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“Cognição, área da psicologia que descreve como adquirimos,

2. PSICOLOGIA COGNITIVA

2.5. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO

“[Atenção] é a posse da mente, de forma clara e viva, do que parecem ser diversos objetos simultaneamente possíveis ou diversas linhas de pensamento…implica afastar-se de algumas situações para lidar efetivamente com outras. – William James, principles of psychology” (Sternberg 2016, p.113)

São então, a atenção e a consciência, duas das capacidades do ser humano, que estão mais presentes no decorrer do dia-a-dia de um indivíduo, tanto de um modo consciente como inconsciente. Isto acontece devido à seleção de estímulos que são transmitidos para o cérebro, de forma a que este processe a informação, ser constante e impercetível.

A atenção consiste no meio pelo qual o indivíduo seleciona e processa uma parcela limitada da informação recolhida por todos os sentidos, memórias e outros processos cognitivos. Esta é composta por processos conscientes e inconscientes, permitindo a utilização de recursos mentais limitados. É uma capacidade do Ser humano, que permite ao indivíduo a possibilidade de se focar num estímulo específico, enquanto se dá menos importância a outros, que não despertem tanto interesse.

“A atenção acentuada também abre caminho para os processos da memória.” (Sternberg 2016, p.113)

O foco da atenção pode estar englobado nas sensações e conteúdos da consciência. No entanto, para Sternberg (2016), a atenção consciente exerce um “papel causal na cognição, além de servir a três propósitos.” (Sternberg 2016, p.114).

O primeiro destes propósitos, consiste no auxílio da monitorização das interações do indivíduo com o ambiente e o segundo ao auxílio dos indivíduos a estabelecer uma relação entre as lembranças e as sensações, dando um sentido de continuidade à experiência. Por último, este terceiro propósito, auxilia os indivíduos no controlo e planeamento das suas ações futuras, com suporte nas informações de monitorização e ligações entre as lembranças e as sensações (Sternberg 2016).

Tomando como base a tabela 3 (pág. 24), apresenta-se as principais funções da atenção. A teoria da deteção de sinal (TDS) consiste em demonstrar como os indivíduos assimilam estímulos importantes, induzidos num conjunto de estímulos irrelevantes. Esta teoria é utilizada como um medidor de sensibilidade à presença de um objetivo. Para a deteção de um estimulo-alvo (sinal), são apresentados quatro resultados possíveis dos quais estão presentes (tab. 4 pág. 26):

1. Os verdadeiros positivos, onde é identificado o alvo concreto; 2. Os falsos positivos, onde o alvo não é corretamente identificado,

podendo estar ausente;

3. Os falsos negativos, onde o alvo não é visível;

Tabela 3 | As quatro funções principais da atenção (Adaptado de Sternberg 2016, p.114).

Tabela 4 | Tabela matriz de deteção de sinais (Sternberg 2016, p.116).

Tabela 3.

Função Descrição Exemplos

Detecção de sinal e vigilância

Tentamos detectar o surgimento de estímulos.

Num submarino de pesquisa, prestamos atenção aos sons intermitentes incomuns;

Numa rua escura, tentamos detectar sinais ou sons indesejados;

Após um terramoto, devemos ter precaução em relação ao cheiro de gás ou de fumo.

Procura Fazemos procuras ativas por determinados estímulos.

Ao detectar fumo (como resultado da vigilância), fazemos uma procura ativa pela origem do fumo. Procuramos por chaves, óculos de sol e outros itens dos quais damos falta.

Atenção seletiva

Escolhemos estar atentos para alguns estímulos e ignorar outros. Focar a atenção ajuda-nos a executar outros processos cognitivos, como a compreensão verbal ou a solução de problema.

Prestanmos atenção na leitura de um livro didático ou em uma aula enquanto ignoramos estímulos como rádio próximo ou pessoas que chegam atrasadas à aula.

Atenção dividida

Conseguimos realizar mais de uma tarefa ao mesmo tempo e redirecionamos os recursos atentivos, distribuindo-os segundo as necessidades.

Em muitas situações, motoristas experientes conversam enquanto conduzem, mas se outro veículo vier em direção ao carro, eles imediatamente redirecionam toda a atenção para a condução do seu veículo (e param de conversar).

Tabela 4.

Sinal Detectar um sinal Não detectar um sinal

Presente Acerto: o segurança reconhece o estilete na bagagem.

Falha: o segurança não reconhece o estilete na bagagem.

Ausente Alarme falso: o segurança acha que há um estilete na bagagem quando, na verdade, não há.

Rejeição correta: o segurança reconhece que não há estilete na bagagem, e de fato não há.

4. Os verdadeiros positivos, onde é identificada a ausência concreta do alvo. Para a deteção de um alvo, é necessária uma capacidade flexível e sensível, onde os critérios a implementar devem ser exigentes para serem posteriormente assertivos. Segundo Sternberg (2016), o contexto da atenção, presta a concentração necessária para a compreensão de um objeto, enquanto que o da perceção, pretende ter uma compreensão dos sinais fracos que podem ou não ir para lá do conjunto da perceção. Contudo, o contexto da memória, pode indicar se um indivíduo é exposto a um estímulo anterior. Assim, podendo a TDS ser debatida, nestes contextos. No entanto, para a deteção de um sinal, estímulo, ..., é imprescindível a capacidade de vigilância do ser humano.

Esta capacidade de vigilància, refere-se à habilidade que um indivíduo tem para tratar de um campo de estímulos por um largo período, onde o indivíduo procura encontrar um estimulo-alvo em particular.

Assim:

“a vigilância é necessária em ambientes em que um dado estímulo ocorre raramente, mas que requer atenção imediata assim que ocorre”. (Sternberg 2016, p.117)

A procura é referente ao mapeamento do ambiente para a localização de características particulares (procura ativa). Para esta procura, muitas vezes o indivíduo depara-se com fatores de distração, o que dificulta esta tarefa.

Existem dois tipos de procura, a procura de características, que consiste na pesquisa apenas de uma característica que torne o objeto de busca distinta dos outros e por fim, a procura de conjunção. Esta última consiste na combinação de no mínimo de duas características para encontrar os estímulos pretendidos. Segundo Sternberg (2016), o número de alvos e distrações prejudica a procura de conjunção. Como últimas duas funções da atenção, é apresentada, a atenção seletiva e a atenção dividida. A atenção seletiva é utilizada pelo indivíduo como um meio de seleção da mensagem que pretende receber. No entanto, a atenção dividida, pelo contrário, permite ao indivíduo dar atenção a mais de uma tarefa.

No dia-a-dia do Ser humano, muitas são as variáveis que tem impacto na habilidade da concentração e da atenção, sendo algumas destas negativas, tais como a ansiedade e a agitação que afetam a atenção do indivíduo numa dada tarefa. Contudo, existem outras que requerem trabalho para se poderem tornar positivas, como a dificuldade da tarefa, que influencia a capacidade de duração e a habilidade, que com prática o indivíduo poderá priorizar as suas capacidades e tomar mais atenção a estas.

2.6. A ARTE DA MEMÓRIA: TIPOS DE MEMÓRIA,