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5 FORMAÇÃO DA INDÚSTRIA DE SUÍNOS EM SANTA CATARINA

EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO DA SADIA (1980/1989)

5.1.3 Grupo Ceva

A empresa Cevai foi fundada em 1972, no município de Gaspar, ligada ao setor de esmagamento, processamento e comercialização interna, mas principalmente externa de soja e derivados.

Inicialmente havia o frigorífico Seara S.A. surgido na década de 50, que em 1979 foi absorvido pela Cevai Agroindustrial S. A. Esta é uma subsidiária para investimentos ligados à agropecuária do conglomerado Industrial Hering de Blumenau.

Sua trajetória como empresa sempre esteve mais ligada ao comércio exterior de soja em grãos, e mais tarde de sub-produtos, óleo e farelo.

No início dos anos 80, o grupo absorve outras unidades; o Safrita S.A, Frigorífico Itapiranga e o Frigorífico Frill em Jaraguá do Sul, e o nome Seara passa a ser a principal marca dos produtos da linha de carnes de aves, suínos e bovinos da Cevai.

Para não ficar totalmente dependente do mercado externo, em 1980 começou a atuar no mercado interno. O início da virada estratégica ocorreu quando adquiriu o controle acionário da Seara Agroindustrial Ltda. Com esta aquisição, a Cevai diversificou suas atividades econômicas, ampliando a produção para o complexo carnes, mediante à organização de carnes de suínos e de aves, através da integração vertical. Ao internalizar estas atividades, a

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Cevai passou assim a aumentar sua participação no mercado interno. Com isto, sua linha de produtos incluia soja e derivados para o mercado externo, peças congeladas de carnes suínas e de aves (carcaças) para o mercado interno.

Em 1985, coloca o óleo de soja marca Soya, seu primeiro produto, nas prateleiras dos supermercados. Em 1989, foi a vez da margarina Bonna, e em 90 foi a vez do creme vegetal Ali Day.

A partir de 1986, implantou estratégias visando incrementar a industrialização de sua linha de carnes suínas e aves, deixando de atuar no mercado de atacado, para atuar junto ao consumidor final.

Ao incorporar a Seara Agroindustrial Ltda, a Cevai passou a internalizar o setor de carnes e, com isto, se destinou primordialmente para o mercado interno. Inicialmente o padrão de comercialização desta nova linha de produtos seguiu à venda no atacado com produtos homogêneos e pouco elaborados.

A partir de meados dos anos 80, buscou modificar seu padrão de atuação no mercado interno e passou a incrementar a produção de uma maior linha de produtos industrializados, especialmente produtos derivados de carne suína. Completando o quadro de reestruturação do grupo, a Cevai adquire em 1989 um frigorífico ligado à suinocultura no Paraná e dois ligados à avicultura em São Paulo, uma unidade de produtos industrializados da Perdigão e, ainda entra no ramo bovino com o arrendamento de um frigorífico em Dourados - MS.

Em 1991 a Cevai Agroindustrial S/A muda a denominação passando a se chamar Cevai Alimentos S/A .’’Essa mudança exterioriza um movimento interior de

transformação de uma empresa da área de commodities para a área alimentar”(Mior,1992,p.l46).

Contudo, observa-se pelo seu conjunto de estratégias espaciais, com a aquisição de frigoríficos nas regiões Sudeste e Centro-Oeste em detrimento da região Sul, uma preocupação com o fortalecimento de sua posição no mercado interno, como afirma Mior (1992, p. 147):

“A ordem para a Cevai está na busca da eficiência (redução de custos e aumento da qualidade) e um dos instrumentos privilegiados para alcançá-la está na implantação do programa de qualidade total (PQT). Este programa teve início em 1991 e procura incorporar a filosofia japonesa de gestão. ”

Outra linha de atuação do grupo teve início no ano de 1990 e está centrada no processo de terceirização de parte substancial de suas atividades, sobretudo às que não sejam produção e comercialização de alimentos.

A exemplo da Perdigão e Sadia e, com o objetivo de ampliar seu acesso ao mercado internacional, especialmente o Mercado Comum Europeu, o grupo participa de uma associação com outros grupos brasileiros (Mappin e Itamaraty) e uma empresa portuguesa (Silopor - Companhia Estatal Portuguesa), constituindo uma Joint-Venture para consolidar seu acesso na Comunidade Européia, além de outros acordos, como por exemplo, os acordos de cooperação com a rede Mc Donald’s do japão8.

Em 1995 o grupo investiu US$18 milhões na ampliação e modernização de suas unidades em Santa Catarina. No mesmo período foram aplicados em todo país US$159 milhões. Há de se destacar que ainda em 1995 a Cevai adquiriu por US$ 61 milhões o controle acionário da Agroeliane, em Cocai do Sul (Informe Especial, Diário Catarinense,25/02/97).

Em 1996 a previsão de investimento da Cevai no Brasil era de US $ 62 milhões. Para o Estado de Santa Catarina foi destinado o montante de US$ 16 milhões. Entre as principais obras realizadas em Santa Catarina estão a conclusão do terminal privativo de exportação em Itajaí, o início da construção do terminal privativo de São Francisco do Sul e aumento de 70% na capacidade de produção de margarinas na unidade de Gaspar. Também foi ampliada a capacidade de processamento de soja em São Francisco do Sul, a capacidade de cortes especiais em Seara e feitas ampliações e melhoras tecnológicas nas demais unidades catarinenses (Informe Especial, Diário Catarinense,25/02/97).

Entre 1995/1996, com os investimentos no Estado, a Cevai criou 500 novos empregos, e o número de integrados de suínos e aves manteve-se inalterado com total de 3 mil (Informe Especial, Diário Catarinense,25/02/97).

Segundo dados da Folha de São Paulo de julho/97, o grupo apresentou um patrimônio líquido consolidado no exercício de 1996 de US$ 866 milhões e um lucro líquido consolidado de US$ 30 milhões.

Em novembro de 1997, teve seu controle acionário comprado pela Bunge International Ltda, fortalecendo assim a sua competitividade no mercado globalizado. Neste sentido, incorporou as operações de soja da Santista Alimentos empresa, também controlada pelo grupo Bunge. Assim, aumentou em cercade 1,75 milhão de toneladas a capacidade de

As formas de parcerias adotadas pela Cevai para facilitar o seu acesso no mercado internacional, serão vistas no sétimo

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armazenamento de grãos, em 3,7 milhões de toneladas/ano a capacidade de esmagamento de soja, 420 mil toneladas/ano a de gorduras e óleos e em 81 mil toneladas/ano a de proteínas e lecitinas (Diário Catarinense, 27/03/98).

Além de reforçar a sua capacidade operacional, através da expansão da infra- estrutura, do sistema de distribuição e das atividades de logística e transporte, a Cevai passa a se beneficiar de outras sinergias e vantagens oriundas da experiência internacional em agrobusiness do grupo Bunge: intercâmbio internacional, acesso às novas tecnologias, facilidade em obter informações do mercado internacional e condições mais favoráveis de alavancagem financeira no mercado internacional de capitais.

Em decorrência desses fatores, a empresa passou a figurar entre os maiores processadores mundiais de soja, um dos três únicos produtores mundiais de proteína isolada de soja, o maior esmagador de soja da América Latina e o maior produtor brasileiro de gorduras (Diário Catarinense, 27/03/98).