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CAPITULO II O CURSO DE DIREITO DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE –

2.4. O Projeto Pedagógico do Curso de Direito da UFS

2.4.1. A Evolução dos Projetos Pedagógicos do Curso de Direito

A estrutura interna da Universidade Federal de Sergipe consolida as alterações nas formatações curriculares através de Resoluções expedidas pelo Conselho do Ensino e da Pesquisa da instituição, fulcrado em Pareceres de seus conselheiros. Com base nestas resoluções, pode ser feito um breve histórico dos projetos pedagógicos precedentes do Curso de Direito da UFS, permitindo verificar o marco temporal de cada um dos grandes momentos do Curso de Graduação em Direito.

As sucessivas alterações do projeto pedagógico, como argumenta Nascimento (1999), se justificam pela necessidade de ajustar as disciplinas à realidade social, respondendo ainda aos anseios de ajuste da educação jurídica às determinações do MEC e as manifestações da Ordem dos Advogados do Brasil:

Com a evolução da Universidade e a transformação gradativa do Curso de Direito, que passou a contar com novas disciplinas, ajustadas à realidade social, criou-se a departamentalização, através das sucessivas Reformas do Ensino Universitário, com normas ditadas pelo Ministério da Educação e até pela Ordem dos Advogados do Brasil, que ultimamente tem desempenhado um importante papel de fiscalização e de resgate da postura do ensino jurídico do País. (NASCIMENTO, 1999, p. 26)

Diante disto, faz-se uma incursão sintética nas Resoluções do CONEP/UFS que alteraram o projeto pedagógico do Curso de Direito, desde a década de 1970, quando começam a ser sentidas as conseqüências da modernidade até os dias atuais. A Resolução CONEP 08/1970 aprovou a organização departamental das Faculdades de Direito, instituindo a seguinte departamentalização: Departamento de Ciências Propedêuticas, Departamento de Direito Público, Departamento de Direito Privado, Departamento de Ciências Penais e Departamento de Ciências Processuais.

Através da Resolução CONEP 36/1971 foi aprovado o Currículo do Ciclo Profissional do Curso de Direito. Este currículo era formado por uma série de departamentos, integrados por Direito Público, Direito Privado, Ciências Penais e Ciências Processuais. Cada Departamento dividia-se em matérias de ensino e estas em uma série de disciplinas, combinando-se os pré-requisitos e o número de horas (créditos) de cada uma delas. Uma análise simples das disciplinas permite visualizar que a configuração adota o modelo tradicional do ensino dogmático do Direito. Entre as disciplinas, uma reflete a preocupação com o Estado de Direito vigente à época: Legislação da Segurança Nacional, incluída entre as matérias do Departamento do Direito Público. Estabeleceu o projeto pedagógico ainda a divisão das disciplinas em Obrigatórias, Optativas e Eletivas, observando que o discente deveria cursar 18 disciplinas eletivas e 04 disciplinas optativas, ambas de livre escolha, sendo que as últimas deveriam respeitar os pré-requisitos exigíveis.

A seguir, um novo currículo do Curso Profissional das Faculdades de Direito e respectiva departamentalização são aprovados mediante a Resolução CONEP 11/1972. Com base nesta estrutura curricular, o estudante poderia optar em especializar-se em advogado de empresa ou advogado criminalista, sendo-lhe vedada a matrícula no sexto semestre antes de cursar a disciplina estágio profissional. O curso tinha duração mínima de quatro anos e

duração máxima de sete anos. A departamentalização seguiu o proposto na Resolução CONEP 36/1971.

A Resolução CONEP 11/1973 reintroduziu a Disciplina Direito Internacional Público no currículo do curso de Direito. Esta disciplina tinha sido excluída através da Resolução CONEP 11/1972.

Em 1980 é criado o Curso Noturno das Faculdades de Direito, por intermédio da Resolução CONEP 09/1980. Com ela, foi ampliado para 80 o número de vagas para o ano de 1981, sendo 20 vagas por turno para cada período letivo. Esta resolução autorizou ainda o funcionamento do período noturno, a partir do segundo semestre do ano de 1980, para atender aos alunos matriculados no curso e que já houvessem cursado o I Ciclo Básico. Já a Resolução CONEP 09/1991 desmembrou a disciplina “Introdução ao Estudo do Direito” para “Introdução ao Estudo do Direito I” e “Introdução ao Estudo do Direito II”, criando ainda a disciplina “Sociologia Jurídica”, todas obrigatórias e integrantes o I Ciclo Básico do Curso de Direito.

Em 1993, um novo marco importante para o Projeto Pedagógico. Através da Resolução CONEP 02/1993 o Curso de Direito é reestruturado, aprovando um novo Projeto Didático Científico, vigente a partir do 2º semestre de 1993. Com este Projeto, o Curso de Direito continuou a ter duração mínima de quatro anos, duração máxima de sete anos, contanto com 182 créditos obrigatórios, 31 créditos facultativos, integrando 213 créditos em 3.195 horas.

A resolução trouxe ainda uma tabela de equivalência para fazer frente a algumas modificações na estrutura anterior, assim, por exemplo, a disciplina “Direito Comercial” se bifurcou em “Direito Comercial I” e “Direito Comercial II”; outras mudaram apenas a nomenclatura como é o caso do “Processo Civil I” que passou a se denominar “Direito Processual Civil I”. A departamentalização incorporou a terminologia “matérias de ensino”, dividindo-se em: “Introdução ao Direito”, “Direito Constitucional”, “Direito Civil”, “Direito Penal”, “Direito Comercial”, “Direito do Trabalho”, “Direito Processual” e “Estágio de Prática Forense”, cada uma dessas matérias se fragmentando em uma série de disciplinas. Foi incorporado ao projeto pedagógico o ementário de cada uma das disciplinas ofertadas no curso.

A Resolução CONEP 12/1995 substituiu a disciplina “Estudos dos Problemas Brasileiros I” e “Estudos dos Problemas Brasileiros II” pela disciplina “Direito e Desenvolvimento”, incorporando dita disciplina ao 1º Período Padrão do Curso, na matéria “Introdução ao Direito”. Em 2000, outro marco a ser referenciado. Através da Resolução CONEP 35/2000 estabelece-se um novo Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Direito, ofertando anualmente 50 vagas para cada período (noturno e diurno), prevista para entrar em vigor a partir de 15.03.2001.

Com este Projeto, o Curso de Direito continua a ter duração mínima de cinco anos, duração máxima de oito anos, contanto com 184 créditos obrigatórios, 36 créditos facultativos, integrando 220 créditos em 3.330 horas. O Curso passa a ser ministrado em duas etapas constituídas de um Currículo Padrão e um Currículo Complementar, exigindo-se para atingir este último terem sido cursados pelo menos 150 créditos do Currículo Padrão. A Resolução traz ainda a definição das áreas de especialização do curso em Direito Público e Direito Privado, estabelece a equivalência entre matérias do Currículo anterior, especifica a departamentalização e o ementário de cada disciplina.

Esta Resolução subsidia-se na Portaria CNE/CES Nº 1.886/1994, cuja departamentalização (matérias de ensino) compreende: Introdução ao Direito, Filosofia, Sociologia, Economia, Ciência Política, Direito Constitucional, Direito Tributário, Direito Administrativo, Direito Civil, Direito Penal, Direito Comercial, Direito do Trabalho, Direito Processual Civil, Direito Processual Penal, Direito Internacional, Estágio e Monografia. Cada matéria de ensino se subdivide em uma outra série. Cursado pelo menos 150 créditos do Currículo Padrão, o aluno pode ingressar na área de especialização do Direito Público ou do Direito Privado, consoante consta no Currículo Complementar.

Pela primeira vez, no Projeto Pedagógico aparecem referências aos objetivos do curso e ao perfil profissional esperado do aluno. No perfil profissional do aluno são observáveis requisitos relacionados a competências e habilidades, verificando-se uma adequação paradigmática à proposta da Portaria Ministerial 1.886/1994, esta última comprobatória da chamada revolução silenciosa do ensino superior citada por Simon Schwartzman (2000).

Já a Resolução CONEP 01/2001 revogou o artigo 12 da Resolução CONEP 35/2000, estabelecendo novo prazo para revogação das Resoluções CONEP 02/1993 e

12/1995, determinando que a partir de 16.05.2001 entraria em vigor o Projeto Pedagógico do Curso de Direito estabelecido a partir da Resolução CONEP 35/2000. Finalmente, a Resolução CONEP 21/2001 reformula o Projeto Pedagógico do Curso de Graduação em Direito idealizado pela Resolução CONEP 35/2000. Mantém-se a estrutura básica prevista pela Resolução revogada, entretanto, são feitas algumas alterações no sistema de disciplinas ofertadas, requerendo a utilização de uma Tabela de Equivalência.

Assim, passam a ser optativas as seguintes disciplinas: “Direito Administrativo III”, “Legislação do Ensino”, “Direito Imobiliário”, “Direito Industrial”, “Direito e Legislação Social” e “Direito Processual Penal Especial”. De outro lado, algumas disciplinas são substituídas, sendo: “Direito do Menor” por “Ética Geral e Profissional”, “Criminologia” por “Direito Internacional Privado”, “Direito das Execuções Penais” por “Hermenêutica Jurídica”, “Direito Sindical” por “Direito do Trabalho III” e “Prática Forense III” por “Prática Jurídica IV”. Outras disciplinas são fragmentadas: “Direito do Trabalho” em “Direito do Trabalho I” e “Direito do Trabalho II”, “Prática Forense I” em “Prática Jurídica I” e “Prática Jurídica II”, “Prática Forense II” em “Prática Jurídica III” e “Prática Jurídica V”.

O curso de Direito, consoante a Resolução 21/2001/CONEP, tem os seguintes objetivos:

a) proporcionar uma visão histórica e crítica dos institutos jurídicos, tanto dos tradicionais e dos novos, quanto daqueles em formação;

b) possibilitar ao alunado um pensamento reflexivo e criativo da realidade social, associada ao ordenamento jurídico;

c) proporcionar aos acadêmicos uma formação teórica jurídica direcionada à realidade social;

d) preparar o profissional do direito a se tornar apto a enfrentar os problemas sociais, contribuindo para solucionar, ou quando menos, amenizar os conflitos intersubjetivos, coletivos ou sociais. (CONEP, 2001, p. 1-2).

Por outro lado, espera-se que o profissional formado pelo Curso de Graduação em Direito da UFS, ao concluir sua graduação, tenha o seguinte perfil:

a) nível básico de conhecimento do pensamento social universal, ou seja, uma cultura geral de humanidades;

b) conhecimento da construção jurídica em abrangência espácio-temporal podendo detectar a visão do fenômeno jurídico em variegadas culturas;

c) profissional com aptidão para apreender os institutos permanentes da ordem jurídica, e que pervadem a evolução histórica da ciência jurídica;

e) capacidade técnica, teórica e prática, para se firmar em um mercado de trabalho competitivo, em mutação, pronto a atender às demandas sociais;

f) comprometimento com os objetivos de ser humano, propugnando por sua dignidade, incentivando o exercício da cidadania e a crença de que tais realidades decorrerão de um aperfeiçoado funcionamento do estado democrático de Direito;

g) preocupação permanente com os sublimes ideais de justiça, paz e liberdade;

h) formar um profissional de Direito que tenha uma visão lírica, universal e científica do fenômeno jurídico, que é múltiplo, em face da função do Direito nos vários sistemas legislativos, voltada para a realização do direito positivo sempre preocupado com os problemas de Justiça e da Moral. (CONEP, 2001, p. 2)

Com isto, busca o Projeto Pedagógico atual se adequar às exigências prescritas pela Resolução CNE/CES Nº 09/1994, incorporando além da qualificação técnica dos operadores do direito, manifestadoras dos chamados saberes dogmáticos, as habilidades e competências exigidas pelo mercado para os profissionais da mundialização (globalização) e da pós- modernidade.