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4.5 Instrumentos e procedimentos de coleta de dados

4.5.2 A entrevista

A utilização da entrevista para coleta de dados surge como indicação da banca de qualificação, tendo por finalidade dar voz aos sujeitos participantes da pesquisa. Optamos pela entrevista semiestruturada24 por esta conter uma base comum de questões, mas não se apresentar engessada quando aplicada.

O entrevistador tem uma lista de questões e perguntas a ser coberta, mas pode não usar todas em cada entrevista. A ordem das perguntas também pode mudar, dependendo da direção que a entrevista tomar. Na verdade podem ser feitas perguntas adicionais, inclusive algumas que não tenham sido previstas no início da entrevista, à medida que surgem novas questões (GRAY, 2012, p. 302).

Definimos por local de aplicação das entrevistas a escola onde o professor lecionava com a EJA. Nossa intenção era compreender “de onde” o professor estava falando, e como ele pensava as tecnologias digitais na EJA a partir de sua realidade, contribuindo, inclusive, para ampliarmos as questões propostas ao professor no que tange a estrutura física.

E para que os dados das entrevistas fossem abrangentes, e significativos, definimos critérios de seleção. Tais critérios buscavam proporcionar representatividade da amostra, visando ao término das entrevistas termos entrevistados professores:

 Do sexo feminino e masculino;

 De cada uma das 07 regionais que compõem o município;

 Que lecionassem nos módulos I, II, III e turmas multisseriadas envolvendo estes módulos;

 Que lecionavam em escolas de diferentes realidades socioespaciais, incluindo escolas classificadas como de difícil acesso e escola rural;

 Que apresentassem diferente tempo de docência na EJA: pouca experiência, experiência mediana e vasta experiência;

 Que apresentassem diferentes níveis de formação: graduação, especialização, mestrado e doutorado;

 Que possuíssem especialização em EJA;

 Que no ato da entrega do questionário se colocassem demasiado crítico ou otimista para com a inserção das tecnologias digitais na EJA;

 Que lecionassem em escolas que possuíssem laboratório de informática e os que lecionassem em escola que não possuíssem.

Em nosso entendimento, essa eclética composição dos entrevistados favoreceria a validação dos dados qualitativos da pesquisa.

Para a realização das entrevistas utilizamos o aplicativo Smart Voice Recorder25 por meio do aparelho celular. O uso deste recurso se apresentou excelente para o desenvolvimento das entrevistas. Em primeiro lugar porque o celular não intimidava os professores entrevistados por ser um objeto comum e facilmente esquecido durante as entrevistas; em segundo lugar pelo fato do aplicativo Smart Voice Recorder focar na voz em destaque, do sujeito falante, mesmo quando o ambiente encontrava-se com poluição sonora (ventilador,

25 O Smart Voice Recorder é um aplicativo de celular que tem por função a gravação de áudios. O resultado da gravação fica na memória do celular como arquivo.

pessoas circulando); e em terceiro lugar porque o áudio produzido nas entrevistas poderia ser enviado, através do próprio aparelho celular, para pastas nas nuvens, redes sociais, dropbox, ou através do cabo conectado ao celular para o computador/tablet/notebook.

Uma estratégia exitosa para a realização das entrevistas consistiu em chegarmos às escolas, onde seriam realizadas as entrevistas, uma hora antes da abertura do turno e utilizarmos o horário do “café/descanso” dos professores para fazermos as entrevistas. Em decorrência das condições estruturais da escola, as entrevistas eram realizadas nos espaços da escola onde o professor se sentia mais confortável.

Composta por sete perguntas norteadoras, a entrevista semiestruturada buscava coletar as perspectivas, as possibilidades e os desafios que os professores apresentavam para com o uso das tecnologias digitais na EJA, questões que foram estruturadas a partir da revisão bibliográfica.

Os primeiros sujeitos entrevistados foram contactados nos Polos de Formação, em decorrência de seu posicionamento no ato da entrega dos questionários respondidos, se mostrando favorável ou resistente para com o uso das tecnologias na EJA; e por representar diferente faixa etária, escolaridade e tempo de exercício em EJA.

Na medida em que as entrevistas eram realizadas, distribuíamos os professores nos critérios de seleção citados anteriormente, com especial atenção para que as escolas visitadas representassem as 07 regionais do município. A equipe de coordenação da EJA nos forneceu informação sobre as escolas; auxiliou-nos no acesso às escolas consideradas de difícil acesso; e nos indicou escolas que se destacavam por suas práticas pedagógicas na EJA.

Ao todo foram realizadas 36 entrevistas com professores do primeiro segmento da EJA. Os entrevistados fizeram parte de 20 escolas municipais que possuíam o primeiro segmento da EJA. Das entrevistas, 32 foram realizadas nas escolas e 04 ocorreram nos Polos de Formação26. As entrevistas realizadas nas escolas ocorreram no período de 26 de maio a 27 de julho do ano de 2015. As entrevistas realizadas nos Polos de Formação ocorreram nos dias 27 e 28 de agosto de 2015.

Dos 36 professores entrevistados, 29 são do sexo feminino e 07 do sexo masculino. Entrevistamos todos os professores do sexo masculino que responderam ao questionário visto

26 As quatro entrevistas realizadas nos Polos de Formação ocorreram em decorrência de dois dos professores entrevistados lecionam em escolas denominadas rurais (de engenho) e dois em escolas de difícil acesso. Por termos o acesso facilitado a estes professores nos Polos de Formação, decidimos por realizar as quatro entrevistas nesses espaços. As escolas de difícil acesso, das quais os entrevistados faziam parte, se destacavam por suas práticas pedagógicas na rede.

ser um número reduzido de sujeitos, e se colocarem de forma crítica à inserção das tecnologias digitais na EJA, tanto no que refere à visão positiva quanto à negativa.

Em relação às faixas etárias os entrevistados distribuíam-se da seguinte forma:

Gráfico 2 – Faixa etária dos professores entrevistados.

Fonte: Elaboração própria, 2015.

Como salientamos anteriormente, entrevistarmos professores com idades diferenciadas fez parte de um dos nossos critérios de seleção. Nosso objetivo principal ao entrevistar professores de diferentes faixas etárias consistia em identificar se a idade dos sujeitos, ou sua condição geracional, incidia sobre a visão que ele apresentava para a inserção das tecnologias digitais na prática pedagógica.

No que se refere ao tempo de experiência docente na EJA, os entrevistados se distribuíam da seguinte forma:

Gráfico 3 – Tempo de docência na EJA, dos professores entrevistados.

Fonte: Elaboração própria, 2015.

1 2 12 6 5 7 3 0 2 4 6 8 10 12 14 26 – 30 anos 31 – 35 anos 36 – 40 anos 41 – 45 anos 46 – 50 anos 51 – 55 anos 56 ou mais Qu an tit at iv o d e en trev is ta d o s

Faixa etária dos entrevistados

Quantitativo de professores entrevistados versus faixa etária

17 9 3 4 2 1 Até 5 anos 6 - 10 anos 11 - 15 anos 16 - 20 anos 21 - 25 anos 26 anos ou mais Quantitativo de professores T e m p o d e d o c ê n c ia n a EJ A

Consideramos que o tempo de docência na EJA pode representar um fator determinante sobre a prática pedagógica do professor, inclusive, resultando posturas contrárias. Pode agir sobre o professor de forma positiva, fazendo com que ele reconheça com propriedade as especificidades características desta modalidade de ensino e assim possa realizar intervenções pedagógicas condizentes com as necessidades dos grupos e dos sujeitos. Ou pode incidir negativamente, como fator de conformismo pedagógico, no qual o professor constrói uma concepção de que a EJA representa realidades socioculturais, socioeconômicas e sociopolíticas imutáveis, para qual a função do professor é exclusivamente socializar os sujeitos.

Diante desta compreensão, buscamos dialogar com professores que apresentaram desde 26 anos de exercício na EJA, como com os que lecionavam há menos de 01 ano na EJA.

Quanto à formação acadêmica, 01 professora entrevistada apresentava doutorado, 01 concluiu o mestrado, 01 terminou a graduação em pedagogia e os demais entrevistados apresentavam especialização.

Entre os professores com especialização, 01 professora apresentava Especialização em Educação de Jovens e Adultos e 02 professoras eram especialistas em Mídias e Educação. Destacamos estas Especializações pelo significado delas à discussão de nossa pesquisa.

No que se refere aos módulos nos quais os professores entrevistados lecionavam: 14 atuavam no módulo III; 13 no módulo II; 06 no módulo I; e, 03 em módulos multisseriados a exemplo da junção do módulo I e II.