As mudanças curriculares e sua relação com o Contexto Recontextualizador Oficial

Compreendemos que o movimento que culminou nas DCNs de 1994, conforme verificamos no Capítulo 3, decorreu de uma mudança de paradigma no direito brasileiro, proveniente da Constituição de 1988, ensejando o debate e a proposta de uma nova perspectiva de Ensino Jurídico. Esta refletiu em redefinições no novo Campo Recontextualizador Oficial, que inspiraram importantes modificações no curso de Direito da FURG, com a revisão de seu currículo, constituindo, assim um novo Campo Recontextualizador Pedagógico.

O Curso de Direito da FURG sofreu três importantes mudanças curriculares, desde a implantação das DCNs de 1994, as quais reinseriram o Direito Internacional como componente curricular obrigatório no eixo de formação profissional dos cursos de Direito.

A primeira, que teve como objetivo a adequação do curso às Diretrizes Curriculares DCNs/1994, foi concretizada por meio da Deliberação nº 051/95 de 17 de novembro de 1995 do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (COEPE), que aprovou a reformulação curricular do Curso de Direito, definiu carga horária do curso, o tempo mínimo de

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integralização em 6 anos e aprovou o Plano de Implantação das disciplinas, equivalências, extinção das disciplinas e quadro de sequência lógica.

A segunda modificação deu-se através da Deliberação nº 032/2006, de 10 de novembro de 2006, do Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (COEPE), que dispôs sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP) do Curso de Direito e da alteração curricular, esta visando atender às Diretrizes Curriculares Nacionais (DCNs) estabelecidas por meio da Resolução nº 9/2004 do Conselho Nacional de Educação.

Conforme desenvolvido no Capítulo 3, as DCNs de 2004 foram as primeiras estabelecidas após a adoção da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) (Lei nº 9394/96), o que desencadeou relevante processo de recontextualização no curso em foco, juntamente com a ampliação da carga horária, no intuito de adequar às exigências da LDB, que previa que a carga horária deveria ser computada em horas-relógio e não em horas-aula.

A não passividade na interpretação do dispositivo da LDB levou a Câmara de Educação Superior do Conselho Nacional de Educação CNE/CES, por meio de duas resoluções a de nº 2/2007 e a de nº 3/2007, a pacificar a questão, estabelecendo a carga horária mínima para os cursos de Direito em 3.700 horas-relógio (de 60 minutos).

O curso de Direito, que já havia feito sua reforma curricular compreendendo essa alteração, estava, dessa forma, com a carga horária apropriada às resoluções. No entanto, a Universidade necessitava adequar seus currículos e cargas horárias à nova interpretação do MEC. Assim, aumentou em 20% o número de semanas letivas, ampliando a carga horária dos cursos nessa proporção. Isso possibilitou a compatibilização à nova interpretação, que substituía hora-aula por hora-relógio, sem necessidade de modificações curriculares.

Essa situação levou o curso de Direito que, originalmente, pelo PPP de 2006, continha 4.440 horas-aula, o que equivalia a 3700 horas-relógio (exatamente o limite mínimo estabelecido posteriormente pela resolução CNE/CES), para uma situação de aumento de carga horária, totalizando 4.440 horas-relógio, montante mínimo 20% superior ao previsto pelas resoluções do CNE/CES.

Este fato levou a comunidade acadêmica a questionar "se o curso não estaria a operar com carga horária excessiva" (FURG, PPP, 2012, p. 5). Nesse contexto, surgiu a reforma do PPP, em 2012.

A análise da justificativa para à alteração do Projeto Político Pedagógico do curso (FURG, PPP, 2012 p. 5 e 6) permite-nos identificar como se deu o processo de discussão e aprovação das alterações curriculares. O processo teve início no Conselho Superior da

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Faculdade de Direito54. Após, sob o comando do Núcleo Docente Estruturante, num amplo e longo debate, gerou-se a reforma consolidada do PPP do Curso de Direito, conforme relato extraído do próprio texto do PPP (FURG, PPP 2012, p.5,6):

Neste Conselho iniciaram-se os debates, até que em 2011, já contando com atuação incisiva do Núcleo Docente Estruturante, foi aprovado pelo Conselho da Unidade amplo calendário, comandado pelo referido Núcleo Docente Estruturante, para debate e construção da presente revisão curricular, encerrado um ano depois, em

abril de 2012, com a aprovação da presente reforma consolidada, após mais de 300 horas de trabalho, entre reuniões docentes, discentes proposições e redações

(grifos nossos).

Dentre os efeitos das sucessivas mudanças curriculares está o tempo necessário para integralização do curso. A tabela nº 22 demonstra os reflexos na carga horária do curso de apreço:

Tabela 22 - FURG - composição da carga horária - mudanças curriculares

COMPOSIÇÃO DA CARGA HORÁRIA

1995 Deliberação 051/95 do COEPE PPP 2006 Deliberação 032/2006 do COEPE PPP 2006 Após a alteração no nº de semanas PPP 2012 ATA 038/2012 COEPEA 3800h/a 3540h/a disciplinas obrigatórias 60 disciplinas sob legislação do MEC 200 atividades complementares 4440 h/a 3240 h/a em disciplinas obrigatórias teóricas, 180 h/a disciplinas obrigatórias praticas 360 atividades externas de estagio 360 atividades complementares 300 de Trabalho de Curso 4440 horas 3900 horas 2880 horas em disciplinas obrigatórias teóricas 360 em disciplinas obrigatórias praticas 240disciplinas optativas teóricas 90disciplinas optativas praticas 330 atividades complementares

3800 horas-aula 4440 horas-aula 5328 horas-aula 4680horas-aula

3166 horas-relógio 3700 horas-relógio 4440 horas-relógio 3900 horas-relógio

Fonte: Corrêa (2018). Com base em FURG Deliberação 051/95 do COEPE; Deliberação 032/2006 do COEPE e ATA 038/2012 COEPEA.

O processo de readequação, que implicou na redução de carga horária, repercutiu expressivamente no currículo do curso, resultando em aumento de carga horária de alguns componentes curriculares e supressão em outros.

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Conselho Superior da Faculdade de Direito é um órgão deliberativo e representativo de estudantes, técnicos e professores.

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5.1.2 O regime acadêmico e duração do Curso da Furg

O curso de Direito da FURG, usando da faculdade que lhe é conferida pelas DCNs, o adota o regime por disciplinas (regime de créditos), preponderantemente anuais (FURG, PPP, 2012, p. 19).

Algumas disciplinas vinculadas a outros unidades da Universidade costumam ser ofertadas semestralmente Da mesma forma, a maioria das optativas também possui regime acadêmico semestral.

A integralização do curso dar-se-á com a conclusão de 3.900 horas, em um período que pode variar de, no mínimo, cinco anos e, no máximo, oito anos.

Estas 3.900 horas (horas-relógio de 60 minutos) são compostas, nos termos do PPP, por 2.880 horas em disciplinas obrigatórias teóricas, 360 horas em disciplinas obrigatórias práticas (estágio supervisionado), 240 horas em disciplinas optativas teóricas e 90 horas em disciplinas optativas práticas, acrescidas de 330 horas em atividades complementares.