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A equipa de nadadores juvenis e seus objetivos desportivos específicos

2. Caracterização das condições de estágio

2.6. A equipa de nadadores juvenis e seus objetivos desportivos específicos

A equipa de nadadores juvenis foi composta por dezanove nadadores federados, sendo constituída por sete do sexo feminino e doze do sexo masculino (cinco juvenis A e sete juvenis B). Os juvenis B frequentam o nono ano de escolaridade do Ensino Básico, os juvenis femininos frequentam o oitavo e os juvenis A frequentem o décimo ano do Ensino Secundário. Estes nadadores são oriundos de famílias de classe média-baixa e nem todas possuem transporte próprio para os treinos e competições.

Relativamente ao nível desportivo dos escalões, utilizámos a média da pontuação da Federação Internacional de Natação Amadora (FINA) a partir do melhor resultado de cada nadador obtido na última competição realizada na época anterior (2011/2012). Desta forma, os juvenis A apresentam uma média de 533 pontos, os juvenis B 387 pontos e os juvenis do sexo feminino apresentam 445 pontos. Todos os nossos nadadores juvenis apresentam uma média de pontos FINA inferior à relatada por Rama et al. (2006) num estudo em jovens nadadores que carateriza os nadadores portugueses da mesma idade e nível desportivo (610 pontos para os juvenis A, 460 pontos para os juvenis B e 595 pontos para as raparigas). Na época anterior, treze elementos do nosso grupo de nadadores participaram nos Campeonatos Nacionais das suas respetivas categorias, tendo apenas um nadador obtido dois títulos de Campeão Nacional e quatro nadadores uma medalha de bronze pela classificação de estafeta.

Relativamente às técnicas nadadas pelos juvenis do LSC, por se tratar de nadadores jovens, estes apresentam duas especialidades técnicas. É prioridade no nosso clube desenvolver as diferentes técnicas de nado em jovens nadadores, e posteriormente em idades mais avançadas treinarem e competirem maioritariamente nas suas especialidades, daí a incidência na técnica principal de especialidade (1ª Especialidade) e numa segunda técnica de nado em que o nadador seja mais proficiente (2ª Especialidade).

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Figura 2 - Percentagem da técnica de primeira e segunda especialidade dos nadadores do LSC

11% 11% 16%

63%

0%

Mariposa Costas Bruços Crol Estilos

1ª Especialidade

10%

40%

10%

20% 20%

Mariposa Costas Bruços Crol Estilos

2ª Especialidade

Sendo o LSC considerado como um clube com grande incidência em treino de “fundo”, a técnica de crol é tida como uma técnica extremamente importante para os nadadores jovens (63%). Esta recorrência significativa deve-se por ser a técnica que, em treino, se consegue percorrer maiores distâncias e por ser aquela em que o treino de base é maioritariamente desenvolvido. A Figura 2 exprime a percentagem do número de nadadores que apresentou as referidas técnicas de nado como sendo a sua primeira e segunda técnica de especialidade.

A maior parte dos nossos nadadores juvenis apresenta como técnica principal o crol, seguindo-se da técnica de bruços e das técnicas de mariposa e costas. Como primeira especialidade nenhum nadador apresenta os estilos, no entanto, enquanto segunda especialidade técnica, 20% dos nadadores juvenis referem este conjunto de técnicas. Com maior percentagem de incidência, a técnica de costas é a segunda mais nadada pelo grupo, seguida pela técnica de bruços e, com menor expressão, a mariposa. As distâncias de prova dos nadadores do LSC variam, em função da sua técnica de especialidade, entre 100 a 200m, 200 a 400m e 400 a 1500m como é possível verificar na Figura 3.

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Figura 3 – Percentagem de nadadores juvenis em função da distância de prova nadada

Naturalmente, sendo o LSC um clube com uma base de treino muito assente no treino de fundo, apresenta um número elevado de nadadores que dedicam o seu treino a estas distâncias de prova (de 400 a 1500m). A escolha para o nado de distâncias de prova entre 200 e 400m prende-se, também, com nadadores essencialmente crolistas que, por não serem submetidos a um treino de cariz puramente de fundo, apresentam características morfológicas e fisiológicas adequadas, quando comparadas com os 1500m, para provas mais glicolíticas ou de meio fundo. Uma vez que o grosso do calendário competitivo, para estas idades, é constituído por provas com distâncias entre 100 e 200m, em todas as técnicas de nado, com exceção de crol, é naturalmente verificado um número elevado de nadadores nestas distâncias.

Os fatores cineantropométricos têm, unanimemente, um papel de elevada importância no conjunto de fatores influenciadores do rendimento desportivo (Fernandes et al., 2002). No caso específico da NPD, Persyn et al. (1984) mencionam que a forma, as dimensões do corpo e dos membros superiores (MS) do nadador são aspetos influenciadores da sua capacidade propulsiva e da intensidade da força de arrasto hidrodinâmico, a que se sujeita a uma determinada velocidade de nado. Estas características são fatores que influenciam a prestação do nadador, como é corroborado por Fernandes et al. (2002).

Num estudo com nadadores juvenis de nível regional elevado, Fernandes (1999) verificou que os nadadores mediam 171cm (±6.6) e pesavam 64.6kg (±8.07) e que as raparigas pesavam 49.6kg (±6.1) e mediam 158.2 (±4.6). Seguidamente, Pires et al. (2000) num estudo com nadadores portugueses de nível regional elevado encontraram valores de 171cm (±7.5) e 61.5kg (±7.6)

52,6%

15,8%

31,6%

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para os rapazes e 157.8cm (±9.2) e 48.3kg (±7.3) para as raparigas. Mais recentemente, Rama et al. (2006), num estudo com nadadores juvenis de nível nacional, obtiveram valores de 172cm (±6.6) e 62.1kg (±7.7) para os rapazes e 161cm (±5.5) e 52.6kg (±6.1) para as raparigas. Os valores encontrados nos nossos nadadores juvenis são semelhantes, sendo os rapazes mais altos comparativamente aos estudos apresentados anteriormente. Apenas uma rapariga no início da época não tinha a menarca. O Quadro 2 sumariza as características antropométricas dos nossos nadadores.

Quadro 2 – Idade, altura, peso e índice de massa corporal dos nadadores do LSC

Sexo Masculino Sexo Feminino

Méd (±dp) Méd (±dp)

Idade (anos) 14 (Juv B) – 15 (Juv A) 13

Altura (cm) 175 (± 0,08) 160 (± 0,08)

Peso (kg) 62,82 (± 4,47) 48,03 (± 7,50)

IMC (Kg/cm2) 20,52 (± 0,95) 18,73 (± 1,66)

De acordo com Orbañanos (1997), quando planificamos o treino de jovens nadadores devemos procurar desenvolver objetivos amplos que serão tanto mais gerais e inespecíficos quanto menor for a idade dos nossos nadadores. O autor afirma também que o fortalecimento da saúde, o desenvolvimento físico e cognitivo equilibrado, a aquisição e aperfeiçoamento de padrões básicos e específicos do movimento, o desenvolvimento de hábitos higiénicos, a relação social com os outros nadadores/colegas, a função utilitária e recreativa das atividades aquáticas, podem estar englobados em três grandes objetivos gerais a ter sempre em conta nas atividades físico-desportivas desenvolvidas em idades jovens: a formação integral do nadador, a preparação para o rendimento futuro e a obtenção de rendimento imediato.

Posto isto, formular objetivos mais específicos enquanto treinadora principal para os nossos nadadores juvenis não foi de todo uma tarefa fácil, pois ao mesmo tempo que queríamos dar prioridade ao treino técnico e ao treino de base, pretendíamos obter bons resultados e, ainda, preparar os nadadores

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para o futuro. Assim, com base numa análise realizada aos nossos nadadores e de acordo com os objetivos gerais estabelecidos pelo treinador Domingos Pinto, propusemo-nos a:

i) Melhorar a condição física e técnica de todos os nadadores;

ii) Obter Records Pessoais (RP’s) em todas as competições participantes; iii) Caso necessário, integrar nadadores na equipa Absoluta para o

Campeonato Nacional de Clubes;

iv) Obter TAC’s para os Campeonatos Nacionais de juvenis de Inverno e de Juvenis e Absolutos de Verão;

v) Participar nos Campeonatos Nacionais de juvenis de Inverno e Juvenis e Absolutos de Verão (n= 10);

vi) Obter pódios e records nacionais;

vii) Participar em estágios e competições de Seleções Regionais e Nacionais;

viii) Integrar a equipa da Seleção Nacional juvenil para os Multination’s Youth

Meet, Taça COMEN e FOJE.

Quando questionamos os nossos nadadores acerca dos seus objetivos individuais para a referida época desportiva, verificámos que muitos eram semelhantes aos propostos pela equipa técnica. Todos os nadadores estabeleceram como objetivos a melhoria da técnica de nado, a melhoria dos seus RP’s e a participação nos Campeonatos Nacionais. Apenas dois nadadores referiram a obtenção de títulos e records nacionais e a participação nos Multinations e FOJE.