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Obtido os dados, através dos questionários aplicados e das entrevistas realizadas, imergimos no processo de organização do material coletado para, então, analisá-lo na perspectiva da Análise de Conteúdo.

4.6.1 A preparação do corpus de dados

A preparação dos dados se apresenta “de uma importância não negligenciável no conjunto do processo, pois se não podem, por si sós assegurar a qualidade das análises e interpretações, correm, no entanto, o risco de obstaculizarem, quando realizadas sem o necessário cuidado” (LAVILLE; DIONNE, 1999, p. 199).

Como salientado, o questionário semiestruturado foi composto por questões fechadas, de múltipla escolha e abertas. A primeira ação realizada com relação aos dados do questionário foi transferir todas as respostas coletadas para o aplicativo Google Formulário. Ao término da transposição dos dados, geramos o arquivo em forma de resumo das informações transpostas ao formulário, este trazia as respostas organizadas por questões aplicadas e a composição de gráficos que representavam as respostas de múltipla escolha e as quantitativas. Para além do arquivo de resumo, as respostas também se encontravam disponibilizadas na íntegra via planilha do Excel.

Com relação aos resultados quantitativos, apresentados no arquivo de resumo e na planilha do Excel, os agrupamos e os utilizamos para a elaboração dos gráficos e das tabelas que ilustram esta pesquisa.

Quanto às respostas às cinco questões abertas do questionário, as transferimos para o Word e criamos arquivos que reuniam por questão propostas às respostas de todos os participantes. Como forma de identificar individualmente as respostas dos sujeitos, quando necessário no processo da análise, numeramos de 1 a 82 os respondentes de acordo com a ordem na qual se encontravam registrados no aplicativo Google Formulário.

No que se referem às entrevistas, elas foram transcritas e, após as transcrições, codificadas. A cada entrevista foi atribuído um código identificador: o nome entrevista seguido pelos números de 1 a 36 (ex.: “entrevista 1”).

Todavia, quando ao longo do texto desta pesquisa foram utilizados extratos de fala dos sujeitos, o código aplicado aos sujeitos foi o uso da letra “P” (referente à palavra professor) seguida dos números 1 a 36. Logo, o extrato de fala relativo à entrevista 36 corresponde ao professor identificado pelo código “P36”.

Concluídas a organização e a codificação das entrevistas, o material foi salvo em arquivo Word e transferido para o software WebQDA27 para ser categorizado e analisado de acordo com a Análise de Conteúdo.

4.6.2 A análise de conteúdo por meio do Software WebQDA

Adotamos a Análise de Conteúdo para a análise dos dados por se constituir uma metodologia de pesquisa:

27 WebQDA é um software de apoio à análise de dados qualitativos disposto em um ambiente colaborativo e

online com o objetivo de analisar dados qualitativos individual ou colaborativamente, de forma síncrona ou

usada para descrever e interpretar o conteúdo de toda classe de documentos e textos. Essa análise, conduzindo a descrições sistemáticas, qualitativas ou quantitativas, ajuda a reinterpretar as mensagens e a atingir uma compreensão de seus significados num nível que vai além de uma leitura comum. (MORAES, 1999, p. 13).

Moraes (1999) considera que a Análise de Conteúdo é uma metodologia de análise de dados que vem atingindo novas e mais desafiadoras possibilidades, visto que adentra cada vez mais a exploração qualitativa de mensagens e informações.

Para o autor, o desenvolvimento da Análise de Conteúdo se realiza em cinco etapas de desenvolvimento: i) preparação das informações; ii) unitarização ou transformação do conteúdo em unidades; iii) categorização ou classificação das unidades em categorias; iv) descrição; e v) interpretação.

Em nossa pesquisa as etapas de unitarização e categorização foram realizadas através do software WebQDA28 (Web Qualitative Data Analysis) desenvolvido “para tratar dados não numéricos e não estruturados oriundos das mais diversas fontes” (SOUZA; COSTA; MOREIRA, 2011, p. 3). O software WebQDA funciona exclusivamente de forma online, podendo ser acessado em qualquer local, e equipamento, que possua o acesso à internet.

A figura 2, a seguir, demonstra a tela do software com os arquivos resultantes das questões abertas do questionário.

Figura 2 – Tela do WebQDA com os arquivos das questões abertas do questionário.

Fonte: Elaboração própria, 2015.

28 A opção pelo uso do software WebQDA decorre de nossa participação em um curso ministrado pelos professores Francislê Neri Souza e Dayse Neri de Souza no qual discutiam o uso de softwares na pesquisa qualitativa.

O software WebQDA apresenta a possibilidade de codificação dos dados em Nós Livres (que organizam tópicos aglutinadores de ideias sem sistema hierárquico definido) e em Nós em Árvore (que permite a hierarquização em Nós e Sub-Nós em função da necessidade). De acordo com o manual do software a codificação em Nós em Árvore pode ser compreendida como o Sistema Nervoso Central que une as fontes, a codificação e o questionamento atribuindo sentido interpretativo e respostas às questões de investigação. (Manual WebQDA, 2013)29.

Codificamos/categorizamos as questões abertas do questionário em Nós Livres e as questões das entrevistas em Nós em Árvore.

Figura 3 – Tela do WebQDA com os arquivos das transcrições das entrevistas.

Fonte: Elaboração própria, 2015.

A categorização das questões abertas do questionário subsidiou as discussões do capítulo V, com base nessas foram analisados os significados, a influência e a importância que os sujeitos da pesquisa atribuíram às tecnologias digitais no campo pessoal, na educação, e na EJA em uma perspectiva global. A categorização das questões da entrevista respaldou a discussão do capítulo VI que analisou as perspectivas, as possibilidades e os desafios apresentados pelos professores às tecnologias digitais na EJA.

A opção por analisarmos os dados do questionário e da entrevista em separado resultou da intenção de aprofundarmos, no capítulo VI, os dados específicos acerca das tecnologias digitais na EJA provenientes das entrevistas realizadas.

A figura 4, a seguir, traz a tela onde visualizamos as categorias definidas a priori, perspectivas, possibilidades e desafios, e as subcategorias que emergiram a posteriori para estas categorias.

Figura 4 – Tela do WebQDA com as categorias de análise.

Fonte: Elaboração própria, 2015.

As categorias e subcategorias presentes na figura 4 vão compor os quadros que ilustram as análises das tecnologias digitais na EJA apresentadas no capítulo VI.

As etapas de descrição e de interpretação dos dados não se desenvolveram no ambiente do software WebQDA pelo fato dos softwares de análise qualitativa não apresentar “processos de inteligência artificial para ‘encontrar’, ‘interpretar’, ‘descobrir’ por si só quaisquer que sejam os padrões para as inferências e/ou para os resultados, sendo sempre necessário um investigador crítico, criativo e analítico” (SOUZA et al., 2011, p. 7).

5 AS TECNOLOGIAS DIGITAIS E OS SUJEITOS DA PESQUISA: O QUE NOS DIZEM OS DADOS?

Não pense que o mundo acaba Ali onde a vista alcança Quem não ouve a melodia Acha maluco quem dança Se você já me explicou Agora muda de assunto Hoje eu sei que mudar dói Mas não mudar dói muito

(Oswaldo Montenegro)

O presente capítulo discute os dados coletados através de questionários semiestruturados aplicados com 82 professores que atuam no primeiro segmento da EJA, no município de Jaboatão dos Guararapes. Por meio destes, refletimos sobre três eixos de análise: o primeiro diz respeito aos usos, aos significados e à influência que os professores estabelecem para com as tecnologias digitais no âmbito pessoal. O segundo corresponde à análise da importância atribuída pelos professores às tecnologias digitais à educação. E o terceiro abrange as considerações dos professores acerca da inserção das tecnologias digitais na Educação de Jovens e Adultos.

Nosso objetivo neste capítulo consiste, portanto, em refletir os múltiplos significados conferidos às tecnologias digitais pelos sujeitos da pesquisa, sejam eles pessoais ou pedagógicos.