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A Estratégia de Diversificação da Produção

5 FORMAÇÃO DA INDÚSTRIA DE SUÍNOS EM SANTA CATARINA

PARTICIPAÇÃO DAS CARNES DE FRANGO, SUÍNO E BOVINO NO CONSUMO TOTAL DESTES TRÊS TIPOS DE CARNE

7.6 Estratégias das Empresas Líderes da Indústria Suinícola

7.6.4 A Estratégia de Diversificação da Produção

Durante os anos 80 as empresas líderes da indústria de suínos consolidam sua posição no mercado, associando um processo de concentração vinculado à centralização de capitais, com a diversificação de sua produção.

Embora haja diferenças específicas em tomo da abrangência de atividades, pode-se dizer que elas buscam diversificar em todas as espécies de carnes. Entre elas a Cevai iniciou suas atividades na indústria de soja, e posteriormente entrou no abate e industrialização de carnes, já a Perdigão e Sadia iniciaram na indústria de carne, e somente na década de 70 passaram a produção de soja, e a partir desta para ramos à frente, como refino e margarinas.

Desta forma, a tendência das maiores empresas consistiu em fechar o circuito produtivo do complexo cárneo, a partir da ampliação das atividades-base que lhes deram origem como grandes grupos, permitindo assim consolidar suas lideranças. O processo de integração vertical tendeu a ser complementado através da diversificação, partindo do abate de suínos e ampliando-se para o esmagamento de soja, produção de farelo, produção de pintinhos de um dia, abate de aves e abate de bovinos.

Esta tendência da diversificação toma-se a base de consolidação e sustentação das empresas líderes. Porém, o aumento do grau de competição por parte destas empresas exige,

capacidade não só de definir estratégias tecnológicas, mas também, via aquisições ou projetos de expansão, de ampliar os espaços de acumulação pela incorporação de novas atividades, desdobradas a partir de seus aprendizados, levando à obtenção de ganhos sinérgicos, reforçando assim barreiras à entrada ou dificultando a mobilidade de concorrentes para o topo da liderança” ( Ipardes, 1994, p.45).

Segundo Campos (1994), as principais características do crescimento das empresas que passaram a liderar a indústria de carnes no Brasil foram:

a) A diversificação das empresas de suínos para a exploração de carnes de aves indicando o

aproveitamento de oportunidades tecnológicas em segmentos da indústria cujos mercados eram pouco competitivos em relação ao mercado de carne bovina, e cujo produto substituto apresentava grandes vantagens de custo;

b) Na diversificação para aves, as empresas produtoras de suínos ampliaram suas áreas de

mercado e aproveitaram a capacidade tecnológica já desenvolvida com o abate e processamento e, com a experiência na elaboração de contratos com os produtores rurais de

suínos, acrescentando apenas ativos específicos para o abate e processamento de aves e;

c) O desenvolvimento de relações contratuais subordinado a um processo de integração

vertical, no qual a propriedade das fábricas de rações e de matrizes de suínos e aves possibilitou o controle de todas as fases de criação e manejo dos animais, garantindo a freqüência do fornecimento e a qualidade da matéria-prima para o uso industrial.

Assim, constata-se que ao longo dos anos 70 e 80 as empresas líderes da indústria de suínos passam a incorporar novas atividades vinculadas a outros elos da cadeia produtiva, cujo produto final se destinava a outros mercados, ou melhor, faziam parte de outras indústrias, ao mesmo tempo que ampliam sua capacidade produtiva expandindo-se na produção de carne de frango e bovina em face das oportunidades abertas para a industrialização de produtos com maior valor agregado.

De acordo com a tipologia proposta por Ansoff (1977), podemos observar que a trajetória de diversificação da Sadia e Perdigão, por apresentarem características semelhantes, podem ser classificadas como sendo : 1) diversificação horizontal (atuação nos ramos de carne avícola e bovinos) por envolver tecnologia semelhante, e se realizar em indústria onde a empresa atuava (indústria de carne suína) e por utilizar a mesma rede de distribuição para vender os novos produtos; 2) diversificação do tipo integração vertical no caso da cadeia de soja (devido a necessidade de melhoria da qualidade deste insumo fundamental para a produção de ração), pelo fato do destinatário da nova produção ser uma outra atividade da empresa e; 3) no caso de produtos derivados de soja (óleo refinado) e margarinas e creme vegetal, a diversificação pode ser classificada como concêntrica por atenderem a novos clientes, utilizar uma tecnologia semelhante às outras utilizadas na empresa e um sistema de distribuição similar ao que era explorado na época.

Já a Cevai, fez o caminho inverso, iniciando suas atividades produtivas com atuação no setor de processamento e comercialização de soja, e posteriormente na produção de óleo de soja refinado e produção de rações. Segundo a tipologia de Ansoff (1977) a

diversificação em direção à produção de óleo refinado de soja pode ser classificada como concêntrica, por permitir a entrada num mercado no qual a Cevai não participava anteriormente, isto é, mercado de consumo final utilizando tecnologia conexa àquelas usadas na empresa para o esmagamento de soja.

Em seguida ocorre a entrada no setor de abate, industrialização e comercialização de carnes de aves e suínos, que acontece através de aquisição da Seara Agroindustrial LTDA que possuía frigoríficos de suínos e aves em Santa Catarina e também

adotava o sistema de integração com avicultores e suinocultores da região.

Em 1988, a empresa diversifica as atividades iniciando a industrialização e comercialização de milho e seus sub-produtos, sendo baseada na existência de sinergia com as atividades antigas da empresa. Na tipologia de Ansoff (1977), a entrada na produção de derivados de milho representa uma diversificação do tipo horizontal, por ter resultado na introdução de produtos novos, utilizando tecnologia semelhante à empregada na atividade antiga e os clientes serem do mesmo tipo dos clientes atuais.

No ano seguinte, a Cevai entra no ramo de produção de margarinas e cremes vegetais ampliando a fabricação de produtos de maior valor agregado destinados ao consumidor final. Observa-se, segundo a tipologia criada por Ansoff (1977), uma diversificação do tipo concêntrica, por resultarem em produtos destinados a novos clientes, tecnologia similar e um sistema de distribuição semelhante ao sistema atualmente utilizado.

Desta forma, a estratégia de diversificação adotada pelas empresas líderes significa importante avanço das três maiores na consolidação de uma estrutura oligopolizada no segmento de carnes, na medida em que essas empresas não só ampliam sua capacidade nos ramos de especialização (carnes), mas também obtêm ganhos sinérgicos que aumentam o grau de oligopolização com a diversificação.

7.6.5 A Cooperação envolvendo as Empresas Líderes da Indústria de Carnes no