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Como já evidenciado em seções anteriores, no final do ano de 2008 foi instituída a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação criando os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia, através da Lei Nº

11.892, de 29 de dezembro de 2008. De acordo com o artigo 7º, inciso II da referida lei, um dos objetivos dos institutos federais é:

Ministrar cursos de formação inicial e continuada de trabalhadores, objetivando a capacitação, o aperfeiçoamento, a especialização e a atualização de profissionais, em todos os níveis de escolaridade, nas áreas da educação profissional e tecnológica (BRASIL, 2008a)

A partir dessa nova identidade institucional e com o gerenciamento do Profuncionário transferindo-se da Secretaria de Educação Básica (SEB) para a Setec em 2011, conforme a Portaria Ministerial nº 1.547, além das secretarias de educação dos estados, o programa passou a contar com a participação ativa dos institutos federais na coordenação estadual, os quais além de darem continuidade na formação de tutores e professores, passaram a realizar a oferta dos cursos, monitorar as atividades administrativas e pedagógicas e certificar os concludentes do programa.

A nível local, o IFCE passou a organizar-se no primeiro semestre de 2012, a partir da disponibilidade da sua estrutura física e administrativa, bem como dos profissionais que iriam atuar nas atividades demandadas pelo programa. Três fatores contribuíram para a implantação do Profuncionário no instituto: o conhecimento sobre o funcionamento do programa por conta da parceria estabelecida com a Seduc desde 2008; a experiência, iniciada em 2007, na oferta de cursos técnicos de nível médio pela Rede e-Tec e cursos superiores pela Universidade Aberta do Brasil (UAB) na modalidade de ensino a distância; a experiência em formação e certificação de professores-formadores, tutores e de demais funções profissionais na utilização das tecnologias de informação e comunicação.

A Diretoria de Educação a Distância (DEaD) vinculada à Pró-reitoria de Ensino (Proen) do IFCE, tomou por inciativa a indicação na escolha da coordenação geral do programa pelo instituto considerando o perfil na experiência voltada à formação de profissionais do nível técnico na modalidade do ensino a distância.

Esse perfil foi preenchido por um servidor do IFCE o qual estava exercendo suas atividades docentes no campus Quixadá, além disso, considerando esta unidade de ensino dotada de estrutura física e de profissionais com experiência na modalidade de ensino requerida, foi tomada a decisão por parte da DEaD e da coordenação geral que todos os processos relacionados à gestão do programa estariam vinculados ao referido campus.

O maior critério é a descentralização das ações da Diretoria de Educação a Distância, fazendo com que realmente possamos trabalhar em rede.

O campus também possui profissionais comprometidos com as ações que foram desenvolvidas no Programa (Gestor 1 – IFCE).

Essa escolha [campus Quixadá] deu-se, em função de alguns pontos:

- Presença de talentos humanos [servidores e colaboradores docentes e técnico- administrativos] e com largas experiências em EAD e com certa sintonia com as áreas dos cursos.

- Sensibilidade da DEaD, em descentralizar os cursos do e-Tec e da UAB com os

campi do interior do estado.

- Experiência do campus enquanto Polo da UAB, em vários cursos de graduação e especializações.

- Compromisso do diretor do campus no apoio aos cursos (Gestor 2 – IFCE).

A partir desse momento, coube à coordenação geral do IFCE organizar as equipes administrativa e pedagógica, responsáveis pela implantação e implementação do Profuncionário no estado do Ceará. As referidas equipes contavam com servidores docentes e técnico-administrativos efetivos do IFCE e profissionais vindos de instituições externas ao instituto, selecionados por editais organizados pela própria instituição.

Decorrente dessa ação, em julho de 2012, a equipe de coordenação pedagógica do programa elaborou os projetos pedagógicos com a oferta nas habilitações em Secretaria Escolar, Infraestrutura Escolar e Alimentação Escolar. Esses documentos foram encaminhados ao Conselho Superior21 do IFCE (Consup), o qual aprovou os referidos projetos pedagógicos

conforme a Resolução Consup/IFCE n° 041, de 9 de agosto de 2012 (IFCE, 2012). Nesta resolução, iremos analisar o projeto pedagógico que trata sobre a oferta do curso Técnico em Secretaria Escolar, objeto específico do nosso trabalho.

O Projeto Pedagógico do Curso (PPC) Técnico em Secretaria Escolar ofertado pelo IFCE na modalidade de ensino a distância é constituído por seções que delineiam os seguintes aspectos: organização didático-pedagógica, organização curricular, infraestrutura de apoio e equipe docente e administrativa.

Nesse PPC, a seção da organização didático-pedagógica é iniciada pela justificativa da oferta do Profuncionário a partir do resgate a uma dívida histórica com o segmento dos funcionários escolares na defesa de uma formação profissional mediante uma educação que

21 Conforme o parágrafo 3º, do art. 2º da Lei nº 11.892/2008, os Institutos Federais terão autonomia para criar e extinguir cursos, nos limites de sua área de atuação territorial, bem como para registrar diplomas dos cursos por eles oferecidos, mediante autorização do seu Conselho Superior, aplicando-se, no caso da oferta de cursos a distância, a legislação específica (BRASIL, 2008).

trabalhe a autonomia do sujeito. Os objetivos do curso giram em torno da busca pelas competências e habilidades inerentes à profissão de secretário escolar (IFCE, 2012).

Os requisitos de acesso ao curso que constam no PPC procuram seguir as orientações do programa. No caso, por tratar-se de uma oferta de curso técnico aos trabalhadores não-docentes das escolas públicas municipais e estaduais, o funcionário escolar para tornar-se apto à seleção do curso, deve estar na função de secretário escolar ou em área correlata e possuir certificado de conclusão do ensino médio.

No entanto, duas possibilidades são pontuadas no PPC como alternativa de flexibilização desses requisitos: a primeira refere-se à oferta de vagas remanescentes à comunidade no caso da falta de preenchimento de todas as vagas no perfil desejado, ou seja, se não houver servidor efetivo que esteja realizando atividades na secretaria escolar, esse perfil poderá ser estendido para os demais casos, a saber: (i) servidor efetivo técnico-administrativo que atue em função alheia à secretaria escolar; (ii) servidor temporário terceirizado. Embora essa alternativa esteja pontuada nos manuais do Profuncionário a partir de interpretações próprias, a mesma não está explicitamente amparada por ato normativo legal.

A segunda possibilidade refere-se ao nível de escolaridade. Caso o aluno do programa não possuísse o certificado do ensino médio, poderia matricular-se no programa, contanto que, ao final do curso técnico, tivesse concluído seus estudos no ensino médio para poder receber seu diploma. Nesse caso, essa possibilidade de estudo concomitante está amparada pela Portaria nº 1.547/2011.

As áreas de atuação do Técnico em Secretaria Escolar indicadas no PPC são as escolas públicas e privadas, os centros de formação profissional, os centros de capacitação de pessoal e os órgãos de sistemas e redes de ensino. O perfil profissional do Técnico em Secretaria Escolar apontado nesse mesmo documento orienta para competências relativas à gestão escolar, à integração social da escola, à rotina da secretaria escolar e à postura ética e profissional (IFCE, 2012).

Na parte final da seção que trata sobre a organização didático-pedagógica do curso ofertado, encontramos a modalidade de ensino a distância organizada na metodologia semipresencial. Isso significa que os alunos podem acessar os conteúdos, participar das discussões e realizar suas tarefas nas atividades dispostas no AVA, assim como nos encontros presenciais, sob o acompanhamento do tutor a distância nessas duas situações. A carga horária

das atividades presenciais consta de 20% sobre a carga horária total da disciplina, conforme os atos normativos que orientam tal modalidade de ensino.

As atividades a distância disponibilizadas no Moodle enquanto ambiente virtual de aprendizagem escolhido pelo IFCE, foram planejadas e organizadas mediante variados recursos previstos e justificados no PPC no objetivo de auxiliar à aprendizagem do aluno. Em conformidade com Joye (2012), o Quadro 10 destaca as principais ferramentas que fazem da parte dos cursos a distância do IFCE e em particular, aquelas que constam no projeto pedagógico do curso Técnico em Secretaria Escolar do Profuncionário:

Quadro 10 - Ferramentas de aprendizagem utilizadas no Moodle

FERRAMENTAS TIPOS FINALIDADE

Comunicação e discussão

Fórum Permitir a discussão entre professores e alunos a partir de um tema específico.

Chat Permitir, mediante uma sala de bate-papo virtual, a comunicação

entre professores e alunos em tempo real (online). Mensagem

Instantânea

Possibilitar a troca de mensagens instantâneas entre os participantes do curso.

Avaliação e construção coletiva

Wiki Construir documentos mediante participação de vários autores

ao mesmo tempo.

Tarefa Possibilitar a resolução de atividades (relatórios, resolução de exercícios, resumos, dentre outros) pelos alunos a partir dos enunciados elaborados pelos professores.

Glossário Construir um conjunto de conceitos (dicionário) referentes ao conteúdo da disciplina.

Instrucionais Quiz Permitir ao professor criar testes objetivos com diversos tipos de

perguntas (verdadeiro ou falso, múltipla escolha, respostas curtas).

Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir do texto de Joye (2012).

Afora as ferramentas mencionadas no Quadro 10, outros recursos foram previstos para apropriação dos conteúdos pelos alunos a exemplo das videoaulas, as quais eram aulas gravadas em vídeo pelos professores ou demais profissionais, e a videoconferência, permitindo que dois ou mais participantes pudessem interagir mediante encontros virtuais através do compartilhamento das discussões e materiais referentes às disciplinas.

Na seção do PPC que trata sobre a organização curricular iremos destacar a matriz curricular do curso Técnico em Secretaria Escolar (IFCE, 2012), a qual foi organizada compondo-se de: (i) Núcleo de Formação Pedagógica com seis módulos; (ii) Núcleo de Formação Técnica Geral com três módulos; (iii) Núcleo de Formação Específica com sete

módulos. Ainda em conformidade com esse documento, a matriz foi elaborada levando-se em conta a distribuição da carga horária nos núcleos anteriormente mencionados:

Com duração de dois anos, divididos em 04 (quatro) semestres letivos, o curso tem uma carga horária total de 1.680 (um mil seiscentos e oitenta) horas organizada por módulos sequenciais, distribuídas da seguinte forma: 320 (trezentos e vinte) horas destinadas aos módulos que compõem o Núcleo de Formação Pedagógica, 400 (quatrocentas) horas destinadas aos módulos que compõem o Núcleo de Formação Técnica Geral, 660 (seiscentos e sessenta) horas destinadas aos módulos que compõem o Núcleo de Formação Específica e 300 (trezentas) horas destinadas à Prática Profissional Supervisionada (IFCE,2012).

Com base nessas informações, a matriz curricular do curso Técnico em Secretaria Escolar do Profuncionário vigente no período de 2012 a 2017 sob a coordenação do IFCE, ficou organizada conforme o Quadro 11.

Quadro 11 - Matriz Curricular do Curso Técnico em Secretaria Escolar

P R Á TI C A P R O F IS S IO N A L S U P ER V IS IO N A D A – P P S – 300 h

NÚCLEO DE FORMAÇÃO PEDAGÓGICA

UNIDADE CURRICULAR Ch T/P CH

Total Sem

T P

Módulo Introdutório

Fundamentos e Práticas da EaD 40 08 40 1º

Módulos pedagógicos

Educação: tempos históricos. 80 16 80h 1º

Homem, Pensamento e Cultura: abordagem filosófica e

antropológica. 60 12 60h 1º

Relações Interpessoais: abordagem psicológica. 60 12 60h 1º

Educação, Sociedade e Trabalho 80 16 80h 1º

Subtotal CH 320 64 320

NÚCLEO DE FORMAÇÃO TÉCNICA GERAL

Direito Administrativo e do Trabalho 80 16 80h 2º

Informática Básica e Aplicada à Educação 80 16 80h 2º

Produção Textual na Educação Escolar 80 16 80h 2º

Gestão da Educação Escolar 80 16 80h 2º

Higiene e Segurança nas Escolas 80 16 80h 2º

Subtotal CH 400 80 400

NÚCLEO DE FORMAÇÃO ESPECÍFICA

Trabalho Escolar e Teorias Administrativas 80 16 80h 2º

Gestão Democrática nos Sistemas e na Escola 120 24 120h 3º

Legislação Escolar 120 24 120h 3º

Técnicas de Redação e Arquivo 80 16 80h 3º

Contabilidade na Escola 80 16 80h 3º

Administração de Materiais 80 16 80h 3º

Estatística Aplicada à Educação 100 20 100h 3º

Subtotal CH 660 128 660h

Total de carga-horária de módulos 1.380h

NÚCLEO DE EIXO DA PRÁTICA PROFISSIONAL SUPERVISIONADA (PPS)

Prática como Componente Curricular: vivência da ação educativa 300 300h 4º

CARGA HORÁRIA TOTAL COM PPS 1.680h

A partir das informações contidas nesse quadro é possível analisar o desenho da matriz curricular do curso Técnico em Secretaria Escolar proposto pelo IFCE tomando como referência a proposta contida no caderno de Orientações Gerais do Profuncionário (MEC, 2012). Comparando as matrizes a partir dos núcleos e módulos de cada proposta, podemos evidenciar os ajustes realizados pelo IFCE, conforme o que consta no quadro a seguir.

Quadro 12 - Comparativo das matrizes do curso Técnico em Secretaria Escolar

NÚCLEOS/MÓDULOS MATRIZ CURRICULAR

(MEC, 2012) MATRIZ CURRICULAR (IFCE, 2012)

Núcleo de Formação Pedagógica / Módulo Introdutório

Oferta de 3 disciplinas com 20 h/a em cada uma: 1. Orientações Gerais; 2. Fundamentos e Práticas em EaD; 3. Orientações da Prática Profissional

Oferta de 1 disciplina com 40 h/a 1. Fundamentos e Práticas em EaD

Núcleo de Formação Pedagógica / Módulo de Formação Pedagógica

Oferta de 6 disciplinas com 60 h/a em cada uma:

1. Funcionários de Escolas:

cidadãos, educadores, profissionais e gestores;

2. Educadores e Educandos: tempos históricos;

3. Homem, Pensamento e Cultura: abordagens filosófica e

antropológica;

4. Relações Interpessoais: abordagem psicológica; 5. Educação, Sociedade e

Trabalho: abordagem sociológica da educação;

6. Gestão da Educação Escolar.

Oferta de 4 disciplinas: 1. Educação: tempos históricos com 80 h/a;

2. Homem, Pensamento e Cultura: abordagens filosófica e

antropológica com 60 h/a; 3.Relações Interpessoais: abordagem psicológica com 60 h/a;

4. Educação, Sociedade e

Trabalho: abordagem sociológica da educação com 80 h/a

Núcleo de Formação Técnica Geral

Oferta de 3 disciplinas com 60 h/a em cada uma:

1. Informática Básica;

2. Produção Textual na Educação Escolar;

3. Direito Administrativo e do Trabalho

Oferta de 5 disciplinas com 80 h/a cada uma:

1. Direito Administrativo e do Trabalho;

2. Informática Básica e Aplicada à Educação;

3. Produção Textual na Educação Escolar;

4. Gestão da Educação Escolar22; 5. Higiene e Segurança nas Escolas23.

Núcleo de Formação Específica

Oferta de 7 disciplinas com 60 h/a em cada uma:

1. Trabalho Escolar e Teorias Administrativas;

Oferta de 7 disciplinas: 1. Trabalho Escolar e Teorias Administrativas com 80h/a;

22 Disciplina originalmente vinculada Módulo de Formação Pedagógica (MEC, 2012). 23 Disciplina inserida no Núcleo de Formação Técnica Geral (IFCE, 2012).

2. Gestão Democrática nos Sistemas e na Escola; 3. Legislação Escolar;

4. Técnicas de Redação e Arquivo; 5. Contabilidade na Escola; 6. Administração de Materiais; 7. Estatística Aplicada à Educação.

2. Gestão Democrática nos Sistemas e na Escola com 120 h/a;

3. Legislação Escolar com 120 h/a;

4. Técnicas de Redação e Arquivo com 80 h/a;

5. Contabilidade na Escola com 80 h/a;

6. Administração de Materiais com 80 h/a;

7. Estatística Aplicada à Educação com 100 h/a.

Total (disciplinas + PPS) 1.320 h/a 1.680 h/a

Fonte: Elaborado pelo próprio autor a partir do Caderno de Orientações Gerais (BRASIL, 2012).

De acordo com o Quadro 12, a matriz curricular do IFCE sofreu ajustes significativos na sua organização no comparativo à proposta original da matriz curricular indicada pelo programa. Algumas situações concorreram para que fosse preciso realizar tais acertos. Seguem os principais pontos desse processo de elaboração, suas respectivas argumentações e análises dos seus conteúdos:

a) Utilização do caderno de Orientações Gerais (MEC, 2012) na elaboração da matriz curricular do IFCE:

Em 2012 não tinha no planejamento do curso essas orientações efetivamente apresentadas pela Setec. O que a gente tinha era uma sugestão de algumas instituições que já ofertavam e foi nos orientado a seguir por exemplo, o pessoal do IFRN [Instituto Federal do Rio Grande do Norte] pois tinha sido eles que haviam feito a sugestão da grade desses cursos, então nós seguimos por eles. No entanto, essa orientação não é uma imposição. Inclusive é importante destacar que as instituições de ensino têm sua autonomia, principalmente sendo federal e sendo cursos técnicos nem é necessário passar pelo Conselho Estadual de Educação. Se a instituição quisesse, podia transformar completamente a sua grade (Gestor 2 IFCE).

Nesse ponto cabe destacar que, no ano de 2012, já havia a segunda versão do caderno de Orientações Gerais do programa. A primeira versão fora lançada em 2008, significando portanto, um material de referência já existente, porém, pouco utilizado nesse período pelo IFCE.

Ressalte-se também que, embora os institutos federais possam gozar de autonomia para criação dos cursos, o IFCE deveria levar em conta, nos caso específico do Profuncionário, além das normativas legais vigentes, a proposta pedagógica do curso Técnico em Secretaria Escolar a partir do desenho de sua matriz curricular e oferta de suas disciplinas, estas por sua

vez, contempladas nos cadernos temáticos disponibilizados tanto no meio impresso, como no meio virtual.

b) Apresentação da proposta da carga horária e disciplinas da matriz curricular à coordenação pedagógica do IFCE:

Quando trouxe prá cá (IFCE), não houve compreensão imediata. “Como eu tenho um curso técnico em Infraestrutura com disciplinas de sessenta horas? Que conhecimento técnico é esse?”. Porque era um curso pedagógico prá agente pedagógico atuar tecnicamente como pedagógico na escola. Então não tinha esse viés técnico como o instituto culturalmente tinha. Então o pessoal (IFCE) que foi avaliar os projetos, não aceitou aprovar com sessenta horas. Então eu tive que botar cento e vinte horas. [...] eu não podia acrescentar mais disciplinas porque o material (cadernos dos cursos) já vinha amarrado pelo MEC. Tive que aceitar as mudanças e me adaptei (Gestor 2 IFCE).

Pelo discurso em destaque é possível perceber que ocorreu uma ausência no alinhamento entre a proposta apresentada pela coordenação geral do programa e a coordenação pedagógica do IFCE. Esta, por historicamente tratar de uma formação com um viés mais voltado para as habilidades práticas, de cunho técnico. Aquela, por defender uma ação mais centrada num viés de cunho pedagógico, na formação de educadores, sem prescindir das habilidades técnicas exigidas no perfil profissional.

Essa falta de entendimento acabou resultando em ajustes por parte da coordenação geral do programa, a exemplo do aumento no dobro da carga horária de determinadas disciplinas ofertadas na matriz curricular do curso Técnico em Secretaria Escolar do Profuncionário.

c) Permanência da disciplina Fundamentos e Práticas em EaD com 40 h/a e retirada das demais disciplinas do Módulo Introdutório:

O que aconteceu é que como nós tínhamos uma matriz referência do IFRN e lá a única disciplina do módulo [Introdutório] era a EaD [Fundamentos e Práticas em EaD]. O instituto como tinha autonomia já tinha sua expertise em EaD e tinha uma disciplina consolidada em todos os cursos a distância que seria Fundamentos e Práticas em EaD que era um tipo de disciplina com oficinas que ensinava as pessoas a se ambientar com o ambiente virtual. Com relação à PPS [Orientação da Pratica Profissional] entendemos que era melhor configurar fora do contexto da grade com atividades complementares tipo “Estágio” com vivência prática do que colocar como uma disciplina de 20 horas, já que a prática [PPS] era uma vivência que seria relatada, acompanhada e supervisionada pelos profissionais das disciplinas específicas por cada módulo. Essa parte de Orientações Gerais e Orientações da Pratica Profissional era dada no primeiro encontro presencial do módulo introdutório pela coordenação e pelos tutores (Gestor 2 IFCE).

Compreendemos que o IFRN, por ter participado da elaboração dos conteúdos de determinados cadernos temáticos dos cursos do Profuncionário, tornou-se uma das referências na oferta da formação aos funcionários escolares, passando a exercer uma influência significativa na feitura das matrizes curriculares do IFCE, pelo menos no processo inicial de implantação dos cursos.

d) O ajuste para a oferta da distribuição das disciplinas do curso em semestres:

O curso é ofertado nas instituições de forma modular. O nosso, pelo nosso desenho da EaD a gente não podia fazer modular porque tinha que seguir o ROD [Regulamento da Organização Didática do IFCE] e o Acadêmico [sistema de gestão de matrículas do IFCE], então a gente tinha que fazer um curso pensado em módulos, sendo ofertado em semestres. E o semestre não coincide com a carga horária padrão daquele período. Nós tentamos também adaptar uma carga horaria para aquele tipo de semestre. Isso foi discutido com os pares no Conselho Estadual do Profuncionário e também no âmbito do próprio instituto, no setor pedagógico. A ideia era deixar o quarto semestre mais leve com as maiores disciplinas específicas. Então as disciplinas de cento e vinte horas estão nos últimos semestres. A gente queria tentar diminuir a quantidade de disciplinas com a efetiva conclusão da PPS de trezentas horas. Se o aluno conseguisse fazer ao longo tempo, tinha o quarto semestre para se aperfeiçoar na PPS, pois embora ela [PPS] ocorra durante todo o curso, no final você precisa condensar tudo nos relatórios (Gestor 2 IFCE).

Entende-se nesse trecho, que a disposição e organização das disciplinas na matriz curricular precisava atender as orientações contidas no documento de referência às ações didático-pedagógicas do IFCE, nesse caso, o Regulamento da Organização Didática (ROD). Em conformidade com esse regulamento, o regime acadêmico no seu artigo 3º, trazia o período letivo organizado da seguinte forma: “Os cursos do IFCE serão ofertados em regime semestral ou anual, conforme oferta de cada campus” (IFCE, 2010).

Além disso, a matriz curricular em relação à carga horária das disciplinas, precisou