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Formação de Conglomerados: clientes, tecnologias e produtos novos, não possuindo

qualquer elo comum entre a nova atividade e tecnologia, produtos e mercados atuais da empresa.

Cabe observar também uma outra fonte de oportunidade para diversificação através das atividades de venda da firma, associadas à propaganda. Os resultados desta política

de venda afetam não somente o produto em foco, como também outros produtos da firma, em função da divulgação da marca ou nome da firma expandindo suas oportunidades de produção.

Contudo é oportuno salientar que os obstáculos à diversificação, decorrentes da falta de conhecimento tecnológico exigido pela nova atividade e a pouca familiaridade com o padrão de competição do novo mercado, podem ser superados, em grande parte, através de aquisições ou fusões com firmas existentes na nova indústria, o que possibilita o alargamento da base tecnológica, da área de comercialização da firma e de quadros técnicos e de uma equipe gerencial com especialização requerida pela nova atividade.

2.4 - Noções sobre Competitividade e Padrão de Concorrência

Com a crescente globalização dos mercados nos últimos anos, a competitividade tem-se tomado uma das preocupações constantes dos governos e produtores no mundo inteiro. Tal preocupação se traduz na busca de respostas para as questões relacionadas à obtenção de vantagens competitivas no mercado internacional bem como ao aprimoramento e manutenção desta vantagem.

Neste contexto, a globalização seria uma variável que afeta sensivelmente a abrangência do conceito de competitividade. Como afirma Gonçalves (1994, p.8):

" (...) é comum encontrar afirmações de que a globalização decorre de mecanismos que, quando bem utilizados, ampliam as oportunidades de ganhos financeiros e de acumulação de capital. Dentre os mecanismos conhecidos destacam-se: o comércio de bens e serviços, o comércio de tecnologias e outros tipos de relações contratuais. ”

Sendo assim, o conceito de competitividade abrange, de um lado, a dinâmica do mercado interno, no qual algumas empresas líderes, em função de sua capacidade técnica, econômica e financeira (além do eventual apoio decorrente de políticas industriais a elas orientadas), se mantêm ou avançam na liderança da estrutura da indústria e, de outro lado, abrange a inserção da empresa ou do produto no mercado internacional, seja mantendo a participação, seja ampliando-a. Neste segundo ponto, costuma-se afirmar que a inserção no mercado internacional é conseqüência do grau interno de liderança das empresas proporcionada pela elevação do grau de exigência dos consumidores, da existência de configurações industriais adequadas (tanto no que se refere à organização da produção no setor quanto à relação com fornecedores e produtores nas cadeias produtivas) e finalmente pela manutenção de um ambiente concorrencial de forte rivalidade entre as empresas.

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Similarmente Gonçalves (1994,p. 10) conceitua a competitividade como sendo:

“A capacidade (das firmas atuando na indústria brasileira) de superar os rivais ( firmas de outros países) na disputa pelo mercado mundial e pelo mercado interno. Neste sentido, o “locus”da rivalidade da disputa é o comércio mundial.”

As teorias microeconômicas tradicionais sobre a competitividade definiram-na como uma questão de preços, custos e taxa de câmbio. Neste enfoque as definições de competitividade são centradas sobre a firma, relacionando-a às aptidões das firmas no projeto, produção e vendas de um determinado bem ou serviço em relação aos seus concorrentes.

No entender de Kupfer (1991, p.4),

"a noção de competitividade, portanto, não pode prescindir de fundamentos microeconômicos genéricos, que sejam pertinentes com suas particularidades enquanto objeto analítico, que, por sua vez, são demarcados pela dinâmica do processo de concorrência, em particular, pela interação entre as condições estruturais que o direcionam e as condutas inovativas das empresas que o transformam. ’’

Já sobre um enfoque macroeconômico, a competitividade aparece como sendo a capacidade de economias nacionais de apresentarem resultados econômicos relacionados com o comércio exterior e com a elevação do nível de vida e o bem estar social.

Todavia, como a principal meta do desenvolvimento econômico de uma nação é produzir um alto e crescente padrão de vida para seus cidadãos, esta meta só poderia ser atingida através de um aumento da produtividade com que a nação utiliza seus recursos humanos e seu capital, que, por sua vez, dependeria da capacidade de sua indústria de inovar e de se aperfeiçoar. Produtividade, então, depende tanto da qualidade e características dos produtos, como da eficiência com que eles são produzidos, sendo o principal determinante a longo prazo do padrão de vida de uma nação e, conseqüentemente, do seu desenvolvimento econômico. (Matuella et alli, 1994).

Outros autores, associando também competitividade à eficiência produtiva, centram-se na análise das condições gerais do processo de produção. Principalmente a partir dos anos 60, começou a ganhar importância a corrente que, retomando o pensamento de Schumpeter sobre o papel estratégico do progresso técnico, privilegia a tecnologia como elemento central na configuração e evolução dos sistemas econômicos e dos fluxos internacionais de comércio.

Dosi (1984) apud Haguenauer (1989, p. 10) constitui um bom exemplo desta corrente. Segundo o referido autor:

“A morfologia geral e limites dos processos econômicos são moldados de forma bastante rígida pelo universo tecnológico e, mais precisamente, pelas assimetrias tecnológicas de produtos disponíveis. Hiatos tecnológicos constituem o aspecto dominante de um sistema econômico internacional caracterizado pela

aprendizagem tecnológica, inovação e imitação ao longo de trajetórias tecnológicas do progresso, que continuamente levam ao uso mais eficiente tanto do trabalho quanto do capital e acrescentam novos e melhores produtos às cestas de consumo. Como consequência, a composição dos fluxos de comércio é basicamente explicada pelo padrão de liderança e defasagem tecnológica. ”

Desta forma, os fluxos do comércio mundial responderiam aos movimentos de divergência/convergência tecnológica a nível internacional, onde as assimetrias tecnológicas refletiam as diferentes capacidades tecnológicas das firmas de um determinado setor em inovar, e os seus diferentes graus de êxito na adoção e no uso de novos produtos e novos processos e as suas estruturas de custo, determinando vantagens absolutas, e padrões de especialização de países específicos, tomando suas indústrias altamente competitivas, e, pelo contrário, a difusão internacional das inovações (via licenciamento, venda, imitação ou investimento direto no exterior) corresponde à perda de competitividade, retomada com novos desenvolvimentos técnicos.

Com o mesmo ponto de vista, Ferraz (1989,p.6) conceitua competitividade de uma empresa como sua capacidade de definir e implementar normas tecnológicas de funcionamento de um mercado, ou seja, “ de perceber oportunidades, introduzir, difundir

e se apropriar dos ganhos auferidos pelo progresso técnico”.

Nelson (1981) apud Haguenauer (1989) argumenta também a importância do progresso técnico como determinante da competitividade, e elemento central na eficiência competitiva. Considera duas formas básicas de difusão do progresso técnico na economia: através do crescimento da firma que adota a inovação - caso que aumentaria a competitividade da firma, permanecendo o resto da indústria com a tecnologia antiga; e através da difusão entre firmas - caso em que se reduz a distância entre a média e a “best practice”, aumentando a competitividade de toda indústria.

De maneira semelhante, Porter (1990) afirma ser a competitividade um alvo móvel, e a única maneira de se manter competitivo ao longo do tempo é através de um processo de inovação permanente (Fleury e Arkader,1996).

Por outro lado, é também comum a adoção de índices relacionados a aspectos específicos das condições gerais do processo de produção como indicadores de competitividade, sendo o nível de salários industriais a variável mais freqüentemente utilizada.

Fajnzylber apud Haguenauer (1989) adota os conceitos de competitividade espúria e autêntica, a primeira caracteriza-se por baixos salários, manipulação da taxa de câmbio, subsídios às exportações e altas taxas de rentabilidade do mercado interno, como fatores que podem propiciar melhorias no desempenho externo, porém de efeitos apenas no