito Internacional (23%); os que trabalham com um componente curricular e o denominam Direito Internacional Público (19%), e os que trabalham com pelo menos dois componentes curriculares, um denominado Direito Internacional Público e outro Direito Internacional Privado (58%).

A FURG, nas definições realizadas no contexto de seu “Campo Recontextualizador Pedagógico”, em 1995, 2006 e 2012, adotou três posições quanto ao componente curricular Direito Internacional: em 1995, denominou Direito Internacional Público e Privado; em 2006, adotou a fórmula do oferecimento de duas disciplinas separadas (Direito Internacional Público e Direito Internacional Privado); e, no vigente PPP, de 2012, optou pela alternativa de concentrar o conteúdo na disciplina de Direito Internacional.

A variação presente nos PPPs também atingiu a carga horária destinada a esta disciplina. De acordo com o que está sistematizado na Tabela nº 26, em 1995, a dedicação era de 120 horas- aula. Com o PPP de 2006, manteve-se em 120 horas-aula. Posteriormente, com o aumento do número de semanas passou para 144 horas-aula. O atual PPP, de 2012, destinou ao Direito Internacional 72 horas-aula.

Para além da redução significativa na carga horária, também é relevante investigar o tratamento que tem sido reservado ao Direito Internacional Privado no currículo do curso de Direito da FURG. É nesse componente específico que encontraremos a regulamentação jurídica para as relações humanas transnacionalizadas, especialmente aquelas afetas à

Cooperação Jurídica Internacional e à regularização migratória. Conforme estudamos no Capitulo 2, são os instrumentos estudados pelo Direito Internacional Privado que possibilitarão o acesso à justiça, ao nos deparamos com situações jurídicas multi localizadas, vinculadas a mais de uma ordem estatal.

Na versão de 1995, encontramos um componente curricular único com uma carga horária de 120 horas-aula, denominado Direito Internacional Público e Privado, o que denota, a intenção de contemplar de forma equilibrada ambos os conteúdos. A ementa da disciplina, conforme se observa da Tabela Nº 26, revela um predomínio dos conteúdos de Direito Internacional Público.

Na versão de 2006, apesar de haver manutenção, em termos de carga horária geral em 120 horas-aula60, houve a bipartição em dois componentes curriculares autônomos, destinando 60 horas-aula61exclusivas para abordar Direito Internacional Privado.

Pelo atual PPP, verifica-se que houve redução de 50% na carga horária destinada ao Direito Internacional. Se considerarmos a questão especifica do Direito Internacional Privado, essa redução é mais significativa. O Direito Internacional Privado ao deixar de ser um componente curricular autônomo e dividir com o Direito Internacional Público espaço em uma disciplina de 72 horas-aula, passa a ter uma abordagem diminuta.

Ao analisarmos a ementa atual do componente curricular Direito Internacional (constante da Tabela Nº 26), encontramos listados onze temas, dos quais três são relativos ao Direito Internacional Privado. A análise da ementa permite-nos constatar que estão ausentes as questões relacionadas à Cooperação Jurídica Internacional, ao Direito Processual Internacional e ao Direito Civil Internacional.

5.1.9 O Processo de Reforma Curricular as Relações Humanas Transnacionalizadas e