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1. Introdução

2.2. A importância e o significado do trabalho para vida laboral e organizações

Nesta seção destaca-se a importância do significado do trabalho para quem o realiza e as repercussões comportamentais ocasionadas por essa perda de significado para o colaborador e organização. Tais aspectos alinham-se com a espiritualidade, comprometimento e engajamento no trabalho como construtos que podem contribuir para verificação, análise, fortalecimento e redescoberta do referido significado no contexto laboral.

2.2.1. O Significado do trabalho e suas repercussões no comportamento do trabalhador e para organização

O fator mais impactante para a satisfação profissional é um trabalho significativo. Pois, esse é prazeroso, envolve o trabalhador de tal maneira que ele não percebe o tempo passar, não é repetitivo, aproveita da melhor maneira possível as habilidades do funcionário, oportuniza autonomia e controle sobre o modo como o trabalhador´ realiza seu trabalho, alinha os valores e crenças do colaborador com a organização, agregando valor não somente para quem o realiza, mas para organização e a sociedade .Por isso, “O trabalho ocupa lugar central na organização social é com base nele que o sujeito planeja e organiza os outros aspectos de sua vida”( Moutinho e Natividade, 2012, p.430)

No mesma direção Silva & Tolfo (2012) destacam que a relevância do trabalho na vida das pessoas perpassa pelo estabelecimento das relações entre trabalho significativo e realização humana por meio de tarefas constituídas de importância para quem as realiza. Com isso, a autorrealização humana implica encontrar propósitos válidos que confiram sentido à existência humana nos planos de vida pessoal e no trabalho”

Há, entretanto, diversos fatores que podem influenciar ou despertar o interesse dos colaboradores pelo trabalho e pela organização e elevar a sua eficiência ou provocar comportamentos de não adesão e insatisfações no ambiente laboral. Dessa forma, de acordo com Chiavennato (2005,2008) torna-se importante conhecer melhor seus colaboradores, seus comportamentos e atitudes no ambiente laboral e organizacional, pois as pessoas são os bens mais valiosos que existem em uma organização. É importante destacar que o estudo sobre esses comportamentos organizacional e laboral, refere-se ao estudo sistemático das ações e às atitudes das pessoas dentro das organizações (Robbins, 2004).

Para entendimento sobre as repercussões do trabalho sobre o comportamento do trabalhador no que concerne a perda do significado do trabalho para o trabalhador em seu processo laboral, como ocorreu ao longo do tempo.

É necessário que retorne aos primórdios da civilização humana, quando o trabalho ocupava um espaço muito importante na vida das pessoas. Grande parte da nossa vida é passada dentro das organizações laborais. Inclusive o trabalho foi um fator importante para o processo evolutivo do homem e o que o afastou da animalidade, além de contribuir também para

estruturação e organização da sociedade por meio de atividades socialmente úteis para seu funcionamento, segundo endossa (Silva, 2014).

A história revela que o trabalhador tem vivenciado diferentes processos na relação com a sua organização e com seu trabalho. Na comunidade primitiva, caçava no período medieval, arava a terra do senhor feudal, garantindo a produção. Já com o advento do capitalismo a relação entre servos e senhor feudal foi substituída pela relação entre operário e capitalista, a função se especializou e se fragmentou para atender os novos modos de produção e eficiência, o que tornou o trabalho repetitivo e taylorizado( Soares,1991).

De acordo com Rios (2008, p.152), essa fragmentação “ retirou do trabalhador a visão da totalidade do processo que, ao final, revela o fruto do seu trabalho”. Essa autora também explica que, nesse estado de alienação, perde-se o significado do trabalho que então se torna uma atividade penosa, cujo retorno financeiro nunca é o suficiente.

Essas delicadas e inegáveis relações existentes neste modo de produção capitalista ocasionaram o aparecimento de doenças no corpo e na alma, intimamente ligadas ao dinamismo interno das relações constituídas no ambiente de trabalho. Isso aconteceu porque a força de trabalho do ser humano foi transformada em mercadoria e o empregado também passou a olhar o seu trabalho apenas como uma fonte de renda para sua subsistência e sucesso pessoal. Alves (2014, p.39), ressalta que neste processo ocorreu a “captura da subjetividade do trabalhador assalariado e a redução do trabalho vivo à força de trabalho como mercadoria”.

Diante disso, o trabalho deixou de ser significativo e fonte de realização e passou a alienar e provocar doenças, stress, acidentes de trabalho, absenteísmo, dificuldades de produtividade, entre outros (Soares,1991). Na atualidade, a nossa relação com o trabalho ainda é conflitiva e dual, pois às vezes o trabalho é visto como indesejado, um fardo devido às exigências, à burocracia, ao excesso de normas e rotinas, às dificuldades para conciliar a vida familiar e a profissional. Mesmo assim, o trabalho é vital para o ser humano, para que ele possa usufruir, modificar e recriar os recursos da natureza. Ao modificar a natureza, ele cria a cultura, a linguagem, a história e a si mesmo e também por questão de sobrevivência, condicionamento social e, principalmente, porque ocupa um vazio existencial e social na vida das pessoas. Infelizmente o mundo do trabalho contemporâneo parece tomar uma configuração sentida pelo trabalhador como mentalmente, emocionalmente e espiritualmente pouco saudável, explica (Morin, 2001).

Alves (2014) destaca que este novo processo no mundo do trabalho impôs a individualização das relações de trabalho e sociais, perda do sentido do trabalho em grupo e o estabelecimento de uma relação do trabalhador com ele mesmo (autoestima e autorreferência pessoal), além do sofrimento, do adoecimento e das relações coisificadas e competitivas.

Esse sofrimento laboral suscitou algumas das questões existenciais: Por que estou fazendo este trabalho? Qual é o significado do trabalho que eu estou fazendo? Aonde isso me leva ? Existe uma razão para a minha existência nesta organização? Essas questões assumem importância quando as pessoas estão envolvidas em trabalhos que são extremamente repetitivos e mecânicos. A falta de sentido ou a finalidade do trabalho pode levar à separação/alienação de si mesmo ao adoecimento. (Naylor et al., 1996, p. 59). Isso pode reduzir significativamente a produtividade e resultar em frustração do empregado (Naylor et al, 1996).

Pelos motivos acima expostos, urge verificar no colaborador, a presença desse significado do trabalho em seu ambiente laboral. Isso vai impactar seu desempenho e dessa forma fazer com que tenha comprometimento e engajamento no trabalho, gerando não apenas uma vantagem para o funcionário, mas também para a organização. Essa demanda sinaliza a necessidade de mais pesquisas sobre a identificação de instrumentos e estratégias que desvelem a presença ou não de um trabalho significativo, assim como outros aspectos que podem influenciar nas atitudes e comportamento laboral, confirmando a importância do nosso estudo.