• Nenhum resultado encontrado

5 FORMAÇÃO DA INDÚSTRIA DE SUÍNOS EM SANTA CATARINA

PRINCIPAIS EMPRESAS EXPORTADORAS DE SUÍNOS

EMPRESA | 1997 | % total | Cevai alimentos S. A 17.035 29,3 Sadia Concórdia 11.309 19,4 Perdigão S.A 7.422 12,7 Frangosul 4.378 7,5 Coop. Aurora 3.646 6,2 Imp. Lisamar 1.515 2,6 Avipal S.A 1.399 2,4 Chapecó 1.004 1,7 Prenda S.A 70 0,12 Frig. Zucchetti 47 0,08 Outros 10.247 17,6 TOTAL 58.075 100,0

Fonte: Abecs apud Suinocultura Industriai, jan/98

Estas empresas dominam o setor de carne no País, sendo que a Sadia e a Perdigão iniciaram suas atividades na área de suínos e depois desenvolveram a avicultura como eixo dinâmico e, mais tarde, a diversificação se processou, horizontalmente, incorporando a carne bovina e, verticalmente, tanto para trás, nas rações, como para frente, nos industrializados. A Cevai fez o caminho inverso, diversificando de cereais para carnes.

A maior parte da matéria-prima utilizada pelas empresas suinícolas provém da integração com produtores da região. O sistema integrado, introduzido no oeste na década de 70, garante suprimento em quantidade e qualidade requerido pelas agroindústrias e assistência técnica, suprimento de insumo, matrizes e garantia de mercado aos criadores.

Este conjunto de fatores, aliado às aquisições industriais, levou as empresas de Santa Catarina a lugares de destaque no setor alimentar nacional. A classificação entre os 10 maiores conglomerados alimentícios é a seguinte: A Cevai ocupa o 2o lugar, a Sadia Concórdia o 4o lugar e a Perdigão Agroindustrial o 7o lugar (Gazeta Mercantil- Balanço Anual 97, 31/10/1997).

No entanto, o crescimento desses grandes grupos econômicos não ocorreu apenas na relação com os pequenos agricultores. Ao longo de suas trajetórias, pode-se perceber que este crescimento também foi fruto das políticas públicas do estado, através da criação de fundos voltados a beneficiar o setor agroindustrial. Estes fatores serão vistos com detalhes nos itens seguintes.

Por esta razão, para se chegar a uma melhor análise da estratégia competitiva na agroindústria de suínos catarinense torna-se importante traçar primeiramente um perfil das empresas líderes do mercado, tanto no Estado como no Brasil.

5.1.1 - Grupo Sadia

Fundada em 1944, iniciou suas atividades em Concórdia, operando inicialmente na comercialização de produtos agrícolas (grãos) e posteriormente de suínos. Mais tarde passou a atuar na fase de abate de suínos e posteriormente na industrialização.

Ao contrário de hoje, a banha era o principal produto, sendo exportada por via férrea. A ligação de Concórdia aos mercados dos grandes centros do país, especialmente Rio e São Paulo, demorava cerca de 15 dias, o que inviabilizava o transporte de determinados produtos de carne suína. Da mesma forma continuou com o incremento dos produtos industrializados (salames, presuntos, lingüiças, salsichas ...) no decorrer dos anos 50 e 60.

Na década de 50, o grupo Sadia experimenta forte expansão, criando o Moinho Lapa Ltda em São Paulo, em associação com capitais gaúchos e cria suas próprias distribuidoras comerciais em São Paulo e no Rio de Janeiro.

Visando conquistar cada vez mais o mercado do centro sul, ainda na década de 50 o grupo Sadia introduziu no município de Concórdia a raça de suínos Duroc-Jersey e posteriormente raças européias de pelagem branca, sendo as principais as raças Large White e Landrace. A partir deste momento, o grupo passou a fornecer matrizes e assistência técnica a alguns suinocultores para que difundissem a raça e o novo padrão produtivo (Silvestro, 1995).

Na década de 60, criou o seu departamento de fomento, prestando inicialmente assistência técnica a diversos pequenos agricultores. Com o passar dos anos a experiência evoluiu e o fomento passou a fornecer não somente assistência técnica, como também uma gama de insumos necessários à terminação de leitões, como rações, concentrados, medicamentos, etc.

Em 1964 comprou a Frigobrás em São Paulo, para a industrialização de carne, e desde então não parou mais de crescer, possuindo atualmente unidades, tais como: frigoríficos, abatedouros, linha de industrialização de carne, trigo e milho e centros de pesquisa em 63 cidades de 16 estados brasileiros.

No final dos anos 60, começou suas atividades na avicultura, passando a implantar o sistema de integração vertical na produção de aves no início dos anos 70. Nesta

73

mesma década, a partir de 1976, iniciou suas atividades no abate e industrialização de carne bovina, com a instalação da unidade frigorífica Sadia Oeste S/A Indústria e Comércio em Várzea Grande (Mato Grosso) (Mior, 1992).

Na busca de diversificação, no final dos anos 70, mais precisamente em 1979, o grupo iniciou suas incursões para a área de produção e industrialização de soja e óleos vegetais, com a criação da Sadia Joaçaba S. A. Desta forma, a Sadia, que já ocupava o primeiro lugar no ramo suinícola e avícola nos mercados interno e externo, passou a ocupar o segundo lugar no ramo de carne bovina e no de soja.

Segundo Mior (1992), a trajetória de diversificação das atividades industriais do grupo Sadia mostra um perfil estratégico de diversificação horizontal (atuação em todos os ramos de carne suína, avícola e bovina) e integração vertical (para trás no ramo de soja e rações e para a frente como indústria alimentar de produtos finais). Na diversificação buscou fortalecer seus ramos mais fortes, de suínos e aves, através de um processo de construção de suas próprias unidades industriais.

“Ao longo dos anos a Sadia passou a atuar na produção cada vez maior de novos produtos a partir da matéria-prima carne. Denota a busca de segmentação do mercado chegando em 1990 a aproximadamente 400 produtos destinados ao consumidor de mais de 4 0 p aíses”(Mior, 1992,p. 128).

A impossibilidade de transporte ferroviário para produtos mais perecíveis- frescais como: presuntos, lingüiças, mortadelas e outros, fez com que o grupo adentrasse no setor de aviação civil em 1953, alugando aviões para o transporte destes produtos. Em 1955 a Sadia S.A Transportes Aéreos obtém seu registro junto ao Ministério da Aeronáutica. Na década de 60 esta empresa aérea adquire expressão nacional sob o nome de Transbrasil, hoje não mais sobre o controle acionário do grupo.

Até finais da década de 70, a pesquisa no interior do grupo Sadia teve pouca ou quase nenhuma importância para o crescimento do grupo e suas empresas, sendo que a partir dos anos 80 iniciou alguns projetos de pesquisa “in house” em suinocultura e avicultura. Além de incorporar tecnologias vindas do mercado interno e externo, implantou inovações no seu ambiente, com o sistema de integração com o setor agrícola.

A Sadia foi a pioneira na implantação do sistema de integração vertical com o setor agrícola. O início se deu ainda nos anos 50, com um sistema de fomento rural, cujo objetivo era incrementar a produção de suínos via introdução de animais e insumos industriais modernos.

Suas estratégias competitivas podem ser vistas também com relação à sua dimensão espacial, segundo basicamente dois critérios como afirma Mior (1992,p. 131) :

“O primeiro deles é a busca de ocupar espaços próximos a locais de produção de matéria-prima agrícola e pecuária, aí implantando indústrias de primeiro processamento. O segundo e derivado do primeiro seria a localização de suas indústrias alimentares de segundo processamento próximo aos centros consumidores. ”

O primeiro critério esteve presente quando a empresa foi para o Centro-Oeste atuar no setor de bovino e soja. Pode ser visto também quando investiu em locais onde a estrutura rural fosse semelhante à existente no Oeste Catarinense, para o abate de aves e suínos.

A evolução destas estratégias por parte da Sadia modificou a composição de suas exportações, como demonstra a evolução do faturamento da Sadia (tabela 17).

TABELA 17

EVOLUÇÃO DO FATURAMENTO DA SADIA