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A elaboração dos projetos das Escolas Práticas de Agricultura

estudada e assegurada, de aumento do número de acomodações reservadas aos alunos e desdobramento das instalações de cada estabelecimento, que para tanto, dispõe, em seu derredor, de áreas suicientes. (...) O ensino é eminentemente práico. Os alunos têm seis horas de tarefa no campo e duas de exposições teóricas, necessárias à boa compreensão dos trabalhos práicos ali realizados. A educação ísica é também ministrada obrigatoriamente sob orientação técnica, possuindo cada escola um estádio para a práica de esportes e exercícios ginásicos. (RITER, [194-], p.64-65)

Assim, cada uma das escolas seria composta: pelo ediício central, que além da direção, salas de aula e serviços de saúde, abrigaria também grandes dormitórios para os alunos, refeitório, lavanderia e demais infraestrutura necessária; pelo centro de esportes com ginásio e quadra aberta; pelas residências desinadas ao diretor, professores, e funcionários; e pelos demais ediícios desinados ao ensino práico e à produção agrícola ou pecuária, assim como processamento de seus produtos, segundo às especiicidades das aividades predominantes nas regiões onde estavam instaladas as escolas. Essas semelhanças entre as diversas Escolas Práicas de Agricultura indicam que, ao menos inicialmente, os seus projetos iveram uma concepção comum que, se acredita, tenha incluído uma paricipação da Interventoria.

Outro aspecto relevante nesse senido é a adoção comum a todos os projetos da arquitetura neocolonial. Se por um lado a adoção dessa linguagem na arquitetura escolar não consitui exceção no período em que são realizados tais projetos; por outro, os arquitetos (ou engenheiros-arquitetos) tanto da D.O.P., quanto da D.E.R., faziam uso nesse momento dos mais diversos esilos arquitetônicos, tornando o uso único e exclusivo do neocolonial - ainda que em suas nuances diversas, com maior ou menor inluência do esilo missões - adotado para todos os ediícios de todas as seis grandes escolas, um fato peculiar.

Note-se ainda, entre as semelhanças encontradas entre as diversas escolas, a clara adoção de projetos-modelo que vão das construções desinadas à produção, até algumas das residências de professores e mestres, e, no caso da D.E.R., dos ediícios principais de Pirassununga, Guarainguetá e Itapeininga. Sobre esse aspecto o arigo da revista Acrópole assinala que a escola de Guarainguetá:

[…] moldada na que foi feita em Pirassununga, tem ela uma aparência semelhante, se bem que apresenta, no que respeita a construção de seus prédios, as modiicações que a técnica exigiu para melhorá-la. (...) O ediício principal (...) diz com precisão o que seja esse prédio no que respeita a sua arquitetura, em esilo colonial brasileiro, com linhas sombrias e bonitas e a execução da construção em si, tecnicamente bem cuidada. (ESCOLA Práica de Agricultura Getúlio..., 1945, p.1)

Sobre a composição dos ediícios cabe destacar, além da adoção da ornamentação neocolonial que se sobrepõe às fachadas, que as plantas se dividem, em geral, em dois modelos de referência corrente no período: enquanto os ediícios de maior imponência

Figura 3.1. - Elevação da fachada principal do ginásio da E.P.A. Getúlio Vargas (Ribeirão Preto), com data de 14 de julho de 1944, elaborada junto à Diretoria de Obras Públicas. No desenho é possível ver a assinatura de Hernani do Val Penteado. No carimbo encontra-se também a assinatura de Francisco José Longo (Diretor de Obras Públicas). Fonte: Acervo do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo.

Figura 3.2. - Elevação da fachada principal do “pavilhão de indústrias agrícolas” da E.P.A. Getúlio Vargas (Ribeirão Preto), com data de 22 de maio de 1944, elaborada junto à Diretoria de Obras Públicas. No carimbo encontram- se as assinaturas de Francisco José Longo (aprovação), Hernani do Val Penteado (projeto) e Oswaldo Cruz G. Fosca (desenho). Fonte: Acervo do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo.

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Figura 3.3. - Desenhos de planta, corte e elevação da fachada principal de “residência para diretor” da E.P.A. Getúlio Vargas (Ribeirão Preto), com data de 4 de fevereiro de 1943, elaborados junto à Diretoria de Obras Públicas. No carimbo encontram-se as assinaturas de Francisco José Longo (aprovação), Hernani do Val Penteado (projeto), Alvaro Botelho (desenho) e Veiga Filho (visto). Fonte: Acervo do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo.

Figura 3.4. - Desenhos de planta, corte e elevação da fachada principal de “residência para professor” da E.P.A. Getúlio Vargas (Ribeirão Preto), com data de 9 de fevereiro de 1944, elaborados junto à Diretoria de Obras Públicas. No carimbo encontram-se as assinaturas de Francisco José

Longo (aprovação) e E. T. (projeto). Há ainda a menção de que esse projeto tratar-se-ia do “ipo a” entre as demais residências da mesma categoria. Note-se que esse projeto de residência é também adotado na E.P.A. Gustavo Capanema (Bauru). Fonte: Acervo do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo.

Figura 3.5. e 3.6. - Desenhos elaborados junto à Diretoria de Obras Públicas, que mostram quatro versões disintas para a composição de fachada, da planta apresentada na igura anterior (espelhada), referente à “residência para professor” da E.P.A. Getúlio Vargas (Ribeirão Preto). Note- se que essas variações de fachada são também adotadas na E.P.A. Gustavo Capanema (Bauru). Fonte: Acervo do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo. 3.4

Figura 3.7. - Desenhos de planta, corte e elevação da fachada principal de “residência para operário” da E.P.A. Getúlio Vargas (Ribeirão Preto), com data de 5 de abril de 1944, encontrados junto ao acervo da Diretoria de Obras Públicas. Note-se que no carimbo encontra-se, além da assinatura de Francisco José Longo (aprovação), a menção de que o desenho foi elaborado pela Sociedade Construtora de Imóveis e Financiamentos, responsável pela construção da escola em Ribeirão Preto. Fonte: Acervo do Centro de Preservação Cultural da Universidade de São Paulo.

Figura 3.8. - Desenhos de planta do pavimento térreo e elevação da fachada principal do ediício da “escola e administração” da E.P.A. Gustavo Capanema (Bauru), com data de 29 de julho de 1942, elaborados junto à Diretoria de Obras Públicas. No carimbo encontram- se as assinaturas de Hernani do Val Penteado (projeto), Romano Ethely (desenho) e Achiles Nacarato (visto). Note- se que no desenho há a menção “adaptação do projeto dos engenheiros Mario Whately & Cia”- empresa atuante em São Paulo no período, mas que, aparentemente, não foi responsável pela construção de nenhuma das Escolas Práicas de Agricultura. Fonte: Acervo do Insituto Penal Agrícola Prof. Noé Azevedo.

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Figura 3.9. - Detalhe dos desenhos da planta do pavimento térreo e elevação da fachada principal do ediício do “internato feminino” da E.P.A. Gustavo Capanema (Bauru), com data de 30 de julho de 1942, elaborados junto à Diretoria de Obras Públicas. No carimbo encontram-se as assinaturas de Hernani do Val Penteado (projeto), Romano Etelhy (desenho) e Achiles Nacarato (visto), além da menção

“adaptação do projeto dos engenheiros Mario Whately & Cia”. Embora construído, ao que parece, o ediício nunca recebeu efeivamente alunas mulheres. Note-se ainda que a planta assumiria a sua coniguração simétrica e completa, após o aumento futuro, já previsto no desenho. Fonte: Acervo do Insituto Penal Agrícola Prof. Noé Azevedo. 3.8

Figura 3.10. - Desenhos de planta do pavimento superior do ediício principal adotado na E.P.A. Fernando Costa (Pirassunga), E.P.A. Paulo de Lima Corrêa (Guarainguetá) e E.P.A. Carlos Botelho (Itapeininga), com data de 7 de julho de 1942, elaborados junto à Divisão de Engenharia Rural. No carimbo encontram-se as assinaturas de Aurélio Bruno Coccianovich (projeto e conferência), Orlando Serragioto (desenho) e Mario Pareto (cópia). No desenho, cujo ítulo ‘Escola Proissional Rural’ não se menciona de qual unidade se trataria. Há ainda um segundo carimbo da Sociedade Construtora Brasileira, responsável pela construção da escola de Pirassununga. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Figura 3.11. - Elevação da fachada principal da Associação Agropecuária do Vale do Mogi Guaçu - que compunha o conjunto de ediicações da E.P.A. Fernando Costa (Pirassununga) -, com data de 21 de outubro de 1943, elaborada junto à Sociedade Construtora Brasileira e encontrada no acervo da aniga Divisão de Engenharia Rural. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Figura 3.12. - Elevação da fachada principal de “residência para diretor” da E.P.A. Fernando Costa (Pirassununga) -, com data de 11 de fevereiro de 1943, elaborada junto à Sociedade Construtora Brasileira e encontrada no acervo da aniga Divisão de Engenharia Rural. Note-se que as dimensões e pilares que compõem a fachada são representados ainda, em detalhe em planta cotada. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

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Figura 3.13. - Desenhos de planta, elevações das fachadas principal e lateral e cortes do “pavilhão de veterinário” da E.P.A. Fernando Costa (Pirassununga) -, com data de 23 de setembro de 1944, elaborados junto à Sociedade Construtora Brasileira e encontrada no acervo da aniga Divisão de Engenharia Rural. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Figura 3.14. - Desenhos das elevações das fachadas principal, posterior e laterais da “usina de laicínios” da E.P.A. Fernando Costa (Pirassununga) -, com data de 23 de junho de 1943, elaborados junto à Sociedade Construtora Brasileira e encontrada no acervo da aniga Divisão de Engenharia Rural. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Figura 3.15. - Detalhe de projeto do “galpão de carroças e sede do zootecnista” da E.P.A. Fernando Costa (Pirassununga), onde se vê a planta e a elevação da fachada principal. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Figura 3.16. - Desenhos de planta, elevações das fachadas e cortes do “galpão e depósito para máquinas agrícolas” da E.P.A. Fernando Costa (Pirassununga), elaborados junto à Sociedade Construtora Brasileira e encontrados no acervo da aniga Divisão de Engenharia Rural. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

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Figura 3.17. - Desenhos de planta e elevação da fachada principal de “cavalariça” para as Escolas Práicas de Agricultura (sem localização), elaborados junto à Divisão de Engenharia Rural. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

Figura 3.18. - Desenhos de planta, elevações, cortes e detalhe de “estábulo para touros” para as Escolas Práicas de Agricultura (sem localização), com data de 18 de fevereiro de 1943, elaborados junto à Divisão de Engenharia Rural. Note- se a presença do desenho de detalhe do cocho e canaleta. Fonte: Acervo do Setor de Engenharia da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. 3.17

3.18

adotam modelos composiivos, volumétricos e de plantas atrelados ao beaux-art - em geral compostas em grandes alas e via de regra simétricas; as residências apresentam os modelos movimentados das plantas ecléicas, tão caracterísicas da produção residencial que povoa cidades e revistas especializadas no período.

Nas residências que têm ipos e dimensões diferentes, segundo uma gradação hierárquica estabelecida para seus ocupantes, há uma associação de um programa arquitetônico de habitação, consoante com as conveniências desse momento, com um tratamento formal variado. A ornamentação, sempre de base neocolonial, incorpora elementos ornamentais e espaciais oriundos de uma simpliicação da arquitetura colonial luso-brasileira a esquemas composiivos do esilo missões […]. Assim as residências da Escola Agrícola de Ribeirão Preto são casas com coberturas de telhas de barro e beirais, com frontões, óculos e pináculos, elementos do receituário neocolonial brasileiro. […] A composição geral dessas casas, por sua vez, não difere dos modelos arquitetônicos de esilo missões difundidos pelas revistas de decoração e arquitetura e pelo cinema norte-americanos. (WOLFF, 1991, [s.p.])

Note-se que o uso da linguagem neocolonial nos conjuntos das escolas caracteriza-se, além da adoção constante de alpendres e arcadas em arco de berço, sobretudo pela profusão de ornamentos de fachada que incluem, principalmente, a adoção de ornatos de gosto barroco, como volutas, pináculos, conchas, cartuchas, lanternins trabalhados, óculos trabalhados, balaustres, folhagens e plumas em volutas, pinhas, consolos movimentados e etc. São notáveis também os telhados de telha capa e canal com suil caimento e os largos beirais, muitas vezes com cachorros aparentes ou arremates ornamentais nas quinas dos telhados que recebem a denominação de ‘peito de pomba’. Nas fachadas são recorrentes, ainda, as janelas e portas com molduras bastante marcadas - quer seja apenas por uma pequena saliência de vergas e ombreiras em cores disintas da fachada, quer seja por cornijas ou guarnições bastante trabalhadas -, bem como os embasamentos em pedra e o frequente uso de painéis de azulejo em moivos azul e branco. Destacam-se, inalmente, os constantes frontões barrocos, que frequentemente interrompem a coninuidade dos largos beirais, e possuem formas diversas, embora sempre sinuosos - com volutas, simplesmente curvos, com azulejaria ou ornatos diversos, entre eles um pequeno detalhe que imita óculo barroco, amplamente uilizado. Vale destacar que, principalmente nos projetos desenvolvidos pela DER, é possível notar a mistura desses elementos da linguagem mais estritamente ligada ao neocolonial e a outros de origem do ‘esilo missões’: empenas à mostra em lugar de frontões e colunas retorcidas, entre outros.

� notável, no entanto, a convivência em ‘plena harmonia’ desses elementos ornamentais com componentes construivos trazidos pela industrialização. Exemplo disso encontra- se nos ediícios principais. Tais ediícios têm sua fachada principal composta de forma bastante elaborada seguindo a ornamentação caracterísica do neocolonial, e à medida que se transpõe o ediício para as áreas posteriores, essa ornamentação aparece cada vez mais diluída, convivendo com elementos como as janelas basculantes que estão presentes em todo o conjunto. Note-se que tal uso da ornamentação reforça tanto o aspecto funcional dos ediícios, quanto o caráter simbólico atribuído à ornamentação.

É interessante notar também que todos esses elementos ornamentais e detalhes composiivos são representados nos desenhos tanto da D.O.P. quanto da D.E.R. de forma cuidadosa, em elaboradas composições dos diversos ediícios com representações

arísicas de grande beleza. Tais desenhos eram muitas vezes elaborados por proissionais diversos que se responsabilizavam respecivamente pelo projeto, desenho, detalhamento, conferência e etc. - conforme atestam os carimbos e assinaturas neles presentes. Cabe ainda destacar a práica corrente, tanto na D.O.P. quanto na D.E.R., principalmente nos projetos residenciais das Escolas Práicas de Agricultura, da elaboração de fachadas diversas com variações ornamentais para a mesma planta.

Ainda neste contexto, surpreende muitas vezes a diversidade dos desenhos dos projetos das escolas projetadas pela D.E.R. Algumas vezes, na mesma prancha, é possível ver desde elevações que exibem frontões e outros detalhes decoraivos, até detalhes construivos que dizem respeito não só à estrutura, mas também aos requisitos técnicos para a criação dos animais. Abrangência esta que não se encontra de forma tão evidente nos projetos da D.O.P., cujos elaborados desenhos se concentram mais nas composições neocoloniais misturadas às caracterísicas do esilo missões, concebidas em sua maior parte pelo engenheiro-arquiteto Hernani do Val Penteado. Encontra-se aí também outra diferenciação: nos projetos do DER, a autoria não aparece de forma tão explícita 164.

Cabe destacar que, enquanto a D.O.P. se consitui como órgão da Secretaria de Viação e Obras Públicas desde sua criação em 1927, a D.E.R. teve origem na própria Seção de Engenharia Rural, que surge em 1931, como uma das seções da Diretoria de Colonização da então Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio. Esta seção passa, em 1935, a integrar a Diretoria de Terras, Colonização e Imigração, assumindo as funções de “estudo, projeto, iscalização ou execução de todas as construções rurais desinadas aos trabalhos de colonização, assim como das do mesmo gênero que forem necessárias aos serviços das diversas reparições da secretaria” (MARTINS, Z., 1991, p.222). Apenas em 1939 é criada efeivamente a Divisão de Engenharia Rural, diretamente subordinada à Diretoria Geral da Secretaria de Estado dos Negócios da Agricultura, Indústria e Comércio, tendo por incumbência “a execução de todas as obras rurais das reparições da Pasta e demais serviços e obras de engenharia rural dos estabelecimentos agrícolas, e obras da secretaria, inclusive levantamentos topográicos e assistência técnica a agricultores, por fornecimento de projetos de construções rurais” (MARTINS, Z., 1991, p.222). No relatório de 1941, Paulo de Lima Corrêa - então Secretário da Agricultura, Indústria e Comércio - elogia a atuação desse órgão airmando que: “a Divisão de Engenharia Rural, que funciona diretamente subordinada à Diretoria Geral da Secretaria de Agricultura, Indústria e Comércio, vem realizando trabalhos que, seja pela sua quanidade, seja pela qualidade, jusiicam plenamente a sua criação” (MARTINS, Z., 1991, p.222). Também a revista Acrópole, em arigo publicado em maio de 1944 (REALIZAÇÕES..., 1944), destaca a atuação deste órgão citando diversos projetos em andamento, a saber: o Pavilhão de Horicultura, o Pavilhão de Engenharia e o Ginásio da Escola Luiz de Queiroz, o Parque Fernando Costa, na Água Branca, e as Escolas Práicas de Agricultura, entre outros 165.

164 Note-se ainda que se na maior parte dos projetos das Escolas Prái cas de Agricultura projetados pela D.O.P. o nome Note-se ainda que se na maior parte dos projetos das Escolas Práicas de Agricultura projetados pela D.O.P. o nome do engenheiro-arquiteto Hernani do Val Penteado, aparece como autor - igurando ainda outros nomes como Romano Ethe- ly, Achiles Nacarato, A. Arantes Monteiro e R. Reviglio; para os projetos da D.E.R. variam nomes em geral de engenheiros de desenhistas responsáveis pelos desenhos como Alvaro David do Valle (engenheiro), Paulo Soares de Almeida (desenhista), Orlando Serragioto (desenhista), Armando de Assis Pacheco (desenhista) e Aurelio Bruno Coccianovich (engenheiro-arqui- teto). Cabe destacar que a produção desses órgãos bem como os proissionais neles atuantes consituem ainda capítulo muito pouco estudado da arquitetura paulista.

Embora o projeto e iscalização de todas as Escolas Práicas de Agricultura tenham icado a cargo dos dois órgãos públicos já mencionados (D.O.P. e D.E.R.), suas construções foram encaminhadas a empresas pariculares diversas, a exemplo da Lindenberg e Assunção (responsável pela escola de Bauru), da Sociedade Construtora de Imóveis e Financiamento (responsável pela escola de Ribeirão Preto), do Escritório Técnico de Engenharia Oscar Americano (responsável pela escola de Guarainguetá), e da Sociedade Construtora Brasileira. Esse fato se encaixa perfeitamente no quadro geral retratado por Saia como “irmas construtoras, cuja umbelicação governamental representava sua maior substância inanceira” (1960, p.116):

[…] irmas construtoras, umas vindas dos dias anteriores a 1929, outras montadas na década de 30 a 40, completam o quadro dos responsáveis, nesse período, pelas construções mais volumosas e de maior interesse inanceiro […]. Quase todas viviam direta ou indiretamente à sombra do paternalismo estatal e eram dirigidas por engenheiros civis. As Cias. Construtoras e de Imóveis, dos irmãos Vidigal (Cassio, Cícero e Álvaro), Construtora de Santos (Roberto Simonsen), Comercial e Construtora, de Heitor Portugal e Jorge Alves de Lima […], Azevedo Travassos, Lindenberg, Alves e Assunção, Construtora Nacional e Construtora Brasileira repariram obras do governo. A Cia. Construtora de Santos, por exemplo, de Roberto Simonsen, montara sua saúde inanceira na base de construção de quartéis militares no interior. (SAIA, 1960, p.115)

Destaca-se, nesse senido, a existência do Decreto nº 8053, de 26 de dezembro de 1936, então em vigor, que estabelecera a regulamentação para execução de obras públicas, em geral no Estado de São Paulo, deinindo que os projetos deveriam ser sempre inicialmente elaborados junto aos órgãos públicos que seriam igualmente responsáveis por iscalizar o detalhamento do projeto e construção, que, por sua vez, icariam a cargo de empresa paricular contratada.

A parir dessa dinâmica é possível perceber uma imbricada rede de relações entre os órgãos públicos e tais escritórios, que frequentemente passa pelas relações pessoais de engenheiros e arquitetos que, se por um lado assumem cargos de direção junto ao Estado, por outro são proprietários de escritórios que prestam serviços para este. � notável, assim, entre os projetos das Escolas Práicas de Agricultura, a presença de desenhos ou re-desenhos em cima de originais de um órgão em outro, bem como dos escritórios nos órgãos.

Exemplo interessante dessas conexões é a Sociedade Construtora Brasileira S�A, plenamente inserida nesse contexto: havia sido criada em 1929 por Roberto Cochrane Simonsen, Francisco Teixeira da Silva Telles (engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica) - que até essa data trabalhava na Sociedade Construtora de Santos, cujo proprietário era Simonsen -, Mario Freire (engenheiro civil pela Escola Politécnica) e Egydio de Castro e Silva (FICHER, 2005, p.136 et seq.). Segundo Ficher, a Sociedade Construtora Brasileira